Liberdade

Foto de Marilene Anacleto

Nasce um Filho

Ao gerar um filho
Imagem em ação

Imaginação, essa borboleta
Que me leva até o infinito,
Ao pó das estrelas me envolve.
E contemplo, e me integro
Às maravilhas do Universo
Que à pequena vida levo.

Homens dourados,
Flores que falam,
Seres que fazem brilhar
A Chispa de Deus
Que em cada um está.

Sem preconceito,
Sem medo,
Sem fome,
Sem frio.

Todos em apenas um,
Pelo mesmo pó, completos,
De sabedoria, amor e graça,
Também me sinto repleta.

E o pó das estrelas me cerca,
Começa a transmutação.
Da lagarta à dourada borboleta,
Liberdade, dança e canção.

Rochas, árvores, rios, nuvens, céu
Perfeitos, iluminados, belos,
Irradiam-nos a perfeição
E o esplendor da divina criação.

Cenário do bem nascer
De Deus e qualquer criança,
Ou vida de qualquer reino,
Nasce um filho abençoado.
Tão belo como Jesus
Traz, de novo, a esperança.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro – Capítulo 1

Engolir. Esse é meu trabalho. Engolir. Essa é minha função no mundo e no sistema desgastado em que estou. Engolir. Minha garganta já não dá conta de receber mais do que pode. Engolir. Minhas entranhas estão a ponto de explodir e espalhar o que devo esconder dentro de mim. Engolir. Um engraçadinho me sugere que eu visite o banheiro. Engolir. Até que aceitaria numa boa, se não doesse. Engolir. Só me permitiram tanto e dizem ser essa minha vocação. Engolir. Dizem que é um bom destino obedecer, fazer o que os outros querem e ser servil, não objetar o que parece abjeto.

Mas eu não me conformo!

Eu devia me calar toda vez que aquele Luís Maurício me diz:

- Vai boi, pasta...

Sei lá, quero ficar quieto. Mas algo não me encaixa, um segredo que não descobri e não me deixa ser pacato, não me deixa me deixar ao léu, ao cargo de sumir ao primeiro sopro do tempo.
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A patroa finge que não existo. Finge que não me olha, isso mesmo, finge que não escuto e que não falo, finge que sou uma coisa inanimada, um objeto que se muito atrapalha a visão de uma prateleira mais importante. A patroa, e ela é um pouco bonita, quero dizer, é uma boa mulher ao patrão, se finge que não existo o faz visando o melhor, seja lá que melhor seja esse, um melhor mais calmo e mais confortável. Eu não ousaria questionar sua visão, quem sou eu pra isso.

- Vai boi, ou te castro de novo, vai, pasta...

E assim dona Clarisse me manda fazer o que quero de verdade, pelo que ela me disse.
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Assim foram os últimos anos, desde abril. Sim, pois abril para meu patrão se estende até setembro. E setembro até dezembro. Deve ser por causa das estações do ano. Ele me chama de boi, mas não sou boi. Sou homem. Um dia a patroa me chamou de capacho. Outro de escravo. Não me importo. Sou homem e assim acredito.

- Vai boi, pasta... – diz-me o Luís Maurício.

Um dia, estavam a patroa e o patrão. Fazendo o quê não sei, mas estavam. Mas aí o patrão me chamou.

- Dimas, venha. – Desta vez me chamou pelo nome. – Qual é...?

- Eu quem pergunto.

O patrão estranha minha liberdade.

- Dimas, eu vou te dizer uma vez só. Se encostar-se à minha mulher eu te mato. Se ousar passar perto, eu te mato. Se parar em frente a minha mulher eu vou te matar e se olhar para ela eu te busco no inferno e te mato de novo. Você entendeu? Devo ser mais claro?

Não entendi. Mas acatei.
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Outro dia o patrão saiu para a cidade e me deixou com a patroa. Ou melhor, me deixou preso para ficar de pajem da patroa. A patroa, em determinado momento decidiu observar sua mobília, o que não me incluía. Ela foi andando, foi andando... Parou de frente a minha jaula. Ou melhor, a sua esquerda. Ela baixou os olhos e me olhou, por sete milésimos de segundo. Parou, olhando para a esquerda da minha jaula à esquerda. Eu era um zero neste lado. Não pensou em mim naquele momento, afinal eu não existia. Eu era um mero engolidor, ou melhor, sou.

- Está fora de lugar... – A patroa era uma excelente dona de casa.

Então quase que eu olhei para ela. Lógico que quando estava de costas para não lhe incomodar. Ela pareceu perceber. Mas fingiu que não. Afinal, eu era um mero engolidor. Ou melhor, ainda sou e com muito orgulho. Ela decidiu sentar-se. Acostou a cadeira que se opunha ao seu corpo, ajeitou o móvel, me olhou por dois milésimos de segundo e sentou. E caiu!

- Dimas... – Silabou.

Fingi que não ouvi e que não queria incomodar. Fingi que não queria rir. Eu queria rir, rir muito, um riso descontrolado! Mas eu sou um simplório engolidor. E os engolidores devem apenas engolir. Mas eu queria mesmo rir daqueles olhos de abóbora, daquelas sardas puras e encantadoras e sua pele branca tão estranha de tão clara, daquela linda frieza que me faria até capturar a luz do sol e lhe dar, se eu fosse o patrão, enfim, eu não sou completamente apaixonado pela patroa, mas posso imaginar o que eu faria se assim estivesse sendo. Eu nunca me apaixonaria pela patroa, nunca a amaria, amor de homem e mulher, se estão bem me entendendo. Será que eu fui preciso...?

- Eu devia trocar esse engolidor, já deve estar velho...

De cima para baixo meu coração ficou partido.
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- Amor, você está bem, que alguma coisa?

- Não querido, é só que esse engolidor está velho e acho melhor trocar...

- Muito bem... Pois então eu troco.

Ela me olhou bem no fundo dos olhos e desta vez não parecia ter nojo, como se espera ao fitar um engolidor. E assim a patroa me deu cinco milésimos de ternura e felicidade. E assim determinou minha sina de vida e morte como ser inexistente.

Foto de carlosmustang

SUPRIMES RINCÕES

Em tão pouco tempo, descobri meu homem
Amadurecido aos quarenta
Em meus quinze anos, realizo meu sonho
Constituir minha família, em meu viés abandono!

To cansada de sonhos, abstratos
Onde infância, é maltrato
Pedaços de gente, a dissolver no maltrato à Ti
Experiencia, pra ser, e deixar-se Feliz!

Eu te seduzo, não precisa me olhar
Você tem condições do meu sustento
Vem me buscar pra deleite

'Meu nome é animal, justifico a matança
Salvando inocentes
Salvarei só, justo, com liberdade!

OBS: ESSE ESCRITO É UMA DISSONÂNCIA Á MALDITA INICIA A INOCENTES.

Foto de raziasantos

Amor imensurável.

Hoje ao despertar-me de mais uma noite.
Sinto-me frágil e desanimada, a noite foi longa, e meu dia começa como uma eternidade.
No emaranhado de problemas, o cotidiano e a mesmice atropelam meus pensamentos.
Tão fraca estou já preste a sucumbir.
Desencorajada caminho entre o vazio de minha alma.
Sinto sede d água viva que vem do trono de Deus.
Tento caminhar em busca da liberdade que só ele pode me dar:
Ao tentar me levantar deparo-me com um grande monte que me impede as muralhas atravessar.
Solitária e cansada penso em orar e pedir ao grande Deus para que tire essa montanha do meio do caminho e me deixe passar:
Contemplou sua altitude que diminui ainda mais minha pequenez diante do grande obstáculo.
Calo-me por hesitante sinto medo, sinto dor…
E no silencio profundo eu me pergunto o que sou…
Fecho os olhos e me encolho no meu interior?
Como um caracol, procuro esconder-me acorrentada tenho medo do monte escalar.
Esqueço-me que o Deus verdadeiro nunca me abandonara!

De longe ouço uma voz doce e suave em meus ouvidos soprar.
Filha amada!
Ergo os olhos para o monte e vejo um pássaro alegremente, voando e cantando ele voa além da montanha.
Sem parar de cantar pode o céu alcançar.
Percebo a grandeza de nosso Deus se ele somente remover a montanha que hoje me impede de caminhar
Certamente ela ocupara outro lugar, mas se eu buscar e acreditar, colocando em pratica aminha fé, não somente escalarei essa montanha:
Mas com certeza novos horizontes vão alcançar.
E assim preparei-me para o monte escalar.
Essa subida é difícil meus pés estão sangrando, minhas mãos calejadas, mas estou preste ao cume chegar.
Ao chegar ao alto da enorme montanha começo a me examinar.
Minhas dores passaram, as algemas foram quebradas, agora me revisto das armaduras de Deus:
Mais uma vez eu venci as guerras do meu interior.
E esta é a certeza que sem Deus nada sou.
"Obrigada Senhor por não mudar de lugar os montes que minha vida quer cercar"
Antes tu tens me ajudado as montanhas que me cercam enfrentar.
E no cimo do monte eu posso teu nome glorificar.

Tu me sondas e me conhece sabe o meu deitar e meu levantar.
Esse amor imensurável ao mundo eu quero compartilhar.
Obrigada meu Deus por nos amar.
Sem seu amor nada seriamos.

Foto de Marilene Anacleto

Liberdade

Uma fita
Cor de rosa
Desmancha o laço
Quer ser livre
No espaço
Para distribuir amor.

Ganha o céu
Conquista
O sonho,
Milagre
De quem tentou.

Como a fita,
A liberdade está
Com quem sabe
Viver o amor.

Foto de Allan Sobral

Em Busca da Liberdade!

Hoje agonizantemente vibram minhas cordas vocais em forma de grito, chove na sequidão de meu rosto castigado, minhas dores em forma da pranto, pranto de uma vida, pranto de um homem, pranto de um povo.
Todos os dias acordamos em busca do nunca a procura da tão sonhada paz, que um dia nos foi roubada, pois invadiram nossas tribos, estupraram nossas mulheres, escravizaram nossos pais, acorrentaram nossos deuses e nos impuseram padrões, e deixamos de ser gente, passamos então a ser, branco preto, índio, baixo, gordo, alto, magro, judeu, homem, mulher, cristão, gênio, burro, fraco, forte, pagão, crente ou até mesmo nada.
A brutalidade e o medo nos atingiram com tamanha intensidade, ao ponto de acreditarmos que esta porra de escravidão controlada por essa merda de sistema, vai acabar, e que do nada seremos felizes, que por algum motivo divino ou capitalista alcançaremos repentinamente o paraíso, sem precisar de amor, de outros seres frágeis ou corruptíveis como nós.
Nos cegamos, e por medo, selecionamos algumas mentiras e talentosamente transformamos em verdade absoluta. Criamos paradoxos, personagens e até mesmo deuses, e com tamanha força acreditamos em nossas próprias mentiras, que nos dispusemos a matar ou determinar que nossos deuses matem ou condene todos aqueles que crerem em outras mentiras... ou serão outras verdades?
Então por fim chegamos onde queria que chegássemos, será que somos o que somos, que nos vestimos, cantamos, trabalhamos, estudamos, ou se quer sobrevivemos porque que cremos de verdade, ou queremos mesmo que tudo seja assim? Ou fomos impostos a crer, fazer e pensar assim?
No principio da humanidade, éramos um bando de animais, que vivíamos em prol de alimento, sexo, e simples sobrevivência. Será que mudamos? Em torno de que vivemos agora?
Pensando assim hoje faremos diferente, proclamaremos liberdade, com as mesmas palavras que levantaremos questionamentos, traremos as soluções, e com as mesmas palavras, escreveremos uma nova estória, cujo o título é "Liberdade", os personagens não tem nomes, cor, ou diferenças. E por fim termos um novo começo, onde se começa o fim de nossas dores, onde se principia a paz, faremos por enredo o perdão, e por fim... seremos felizes, seremos com apenas um.
Então que sejamos livres! Que seja agora! Já! Liberdade.

Allan Sobral

Foto de Paulo Gondim

Prepotência

PREPOTÊNCIA
Paulo Gondim
11/08/2011

Não se prende o ser amado com corrente
Quem age assim, não demonstra sentimento
Não é ninguém, é só veneno de serpente
No desvio louco de ser comportamento

A vida não comporta falsidade
O amor precisa ser acalentado
Pra se amar, é necessário liberdade
Não se destrói de forma vil o ser amado

Há quem diga, eu posso tudo, tudo faço
E se transmuta em monstro no seu ser
E cava a cova de seu próprio fracasso

Mata o amor, na caminhada, em cada passo
Cospe no prato que acaba de comer
Põe a cabeça na forca e puxa o laço

Foto de Mitchell Pinheiro

Preso ao amor, Livre pra viver

As amarras do cotidiano estão por toda parte
Quanto mais independente mais ficamos presos
As responsabilidades da rotina do adulto moderno nos consomem
Alavancas de todo tipo foram e são criadas para economizar um tempo que cada vez mais rápido se esvai
A janela tem vista pro mar mas está sempre fechada
As crianças buscam a atenção da televisão quando não são entretidas com presentes
Andamos pisando sobre as flores de jardins inavistados
O sol nasce e se põe sem platéia
Os iguais estão presos em serem cada vez mais iguais
Os diferentes estão presos em serem igualmente diferentes
Os casados estão presos em serem aquilo que os outros acham que eles são
Os solteiros estão presos há um comportamento forjado
Até que o amor surge nesta história
As amarras agora nos prendem ao nosso melhor
As responsabilidades não nos impedem mais de sorrir despreocupadamente
Sempre há um tempinho pra abrir a janela e curtir a paisagem
Contemplar a beleza das flores e brincar com as crianças agora é inevitável
Mas no fundo vivemos entrelaçados entre a liberdade e a prisão
Livre pra rotina , preso esperando morrer
Preso ao amor, Livre pra viver.

Foto de Marilene Anacleto

Fios da Vida (Imagem - Inspiração)

Entre as mãos,
A circular os dedos,
Cordões encantados.
Diante da vida
Escolhas com esmero
Caminhos arriscados.

Entre as mãos,
Caminhos perfeitos
Não quero mudá-los.
Na trama da vida
Quero ficar no centro
Mas preciso arriscar-me.

Caminho incerto,
Dono dos meus ais
Traz-me experiência
No momento certo
Em que eu invocar
Deus e sua presença.

Volto ao centro das mãos
Caminho por sobre os fios
Apoio-me no meu centro
Decido com o coração
Ouvir o canto dos rios
Ouvir-me a partir de dentro

Surgem palavras poéticas
A procurar liberdade.
A aventura contamina
Sem rima e sem métrica
Encontram a felicidade
E querem sair da linha.

As estradas equivocadas
Não deixam olhar para trás
Procuro um novo fio
Pois a todos sou ligada
Pus-me a criar e curar
Danço, escrevo, sorrio.

Encontro novos amigos
E vêm novos sentimentos
Sem o medo dos vazios,
Por palavras colorido
Riqueza de pensamento.
Contemplo assim, encantada
Nas mãos, os meus ricos fios.

Foto de Marilene Anacleto

Depressão. Corre!

Corre! Venha rápido! Viaja
Por longas praias douradas,
Pelas montanhas geladas,
Limites de mundos escondidos
Impossíveis de atravessar.

Foge das coisas preparadas
Prontas as tuas perguntas,
Que te oferecem respostas
As muitas exigências tuas.

E prendem numa tela de arame
De falsos visuais, de valores virtuais
Que já nem podes sentir
E que não suportas mais.

Corre em direção ao horizonte.
Procura a serenidade, a calma.
Afasta-te do ruído cotidiano
E do rumor dos lugares sem alma.

Descobre que em ti há vida
Vida e som, vida e luz
Vida e cor. Tira o véu
Reconhece que representas
Tudo o que há no azul Céu.

Entre o Céu a Terra
És uma ponte, uma antena
Levanta, querido amigo,
Tua alma não é pequena.

Corre! Canta, grita, alegra-te!
Descobre quantas terras
Ainda podes visitar,
Quantas pessoas podes amar.

Descobrirás que não tens limites
Do quanto ainda podes criar.
E que a solidão não existe
Para aquele que sabe se amar.

Quando te afastas do medo
Encontras um espaço livre, bem ali,
Que se expande a partir da alma
Liberdade que ignoramos existir.

Corre! Viaja! Tua alma pede clemência,
Está sufocada. Reclama a tua presença,
Reclama a tua atenção, ao amor, à vida
Aquilo que não é apenas aparência

Levanta, querido amigo
Corre! Deixa-te embriagar...
Pela tênue luz do amanhecer...
Pelo ar fresco das manhãs...

Pela suave música que ecoa
Do fundo, do profundo mar,
Ou quem sabe ... do céu
Dos pássaros... Ou... de ti...

Encontre montanhas douradas,
A aurora das manhãs geladas
Para sair dessa depressão,
Para que possas voltar a amar

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