Vénus alada
Seios azuis
Opalinas
Num espelho convexo
Que o orvalho
Escorre na noite
Entre os lábios da aurora.
Música de silêncio
Espaço na luz do equilibrio
Áspero, ascético, granítico
Cometa de pálpebras cerradas.
Sombras sobre um colóquio
Anjos no fundo do mar...
... Da eternidade.
Tentáculos, pólipos
Que asseguram
Na salgada cela
De "rotoras" anémonas
Sobre os agéis e sinuosos raios
Que a luz transforma
Em amor infinito...
E no meu corpo
Se fazem em calmaria...
De repente, de repente...
Pranto.
De repente, de repente...
O espanto!
De repente a bruma,
Meu amigo próximo
Na vida uma aventura,
Que a paixão degolou
Em espuma...
Desfazendo-se na última chama:
... O esquecimento.
Paulo Martins