Provas

Foto de Gui❤Lari

Você surgiu

Você surgiu
E sem pedir licença dominou meu corpo
Que corpo
Se nem meus pensamentos me pertencem mais
Inexplicavelmente
Minha respiração descontrola-se ficando descompassada.
E muitas vezes fico sem ar
Fui contaminado pelo vírus do amor
Que veio pra ficar
As nossas conversas tornaram se intermináveis
Nos mais variados assuntos
Perdemos a noção do tempo
As olheiras são provas das noites mal dormidas
Visita-me em meus sonhos
E assim continuamos 24 horas em sintonia
A saudade tomou conta do meu ser
Quando por algumas horas não tive noticias suas
Com as fotos com seu belo sorriso
E de suas mãos delicadas e macias
Me acalmo
Sinto como se estivesse me olhando, sorrindo ou se arrumando pra mim
E sinto que sou o homem mais sortudo do mundo
Lagrimas só de felicidade
Agradecendo a cada amanhecer
Por este maravilhoso presente
Por você paixão
Que hoje habita em meu coração
Te amo e hoje tenho motivos pra sorrir
Seus sentimentos transformaram-se em palavras
Eu consigo sentir
Que os opostos se atraem
E as nossas vidas se completam

Foto de Derinho

Promessas

A solidão é estranha, sinto-a a falar comigo, diz que não presto, que sou uma pessoa inútil, que ninguém me quer, ninguém precisa de mim, e no final de contas vem alguém dizer que precisa, como posso eu acreditar? Como posso acreditar em alguém que me conhece há uns tempos? Não há provas, não consigo acreditar nas ações, nas promessas. Promessas… que nostalgia, palavras tão inúteis, sem sentido, palavras de boca para fora guardadas no baú da memória com raiva e ressentimento. A cara dessa pessoa ficou gravada, nunca me irei esquecer de tanta promessa feita e quebrada. Se não conseguem cumprir, porque falam? Não tenho moral, eu sei, tanto que prometi e ainda não cumpri. “Vou fazer alguém feliz” pensava eu… que ingenuidade a minha, nunca irei ser capaz de fazer alguém feliz, nem nenhuma pessoa será capaz de me fazer a mim feliz. Somos todos uns monstros, uns animais com espírito demoníaco. Nada nem ninguém é capaz de se unir a outrem para fazer o bem.

Foto de Saulo Lalli

Entregue, Confie, Aceite e Agradeça

Lei Perene que permanece
viva, em minha existência.
A teia da repetição tece
pela minha própria insistência.

As provas acontecem
sempre bem semelhante.
As lutas me aquecem
a seguir avante.

Como sair ileso
deste emaranhado?
A sabedoria ser coeso
e ao igual, inconformado?

Luta de muita constância
contra eu mesmo.
Sem culpa, a circunstância
não ocorre a esmo!

De qualquer jeito
não adianta fugir!
É a lei da causa e efeito
que nos vem inquirir!

Me vencerei, tomara.
Do inimigo egóico
e da roda de Sansaha
ainda sairei heróico!

Meu ser me chama
e eu atento escuto.
Meu Pai me ama
por isso que luto!

Mente que domina
tudo o que faço!
Bebe o nectar da mina,
me leva ao fracasso!

Rogo de meu interior
onde o pensar não alcança!
Sùplica com fervor
minha essência criança,

Aos Seres de Luz,
aos mestres sagrados,
ao anjo que me conduz
que todos engajados

E retos fazerem jus,
ao que promete o Salvador,
Venerável Mestre Jesus
que com seu puro Amor

Resgata a quem pede,
salva a quem o ama.
A quem o orgulho cede
para a singela Mitama*.

Ergo meus braços abertos
olhando firme ao céu!
Corpo e alma certos
da doçura, como mel

Que vem me suprir,
me dar forças e coragem
para eu conseguir
triunfar nessa viagem.

E a cada um que nesta trilha
mesmo que não do começo
comigo compartilha,
de coração agradeço.

Pois cada um de seu jeito
me ensinou e me amou!
E você mora em meu peito
desde quando chegou!

Siga alegre, não desista!
Quando sem ânimo, insista!
Viva a vida plena!
Mantenha a mente serena!

Entregue ao Senhor!
Confie em Seu Amor!
Aceite a verdade!
Agradeça até a eternidade!

*Mitama = essência

escrito em abril de 2002

Foto de luzJr

sem título

Um dia você me pediu para escrever;
para dizer coisas bonitas para você;
falar sobre amor...
felicidade e amizade– sobre mim e você

Deixar registrado o ontem,
quando caminhamos juntos de mãos dadas,
e como foi bom...
e é bom estar com você.

Poderia escrever confessando:
os beijos roubados; e os sorrisos arrancados por um gesto bobo qualquer;
produzindo provas de carinhos contra mim
carinho para com você.

Um dia vou lhe atender,
vou escrever coisas bonitas, inteligentes e sinceras
vou descrever a amizade e amor
sobre mim e você.

Foto de Danyy Amor Paixao

Amor e paixão

O Amor e a Paixão
Pra mim sentimentos diferentes:
Paixão,, é o que mexe com sua cabeça,, da frio na barriga te faz arriscar tudo, o que tem e que não tem,,
te faz tremer,, chorar,, rir sem noção de tempo e lugar,, te da medo de não sentir novamente tal emoção
medo de perder,, sentimento que te deixa desnublante repleta de afeto e feliz,,você perde a noção do perigo
,, você se envolve profundamente,, fica sensível ao mesmo tempo forte pra lutar por tudo aquilo que você
acha que não pode mas viver sem...
Amor sentimento doce,, esperançoso,, ciente sábio,, o amor e prova que antes você tinha receios e hoje você tem
verdades,, e consequência da paixão,, dos sonhos delírios, e loucuras... Mas ai você já tem ciência de que tudo e diferente
que pra tudo,, tem hora e lugar,, mas ai você já sabe esperar,, você entende que o importante é qualidade e não quantidade
você passa a entender horários e ter respeito,, você passa a confiar pois afinal o que importa e respeito e a confiança
ambos são provas de que somos cheios de carinho... Amor e Paixão ... Danyla

Foto de Bruno Silvano

A Mafia

O Vento batia continuamente na fresta da janela do quintal e produzia um leve e suave assobio, que embalava a mais belas das bandeiras, em tons cintilantes, simples e repletos de significados, que naturalmente se encaixava com aquela cidade e atraiam a atenção das pessoas que por ali passavam, os raios solares realçavam o amarelo, as nuvens em tom de algodão o branco e a camada escura de solo fértil que abria por instantes rente a neve derretia, representavam o preto. Era uma bandeira tricolor, que apesar de poucos saberem o que ela realmente significava, já a adoravam. Essa era a minha vista de quando olhava através das janelas de vidro.
Era apenas um brasileiro, criciumense para mais ser preciso, ou apenas mais um criciumense perdido e sozinho na Europa. Havia mudado recentemente para a cidade de Oxford, cidade essa cheia de cultural e beleza, um dos principais centros universitários do país. A oferta de estagio da garantia de experiências e grandes aventuras me atraíram àquele lugar. Não foi uma das escolhas mais fáceis que tomei em minha vida, longe disso, teria que abrir mão de muitos hábitos e principalmente do meu amor.
Minha cidade de natal fazia muita falta, costumava falar com as estrelas, dizem que as estrelas são boas companheiras, principalmente pra alguém quanto eu que precisa de alguém para se animar, pedia todos os dias para que meus amigos pudessem estar comigo, não que eu estivesse descontente com aquilo ali, talvez a imaturidade e inexperiência me fizesse sentir medo, me fizesse questionar o que estava fazendo ali, muitas vezes acordava assustado ao ver as arvores, os carros, os jardins repleto de neve, acreditava ainda estar dentro de um sonho. Meu passatempo era acordar cedo todos os dias, tomar um cappuccino quente e ficar em frente a lareira observando a bandeira do meu time do coração, que havia cuidadosamente enfiado em frente a casa. Esse era o meu hobbie enquanto não precisa ir trabalhar.
Seguia o mesmo caminho quase todos os dias para ir trabalhar, morava a 3 quadras da empresas, sempre ao sair de casa encontrava dois meninos e uma menina jogando futebol no pouco espaço onde a neve ainda não tomava conta, justamente em baixo aos redores da bandeira, que além de bonita servia como trave pra diversão da criançada. A cada dia que se passava o numero de crianças aumentava e todos tomavam gosto pela bandeira pela sua capacidade de iluminar e proporcional diversão para os mesmo.
Minha vida se tornava uma mesmice naquele lugar, chegara a imaginar que meu um dos meus maiores sonhos, acabara por se tornar pesadelo, era uma ainda muito sozinho repleto de solidão, mal eu imaginava que aquilo pioraria muito, mas que também passaria por muito bons momentos.
Não me importava que as crianças jogassem ali, muito menos com as varia perguntas tolas que recebia de pessoas curiosas sobre a bandeira.
Não me lembro ao certo que dia era, mas a previsão do tempo apontava a vinda de uma forte nevasca para a região, porém muitas crianças ainda brincavam no meu jardim, muitos se assustaram com o barulho das fostes rajadas de ventos que se aproximavam e saiam correndo para suas casas, mas um deles o mais novo da turma que tinha por volta de 4 anos ficou tonto, completamente desorientado, não sabia à que lado ir, logo corri par retirar o menino da rua e leva-lo pra dentro de casa, porém a hora que cheguei ele já não estava mais lá,. Apenas ouvi o barulho de um grande estouro e desmaiei, daí em diante não lembro mais nada.
Quando acordei, demorei a conciliar onde estava, o ambiente cheirava a hortelã, mas tão logo percebi que estava em minha própria cama, no lado tinha uma xícara com chá de hortelã com mel, acompanhado de um bilhete com as seguintes palavras “Cuide-se e da próxima vez tente não sair correndo como um louco na rua, no meio de uma nevasca. Da-lhe Tigre!” Seguido de risos e um beijo estampado a batom. O Chá ainda estava, ainda sentia um cheiro de perfume no ar, tão cheiroso quanto qualquer um outro que já senti outras vezes. Corri a porta pra ver se encontrava alguém, porém tarde demais, a porta estava emperrada devido o excesso de neve. Meu guarda-roupa estava um tanto quanto bagunçado, mas talvez já estivesse assim, devida a minha organização. O dia estava amanhecendo, foi ai que me dei conta que fiquei desacordado por mais de 12h.
Os telejornais avisavam a paralisação em algumas escolas e empresas devido a nevasca. Não iria precisar trabalhar, então fiquei deitado o dia inteiro tentando entender e lembrar de mais alguma coisa sobre o que havia acontecido no dia anterior. Porém todos os meus pensamentos foram interrompidos pela noticia de que entraram o corpo de um menino, por volta de 4 a 5 anos de idade, morto com sinais de asfixia, em um terreno próximo ao da minha casa.
Estava extremamente curioso para descobrir o que havia acontecido, e ainda mais quem era a pessoa que havia me trazido pra dentro de casa, minhas únicas pistas eram, o perfume, o idioma e a letra com que a pessoa havia escrito, e a julgar pelo batom imaginava se tratar de uma mulher, de fato não estava errado. Mas a questão é, o que estaria ela fazendo ali, se a única pessoa que vi era um menininho inocente e indefeso? Ao menos foi isso que imaginei ter visto, pelo menos através do vidro fosco das janelas.
Passaram-se dois dias sem que eu tenha mais informações sobre o caso, porém através de denuncias, feita por uma mulher, que não quis se identificar, que relatou me ter visto com a criança. E como a criança costumava brincar sempre no meu jardim, fiquei sem ter como me defender e as suspeitas sobre a morte do menino recaíram todas sobre mim.
Passei varias tardes respondendo inquérito e prestando depoimentos, haviam encontrado luvas com o emblema do Criciúma perto da cena do crime, o mesmo que estava na bandeira, que por sinal também havia sumido. Peritos constaram que a luva me pertencia e que eu havia sumido com a bandeira, pra não levantar suspeitas e ligações entre luva e bandeira. Mal eu sabia, que a profissão que sempre sonhava em ser, se voltava contra mim, em um mero descaso do destino.
Não entendia o que fazia uma luva do criciúma, era o único criciumense que morava na região. Tentava montar em minha cabeça parte por parte, mas faltava um detalhe, pra mim essa historia não fazia o menor sentido, quanto mais para um chefe do departamento de investigação. Que por sinal era mulher, uma bela mulher, muito me parecia familiar, era baixinha, não tinha mais do que 1,65 metros de altura, possuía cabelos ruivos puxando pra loiro, seu perfume, ela era misteriosa, e isso me atiçou a desvenda-la.
A luva era a prova concreta contra mim, pelo menos para me deportarem para o Brasil, alguns dias antes essa seria uma boa noticia, mas agora já estava muito envolvido no caso e faria de tudo para desvenda-lo, e por ventura provar minha inocência.
Em um dos depoimentos cara a cara com a chefe do departamento criminal de Londres, ela deixou cair alguns relatórios de perícia em cima de mim, havia algumas anotações em português, logo reconheci a letra, como a mesma do bilhete deixado em meu quarto. Estava ai, frente a frente com a pessoa que poderia me salvar, me defender. Ela leu em meus olhos que havia descoberto quem se trava ela, porém não me deu tempo de reação, me deu um beijo, tão suavemente quanto um de cinema, e mandou eu segui-la rapidamente e que me explicaria no caminho, mas que precisa que eu embarcasse no avião e voltasse para o Brasil. Não sei se essa foi uma das atitudes mais inteligentes que tomei, porém segui-la.
Ela me levou a um depósito velho onde trabalhará sozinha como detetive particular, e um dos seus casos era de uma máfia formada dentro da empresa em que estava trabalhando. Máfia essa que aliciava e menores idades inclusive eles que haviam cometido o assassinato do pequenino e estavam me usando pra atrair as crianças. Explicou ainda que se a culpa do assassinato caísse sobre mim era a única maneira de me defender da máfia, e por isso ela se encarregou de implantar as provas.
Detalhou: “Você estava indo salvar a criança, eles estavam atrás dela, ao perceberem que tinha alguém por perto tentaram lhe matar, porém apenas te desacordaram, e antes que tivessem mais tempo, cheguei e eles recuaram, então levei você até a cama e tratei de você, até porque temos muito mais coisas em comum do que você pensa..” Nessa parte fomos interrompido por barulhos de tiro. Corremos em direção ao carro, porém cai na armadilha e fiquei na mira da arma de um dos membros da máfia, um tiro e era certo que eu morreria. Ele engatilhou e atirou, fiquei meio surdo com o barulho do tiro, porém ela a delega havia se joga em minha frente, rebateu o tiro, porém não se livrou do ferimento. Havia sido atingida a altura do pulmão, dava pintas de que não resistiria, deu-me mais um beijo, o melhor deles, e desmaiou.
A ambulância não demorou a chegar, porém não escondia a aflição do medo em perde-la em nunca mais a ver. Porém vi em seus braços uma tatuagem “Da-lhe tigre” e logo entendi que não era apenas destino. Os médicos disseram que ela havia perdido muito sangue, porém ficaria bem. A partir desse dia descobri o que era a paixão, algo que começou a alguns anos em jogos do criciúma, e que se estendeu mais além, além de continentes, um clube que reuniu meus dois amores

Foto de Arnault L. D.

Castelo e flor

Na rua, uma sombra alta e triste
ergue-se dentre a névoa gélida;
noite suspensa de um passado.
Tal braço, retesado em riste
do afogando, mão a buscar vida
e um mistério no tempo guardado.

Alta torre faz relevo à vista,
contrasta ao azul, somando ao céu.
Nuvens bordam a moldura entorno;
acima, janela a lua avista
e a filtra em vitrais, a luz pincel...
Quadro vivo, tela o chão, adorno.

Vestígios da beleza em ruína,
restos de sonhos, solvem a volta,
dos risos, dos casos em segredo.
Degraus subindo o mármore a cima,
ligando ao nada a ilusão solta...
Velhos fantasmas a trazer medo.

Apenas restou o que se ergue,
pois, mais ninguém, mais nada lá ficou.
Junto a ultima gota que verteu,
taça de cristal, vinho, e sangue,
estilhaçada a vida se quebrou.
Por testemunha a noite, que esqueceu.

O solo pontilhado de luar,
vazando aos vidros coloridos;
cintilou em matizes de carmim,
que a aurora escureceu ao raiar.
Revelando os Reis adormecidos,
em uma noite, que não teve fim.

Mas, o Sol não trouxe a claridade
que rompesse a densa névoa escura,
que encerrou dentre a alvenaria,
atrás de portas, paredes, grade.
Causas, culpas da história, pura,
não se soube, o oculto não traia...

E veio o anoitecer novamente.
Trancou as portas, fechou as grades,
cerrando as cortinas e os portões...
Desbotando tons, e o inconsciente
se encarregou de criar verdades.
Por provas, fez de mitos as razões...

Recolhido entre as salas desertas,
os anos a somar o abandono
pilharam a beleza em pedaços.
Abrindo furos, rasgando frestas.
E o dormir deste eterno sono,
Morfeu colheu por entre seus braços.

Tudo agora é escombro somente;
cravado à cidade, triste confim
de velhos espectros e da sombra.
Partilhado ao mendigo, indigente,
covil de ratos, aranhas, capim,
que feri aos olhos frágeis que assombra.

Mas, longe da escuridão, um alguém
guardara a lembrança, a luz vencida.
Que afundou-se aos relógios se pôr.
Lembrando a quem, já a muito além...
por tantos anos, por toda vida.
Posto uma prova que houvera o amor.

Solitária rosa, deixava ali.
Em data exata, quando ao ano vem:
De aniversário um presente terno,
no envelhecer do castelo e a si...
Até que a noite deitou-se também,
a pele esfriando-lhe de inverno.

E a ruína, assim, ficou mais só
e a historia, tornou-se rumor.
O castelo apartou-se do mundo,
sequer memória, saudade, ou dó.
Como se sempre ele fora a dor;
tal de canto algum oriundo...

Quiçá, a torre, querendo altura,
qual mão, apenas anseie outra flor,
pelo céu procurando a encontrar...
E para não quebrar-se a jura,
fez das pedras, pétalas, por amor.
Fez-se o castelo uma rosa a murchar.

Foto de Allan Dayvidson

EM TODOS OS SENTIDOS

"Explore mais seus sentidos..."

EM TODOS OS SENTIDOS
=Allan Dayvidson=

Invade minha retina, percorre minha superfície;
é música para meus ouvidos... e ao mesmo tempo...
incomoda feito um mosquito e me mobiliza de um jeito esquisito.

Eu sei que você também sentiu isso,
algo entre áspero e liso;
e que ouviu todos os alarmes e avisos
sobre esta relação compulsória e irresistível,
feito cócegas e crises de riso...
Você me deixa sensível.

O calor de sua respiração em meu rosto,
o toque da sua mão e o cheiro do seu corpo...
E o som da sua voz... o som da sua voz... o som da sua voz...
ecoa e faz um estrago feio, chega e me acerta em cheio.

Eu sei que você também sentiu isso,
do cítrico gelado ao doce quente;
e que vê as mesmas cores reluzentes
nessa descarga elétrica forasteira e imprevisível,
uma experiência completamente diferente...
Você me deixa sensível.

Ah! Acho que eu preciso de mais provas,
porque estas sensações ainda são tão novas,
mas devo isso a você, seu jeito, seu corpo, meu corpo
e a essa tensão insubstituível...
Você me deixa sensível.

Foto de Angelgoiabinha2

Cicatrizes

****
***
**
*

Ah se o mundo não fosse de aparências
e as pessoas te olhassem do seu coração a essência.
Talvez elas enxergassem o que você tem de melhor
e não o que te faz fisicamente pior.
As cicatrizes no corpo são provas de vivência
são provas do seu trajeto pela vida e da sua experiência.
Mais vale uma bagagem de ensinamentos, tropeços e acertos
do que uma vida superficial e vazia.

Angélica Macedo

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Muito Além da Rede Globo - Capítulo 20

Dessa última eleição, e de toda as outras, a única imagem que me vem claramente à memória é a de que toda campanha política na verdade são os desempregados, os que estão na margem da margem, os desocupados forçados, os banguelas que me olham torto com seus dentes tortos, os que são encarregados de concientizar o povo são sempre justamente aqueles prejudicados pela mecânica do trabalho cego, surdo e mudo, a estrutura deficitária das calçadas, a saúde debilitada de quem fica o dia inteiro debaixo do Sol, a favela, nada mais que a invasão de um espaço público, a insegurança dos quinze reais no fim às cinco e meia da tarde, a vontade de roubar, tanto quanto o engravatados e seus colarinhos brancos, ser pobre é uma maldição que eu não desejo nem ao meu pior inimigo, a vergonha de ser ignorado pelos próprios familiares, de gente igual à você que se imagina superior, da capacidade e de ser digno. As bandeiras dos políticos são carregadas pela pobreza e pela necessidade. Os santinhos que eu entreguei foram provas incontestáveis dos pecados cometidos pelos salvadores proclamados.

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