Ruas

Foto de JGMOREIRA

A DOR CONFESSADA

A DOR CONFESSADA

As palavras são de todos
Que o poema não é meu
Mas a dor, essa tristeza
Somente a mim pertencem

Uma solidão que escraviza
Escrita em esperanto
Para um amor sem esperanças
Que ainda exala seus encantos

Nas ruas, sou o branco no negro
Grão de areia no deserto de Gobi
Apátrida sem eira que espera do céu
Quem fale sua língua e o console

A casa tornou-se sarcófago
Onde se conserva o corpo
De quem há muito está morto
Aguardando futuro próspero

Essa coisa que me toma e leva ao céu
É pleno sofrimento de um desejo
Que não me tomba, não me descarna
Mas tolhe minha vista com seu véu.

Um amor que me tirou a razão, a vida
Que me roubou as sensações
Transformou-me em cousa insípida
Que não sabe expressar as emoções

O riso difícil, o rosto de pedra
A palavra escassa, a eterna espera
As mãos de estivador, ombros rochosos
Apenas para fazer frente ao que o espera

Um homem forjado no breu
Ferido de morte que sobreviveu
Que devastou seus inimigos
Deliciou-se com perigos

No intento de morrer de uma vez
Foi sobrevivendo a cada golpe
Como se o amor fosse torturador
Para mantê-lo vivo sob seu chicote

Com o tempo desesperado passando
As esperanças acenando mãos tristes
Tornou-se objeto inventado dos sonhos
que tivera de um amor que ao tempo resiste

As letras a todos pertencem
Que o poema não tem dono
Mas a dor, a esse direito eu reclamo
Que ela é minha; não a abandono

Não poderia viver no mundo dos felizes
Não caberia no espaço dos civilizados
Não teria lugar para mim na alegria
Que meu coração foi do corpo separado

O que minha mão escreve
O corpo desconhece.
As palavras que confesso
Minha vida não esquece.

Essa tristeza sem igual, sem propósito
Essa imagem que guardo de ti
Esse desespero para que chegue o fim
E finde o amor por quem não mora em mim.

Foto de Marta Peres

Espero o Sol

Não é o sol que faz queimar o corpo
mas ainda é o sol, tímido, frio,
um claro escurecido, escondido
no meio de nuvens, o sol que veio aqui.
Um vento frio e calmo sopra,
anuncia que o agosto se aproxima.
Eu, daqui de minha janela tudo observo
lá em baixo, nas ruas e avenidas,
todas que meus olhos conseguem ver.
Pessoas caminham a passos lentos
outras apressadas,
sei que em algum ponto querm chegar.
Ainda aqui, espero o sol,
sei que virá e aquecerá min'alma
e alivirá minha dor, arrancará do peito
esta tristeza que teima instalar.
Quero sorver cada raio do sol que chegar!!!!

Marta Peres

Foto de Marta Peres

Rua de Pedra

Me perco nas ruas
ruas de pedra
no ato mecânico de andar,
meus olhos estão cegos,
cegos de lágrimas,
vejo apenas vultos
e rostos esquálicos
envolvidos no pensar
angustiante de mais um dia
de vida.

Mas é um dia tão igual
tão sem ar, sem luz.
Uma agonia me toma de assalto,
um transeunte chama atenção,
chega devagar,
senta-se num vago,solitário banco,
perto da praça.

Parei, o ar me faltou
sim era ele, ele que estava ali
na minha frente olhando,
sem me ver.

Levanta-se num rompante.
Sai em passos errantes.
Uma agonia pulsa em meu peito
Alí nas ruas de pedras
passos largos e cansados
em meio a multidão de rostos
sai em sentido oposto
destino oposto
ao meu...
Marta Peres

Foto de Licia Fonseca

chove

lá fora
Em silêncio ouço os pingos caindo
Gotas de água espalhadas
Terra molhada
Temporal surgindo
Caminhos encharcados
Marcas de teus passos,
Se foram com as ruas alagadas
Em silêncio...espero...
O amor sobrevive a tempestades
Em silêncio ...permaneço.

03/09/007

Foto de Marta Peres

Lua

Bela, envolta em véu branco
Qual vestido de noiva,
Nua, mostrando tuas faces
A vagar nas ruas

Lua que chora e soluça amores perdidos,
Caminhas qual sentinela na imensidão dos céus,
Pelas noites sem fim vagando pelo cosmo.
Transforma em poesia amores fatais.

Só no espaço sem fim, vejo-te em caminho,
Macha cadenciada marcada pelo Eterno
Mais parecendo dança lenta, vais num bailado
Cercada de estrelas cintilantes...

E o negro céu bordado com brocados coloridos
Enfeita nossas noites e nossos sonhos e amores,
E dores, sofrimentos sem fim...
Pura paixão deságua meus olhos em pranto!

E a luz que te ilumina, ilumina as águas do rio,
As velhas árvores em sua margem
E cai qual cristal brilhante
sobre minhas quaresmeiras e enche de luz
todo lençol bordado pelas folhas, caídas nas águas.

Marta Peres

Foto de Cecília Santos

CAÇADOR DE PIPAS

CAÇADOR DE PIPAS
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Céu azul, vento forte.
Manipuladas por mãos hábeis.
Ganham vida e sobem ao céu.
No doce balanço do vento.
Dezenas de pipas, de formatos,
e cores vivas.
Dão show de bailado no firmamento.
Da minha janela, observo embevecida.
A alegria dos meninos, que hora dão
linha elas sobem tão alto.
Vão pertinho das nuvens até parece
que são os anjos, que estão puxando
os fios invisíveis pra brincarem também.
Suas danças são diferentes,
umas calmas, outras sinuosas.
Outras brincam ao doce sabor do vento.
Dão piruetas, vôos rasantes.
Outras se enrolam nas linhas daquelas que
estão próximas, e a brincadeira prossegue.
À espreita, olhar atento, sempre há,
o caçador de pipas aguardando.
Quando uma tem sua linha cortada,
e começa cair, levada pelo vento pra longe.
Numa desabalada carreira, entra em ruas,
becos, e vielas.
Seu tino aguçado, diz que esta no caminho certo.
Olha o céu, e vê seu prêmio chegando.
Cansada de bailar, a bela pipa cai por terra desfalecida,
pelo longo bailado no ar.
E o caçador apanha seu troféu...
Feliz e sorridente, retoma seu caminho de volta.
Olha o céu e sorri contente.
Tudo vai recomeçar outra vez.

Direitos reservados*
Cecília-SP/08/2008*

PS/Inspirado no Filme Caçador de Pipas.

Foto de Cecília Santos

DIZER QUE TE AMO

DIZER QUE TE AMO
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Era quase noite, quando você foi embora.
O negrume da noite, ocultou-me o pranto.
Nessa noite, perdi a razão, perdi meu coração.
O som da noite invadiu-me a alma.
Ouvi melodia ao longe... mas era a canção do fim.
Peregrinei pelas ruas, procurando você.
Procurando respostas, querendo entender...
Me prendi na imensa muralha da dor e da angustia.
Mãos de aço, me sufocavam.
Perdi a noção do tempo, perdi meu chão, perdi você...
Caminhos das almas, que mistérios escondes,
além da sua curva?
Retire seu níveo véu, revela-te pra mim!
Mostra-me por onde, andas quem eu amo,
e que acabou de partir!
Decifra-me esse mistério, preciso entender...
Era quase manhã, quando por fim te encontrei.
Mas foi estranho...
Abracei seu corpo, estava gelado,
mas não era de frio...
Beijei seu rosto, chamei seu nome, mas você
não me ouviu...
Infelizmente não cheguei a tempo pra,
dizer que te amo...
Pois você, já havia partido...

Direitos reservados*
Cecília-SP/06/2007*

Foto de Carmen Lúcia

Caminhos da Vida

Percorri caminhos sem fim,
Arranquei espinhos de mim,
Chutei pedras de ruas esburacadas,
Encostei portas escancaradas,
Emergi de areias movediças,
Segui o destino selado, submissa,
Fiz da dor,escudo salvador,
Sufoquei mágoas...doídas, salgadas,
Estanquei o sangue vertido em lágrimas...
Amei,me entreguei de qualquer jeito
E colhi canteiros de amores imperfeitos...
Busquei nua o poema, no fim da rua...
Sofri, cresci,aprendi,não desisti...
A vida é luta renhida...
E me pergunto, enfim...
O que mais ela quer de mim?

Foto de Stacarca

Amor funéreo

Amor funéreo

"A chaga que 'inda na
Mocidade há de me matar"

A noute era bela como a face pálida da virgem minha. O luar ia ao cume em recôndita dentre a neblina escura que corria os escuros delírios. Eu, pobre desgraçado levava meus pés a mais uma orgia a fim de esquecer a minha vida de boêmio imaculado. - Ah! E minha donzela morta que lhe beijava a face linda? Hoje, Não esqueci de ti, minha virgem bela de cabelos dourados que com as tranças enxugava meus prantos em dias de febre qu'eu quase morria, nem de seus lábios, os doces lábios que nunca beijei em vida, os mesmos que emudeciam os rogados de cobiças fervorosas? Sim, ó donzela de pele pálida que sempre almejei encostar as mãos minhas. Hoje, êxito de sua bela morte, sete dias sem ti, minha romanesca linda dama que as floridas formas diligenciavam os mais escuros defuntos. Os mesmos que indagam da lájea fria?
As lamparinas pouco a pouco feneciam na comprida noute que seguia, a calçada de rebo acoitava outros vagabundos que a embriaguez tomara, o plenilúnio se destacava no céu escuro, como um olho branco em galardão, magnífico. Ah como era bela a área pálida, e como era de uma beleza exímia, tão mimosa como a amante de meus sonhos, como a donzela que ainda não cessei d'amar.
- Posterga a defunta! Diziam as amantes!
- Calem-te, vossos talantes nada significam meretrizes de amores não amadas, perdoai-me, o coração do poeta nada mais diz, pois de tão infame, 'inda que vive, exalta aquela que não mais poderás oscular!?
O ar frio incessante plasmava em minha fronte doente, rígida, sequiosa pela douda vontade d'um beiço beijar, As estrelas fúnebres cintilavam, não eram brilhos obtusos, eram infladas e que formavam uma tiara de cores que perscrutava a consternação do ébrio andante, solene co'uma divinal taciturnidade. A'mbrósia falaz diria um estarrecido boêmio. Aquele mesmo que sem luz entreve o defunto podre que nunca irá de ressuscitar?!
A rua tênebra na qual partia, musgos fétidos aos compridos corredores deserdados p'la iluminação tênue dos lampiões avelhentado co'o tempo, lírios, flores que formavam a mistura perfeita d'um velório no menos pouco bramante, as casas iam passando, as portas vedadas trazia-me uma satisfação soturna, as fachadas eram adiposas e de cores sombrias, ah que era tudo escuro e sem vida. Como eram belos os corredores azeviches, aqueles mesmos que as damas trazia para gozar de suas volúpias cândidas que me corria o coração no atrelar aureolo.
A disforme vida tornara tão medíocre e banal qu'eu jazia a expectação feliz. – Pra que da vida gozar? Se na morte vive a luz de minha aurora!
- Hoje, sete dias rematados sem minha virginal, ó tu, que fede na terra agregada e pútrida comida p'los vermes, tu que penetraste em meu coração como o gusano te definha, tu que com a palidez bela pragueja as aziagas crenças banais que funde em minha febre, tu que mesmo desmaiada em prantos a beleza infinda, tu que amei na vida e amarei na morte. Ó tu...
No boreal ouviam-se fragores d'um canto sanhoso, era uma voz bela e que tinha o tom lânguido de um silêncio sepulcral, bonançosa era a noute, alta, os ébrios junto as Messalinas de um gozo beneplácito, escura, os escárnios da mocidade eram como o fulcro de uma medra irrisória, e o asco purpurava uma modorra audaz;
A voz formidolosa masturbava minha mente em turbadas figuras nada venustas.
Assassinatos horríveis eram belos como um capro divinal que nunca existira, o funambulesco era perspicaz que aos meus olhos era uma comédia em dantesca, os ébrios junto às prostitutas que em báquicos meio a noute fria gritavam, zombavam na calmaria morta, as frontes belas eram defeituosas que fosforesciam no fanal quimérico. Cadáveres riam nas valas frias do cemitério donde foras esquecidos, os leprosos eram saudáveis, os bons saudáveis eram leprosos fedidos que suas partes caíam no chão imundo, as lágrimas inundavam as pálpebras de revéis em desgosto, a febre desmaiava os macilentos, pobres macilentos que desbotavam aos dias.
Era tão feio assim.
- Quem és? De que matéria tu és feito? Perguntei e os ecos repetiam.
O silêncio completava os suspiros de meu medo, a infâmia percorria a ossatura lassa que o porvir eriçava. Tão feio tão feio... – Quem és? Porque me tomas?
Riu-se na noute. Riu-se de uma risada túrbida que nas entranhas me cosia. – Não vês que o medo é o lascivo companheiro da morte? Não sentis que a tremura d'amplidão oscila o degredo da volúpia? Não ouves o troado que ulula por entre os caminhos perdidos da vida? Não crês que a derrocada és a fronte pálida do crente que escarra?
Quem és tu? Quem és? Repetia a estardalhaço.
Um momo representava como um truão, júbilo em tábido que vomitava uma suspeição incólume, do mesmo modo como espantadiço em vezes. O medonho ar que cobria as saliências da rua era fugaz, não era do algo aturdo que permanecia em risos na escuridão das sombras de escassa claridade da noute, parecia vim de longe, cheirava ruim a purulenta, como um cadáver tomado pela podridão do tempo.
A voz: – Sentes o olor que funde do leito da morte? Ei-lo, a fragrância de sua amada como és hoje, podre como a fé de um assassino salivante, oh que não é o cheiro de flores de um jardim pomposo, nem da inocência dos ramos de sua amada que não conseguiste purpurar em seu cortinado!? A voz espraiava uma fé feia, pavorosa como o cheiro lânguido em esquivo.
– Insânia! Insânia! Insânia! Gritava como um doudo ínvio.
A tom lamentoso da voz era horrível, mas... Era uma voz análoga e invariável. Nada poderia mudar o estranho desejo, ouvir a voz blasfemar palavras lindas dolentes.
- Ora, porque tu te pasmas? Quem és a figura a muladar o nome de minha donzela?
O vento cortava o esferal cerco da quelha, os dous faziam silêncio ouvindo a noute bela gemer lamúrias de quinhão. Era tão calmo, tão renhido...
- Moço, não vede os traços que figuram de minha fronte? Não vede que as palavras são como a tuberculose que nos extenua arrancando os gládios do peito? Não vede o amor que flameja e persevera perpetuando aos dias como a cólera. - Agora ouvi-me, senhor! Maldito dos malditos quem és? O que queres? – Sois o Diabo?
O gargalhar descortinava as concepções desconhecidas, era como o sulco dos velhos tomado p'la angústia das horas, do tempo, dos anos. Não era o Diabo, tampouco um ébrio perdido na escuridão da madrugada, nem menos um vagabundo escarnecido e molestado p'la vida das ruas.
A voz: - Quereria saber meu nome? Que importa? Já-vos o sabes quem sou, Pois? Não, não sou o Diabo, nem menos a nirvana que molemente viceja entre as doutrinas pregadas por idiotas vergastas. Não sou o bem nem o mal, nem 'alimária que finge ser um Arcangélico nos lasso dos dias. Não sou o beiço que almeja a messalina tocar-lhe os lábios adoçados de vinho. Oh que não sou ninguém somado por tudo que és. – Sabei–lo, pois?
- Agradeço-te. Disse-o!
Dir-te-ia as lamúrias seguintes, os ecos rompendo os suspiros meus, a lua sumira, o vento cessara, a voz que apalpadelava aos ouvidos descrido. Oh! tudo findou! Não sei se a noute seguiu bela e alta, lembro-me apenas de estar num lugar escuro, ermo, as paredes eram ebúrneas, a claridade não abundava o espaço tomado. O ar era desalento, um cheiro ruim subia-me as narinas;
- M'escureça os olhos, oh! Era um caixão ali.
Abri-o: Ah que era minha virgem bela, mas era uma defunta! Na pele amarelenta abria-se buracos que corria uma escuma nojenta, verde como o escarro de um enfermo; Os lábios que sonhei abotoar aos beijos meus era azul agora, os cabelos monocromáticos grudavam pelo líquido que corria pelo pescoço, as roupas lembravam um albornoz, branca como a tez inocente da juventude. Os olhos cerrados e túrbidos, tão sereno, a bicharia roendo-lhe a carne, fedia. As mimosas mãos entrelaçadas nos seios, feridas em exausto.
... Meus lábios em magreza os encontrou, frio como o inverno, gelado como a defunta açucena, a pele enrubescia aos meus toques, a escuma verde era viscosa e o prazer como o falerno, a cada beijo que pregava-lhe nos lábios, a cada toque na tez amarela, era tudo o amor, o belo amor pedido. A noute foi comprida, adormeci sobre o cadáver de minha amada, ao dia os corpos quentes abraçados, a adormeci em seu leito, dei-lhe o beijo, saí:
Coveiro: - És por acaso um tunante de defuntos? Perguntou-me.
- Não vês que o peito arde de amor como o fogo do inferno? E a esp'rança estertora como tu'alegria? Disse-o.
- Segues meu senhor!

Foto de Maiakovsky

Alvorada

Não sei o que te trouxe a mim de modo vago,
O que te levou a furtar minha tarde renascida.
Lagos turvos, ruas estampadas multicores:
Tudo era puro antagonismo, escatologia.

De pedras, de águas que contornam margens:
Tudo era liquefeito na mansidão dos dias.
Agora, tu vieste em cápsula de um astro intenso,
Seguindo a monarquia de meu reinado colossal,
Estando em ti e estando em mim como mágica.

Como alvorada noturna, tu vieste com mil sonhos,
Mil olhares serenos, mil castelos reencontrados.
Questiono o que te trouxe a meus passos delineados,
A minhas conjecturas do porvir de tanto sol,
De tantas noites, de tantas idéias irrisórias.

Meus pés não são senão teus pés por sobre as ondas,
Não são senão minhas andanças sobre teu pensamento.
Vejo-me caindo contigo na imensidão do céu azul,
Oferecendo e bebendo o brinde de tua chegada.

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