Eucaliptos contornam estradas de chão,
florinhas colorem beirais dos caminhos,
maritacas acordam todos passarinhos,
olores campestres perfumam o rincão.
O ranger das rodas do carro de boi
(saudosa lembrança,tempo que se foi)
desperta o sorriso no rostinho corado
da menina a sonhar com carro de boi alado.
No morro o gado, o rastelo, o arado...
Vaquinhas leiteiras, mato capinado
sem cercas de arame, o som de riacho
e doce cascata bailando montanhas abaixo.
Os ultra-violetas do sol acariciam manhãs,
fumaça de fogão à lenha sai das chaminés,
cheirinho de doce de pêra,de cidra e maçã,
bolo de fubá sobre a mesa, biscoitos de nata e café.
Ao pé da colina, em branco, uma capelinha,
a cruz trabalhada, telhado em tons rosa-grená,
na hora da Ave-Maria silêncio e harmonia
e uma romaria sugere ao povo rezar.
Varanda da casa, calada... uma namoradeira
guardando segredos, suspiros da vida inteira,
chuvas de samambaias, avencas, xaxins dependurados
e no fim da tarde um berrante tristonho chorando,
chamando o seu gado.
_Carmen Lúcia_