Lar

Foto de von buchman

UM MUI GOSTOSO AMAR...

Um certo dia de minha vida...
Ao andar sem destino pelos bosques do meu viver...
Sem rumo, sem nada pensar ou sonhar,
encontrei um galho seco de uma linda roseira....
Parei, olhei e sonhei com ela.
Passei momentos, talvez horas de admiração... Querendo sentir seu passado...
Os eternos momentos de pura solidão e de tristeza que ela passou...
Como também seus momentos de grande reinado...
Onde era única pelo seu perfume inconfundível mui envolvente,
seduzindo e levando a um gostoso sonhar....

Nos seus espinhos vi o difícil acesso a lhe tocar.
Vi a dificuldade de poder te-la ou possuí-la...
Dentro de mim, ficava aquela vontade louca de poder tocá-la,
acariciá-la e me embriagar no seu especial perfume do amar.
Mas num momento, talvez de pura inlucidez ou de profunda loucura...
Tomei a decisão de saciar minha paixão e profundo desejo de possuí-la...
Então resolvi levar aquele pequeno galho seco cheio de espinhos para meu lar...
Passei todo um interminável inverno a cultivá-la e amá-la...

Uma certa manhã pude ver uma pequena folha que dava seu ar de vida em pleno verão....
Os dias de amor e paixão eram regados com meus mais puros sentimentos ...
Certa noite de primavera ao deitar, pude encher meus olhos de lágrimas
ao ver um mui pequeno botão a se dilatar ..
A noite foi de sonhos...
Uma angustiante ansiedade tomou conta do meu ser na espera do amanhecer...

Aos primeiros raios do dia pude sentir uma mui gostosa sensação
no meu íntimo que era o amor!
Algo devassador que ardeu em meu peito e encheu meu coração de paixão...

A primavera chegava e com ela os botões e outros galhos,
cheios de folhas e lindas flores que me fizeram um eterno amar...
Suas raízes profundas enraizaram-se no meu ser...
Sabe, hoje depois de tantos verões...
Loucos invernos, sem falar das primaveras que fizeram um eterno amar...
Agora posso dizer-te :
És meu botão de rosa...
Minha mui especial flor...
O meu mais profundo inspirar...
Meu eterno desejar...
Com teu perfume fazes o desabrochar da minha paixão
em eternos poemas de amor...
Nos meus versejares de paixão o meu realizar...

Limito-me ao teu perfume que me faz sonhar e delirar...
Nas carícias de tuas pétalas um mui especial e louco apaixonar...

Mesmo sabendo da dor dos teus espinhos, não consigo e nem quero de ti me afastar ...
Pois és o meu eterno e mui gostoso amar...

TENHAS MEU MAIS PURO CARINHO...
MEU ETERNO ADMIRAR...
BEIJOS E MIMOS DE PAIXÃO
VON BUCHMAN

Foto de Allan Dayvidson

A CHANCE

"Eis o poema de um medroso... Começar (seja o que for) é sempre motivo de medos e expectativas. Mais ainda quando há um histórico de fracassos retumbantes. No entanto, este poema fala não só sobre medo, mas também sobre aceitação (sobretudo auto-aceitação), sobre uma relação mais plena e direta entre mim e qualquer outra pessoa, sem ideais como intermediários. Apenas eu fazendo o melhor que posso..."

CHANCE
Por Allan Dayvidson

Ele faz besteira o tempo todo;
vive perdido de tantos modos;
chama de lar um apertado cômodo;
costuma esquecer-se dos bons modos.

Perde o ônibus, perde chaves,
perde tempo com pequenos entraves;
está sempre atrasado.

Perde tantas coisas que está se acostumando
e quase acreditando
que nasceu para ser deixado.

Então, por favor, não desista antes
de descobrir que ele pode ser fascinante.
Não perca a chance de simplesmente amá-lo pelo que é.

Desmedido;
deslocado;
inseguro; impuro; inadequado.
Indeciso;
impreciso;
desajeitado; motivo de risos.

Tão complicado, demasiadamente preocupado
com cada fragmento;
tão longe de apenas viver o momento.

Exaustivo, mas assustadoramente criativo
enquanto vasculha por motivos
para temer seus legítimos sentimentos.

Mas, por favor, não desista antes
de perceber que ele é realmente brilhante.
Não perca a chance de simplesmente amá-lo...

Nada que for dito fará com que você tente.
Não há algo ali que possa servir de enfeite.
É só ele fazendo o melhor que pode,
nada de argumentos ou últimas considerações.

Revire todas as coisas procurando uma razão
e não achará algo, realmente, convincente...
Sempre tentando, tentando e tentando...
Mas não consegue...
Por que ele não consegue?
Por que nunca consegue?

(Por que não consigo?...)

Mas, por favor, não desista antes
que ele consiga provar que pode ser um diamante
Por favor, não desista!
Por favor...
não perca a chance de me amar pelo que sou.

Foto de Carmen Vervloet

Momento Único

Diante do vento viajante
a noite se curva de frio...
O meu coração cantante,
no aconchego do lar,
debruça-se sobre o calor do amar.

No ritmo de uma linda canção,
aqui tudo se aquece...
Uma bebida quente no fogão
e o inverno se esquece.
Tempero o instante com chocolate e paixão.
A vida? Um ponto de interrogação.

Sei que sou um pouco menos do que penso
e muito mais do que sinto...
Se hoje melhor estou,
a dor foi o caminho do aprimoramento.
Este é um único momento
que logo, logo passará!
Vou vivê-lo intensamente!

Amanhã quando o sol derramar seus raios
sobre a cidade
talvez a alegria parta, até num cavalo baio,
levando mais uma vez meu contentamento.
Mas eu embalarei outra lembrança
em pedaço de céu anil...
E vou juntando minha felicidade.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Minha Elis – Parte 1

O ano era 1996, para variar. Eu morava na favela com a minha família. Não havia muito o quê fazer. Na televisão, tinha a Xuxa, a Sandy, a Maria do Bairro, e, diferente das outras casas, na nossa elas não faziam muito sucesso. Nós recortávamos tudo aquilo que sabíamos que não tínhamos dinheiro para comprar, e colávamos num papel para pendurar no único armário da casa, de duas portas e metro e meio, pouco mais que uma fruteira. Mas a maior diversão não era essa. Meu pai fazia uma espécie de rádio de um hipermercado no centro da cidade. Quando havia alguma promoção, ele trazia o máximo de coisas possíveis para a gente. E também tinham os discos. Todos dele, material de apoio para o trabalho que apesar de desdenhar em certo ponto, ele fazia com competência extrema. Mas a realidade não era tão boa assim. Mas meu pai era bom no serviço, e sacana no lar. Quando eles se separaram, foi um alívio. Mas, com o litígio, perdi em certa medida a melhor parte da minha modesta, porém digna bagagem cultural. Meu pai é ator, tem como base da carreira o movimento da tropicália. Ouvíamos a MPB, como ela é rotulada, todos esses artistas consagrados, de Caetano a Gil, Raul a Tim, e principalmente Elis Regina. Minha mãe cantava quando nova e mesmo sem grandes lucros, chegou ao profissionalismo. Sempre vi a imagem da minha mãe relacionada com a de Elis Regina. Era como se uma existe em função da outra. Era assim, na época em que me dei por gente.

Com a separação, perdi o contato com a obra de Elis Regina. Minha mãe era reticente quanto ao resgate desse conteúdo; era momento de sobreviver, e não pensar em música. Mas Elis, no meu âmago, foi ganhando o status de lenda. Elis morreu em 1982. Evidente que a imprensa, sem material novo, já não dava a mesma repercussão ao trabalho da cantora. Eu queria Elis. Sempre quis Elis, com o perdão da rima fácil. Quanto menos tinha, mais queria. Volta e meia se preparava um programa especial de televisão ou rádio, e lá estava eu assistindo. Foi assim até 2008. Nessa época eu já trabalhava. Na internet, procurava músicas e dados biográficos de Elis. Não sou o maior seguidor de Elis Regina, nunca fui, mas não me ligo nisso. O que sabia era que a artista me fascinava e queria o máximo possível de informações dela.

Um dia, já em 2009, no caminho da minha escola encontrei um desses camelôs que vendem música pirateada. Estamos na era do MP3. Nunca me importei muito com compra de discos, até os falsificados são caros demais para meus parâmetros. Perguntei se tinha Elis. O gaiato me mostrou três discos, segundo ele, a coleção completa. Tinha tudo mesmo! E era por uns vinte reais. Desnecessário dizer, amigos, que duas semanas depois cometi o

que considero até hoje um “crime famélico”. Era isso, ou então empenhar tempo e esforço numa gigantesca extravagância financeira. Acreditem que não me arrependo nem um pouco com essa decisão.

Com a compra da discografia de Elis, vi que tinha adquirido também uma enxurrada de música brasileira de alta qualidade. Já escrevia, e influenciado pelos compositores que trabalharam com ela, tive um salto no teor das minhas criações. Percebi que Elis não era só sua música, era a história do meu país acontecendo diante da minha sensibilidade. Era questão de tempo até que fosse lembrada nos meus textos.

(Continua...)

Foto de betimartins

Além da vida e de mim

Além da vida e de mim

Além de o meu desejar
Do meu bem querer viver
Jamais me deixo de existir
Nesta terra de ninguém...

Posso ser uma alma eterna
Posso ser apenas espírito
Posso ser pensamento
E eu, apenas quero ser
Uma filha de Deus...

Uma filha bem amada
Que vive para o seu pai
Deixa as dificuldades de lado
Vencendo as suas lutas diárias
Sem medo de voltar a cair...

Além da vida tenho o meu lar
Aquele que eu repouso e descanso
Nos braços amados do meu Pai...

Além da busca do amor incondicional
Estou aqui para aprender sem parar
Na escola terrena da minha vida
Quero eu voltar a embarcar...

Não levo bagagens e nem tesouros
Apenas o que o meu coração amou
Foram tantos anos de conhecimento
Que eu levo guardado na minha alma...

O mal que eu semeie as dores que eu causei
As lagrimas que correram de arrependimento
São apenas os espinhos das rosas que eu vi florir...

Hoje eu posso embarcar, a qualquer momento
Não tenho medo do barqueiro, nem do julgamento
Pois tudo o que eu fiz, foram apenas atos de grande amor...

Foto de Carmen Vervloet

A DÁDIVA DA MATERNIDADE ( Uma homenagem às Mães da Atualidade)

Uma estranha conspiração
frustrou teus desejos...
O sonho foi engessado.
O capitalismo selvagem
quase te fez perder a hora...
Era preciso estudar, conquistar, amealhar,
estabilizar a vida...
E só depois... Só depois semear
o doce fruto do amor.

Padeceste mãe, o medo da porta fechada,
a pressão da gestação não anunciada,
a insegurança do óvulo não fecundado,
do sonho frustrado...
A madrugada congelou lágrimas de dor.
A esperança amarrada por tênue fio,
quase ruiu...
Só a fé acesa em pavio molhado em óleo divino,
jamais se apagou.
Sofreste mãe, mas hoje sorris feliz!
O sol enternecido aqueceu por nove meses
o desejado fruto
germinado com o mais puro amor!
Engravidado com o fogo do coração...

Hoje, um hálito de criança
acaricia teu rosto,
um choro forte soa como música
aos teus ouvidos
e amamentas a tua cria
que só faz crescer e fortalecer
tua vocação de mãe.

Um botão em flor suspira,
enfeita o lar...
Um Anjo chegou suavemente
e brinca no jardim com o beija-flor...
E tu, mãe, derramas lágrimas de emoção
e agradece a Deus
a dádiva da maternidade!

Carmen Vervloet

Foto de Fernando Vieira

Esperarei por ti

Esperarei por ti
(Fernando Vieira)

Quase um dia sem se ver
E nem pude te beijar
O que será que vai dizer
Essa que eu digo amar?

Tenho saudades de você
Também preciso te encontrar
Mas eu não sei o que fazer
Com minha mãe a controlar

Você deve convencer
Você tem que explicar
Ela precisa compreender
Que ao meu lado é o seu lugar

Mas amor não sei dizer
Tenho medo de enfrentar
O que eles vão fazer
Penso que vão me matar

Só depende de você
Eu preciso ir até lá
Pra ela me conhecer
Deixar logo de implicar

Mas amor você não sabe
Como é minha família
Fui criada dessa forma
Essa é a minha vida

Acho que já não sei mais
To cansado de esperar
O que é que faço agora
Será melhor terminar?

Paciência meu amor
Nossa hora vai chegar
Você é o único que amo
Penso até em me casar

Mas um dia se passou
Noite fria se formou
Minha cama está vazia
Sem você meu doce amor

Um belo dia eu estarei
Ao teu lado como quer
O teu corpo eu amarei
E serei tua mulher

Meus filhos serão filhos teus
Alegrarão o nosso lar
Se for da vontade de Deus
Tão breve aqui irão estar

Eu vou cuidar bem de você
Você vai ser meu lindo par
Feliz agente vai viver
Sem nem pensar em separar

Também cuidarei de ti
E te darei o meu amor
Esperarei você querida
Só não demores, por favor.

Foto de Marilene Anacleto

Sino

*
*
*
*

Marca o avançar da hora
O vento hospeda em sonoridade.

Manhãs de renascer o amor
E céus róseos no cair da tarde.

Desaguam as garças, sem demora,
Em busca do lar, abrigo da deidade.

Segue o homem em busca da família,
Aconchego amado da felicidade.

Marilene Anacleto

Foto de danmira

não se esqueça de mim..

não se esqueça de mim..
quando não estiver por perto.. quando não sentir meu calor..
quando não ouvir minha voz... ou não ver meus olhos olhando pros teus..
não se esqueça de mim.. meu amor..
mesmo se passar horas.. dias.. te imploro..
não me tire do seu coração..
mesmo se eu me atrasar a ir ao seu encontro..
ou te decepicionar deixando de ir..
mesmo se eu esqueçer de dizer te amo..
ou partir pra longe sem te dizer adeus..
te peço.. não sigas em frente.. não me deixe pra trás..
mesmo que fique com raiva.. mesmo que percas o ânimo..
mesmo que ache que não aguenta mais minha ausência..
lhe imploro com todo meu ser..
não me deixes passar.. ir embora de tua vida..
não me deixe virar uma lembrança.. te peço..
só feche os olhos.. respire fundo.. e aguente firme..
porque mesmo que eu esteja muito longe.. virei pra te encontrar..
mesmo que passe muito tempo.. nunca me esquecerei de ti..
mesmo que ferido fique.. deixarei pra me curar ao seu lado..
mesmo que perdido eu me encontre entre incógnitos campos.. procurarei incesantemente a saida..
mesmo que haja tempestades ou a terra fervente esteja.. não me desanimarei..
mesmo que conheça várias pessoas e faça verdadeiros amigos pelo caminho.. voltarei pra meu lar contigo..
só te peço.. te imploro meu amor..
aguente.. só mais um pouco..
não desista de me amar..
não desista de me esperar..
ja estou vindo..
não se esqueça de mim...

Foto de Carmen Lúcia

Pássaro mutante

De quantos voos necessitas
Pra extravasar teus trinados?
De quantas cores te camuflas
Pra desmascarar camuflados?
Às vezes, suave passarinho,
Na construção de seu ninho,
Esposa, filhos, lar...

Por outras, és sabiá,
Entoas tristes gorjeios
Trazendo saudades de lá...
Ou então, um beija-flor...
Planando... Não sais do lugar,
Vôo rasante, apaixonante,
Rodeias a flor pra lhe falar de amor!

Transmutas-te numa gaivota
Quando queres reverenciar o mar...
Entre nuvens desapareces,
Em altas ondas ressurges,
Vôos coreográficos
Em azuis celestiais.

E quando ronda o furacão
És o condor que reaparece
E das grandes montanhas desce
Camuflando-se de negro tufão
Em defesa dos oprimidos,
No combate à corrupção.

_Carmen Lúcia_
08/03/2008

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