Mistério

Foto de Zinara

Mendigo

Mendigo dos meus olhos,
Porque tens medos,
Revela-me os teus segredos
E não escondas essa face de mistério

Olha Para ti

Renasces nos becos, nas ruas
Alimentas-te da solidão e da esperança
Teus sonhos são escassos
Tua vida é inútil, aos olhos dos que não te entendem

Tua imagem reflecte-se
Nos rios da cidade
Nas sombras das esquinas e
Nos bancos solitários

Eu percebo-te,
Não te ouvem
Não te deixam viver,
Olham para ti com olhos de desprezo

Preferes o teu cobertor
A quentura das ruas
Optas pela tua humilde liberdade

Acabas por vezes
Num beco sem saída
Onde os pesadelos se libertam
E entranham-se na tua pobre mente

Esqueces-te do que és
Desprezas o teu sorriso
Carregas contigo a dura realidade
Transportas os pesadelos que te amedrontam
Todos os dias

Vives da esmola miserável
Comes o que nós desperdiçamos

Mendigo diz-me,
Diz-me o que não sei,
Conheço apenas um pedaço de ti,
E gostava que me segredasses o que os
Meus sentidos não vêem
Ou ouvem ou sentem

Por mais que te escondas
Eu quero encontrar-te
Pegar-te pelo braço
Levar-te para bem longe daqui

Então aí vias
O que a tua mente
Não te deixava ver

A brisa da paz
A luz da esperança
A beleza do amor

Consegues ver?

Com os teus olhos
O verdadeiro homem que és?
E não os que te pintam de forma cruel?

14-Outubro-2008

Foto de ivete azambuja

CARA DE CORO

”Homens razoáveis
Adaptam-se ao mundo.
Homens não razoáveis adaptam o mundo a eles.
Por isso é que todo progresso
Depende de homens não razoáveis”

O trecho, acima, é perfeito para te dizer tudo que, abaixo, preciso te dizer (mas não é de minha autoria, amor...);
Assim, vou ter que cometer um delito, um plágio!
Portanto, quero desde já, pedir desculpas ao autor ;
Tudo em nome do amor;
Espero ser perdoada, pois direi este lindo verso, em introdução aos meus, aos seus ouvidos, às vezes moucos...

Que eu gosto tanto de você...

Dizer que eu te gosto tanto,
Que te gosto tanto...
E que você é a pessoa
Menos razoável que eu conheço. Sabe por quê?

Você entra na floresta
Como quem entra na casa que habita a muitas décadas...

Da mesma maneira,
Sai da floresta e entra em casa
Como se ela, a casa, fosse a floresta,
Com todo o seu encanto... todo o seu mistério....

Gosto de você porque volta pra casa
Empoeirado, exausto, esfomeado...
Mas feliz...
Porque a floresta te faz feliz...
E quando está em casa,
Ela também te faz feliz
Ao te dar aconchego;
Ao te trazer pra mim,
Menino travesso;
Às vezes, com cara de choro,
Outras com cara de coro;
Mas tentando ser feliz...

Ivy Portugal

Foto de pttuii

O pintas escatológico

Cheira-me a paz de orgasmos. E quando o faço por menos que entender esse insulto, pululo por intensidades rosadas. Já me sentia original, todo descoberto, filho de altas pressões estratosféricas.
São esperanças. Pé ante pé, com a lama depurada nos calcanhares. A plantar comida, desvendando fome.
Já fomos húmus. E gritos desvairados, ranger de dentes, rasgos assoberbados de medo. Se nos devemos a algo, talvez seja ao que de original representam os nosso passos. Para tudo, menos para trás. Para trás de onde estamos.
Não esperam por nós sonetos. Nunca fomos feitos do que as estradas nos devem. Quanto muito somos o passos, pés de barro que caminham erectos, vislumbrando. Nem sequer pensamos no que se antecipa do fim. Da possível glória. Mas que glória? Sonos feitos de pedra. Rochosos vislumbres da luz eterna, daqueles sonhos que deixam o homem ainda mais solitário do que sempre foi. Será a solução para aquele mistério intrínseco que nunca soubemos explicar?
Sim, olho em frente. Ando sem ser para trás, a pensar, com achaques diversos para minimizar. Com dimensões, pretéritos por ser perfeitos, banhados em ilusões. Quero ser um desnorteado, mas nem isso consigo ser de mim. Caminho, consciente do que resta para mim.
Passos firmes, superlativos, para tudo caber na esperança de mudar. Para que o que nos torne bons, seja por fim, o fim.

Foto de Henrique Fernandes

COSMOS DO PENSAMENTO

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Lê na sinceridade do meu olhar as denuncias de amor
da minha alma oculta nas pinturas da solidão.

Sente o aroma das fragrâncias desaguadas na poesia
das palavras sublimes que resgato dos teus olhos,
que dragam o mar imenso no crepúsculo do meu peito,
onde vejo a limpidez do teu interior que me preenche
o vazio a tempo de chegar à brisa da tua imensidão
pelos sorrisos que me dás contida em mim.

Avivo os vulcões,
que aquecem o futuro de um nós num olhar profundo
que nos abraça o corpo com sensações de querer
mais e mais até que se esgote o inesgotável
mistério da longínqua existência,
libertos na ebulição de um beijo molhado
por emoções verdadeiras,
temperado sem segredo por tempestades
que nos arrepia a pele com desmaios de fogo,
rugindo sons de paixão no jardim da nossa química.

Desnudo o teu rosto com as sombras extintas
da tua beleza eterna com gestos apaixonados,
adormecendo a minha mão no delírio meigo
das tuas formas perfeitas para escrever
na cor dos teus lábios a voz silenciada
pelo desejo de ser o teu anoitecer ardente,
ser a almofada dos teus sonhos e ser o amanhecer
das flores que te perfumam de mulher.

Embarco estonteante na proa do sol que há em ti,
no mais intimo de ti na confissão escutada
na tua vontade de sorrir aos nossos sentimentos,
ao encontro do infinito no cosmos
do pensamento...

Foto de Sonia Delsin

Ó, A NOITE É MINHA!

Ó, A NOITE É MINHA!

A noite é minha amiga.
Minha companheira.
Foi assim a vida inteira.
Sempre adorei ficar olhando as estrelas.
A lua.
Sempre adorei a friagem da noite.
Veja-a como o mistério da morte.
Tudo se modifica.
Tudo.
Vemos fantasmas onde folhas balançam.
Isto me atiça.
Me convida.
Gosto de mergulhar neste breu.
Voar.
Encontrar ou não o luar.
Sonhar.
Ó, a noite é minha!

Foto de Barzissima

Palavras para você...

Meu bem, alguns poemas para você....

NÃO DEIXE O AMOR PASSAR

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.

Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.

Carlos Drummond de Andrade

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As sem razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

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De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do meu amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes

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Soneto do amor total

Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinícius de Moraes

Foto de Izaura N. Soares

Momento de ternura

Momento de ternura
Izaura N. Soares

Ao olhar para os seus olhos,
Senti uma ternura, uma paz,
Que transmitia do seu lindo olhar.
Vi que ao mesmo tempo,
Uma áurea de mistério banhava
Seus olhos que me envolvia me seduzia,
Deixando o meu corpo todo arrepiado.
É como se você me despisse apenas com
Um gesto, com um simples olhar.
Foi um momento tão mágico que levantei os
Braços para o alto e dizendo:
Oh meu Deus...
Esse sentimento novamente...
Que já estava adormecido!
Mas, a sua lembrança é que me mantém firme,
Me mantém aquecido...
Com sua energia, com seu calor.
É tão triste essa distância...
Essa falta de notícias, essa sua ausência.
Quando abrir a porta do meu coração,
Da minha alma, para que você entrasse,
Foi porque o meu amor era tão forte e eu queria
Que você entrasse e sentisse esse amor...
E você entrou, com seu lindo sorriso, mas depois,
Fechou, sem me dizer por que, sem nem ao menos
Tentar-me fazer entender.
Agora eu abro uma pequena fresta da minha janela
Para que você perceba essa pequenina abertura
Que está sendo aberta só para você,
Mas nem assim você me ver.
De repente você volta me faz um carinho e se vai,
Deixando-me com mais desejos, com mais paixão,
Com muito mais amor que eu já lhe tenho.
Como é sincero e profundo o que sinto por você...
Mesmo sem entender o tamanho dos meus
Sentimentos mesmo assim... Amo-te com loucura!

Foto de Graciele Gessner

A Raposa em Corpo de Cordeiro. (Graciele_Gessner)

Um belo dia de sol,
A raposa se aproximou.
Dizendo apreciar poesia,
Mas era só fantasia.

Caminhando pelo bosque
Conheceu valiosos poetas.
Desta floresta fez o seu abrigo.
Saboreou lindos versos,
Inspirou-se em muitos...

Seus versos encantaram,
Mas sua inveja o consumia.
A sua alma era pura falsidade;
Seu espírito feito de maldade.

Parecia um cordeiro manso;
Em sua alma, um grande mistério.
Sua índole seria desmascarada;
O seu pensar não ficaria em silêncio.

A raposa se revelou,
Em poetas esbarrou...
Desta família se despede,
Deixando claro que é cordeiro.
Mas todos nós sabemos quem é raposa nesta história.
Onde realmente existe alegria, harmonia..

18.09.2008

Escrito por Graciele Gessner.

* Se copiar, favor divulgar a autoria. Obrigada!

Foto de PoderRosa

A CONSTELAÇÃO

Amigos queridos

Estive ausente por um grande período, sentindo saudades da boa casa que sempre me acolheu tão carinhosamente e fiquei muito feliz ao receber a notícia que um amigo nosso ganhou o primeiro lugar de Crônicas Concurso Machado de Assis.
Como foi aqui que eu o conheci e que conheci a todos os poetas que sempre me trataram com tanto carinho e atenção, resolvi postar o texto em homenagem a este amigo.
Acredito que todos fazemos parte da constelação deste lindo e imenso universo e que há lugares pra todos, inclusive pra mim...

A CONSTELAÇÃO

No palco estelar de um imenso céu azul escuro, pequenos brilhos conviviam, iluminando os corações apaixonados de fãs que assediavam as mensagens poéticas das letras e das palavras, formando o cenário real e imaginário de raro espetáculo, ora impressionante, dramático, ora de enredo cômico e hilariante.

Uma estrela, em especial, relutava diante da constelação, em expor do seu interior o que possuía de mais fulgurante que era o seu passado e presente que a tornava a mais brilhante do ambiente. Por pura e singela modéstia de quem já nasceu grande e reluzente.

Eis que surge um cavaleiro andante, desses D. Quixote de La Mancha que impressionado pelo toque mágico de suas inebriantes palavras, se acerca, se aproxima e a convida a desvendar o seu próprio mistério.

Seu interesse? Conhecer o que se passa na alma dos poetas e por que tanto mistério em resguardar a sua identidade? Que para seu espanto completo se viu diante de um exemplar raro, nunca dantes visto assim de perto tão brilhante.

O cavaleiro se aproximara apenas para certificar-se de que a identidade de sua futura parceira de versos, não se tratava de mais uma farsante no mundo da arte e da poesia, tão repleto dessas subespécies que navegam suas dores, frustrações e desencontros afetivos à caça de um marido poeta.

À medida que se aproxima do foco de sua lente persistente, indo ao encontro daquela raridade, mais seus olhos se encantavam diante do que presenciava.

E assim nasceram duetos mágicos que deixavam alguns participantes com os queixos caídos diante do espetáculo saltitante do onírico, dos versos daqueles dois maestros das letras e dos sentimentos mais belos e nobres, naquele ambiente artificial, por onde antes só uma tênue luz se desprendia de uns poucos esforçados escritores, alguns é bem verdade, com talento e jeito para a sublime arte.

O que se viu adiante é que algumas, até então consideradas estrelas na constelação de poemas, começaram a ter questionado o seu brilho diante da inevitável comparação estelar. O que se chama de uma presença extasiante que apaga, ofusca, assusta, causa a pior das sensações e dos pecados capitais que é a INVEJA!

Então algumas estrelas que já possuíam luz própria se sentiram estimuladas a mirar-se naquela celebridade e mais ainda ensaiaram versos que enalteciam a presença feminina na magia da riqueza inesgotável da poesia.

No entanto, tamanha descoberta, despertou a ira nada santa de algumas até então notadas luzes, que aos poucos foram se transformando em toco de cigarro aceso e hoje poetam na sarjeta daquela privada fétida, por onde se destila o fel ardente e delirante de uma busca incessante de encontrar novamente a celebridade estonteante que revolucionou o manto do pecado que ela transformara em sagrado.

E tudo agora virou trevas... Entregue aos domínios da escuridão...

Hildebrando Menezes

1º LUGAR CRÔNICAS DO CONCURSO MACHADO DE ASSIS DA ''POEMAS À FLOR DA PELE''

Um abraço pra todos os amigos
Ro.

Poder Rosa, o poder da mulher.

Foto de Lu Lena

MEU CORPO NO TEU...

*
*
*
Tatue!
em meu corpo palavras insidiosas
goteje nele metáforas libidinosas

contorne-me!
com tua língua e rastreie
pontos obscuros desse nosso
mistério e decifra-o no escuro...

entorpeça-me!
nessa lassidão na penumbra
estonteante, acariciando-me
sem demora, fico indolente e
entrego-me a essa loucura...

faça-me!
ter espasmos orgásticos, nessa
tua aproximação, onde meu instinto
selvagem aflora nessa perdição...

Arrepia-me!
Para que eu possa levitar quando tua mão
numa umidade extasiante vier me tocar...

Queime-me!
em labaredas desse fogo incontido e
devasso, latejante que arde e fere...
quanto tocas com teus dedos em minha pele

aglutine!
teus beijos em meus sonhos
e com tua luz ofusca meu olhar
imersa nas profudenzas desse prazer
eu naufrago em teu mar...

serpenteie-me!
enrosca-me, prenda-me em teus braços
e deixamos nos embalar nesse vaivém
entre beijos e amassos, deslizando em
mim o teu afagos...

Desordene!
a minha razão nessa total
incoerência, nesse desatino inexplicável
forjamos o bem e o mal, a luxúria e o pecado
que nos arrebata nessa inebriante incongruência...

Sacie-me!
nessa vontade louca e explicita de tanto
te querer, deixe escorrer em mim a simetria
morna de tua demência, e faça de meu orgasmo
o apanágio de nossas penitências...

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