Música

Foto de fisko

Veneno

Acendo um cigarro... Mas eu que nem fumo... Vale a pena espalhar doses de nicotina intensa neste corpo livre da tua presença? Pois... Então apago-o...

Tenho tentado procurar respostas para certos casos... hoje sou como um Grisson e tenho uma equipa toda de recolha de informação que não é mais que um simples pensar moribundo, usado e já velho. Deixa-me que te diga umas coisas - e agora sentar-me-ia no lado inverso de uma cadeira, ar de detective: o coração humano não funciona como sonda, procurando pelos ruídos electroamorosos presentes na nossa atmosfera terrestre, fazendo-nos escolher entre este e aquele mortal. Merecemos bem mais que um corpo vendido, parado na lota de romances e prazer, parado e encostado com um preço já definido:

"Precisa de ser alta(o), bem composta(o) e boa pessoa - de preferência que goste já de mim e que goste de boa música também."


Ridículo... Temos escolhas caramba, não nos podemos deixar levar pela estúpida crença quase diplomática oriunda de contos ridículos que nos ensina que a "vida são dois dias", "é o destino", "aconteceu", e todas essas bugigangas. Temos escolhas, trilhos definidos por nós, não é esse Deus que nos comanda lá da janela dele, provavelmente sentado no sofá, comendo pipocas e bebendo Coca-Cola... Tenho andado para te escrever isto há algum tempo, sob influência do teu desprezar-me diariamente, o acordar sem a tua presença omnipotente, impedido pelo emprego diário matinal que me vai enchendo o pensamento, pelo estudo antecipado, defendendo um sonho velho e palpável.

O coração humano não tem sonda, amor,
e por isso não amo ninguém...
Foto de kaew

DELIRIO

Procuro refugio em seus braços,
Meus lábios buscam o doce néctar do seu beijo
Seu corpo é como um doce riu
Que deságua nas margens da luxúria
Minha boca corri em busca da sua
Não tenho controle sobre meus atos, minhas mãos pensam por si, explorando, conhecendo e sentindo
A música mística envolve o ambiente, numa melodia aguda e de prazer.
Os corpos parecem saber de cÓ cada movimento, cada posição
Me deleito em cada estremecida de seu corpo
Já não consigo controlar e me derramo em lágrimas no teu ser

Foto de airamasor

Musica lenta

É noite
música lenta
voz branda
olhar...........

Nossos pés tropeçam no som da música leve
um pouco para cá...................
...................um pouco para lá
rodamos
como se nas praças
das pequenas
cidades
simples,
dançássemos
trôpegos
embriagados,
tontos
...................um pouco para lá
um pouco para cá...................
perfume,
o vento rouba dos cabelos teus,
o relâmpago acende seus faróis
para nos ver dançar
um nada para cá...................
...................um tudo para lá

(Aira, 26 de março de 2011)

Foto de Daniel Penido

Mundo de Plástico

Escrito por: Daniel Penido – 25/03/2011

Mundo de plástico
na vida real
Destino incerto
num mundo banal

Ser superficial
é a única verdade.
Escravo de um corpo
Se achando celebridade

Como disse a minha avó:
“Eu fui quem tu és tu serás quem eu sou”
Reflito nessa frase sem dó
E vejo quão profunda essa, me arrebatou

Sairá em busca de um corpo
Parecido com de outrem
e na velha música dos Titâs:
“As flores de plástico não morrem”

Foto de SANDRA FUENTES

Copacabana

Recupero-me da queda de ontem. Assombrada ainda com o impacto do meu corpo no meio fio. Boca sangrando lágrimas. Afinal, onde dói mais? Permaneço olhando o teto branco de gelo que derrete e molha minha nudez. Meu corpo rígido desfalece e, por uma eternidade de duas horas e quinze minutos, sente apenas o que foi o calor que aquecia este planeta de seis metros quadrados que eu chamava de santuário. Não sei se o que ouço é música. São ruídos que vêm da rua e é provável que seja efeito ainda da overdose dos abraços que chegavam de surpresa. Meu corpo levanta e caminha até a sala, mas sinto que estou deitada e presa neste espaço sendo banhada aos poucos pela água gelada. Observo de longe minha imobilidade. Chame de saudade quem quiser. De queda, tombo, atropelamento, surra, que seja. Muitas de mim não existem desde ontem. Houve uma chacina. Duas sobreviveram: uma deitada no frio molhada pelo teto que derrete e outra ensandecida contando as pedras do calçadão de Copacabana.

Foto de Sérgio R.

Para você...

Acendo um cigarro...
A cerveja já não esta tão gelada.

Enquanto escrevo, rola uma música que foi trilha de varias noites despertas, o nome é runaway train e o cantor é Brandon Boyd, e com ela, lágrimas dançavam pelo meu rosto, uma valsa triste, solitária, mas calma e doce.

Engulo seco, não quero dançar hoje.

Uma mistura de sentimentos me invadem e doem no peito, isso incomoda. Nunca estamos 100% curados de um corte profundo. Maldita internet, que me traz vc.
Te ver sorrir me traz momentos felizes.
Em toda minha vida ainda não encontrei nada mais belo que seu sorriso ao amanhecer, me chamando de vida e me desejando bom dia. Como pode, segundos que para alguns passam despercebidos, serem tão eternos em minha mente. Momentos em que pensei que iam durar pra sempre se tornam em algo que conhecemos em uma palavra de exclusividade lusitana, a saudade.
Vivo uma vida que não queria que fosse a minha. Muitos teriam orgulho. Baladas, mulheres, tudo pra tapar o vazio que você me deixou. Mas ela não é a minha, não é isso que procuro, não sou eu de verdade. É uma droga que uso, pra esquecer que um dia, você fez parte de mim.
Refiz minha vida por completo, de corpo e alma pra espantar esse fantasma que não cansa de me assombrar. Mas não tem jeito, você se faz presente.

Nesse amor avulso só me resta, no escuro do meu quarto, ao som da nossa musica, sob a luz do meu cigarro, rezar baixinho, pra que você seja feliz e guarde com carinho todos os momentos que passamos juntos, pois o que me mantém vivo é saber que um dia fui feliz de verdade, é saber que você existe e que, um dia, fez parte da minha vida.

Foto de Sandro Nadine

Esse Amor Que Me Toma

Esse amor que me toma...
É cachoeira que corre,
Água que descansa...
É céu que se amplia,
Imagem que desponta...

É córrego estreito,
Onda que avança...
É sopro que respira,
Voz que comanda...

É música que acalma,
Silêncio que abranda...
É chuva que molha,
Tempestade que assanha...

Esse amor que me toma...
É orgulho que se afoga,
Gesto que sai da lama...
É renúncia e vitória,
Aos olhos de quem ama...

(Sandro Nadine)

Foto de Antonio Zau

Não adianta

Não adianta + com esta flor murcha ficar
Acho que não há água nela poderes salpicar
Com passos de camaleão rebenta toda relva
e descreve nas raízes das outras contra curva
Vejo que o tempo passa e não há mudanças
A ferida se alarga enquanto ainda descansas

Não adianta mais embarcar em canoa furada
Antes que muito tarde seja e destróis a tua vida
Não é possível assobiar com água na boca
Então, oiça uma música que o coração toca

Não adianta amar e não houver reciprocidade
Esqueça o teu passado e vá a busca da felicidade
Não te exaspere com o mexerico da vizinhança
Senão jamais nesta vida marcas uma diferença

Foto de Marilene Anacleto

Vermelho e Ouro

Saudade, tu me preenches
Tal flores a cobrir o chão
Em tapetes vermelho e ouro.

Saudade, palavra doce.
Se há esperança do encontro
Somos romance, pensamos flores.

Árvores de jardins separados,
Dançamos ventos celestes em canções
Entre nós, no perfumado espaço.

Nos poucos encontros que temos
Brotam flores para o ano inteiro,
Espalhamos cores em todos os canteiros.

Embalamo-nos na brisa tal magia
Perfumamo-nos na música da alegria
No pulsar das canções de amor em sinfonia.

Braços feito ramos estendidos,
Entregamos tudo à cúpula infinita:
Carinhos, cirandas, beijos e risos.

Vermelho e ouro, flor e perfume,
Anil infinito, estrela e lua,
Em nosso corpo palpitam,
Em nossa alma flutuam.

Coração de flores coberto,
Feito tapete, dourado o chão,
Somos felizes, por certo,
Almas em festa num corpo liberto.

Marilene Anacleto
Publicado no site http://www.itajaionline.com.br
Publicado no livro Jardins, Jardins : [poemas[ / Marilene Anacleto. – Itajaí (SC) : 2004. 72 p. : il.

Foto de Carmen Lúcia

Amor Atemporal

Confesso que parei no tempo...
Apesar das marcas registradas
durante o longo das estradas.
Ou ele me deixou pra trás,
correndo veloz demais...
Houve expressivas mudanças...
Por fora!
Por dentro continuo a mesma...
Antes e agora.

Às vezes me sinto idiota
nessa realidade ilusória.
Ser anormal, atemporal!
Felicidade irrisória...
Idiotice que me faz sorrir
pra quem me vê assim...
E de repente gargalhar
até chorar, de rir...De mim.

Ainda vivo meu primeiro amor!
Único!Outros eu já esqueci...
Com o mesmo ardor de adolescente,
a mesma paixão crescente...
Como se fosse hoje
o tempo em que me perdi.

Tantos anos se passaram...
Quantas águas rolaram
desde que ele se foi,
deixando terna saudade
que nunca deixo morrer...
Camuflo-a de cores vivas
e dela tento sobreviver.

Sua música ao piano...
No palco, minha dança,
ilusões por trás dos panos,
palavras de esperança,
gestos de amor,
beijos de batom na flor...
A doce entrega!
Emoção!
Vida a pulsar!
Coração!

Ainda danço. Sem pano vermelho...
Sem palco, sem aplausos...
Frente ao espelho!
Reverencio a mim mesma...
Revejo...Vibro com o que vejo!
Seu verde olhar
a me incitar...
E me ouso em passos inusitados
que mantenho guardados
para meus momentos calados...

E seu piano toca...E me toca,
ainda mais suave...
Mesmo em tom mais grave.
Notas musicais
irradiando claves de sol...
a solfejarem... me sussurrarem...
Trazendo-o bem junto a mim.
Amor sem fim!

Sou feliz desse jeito.
Insensata, mil defeitos...
A vida não é um tratado
e ninguém é perfeito.
Escuto minha alma
que tudo vê e pressente...
E revivo no presente
o grande amor do passado.

Carmen Lúcia

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