Paisagem

Foto de poetisando

Natureza

Como é bela a natureza
Com suas serras e montes
Os rios correndo nos vales
A água jorrando das fontes
Com as suas planícies
Cobertas de lindas flores
Esvoaçando ao sabor do vento
Parecem chamar seus amores
Com seus montes floridos
De alecrim e rosmaninho
Onde as mais diversas aves
Vão fazer os seus ninhos
Toda ela é uma beleza
Sem haver outra igual
Que bela é a natureza
Deste nosso Portugal
Não conheço outra paisagem
Com a sua fauna variada
Desde a raposa ao chapim
Como é bela a natureza
Não há outra coisa assim
Como é que o homem tem
Coragem de a destruir
Quando devia tratar dela
Para melhor a poder usufruir
É ela que nos purifica o ar
Que todos nós respiramos
Dá cor às lindas paisagens
Que nós tanto apreciamos

De: António Candeias

Foto de Carmen Lúcia

Paisagem Urbana (modificada pelo homem)

O sol começa a se espreguiçar.
É a rotina...São dez da matina...
Embaçado, pretende acordar a manhã,
iluminar a estação...Primavera?
Tão linda ela era...

O céu se acinzenta...
Nuvens?Não!Fumaça!
Fusão de azul e petróleo
sobre veículos e pedestres apressados...
Odor de óleo queimado...
Som estridente, alterado.Rock and Roll?
Não!Buzinaço a todo vapor...

Barulhos de trens do metrô...
Agitos do vai e vem...
Luta do dia-a-dia!
Pela sobrevivência...pela conveniência!
Alguém ainda dorme no banco da praça.
Cachaça?Acordar?Não tem graça!

Algo surge no céu, sem escarcéu...
Não é nave espacial...
É a lua prestigiando um luau.
(saudade dos velhos saraus)
Pontinhos cintilam fraquinhos...
Vaga-lumes?Não!Estrelinhas!
(nas entrelinhas)
Querem dar o ar da graça!
Coitadas!Tão sem graça!

E o corre-corre continua...
Agora a paisagem é crua e nua!
Luzes incendeiam bordéis...
E os sonhos?Vendidos aos tonéis!
Casas noturnas, peças teatrais...
Encenam vidas reais...
Travestis e prostitutas disputam locais,
esquinas se enchem de marginais...

O êxtase excita, alucina,
domina atitudes tribais, canibais...
Poetas observam...perdem-se nas rimas.
Um barzinho, um cantinho e um violão...
Um estampido, um grito, sirene e furgão.
Numa igreja, louvores e cânticos,
nos cantos, clamores do sexo,
e toda a fé perde o nexo...

De repente, um seqüestro-relâmpago...
Nas casas, noticiários na televisão,
em volta, grades de prisão!
Uma coruja espreita, assustada...
Espera surgir o dia
Pra dormir...sossegada(?).

(Carmen Lúcia)

Foto de Allan Dayvidson

"SAYONARÁ"

"Mais um poema empoeirado que encontrei por aqui... O passado é o tema dele, uma despedida deste passado, ou melhor, há contidas nele três despedidas importantes. Este poema foi (e ainda é) o último de uma fase, e, logo, o primeiro de uma nova fase..."

“SAYONARA”
= Allan Dayvidson=

Pela janela, a paisagem fica para trás
e os respingos no vidro não são apenas os da chuva.
Momentos como aqueles, insubstituíveis
e minhas cicatrizes, um souvenir...

Debaixo do meu guarda-chuva vermelho,
escondi um sorriso encabulado,
mas você já deve ter encontrado uns cacos do meu coração
varridos para debaixo do tapete do seu quarto.

Não dá para negar, ter uma queda por você foi divertido,
apesar dos arranhões nos joelhos
E agora, daqui de dentro do ônibus
o vidro da janela também serve de espelho.

E pela janela, vejo você correndo
pedindo para eu jamais esquecer
aqueles momentos em que nenhum de nós estava no controle
e ainda assim sabíamos o que fazer.
Pela janela, digo “Sayonará!”.
Não se preocupe, ficarei legal.
Momentos como aqueles me concedem razões
para escrever novas histórias no próximo cartão-postal.

Bem agora, estou com os fones de ouvido
ouvindo algumas de suas faixas,
enquanto reviro minha mochila bagunçada
atrás dos resquícios de você que irão para minha caixa.

Incalculáveis lições aprendidas
e seu número na agenda do meu celular.
Queria poder te ligar qualquer hora dessas
e dizer o quanto aquelas equações me fazem falta.

Pela janela, vi em seu rosto
aquilo que você jamais conseguiu dizer.
Momentos como aqueles parecem não caber em palavras.
Mas saiba que eu sei...
Pela janela, digo “Bye bye!”
e espero que consiga entender,
pois momentos como aqueles não exigem muitas explicações.
Resuma-os apenas a mim e você...

Esta cidade não será a mesma coisa sem nossa bagunça,
sem momentos como aqueles,
sem seu jeito de me deixar vermelho,
mas fui até onde essas ruas me permitiram.

Pela janela, observei seu ato final
E aproveitei meus últimos momentos como um grande fã
expectante diante da possibilidade de me sentir...especial.
E pela janela, a paisagem ficou para trás
Enquanto eu escrevia meus agradecimentos no embaçado do vidro
Momentos como aqueles ficaram resignados a uma única palavra:
“Adeus”

Adeus...

Foto de Rosamares da Maia

Buraco Negro

Buraco Negro

Queria falar mal de você, te denegrir.
Descarregar a minha raiva,
Rasgar cada pedaço do teu retrato.
Queria chorar, te insultar, me importar.
Mas não consigo sentir nada,
E não sentir nada é dor insuportável.
Você é um grande buraco negro,
Obscuro lugar onde a luz morreu.
Nada, você é um grande nada!
Paisagem deserta e insipiente.
E a sua ausência não me faz falta.
Buraco negro da minha galáxia,
Por ele, todo sentimento foi atraído,
Tragado juntamente com o meu coração.

Rosamares da Maia

11/08/2009

Foto de Gideon

Agonia da Noite

Agonia da noite

Ah já sei... Acho que vou deixar esse negócio chato aqui.
Não consigo progredir, não saio da lição 10
Deste método ultrapassado de Violino.
Vou ver Vênus com toda a sua exuberância em Maio
E o seu filhotinho flutuando em torno...

Arrasto o meu telescópio empoeirado para fora.
As lentes estão imundas.
Caço uma flanela úmida para depressa limpar-lhe as vistas...
Posiciono-o e delicio-me com aquele bola enorme
Flutuando no céu de Bangu entre duas montanhas lindas
Que enriquecem a já deslumbrante paisagem do meu Rio de Janeiro...

Canso, logo canso.
Que chatisse esse negócio de ficar madrugada adentro
Observando uma coisa que está lá, no céu, desde sempre.
Retorno meio sem rumo.

Mas já é alta madrugada meu Deus, murmuro.
Por que não vou dormir, penso.
Sento-me na cadeira de praia gelada pelo orvalho da noite.
Agarro o violão que está ao lado
E começo a fazer aquelas escalas infindas
Exercitando os meus dedos ligeiros
Que de tão ligeiros logo devolvem o sofrido magrelo
Para a sua forca na parede...
Ele fica lá, balançando como um pobre condenado
Daqueles antigos filmes de cowboy
Que eu assistia na televisão preto-e-branco
Da sala de minha irmã Sara
Já que lá em casa papai não permitia televisão, coisa do demo...

Ai meu bom Deus, estou divagando nesta madrugada desconexa... Matemática, filosofia, romances, Bíblias...
Muitas delas emparelhadas, da menor para a maior
Como estivessem perfiladas em ordem-unida do quartel
Imagem que assalta sem aviso as minhas lembranças pêndegas
Depois que vislumbro a minha espada e quepe presos na parede...

Agora cá estou eu, depois do violão
Olhando aleatoriamente os meus livros arrumados na estante...
Sono, que nada... Nada de dormir... Nada de descansar...
Estou ligado... Estou acordado... Ai que chato...

Não resisto e religo o notebook prá tentar, talvez pela última vez
Vê-la linda como sempre...
Estou viciado em sua imagem...
Que se não olhá-la, mesmo que de relance e rapidamente...
não durmo...
Ufa.. agora vou dormir...

Gideon Marinho Gonçalves

Foto de Paulo Gondim

Velas e sonhos

VELAS E SONHOS
Paulo Gondim
24/07/2012

VELAS E SONHOS
Paulo Gondim
24/07/2012

Sinto-me nas ondas desse mar imenso
Vejo e velejo e navegando penso
No sonho que ficou no cais
E em cada sopro fresco do vento
O sono me foge e me faz atento
E navego mais

As velas brancas rompem a paisagem
E teu vulto doce me vem como miragem
Na saudade do esquecido navegante
E na angústia que me aperta o peito
Me vem a lembrança do sonho desfeito
No brilho fosco da lua no horizonte

Em mim, navega tua lembrança
Como resto desfeito de esperança
De que te veja novamente um dia
E, assim, o sonho já nem vive mais
Olho para trás e te vejo no cais
E sigo navegando nessa fantasia

Foto de MarcosHenrique

Veemente Almejar

Soneto Decassílabo
.
.
.
.
Para-se o tempo, brilha seu olhar...
Em seu sorriso a mais bela paisagem.
Me envolve, me afaga, oh Ser onírico!
E, em delírio, me arrebata a viajar...

Sussurra em meus ouvidos teu cantar.
Com teu toque atenua esse martírio
Da distância, da ausência, do anelar.
Que essa espera não atue em vazio...

Seus encantos são mais que um torpor.
Evade-me o pensar e unicamente,
Qual onda, me remete a tua imagem.

Que seja o tempo a estrada a trilhar.
Em ardor, em calor, nessa viagem,
Veemente, quero dar-te o meu amor!

Marcos Henrique

Foto de Carmen Vervloet

Sublimes Lembranças

A chuva cai em gotas de cristal, lágrimas de amor foram afogadas. As lembranças se espalham pela paisagem e chegam até nós num sopro do vento... Aportam num vazio dos nossos corações em minúsculos fragmentos e se transmutam em divinos momentos, em grande emoção...
Será que as lembranças nos proporcionaram um reencontro reascendendo o humano calor das nossas almas?

Foto de Carmen Vervloet

Porto Felicidade

Teu corpo está nu...
Mas tua alma
veste-se em armaduras...
Insanas torturas
que machucam
e não te deixam ser feliz..
Insólito aprendiz
da vida!...
Busque no entendimento
o teu tempo!...
Já é hora
de desnudar a alma!...
Sem pudor,
com calma,
sem medo...
E a paisagem
que tanto em mim
te fascina,
será tua marina
onde atracarás
o teu amor!

Foto de Riva

A FLOR DA LARANJEIRA

A FLOR DA LARANJEIRA

Laranjais floridos, fonte de rica inspiração,
Trescalos de eflúvios, suntuosidade aromal;
Suas flores brancas, adornando todo chão,
Faz da laranjeira, a mais radiante do floral.

Ornato dos anjos, festival de uma criação,
Paisagem redolente, uma sinfonia divinal,
Do meu flórido pomar, é toda admiração;
Cultivar esta bela planta, minha arte visual.

Corola sublime, faz dela a flor da perfeição,
Sem o acanáceo, tem a leveza do magistral,
Pétalas aromáticos, tudo em contemplação
Rebentos graciosos, enfeitam o seu natural.

Frutos sazonados de saporífera degustação,
Quanta fragrância dispersa este laranjal!

Rivadávia Leite

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