Paciência

Foto de Carmen Vervloet

A MINHA MÃE - HOMENAGEM A TODAS AS MÃES DESTE SITE

A MINHA MÃE

Mãe... Você me deu a vida...
Deu-me afeto, ternura e amor...
Com carinho tratou as feridas
Enxugou minhas lágrimas de dor!

Sábia... Ensinou-me o reto caminho
E agora neste momento
Continua arrancando os espinhos...
Adivinhando meus pensamentos!...

Noventa anos de estradas percorridas...
De luta, trabalho e bravura...
Simples e singela como a margarida,
Sol que ilumina a estrada escura...

Abrigo nas tempestades...
Paciência, zelo e perseverança...
Protegendo-me com afinco das maldades...
Olhar puro de criança!

Nunca a vi reclamar de doenças...
Guarda para você sua dor...
De sua boca nunca ouvi sair ofensas
Seu nome deveria ser Amor!

Branca casa de pureza...
Verde árvore enraizada...
Porte altivo de princesa...
Linda flor tão perfumada!...

Agradeço-lhe por tudo que sou...
Agradeço-lhe a vida que enxergo com cor...
E se hoje sorrindo estou...
Seus valores em mim desenhou,
Com seiva de amor!

Carmen Vervloet
Todos os direitos reservados à autora.

Foto de Sonia Delsin

DISFARCE

DISFARCE

No dedo sem anéis.
Ausência.
Toda a paciência.
Para viver os dias sob o sol...
Toda a paciência para recordar os ontens.
E disfarçar a esperança dos amanhãs.
Ela caminha resoluta.
Ninguém conhece a verdade absoluta.
E nunca vai conhecer.
Tão bem ela consegue esconder.
Embaixo do sorriso franco, do sorriso branco.
Mora a lágrima contida.
Com uma dor no peito ela vai levando a vida.

Foto de Rose Felliciano

DIVAGAÇÃO

.
.
.
.
"Não sei se cresci,
amadureci, envelheci...
Ou se é mesmo e tão somente
O fruto da experiência latente...

O fato é que, para algumas coisas
Perdi a paciência.
Noutras tolero mais...até esqueço
Mas já desfeito, desligo de vez de mim.

Pensando assim, me vejo como criança
Naquela Infância de tantos porquês...
Mas quem irá me responder,
Se meus pais não podem mais?

E minhas dúvidas de hoje
São diferentes de antes...complexas!
Não são mais sobre bonecas
Ou como o nenêm vai nascer...

Ah! Se eu pudesse mudar a escrita
Tirava os porquês dessa vida
Viveria assim...
Sem aprender!

Pois cada vez que aprendo
Sofro um bocado
E compreendo
Que preciso aprender ainda mais...

E olha que a vida ensina...
Mas chega a ser antipática
Nos aplica primeiro a prática
Ficamos até sorridente

Seguidamente, por um descuido ou ilusão
Vem a Durona Lição
E aos prantos, temos que entender
E decorar a teoria....

Que ironia...

Talvez seja então por isso
Que muitos teimam na rebeldia...
De não querer aprender
Vá entender.....Desaprender ????!!!!

Creio que não...
Melhor é decorar logo a lição
E parar de bobagem...
.......Pura divagação"(Rose Felliciano)

.
*Mantenha a autoria do Poema*

Foto de Dirceu Marcelino

TEUS OLHOS AINDA TÊM A PUREZA DO "KUNDUR" - Homenagem a RUTH FERNANDES

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TEUS OLHOS AINDA TÊM A PUREZA DE "KUNDUR" - MUSA PERUANA II -

Homenagem a Ruth Fernandes

Teu olhar tem ainda a pureza da inocência,
Teu sorriso sopro encantado da juventude,
Teu modo de agir demonstra a paciência,
Mulher vigorosa em completa plenitude.

Tua fala firme demonstra que tens consciência
Da necessária luta entre as vicissitudes
Da vida e embora sábia em ramo da ciência
Farmacêutica, trabalhas até em mais rudes,

Serviços aproveitando a saúde e experiência
Adquirida em cozinhas onde teus quitutes,
Deixam os homens de Peru ou outra querência,

Com água na boca e muito deles amiúde,
Sonham contigo e não lhes dá preferência
Pois o que queres é o Amor com magnitude.

Foto de Sonia Delsin

PRECE

PRECE

Senhor
Deus de amor
Eu trazia no meu peito
Um coração tão tristonho
Pensava que não tinha mais jeito
Senhor
Deus da paz
Eu pensava que não agüentaria mais
Eu pensava
Mas como eu me enganava
Era tanto que o mundo me entregava
E eu não enxergava
Uma gota significava tanto e eu vivia em pranto
Senhor, hoje tenho paciência
Eu ganhei experiência?
Não sei
Acho que ganhei
Acho que aos poucos eu lhe encontrei
E me encontrei

Foto de Dirceu Marcelino

TEUS OLHOS AINDA TÊM A PUREZA DA INOCÊNCIA - MUSA PERUANA II - Homenagem a Ruth Fernandes (preparativo para segundo vide-poema)

*
* Homenagem a Ruth Fernandes, Musa Peruana
*

Teu olhar tem ainda a pureza da inocência,
Teu sorriso sopro encantado da juventude,
Teu modo de agir demonstra a paciência,
Mulher vigorosa em completa plenitude.

Tua fala firme demonstra que tens consciência
Da necessária luta entre as vicissitudes
Da vida e embora sábia em ramo da ciência
Farmacêutica, trabalhas até em mais rudes,

Serviços aproveitando a saúde e experiência
Adquirida em cozinhas onde teus quitutes,
Deixam os homens de Peru ou outra querência,

Com água na boca e muito deles amiúde,
Sonham contigo e não lhes dá preferência
Pois o que queres é o Amor com magnitude.

Foto de Marcos Pinto

Desabafo (My life)

Eu queria, se podesse, ler a tua mente.
Sim, quem me dera saber o que pensas e o que tu sentes.
És tão inteligente, tão sábia e ensinas com humor o que já viveste e aprendeste.
Tens a sabedória e o discernimento que eu sempre quis, que sempre sonhei possuir.
És tímida, noto isso quando no fim das nossas longas conversas, digo que te amo.
E tens razão, nós dissemos isso a todo mundo, que até hoje soa normal e sem significado algum. Mas é diferente quando digo a ti porque na verdade, não existe sentimento maior do que este que sinto, as vezes parece que te desrespeito, quando dirijo-me mal a ti ou dou respostas estúpidas, mas todo mundo irrita-se e descontrola-se as vezes, e eu nunca pedi desculpas, mas tu sabes que eu arrependo-me sempre, e se não o mostro por palavras, mostro por actos, e sei que me perdoas porque sempre correspondes como se nada tivesse acontecido.
Acredita que eu tenho lutado para ser um filho melhor, sei que não tirei boas notas como sempre sonhaste no ensino pré-universitário e não me esforcei o bastante para ser notável, sei que até hoje cometo erros, e tenho me comportado como se ainda fosse uma criança, mas acredita que tenho feito coisas para tentar chamar a tua atenção, e que tenho lutado para que te sintas orgulhoso de teres um filho como eu.
E tudo que tenho que fazer é agradecer, as vezes ponho-me no teu lugar e sei que é difícil, eu fazes todos os sacrifícios possíveis para manter a nossa família unida, e eu respeito a tua luta e luto também para que este teu sonho se concretize.
Na adolescência aprendi várias coisas, que hoje deram-me uma visão mais clara sobre a vida, e pelos problemas que passei, hoje percebo que a minha idade é pouca, e sei que já passaste por isso e por coisas piores, e que eu tenho uma biblioteca viva em casa, que as vezes por ironia e por pensar que sou bom o suficiente para perceber as coisas, não faço o uso desse bem pessoal.
Dizem que herdei o teu carácter, a tua calma, a tua sensibilidade, paciência, mas eu não concordo. Porque na verdade somos muito diferentes, se eu fosse igual a tia, seria muito feliz, mas quero que saibas que na verdade eu nunca quis ser igual, eu quis sim possuir alguns traços teus, e já que dizem que tenho alguns, vou usá-los sempre bem, mas não é o suficiente, porque ainda tenho muito a aprender contigo.
A nossa família desabou, sem eu saber o porquê, e nunca entendi a razão, achava normal o facto de tu e a mãe viverem em casa separadas, porque antes eu não fazia ideia do que era uma família, mas hoje percebo os danos dessa separação, e a distãncia que eu tenho contigo mãe faz com que as vezes eu nem sinta a tua falta, e é algo que doi muito e machuca o meu coração.
Foi preciso pensar nisso tudo para poder abrir os olhos para a vida, porque sempre vive despreocupado, sem certezas sobre o que queria e hoje tento encontrar o meu caminho, estou farto de ser guiado pelo destino, e sei que vai ser difícil fazer esta escolha, mas tenho que dar um rumo a minha vida, porque chegaram as épocas das ideias e a hora de ser mais criativo, deixar para trás a coisas inúteis e sem brilho que eu fazia.
E não dou totalmente o crédito a vocês por essas todas mudanças, porque eu conheci alguém que abriu-me os olhos para ser mais responsável também, alguém que não parava de dizer que eu era perfeito e que tinha muitas qualidades, alguém que foi íntimo para mim nos periodos de julho à dezembro de 2007, mas essa pessoa desapareceu, e eu perdi grande parte da força de vontade e inspiração, e quando essa pessoa que eu amava partiu, conformar-me com isso foi uma das coisa mais difíceis que aprendi, mas hoje admito que ganhei forças, e com as saudades do carinho, da atenção e o apoio dessa pessoa, construi os alicerces de uma nova vida, outrora partidos. E após perder alguém importante percebi que não importa a altura do nosso castelo, ele poderá cair um dia, e cabe a nós decidir se vamos deixá-lo em ruinas ou construi-lo de novo com mais segurança.
E foi isso que fiz e hoje sinto-me mais seguro e menos vulnerável à ilusões, mas nunca deixei de ser sonhador e também não deixei de acreditar nas palavras das pessoas que amo.
Tenho vários amigos, velhos e recentes, uns deles se preocupam comigo e outros não tanto, e tenho amigos novos que querem sabe tudo sobre mim e que as vezes obrigam-me sem querer a voltar ao passado, e també conheço os amigos verdadeiros que tenho, e sei que são poucos, mas porém são muito valiosos.
E eu não quero morrer de mãoes vazias, não quero enxe-la de bens materiais, quero ser notável enquanto viver, ser uma pessoa sempre pronta a ajudar, sempre presente quando for possível para dar conforto e carinhom para as pessoas que amo, e se um dia morrer, sabendo que já fiz alguém feliz, que já fui a razão de muitos sorrisos e vitórias, irei morrer feliz, porque eu nunca quis ser grande, e não pretendo até hoje, o reconhecimento que terei talvez nunca saberei, mas sei que haverá um lugar para mim onde eu mereça estar, e nunca vou deixar de acreditar na felicidade, porque é a conquista que eu procuro, ser uma fonte de inspiração ao próximo.
Dedico estas frases para os meus pais, irmãos e amigos, queria dizer-vos que nenhum de vocês tem um pódio e que também não existem lugares maiores e menores no meu coração, e não se preocupem que eu tenho tempo para cada um de vós, sei que as vezes não vos contacto, mas não quer dizer que eu esqueci que vocês existem, porque uma vez dentro do meu coração o vosso espaço será permanente, e tem lugares por onde passo que me fazem lembrar de cada um, e é por isso que as vezes ligo ou dou um sinal, porque lembrei justamente de vocês.
E que não há distância que desafie o poder do sentimento, e eu não sou uma pessoa difícil de ser compreendida, sou diferente, não sou perfeito, e que sempre espero que me respeitem e aceitem-me como eu sou.
As mudanças que acontecem aos meus hábitos são coisas do tempo, e que vocês sabem muito bem que creci e vou continuar crescendo.
Muito obrigado pela vossa atenção, carinho, apoio e dedicação que têm comigo.
Acreditem que não há frase mais linda para expressar tamanha gratidão e como gosto da simplicidade, simplesmente vos digo:
“AMO-VOS”

Foto de Sonia Delsin

TE BUSCANDO

TE BUSCANDO

Eu te busquei a vida inteira.
Quando a tarde morria.
Quando o dia nascia.
Eu buscava porque sentia.
Meu coração já te conhecia.
Em algum lugar distante meu amado chorava ou sorria.
Eu sabia.
Não me pergunte porque.
Eu sabia que sobre a terra minha alma gêmea vivia.
Ia pelos caminhos vivendo.
Meu papel ia se desenvolvendo.
Eu ia...
Não perdida nas brumas da inconsciência.
Eu tinha paciência.
Porque sabia da tua existência.
Como tinha conhecimento estava preparada para o momento.
Para o momento do encontro.
Eu soube no mesmo instante que tu é que eu procurava.
Ainda que tão confuso tudo se mostrava.

Foto de ANACAROLINALOIRAMAR

.. O CORAÇÃO TAMBÉM SE ENGANA....O TEMPO E A PACIÊNCIA É O SEGREDO

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NÃO É UM POEMA, APENAS UM TEXTO UMA REFLEXÃO:

O tempo, e a paciência são nossos melhores conselheiros,
Aprendemos com eles que em matéria de amor,
Para alcançarmos nossa felicidade o primeiro passo
É não depender exclusivamente da pessoa amada, e sim viver em sintonia com ela.Às vezes Estamos sendo exigentes demais,é quando nos damos conta que a pessoa que a gente ama, Ou pensamos que amamos , ela nos engana, e não é a aquele alguém da nossa vida.Temos Que cuidar mais de nós, e aprender essa arte.
Não ficar correndo atrás do que já é nosso. O que é nosso virá em nossas mãos.E não Se Precipitar, esse é o segredo,
Não cairmos em falsas promessas falsos amores.
Quando menos esperamos esbarramos, encontramos com alguém que também esteja a Procura da gente....nada melhor que o tempo e a paciência para encontrarmos aquela pessoa Para juntos vivermos.
E tornar muito cuidado ter cautela, com as falsas bocas que dizem..Eu te amo...da boca pra Fora...e não "Eu te amo! com o coração , com a alma.

'Esse não é um poema, e sim uma pequena reflexão sobre falsos amores que deslumbram as Pessoas com falsas promessas amorosas,
Brincando com o de mais sagrado que temos nosso coração.
E nós na maioria das vezes temos um pouco de culpa porque não temos paciência de Esperar o tempo para o verdadeiro amor chegar.
E por mais que se ame, não depender do outro, um outro erro, grave que a maioria de nós Cometemos.cada um de nós temos quer seguir nossos caminhos com nossas próprias pernas, “ E ISSO NÃO NOS IM PEDE DE AMAR, APENAS AMAR A QUEM NOS MERECE.”
"É COMPLICADO E DELICADO FALAR CERTAS COISAS SOBRE O AMOR"

A FLOR DE LIS *-*

Foto de Lou Poulit

A MONTANHA E O PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 5)

A novamente recolhida em si, a montanha não se conformava. Como podia ser aquilo? Um pintassilgo tão lépido e inteligente tinha obrigação de encontrar a saída providencial. Será que a velhice roubara a sua visão? Claro que não, para outras coisas não! Medo de vento ele sempre tivera, mas ante a possibilidade fortuita de recuperar a sua sagrada liberdade, não poderia titubear em optar pelo vento que, diga-se de passagem, não seria mais perigoso fora do que dentro da gaiola, onde já havia entrado. Não, tinha que haver uma outra razão plausível.

De repente, ela se recordou de um detalhe que lhe pareceu importante: durante o imenso minuto em que tudo aconteceu, em nenhum momento o pintassilgo lhe dirigiu sequer um único pensamento. Foi como se ele não ouvisse os seus apelos agoniados, para que fugisse pela portinhola entreaberta, antes que fosse tarde demais. Por que tal comportamento? Será que não mais considerava valiosa a especial e já manifestada amizade de uma montanha? Ora, não havia dado a ele nenhum motivo para tamanho desprezo, muito pelo contrário.

Sua indignação contudo ainda se transformaria em perplexidade: algum tempo depois a montanha foi arrebatada das suas reflexões pelo canto, agora de fato inconfundível, do seu pintassilgo. Lá estava ele novamente. A gaiola fora reposta no mesmo arvoredo, reabastecida de sementes e água, parecendo que nada havia acontecido ao passarinho. Até se poderia deduzir que estava mais feliz do que antes da ventania. Coisa mais absurda ― disse ela a si mesma. Porém, era evidente, nenhum pintassilgo deprimido poderia cantar tanto nem com tamanho virtuosismo, nem dar cambalhotas no ar e fazer outras piruetas. Até um banhinho ele tomava. Sucinto, como são os banhos dos passarinhos, que não têm muita intimidade com líquidos e nem muito o que lavar. Mas bem diante dos arregalados olhares da montanha, o bichinho espirrava água para todos os lados, enquanto, literalmente, mostrava ser também um entusiasmado cantor de banheiro.

Quando a tarde já se preparava para anunciar a sua partida, uma cena insólita mais uma vez surpreendeu a montanha. Vieram os dois caçadores na direção do arvoredo. O velho, ensimesmado, apertando as pálpebras como que por impaciência, não respondia uma só palavra, ao passo que o jovem, mostrava-se inconformado. Alguma coisa o levava a gesticular muito e a despejar no vento repetidos argumentos, tão atropelados que era difícil entender o mínimo. Até mesmo interpor-se no caminho do outro o jovem tentou, inutilmente. Para espanto até do pintassilgo, não apenas o caçador mais velho retirou a gaiola do galho em que estava pendurada, como ainda meteu a mão pela portinhola, apanhou o bicho apavorado entre os dedos, grosseiros mas cuidadosos, e em seguida simplesmente abriu a mão e esperou que ele voasse. O passarinho atônito demorou a entender, porém depois de poucos e longos segundos, mais assustado do que feliz, lançou-se no vazio, seu natural quase esquecido pelos anos de cativeiro. Com um sorriso contido no rosto também marcado pelo tempo, o homem ficou olhando onde ele pousaria. Por seu lado, aborrecido, o jovem virou-lhe as costas e com as mãos na cabeça, numa expressão de perda, foi-se embora a passos duros na direção do vale.

O pintassilgo não chegou muito longe em seu primeiro vôo. Não mais reconhecia a liberdade, suas possibilidades e perigos. Logo percebeu que praticamente nada estava tão perto e disponível, e que necessário se fazia agora dosar o esforço de se deslocar. A satisfação das necessidades dependeria de ser capaz de reconhecer seus limites. E aí estava uma coisa que não lhe parecera importante durante muito tempo: teria que olhar para dentro de si, em vez de conhecer, por dentro, apenas a gaiola. Mas a prática de todas essas coisas teria que ficar para o dia seguinte, pois já estava completamente escuro. A noite, fora da gaiola, era terrivelmente assustadora, até porque, embora estivesse acomodado em um lugar bem seguro contra predadores, ele não sabia disso. Perdera as referências para avaliar a sua segurança e, desse modo, tudo parecia potencialmente perigoso. Os múltiplos sons da noite, assim mais se assemelhavam a uma sinfonia macabra. Fora das paredes da casa do velho caçador, o mundo se tornara quase desconhecido. Não havia mais o acolhedor teto de sapê seco. Não havia ali, na verdade, nenhum teto e o sereno já se mostrava ameaçador. Em compensação não havia nenhuma ventania (Céus! Uma ventania no meio dessa escuridão seria morte certa e dolorosa!), contudo a aragem natural e constante da noite, resultante do resfriamento, tornava difícil manter uma camada de ar, aquecido pela temperatura do corpo, entre as penas e a pele delicada. Apesar de ser pessoa de intelecto muito simples, o caçador sabia que os passarinhos dependem disso para sobreviver e tivera sempre o cuidado de manter a gaiola em algum lugar bem protegido.

Porém, todas essas perdas decorrentes do cativeiro prolongado pareciam secundárias, do ponto de vista de alguém que não poderia caber em gaiola nenhuma. A montanha passara as últimas e desesperadas horas tentando se comunicar com o pintassilgo. E assim foi, ainda por outras horas. Era alta madrugada, ela resolveu que devia armar-se de mais paciência. Decepcionada, viu afinal que as tais perdas tinham uma magnitude bem maior. O seu velho amigo passarinho perdera grande parte da percepção do seu meio natural e exterior, porém, perdera também parte da percepção interior. Que triste era isso.

(Segue)

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