No meio do silêncio
Que engulo
Consecutivamente…
Anulo,
O ruído insistente…
Estrangulo
A calma
Que recobra o ar,
Desesperadamente…
Há algo em mim,
Que clama,
Em desvario…
Por um dia,
Na pele de um rio…
Há algo em mim
Que cobra
Dívidas e dividendos,
Farejando
E discernindo
Desculpas e fundamentos
Há algo em mim
Que grita sons putrefactos
Em ouvidos descalços,
Sem sapatos
Há algo em mim
Que me diz
Que nada
Do que eu fiz
Ou quis
Foi reclamado
De peito aberto
Bebendo coragem
E valentia
Há algo em mim
Que profere
Que os meus sonhos
Permanecem
Atracados num porto
Que se esquecem
Deles mesmos
Num quadro
Absorto
Há algo em mim
Que desaloja a saudade
E aprisiona
As lembranças…
Lança lanças
De penitência
Congelando
A saliência
De absurdos
Que a mente produz…
Há algo em mim
Que me diz
Que eu posso ser balão
Que me segreda
Ardis febris
Enrolados
Em algodão…
Há algo em mim
Que padece de voz!
Que desembainha,
Novelos de nós,
Que à minha volta,
Se personificam
Inanimados…
Nos sonhos atracados,
À espera
Do porvir…
Há algo em mim
Que me queima
Nas esquinas
Do entretanto!
E mesmo assim…
As pernas,
Cretinas,
Permanecem
Parte do chão!
E eu,
Não me levanto!
Vânia Santos