Pálpebras

Noite bela,
Um anjo pousou em minha janela,
Olhava meu rosto adormecido,
Aos poucos encolheu suas assas,
Veio e beijou minhas pálpebras,
Soprou doces sonhos,
Confessou e aconselhou,
Sorria adormecida,
O teu calor aconchegou,
A voz suave,
Teu hálito morno,
Banhava meu rosto,
Em meio aos sonhos,
Sentia teu abraço,
Os teus beijos molhados,
Meus cabelos acariciados,
Anjo travesso,
Cruzou meu peito,
Arrancou suspiros,
Embalou de felicidade,
Nas tuas assas,
Meu refugio,
Teu corpo minha fortaleza,
Afagava, te olhava,
Meu anjo,
Onde andaras,
Nas tuas penas,
Suaves brumas brancas,
Cruzando meus sonhos,
Deixando o rastro do teu perfume,
Onde voas?
Como se esconde,
Quero ver-te,
Verter-me na tua pele macia,
Meu anjo,
Encanto de vida,
Magia que se escoa,
Minha escolha perdida,
Preciso de você,
Agora que quero adormecer.

Repentinamente
Pálpebras se fecharam
Respiração ofegante
Idéias espalhadas num quarto
Como se eu separasse
Roupas limpas das roupas sujas,
Simultaneamente com meus pensamentos
Tormento contra responsabilidade
Vontade,
De mudar o método de vida.
E se, não for pedir demais,
Não cometer os mesmos erros
Nenhum exagero
Apenas, almejar o impossível
Porque o possível já era,
Caso totalmente encerrado
No calendário, a primavera
Flores, folhas e música
Poetas apaixonados
E o passado...Nem se fala
Hora de chegada
Sem atrasos , sem desculpas esfarrapadas
Não aceito despedidas
Aqui, elas não valem nada,
Porque eu não sofro de amor
Não sinto dor
E o que era inesquecível
Já penso em esquecer
E se for imprevisível
Eu pago pra ver.
Jogo de cartas,
Fogo de palha,
Um pra cada lado
Iguais a razão e coração
Juntos não tem lógica
Como pra mim,
Que já perdi os dois
E se,
Filmes passarem novamente na minha cabeça
Tão rápido quanto os ponteiros do relógio
E irei sorrir com a alegria de quem vive
Pois eu sei que a sensação será passageira
Semelhante aos amores que tive.