Pão

Foto de Sonia Delsin

RESISTÊNCIA

por que não eu? por que não nós?
eu me perguntaria

você já se esqueceu?
da rosa vermelha?
dos cravos?
das velas?
das margaridas tão belas...
do vento nas janelas

e do cheiro do pão assado?
cheiro bom do passado
apagar tanta coisa chega a ser um pecado

por que não eu?
por que não nós?
por que tantos nós?
por que o desamor onde reinava tanto amor?

estendo o olhar para um campo em flor
ali, ali, bem ali ainda mora a mesma mulher e o mesmo homem
ainda namoram nas espreguiçadeiras
embaixo das lindas paineiras
ainda existem
e
resistem
ao mal que lhes fizeram

Foto de KAUE DUARTE

O Pedinte (reflexão)

Sou pobre
Sou sim
Sou pobre de bens, de amores
De alimento ou cobertores
De amigos, afeto talvez
Me encontro na embriagez
Sou feio, dizem que sou
Sou pardo, que o o sol me tornou
Sou fraco, covarde tambem
Mais não abaixo a cabeça há ninguem
Porem...
Sou o brilho que seus olhos não puderam ver
Carrego o consumo de suas migalhas pra sobreviver
Trabalho o dia em humilhação a te esmolar
A pequena moeda não vai te faltar
Estou magro sem corpo algum, reconheço
É no trabalho que amanheço
Meu esforço alimenta um irmão
Partilho o pão
Minhas mãos incenssíveis ao tocar
Trabalham duro pro estômago não gritar
Eu me pego falando comigo
Me expressando, só assim consigo
E se seu olhar eu não atrair, sei porque
A certeza da vida é morrer
................Kaue Jessé.....04/03/2011

Foto de betimartins

Poema da calçada...

Poema da calçada...

Descem as pedras da calçada
Entre pontapés esguios, sortidos
Nos gritos abafados das crianças
No andar apressado da Mulher
Aquela que se despe em cada esquina
Aquela que leva o pão para casa
A que fica com dez filhos a sua volta
E a que em veste finas e saltos altos
Ainda consegue trabalhar para si
Na rua da pobre calçada esburacada
O peão perdido do seu cavalo e viola
Jaz entre vômitos, deitado, sujo e inerte
Com cantos em fortes lamentos a vida
O homem do boteco, sentado na escada
Com sua bata já encardida, com olhar triste
Percorre seus pensamentos e chora
Chora por aqueles que já se foram
Uma bola invade seus pés e uma menina
Com um belo sorriso, cheio de luz
Estende a suas mãos e o chama de avô
Entre abraços apertados, temendo
O medo de perder também o seu amor
Mas aquela rua tem um palhaço de vestes
Já meio desgastadas pelo tempo e idade
No rosto pintado os olhos cor de mel
Grandes, cheios de amor, sorrindo
A todos que lá passam de mão estendida
Fazendo pequenas graças, na sua alegria
A noite chega fria com a chuva, a água que cai
Sem parar, enchendo ruas e casas já velhas
O pouco que já tem fica em nada, nada mesmo
Ajudam-se, partilham sua dor, entre abraços
Entre palavras de esperança, no poste sem luz
Seus joelhos já sentem ardor e cansaço
Sem ter para onde ir ficam ali na rua da calçada
Esperando que amanhã seja um novo dia...

Betimartins

Foto de Mary Escritora

Mudanças

Se estiver em guerra
Que venha a paz
Se estiver chorando
Que venha a compreensão
Se estiver triste
Que venha a felicidade
Se estiver no silêncio
Que venha a noite
Se estiver confuso
Que venha a verdade
Se estiver no abismo
Que alguém lhe estenda a mão
Se vier a fome
Que venha o pão
Se vier o desejo
Que venha amar
Se vier a esperança
Que venha a realidade
Se vier o erro
Que venha o perdão.

Foto de Deni Píàia

Do amar

Do amar vem o amar.go,
Mas também vem o amigo
E com ele o amar.elo do sol,
Amar.melada doce,
Amar.telada no dedo.
Ah.mar.tirio do medo...

Do amar vem
Amar.cela para o chá,
Amar.garina do pão,
Amar.mita do peão,
Amar.ca nova de carro.

A.Mar.te eu irei, se
Amar-te é minha sina.

Foto de Alexsandra Carneiro

MINHA VIDA NO HOSPITAL

MINHA VIDA NO HOSPITAL

No Hospital
Fui internado
Para tratar de uma doença
que fui contaminado.

Nos primeiros dias
fiquei um pouco aborrecido
Pois, no hospital
não tinha nem um conhecido.

Os dias foram passando
Muitos colegas fui conquistando
De acordo com os medicamentos
A minha saúde foi melhorando.

Com esta coisas
Deve se acostumar
Eu nunca esperava internar
Para esta doença tratar.

Ao amanhecer o dia
Os pássaros cantavam alegremente
Os verdes campos deste lugar
Aumentava a saudade de minha gente.

Já trabalhei muito
para alguma coisa arrumar
Não esperava que minha vitória
Estava próxima a chegar.

Seria num hospital internar
para tratar de uma doença
Que nunca passou por minha conciência
Ter que enfrentar.

Hospital é muito bom
Para quem ali vai a visitar
Pois, rogo a Deus para ninguém
Nunca dele precisar.

Quantas mães vem aqui
para poder internar
Deixando seus filhos lá fora
Sem deles poder cuidar.

Hoje não sou o que queria
Queria estar lá fora
Defendendo o pão de cada dia
Por este mundo afora.

Mas, assim o destina decidiu
Que no meio da minha idade
Um doença sofreria
Para minha infelicidade.

Como é o nosso destino
Aceitei com humildde e alegria
Todo aquele sofrimento
No leito de uma enfermaria.

Autor: Geraldo Fernandes Carneiro

Foto de Anaah

Felicidade

Felicidade não se compra nem se vende
Felicidade a gente sente.
Felicidade é as vezes doido ficar,
mas com a opinião dos outros não se importar.

É gritar,pular e cantar...
e com a vida se emocionar.
É viver,crescer a cada amanhecer
é na vida querer vencer.

Muitas pessoas à procuram
mas poucas a encontram,
Com muita dificuldade conseguem a mesa colocar um pão,
calejando e machucando a sua mão.

Mas essas são pessoas com dignidade,
que trabalham com muita responsábilidade
e humildade...
Procurando o real sentido de FELICIDADE.

Foto de Melquizedeque

Rio Madeira

No rio tem estórias... Lá tenho morada
Um folclore que encanta que dança e enfeitiça
Gente que sabe, conhece essas águas
Com olhos sofridos contemplam essa vida
Pés descalços que pisam no rio
Na beira há moradas, crianças se criam
Um universo distante bem perto de ti
Idosos falantes uns velhos tão sabidos
Que sabem de tudo, respostas eles têm
Se o pescado é bem farto, logo agradecem
Com mãos para o alto e preces nos lábios
Pra casa eles voltam no fim desse dia
Gratos estão, pois na mesa hoje há o pão
E é do rio que eles tiram o sustento da vida
Excluídos de todos na pacata morada
Assim vivem eles, sob tetos de palha
De madeira é o chão... Arte feita pelo pai
Artesão de nascença e que propaga sua crença
Na beira do rio constroem essa história
Com sorrisos e lágrimas, e suor na camisa
Enfrentam a selva e os perigos que vêem
Desse jeito simplório, sensato e gentil
Acordam bem cedo, com coragem e vigor
Com família formada e um sonho na mente
Que do rio venha o pão e na boca haja dentes
Desse jeito nos ensina em tão simples vivência
A cultura de um povo esquecido pelo progresso
E abandonada pela ciência.

(Melquizedeque de M. Alemão, 03 de janeiro de 2011)

Foto de Carmen Vervloet

CANTO DE ESPERANÇA

CANTO DE ESPERANÇA

De dentro do meu coração
bateu asas o passarinho,
fugiu do seu alçapão
foi em busca de outros ninhos.
Foi cantando liberdade
entre fogos de artifícios
estimulado pelas festividades
num momento de armistício...
Feliz Ano Novo! Feliz Ano Novo!
Cantavam todos em uníssono.
Os anjos sorriam do alto,
o luar prateava o asfalto,
o povo brindava a chegada,
celebrava o novo ano...
Pedia felicidade,
fazia planos e planos.
Pedia saúde, alegria,
dinheiro e paz, muita paz...
E da torre da fantasia
meu sonhador passarinho
vislumbrou o que importa:
O pão de cada dia,
o amor plantado na horta
as ondas de boa energia
invadindo cada porta.
A paz rompendo as comportas...
Só então pousou nos fios da esperança
e cantou feliz, feliz!

Carmen Vervloet

Foto de Carlos Henrique Costa

Patriota

Querida e amada pátria, venho a ti conhecer,
Saber a respeito da verdadeira existência tua!
Quase nua, a humanidade caminha pela rua,
A implorar o pão, um pedaço de vida pra viver.

Oh mãe gentil, ao deitar-se no colo do anoitecer,
Não enxerga o teu filho, andarilho na luta sua,
A mendigar nos becos e botecos ao olhar da lua,
Por apenas, um prato de comida para se comer?

Minha pátria mãe, meu Brasil de fúteis ilusões,
Quero conhecer as tuas poções de imaginações,
E mergulhar na cívica civilização a própria sorte,

A mercê dos grilhões e dos condenados de morte,
Por te amar, na loucura quietude de minhas razões,
Vou te guardar no fundo de milhões de corações.

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