Lar

Foto de laurinda malta

Rumo sem destino

Caminhos absurdos sem destino, rumos desorientados desconhecidos e obscuros,
Rio de terra pisada, que eu continuo a pisar, à procura do desejo da minha vontade,
Fornos fervorosos, cheios de pressão, programas coordenados, despelotam surtos,
Surtos de paz disfarçada, turbulências ventosas com a revolta em cumplicidade.

Não posso ir por aqui. Este não é o meu caminho, não é o meu lar, nem a minha força,
Tenho de seguir a fé que me guia e me sustenta, que me ensina “Bom Dia com alegria”,
Não me vou meter no destino que me enterra, e que suga de mim a sintonia com o amor,
Vou sair da infertilidade nefasta, negativa: Sou mulher, e vou fazer sorrir a doce fantasia

Foto de Taygra_lost_in_love

Triângulo amoroso

O relacionamento com parceiros comprometidos é, na maioria das vezes, uma perda de tempo.
Os seres humanos são dotados dos sentidos, entre outras razões, para ter preservada sua integridade física. Quanto aos riscos existenciais, sobretudo os que derivam de sentimentos amorosos, nem sempre se está aparelhado para percebê-los e lidar com eles.
O coração apaixonado costuma turvar o raciocínio, e leva a um distanciamento da realidade.
Uma mulher questiona o namorado, um homem casado, com o qual vem saindo há meses. Ele não se separa, diz ela, por não conseguir viver longe dos filhos pequenos. O importante nesta situação é que a mulher cujo parceiro está comprometido num casamento acredita em cada palavra que ele lhe diz.
A esposa sabe do "caso", segundo ele diz a ela, mas finge não acreditar. Não acreditando, ignora a situação e se desdobra, dedicando sua atenção aos filhos e ao marido. A amante sabe das restrições impostas pela situação daquele com quem decidiu se relacionar, e pensa que a esposa a ignora, ou finge ignorar o que está acontecendo, e a recrimina por isso. Esta, com a atenção voltada para os cuidados do lar e para sua profissão, sabe que o marido se sente um pouco abandonado.
Não fosse esta uma fase pela qual passam quase todos os casamentos, nos dias de hoje! E quando falo em "fase" quero dizer exatamente isso: um período difícil, em que marido e filhos esperam da esposa e mãe uma atenção total que lhes será negada por impossibilidade.
A namorada se esquece de que um homem apaixonado enfrenta todo tipo de obstáculos para realizar seu sonho de viver junto aquela sem a qual não consegue mais ser feliz. Certo. Existe o conflito. E a família esfacelada? E o trauma dos filhos? E a decepção da esposa? Mas em tempo de paixão, os questionamentos se apagam e o apaixonado faz o que todos costumam chamar de "loucura".
Separa-se. No caso em pauta, a queixa da namorada se refere ao que ela não consegue enxergar como bom senso da parte do amante. Seis meses se passaram, a paixão é intensa, ele lhe dá provas de amor mas não abandona o lar. Deseja, é possível, manter a confortável e, para ele, legítima situação: não precisar escolher entre as duas mulheres. Afinal, amor e sexo, amor e desejo, nem sempre andam juntos. E enquanto a mulher apaixonada não distingue amor de ardor sexual, o infiel, não raro, desenvolve um carinho especial por aquela que ele "engana". De rejeitado que se sente, passa à condição privilegiada de quem tem um segredo. E o gozo de viver o triângulo adquire um sabor inigualável. É interessante ressaltar que tudo se passa como num sonho: a realidade pouco interfere no que está sendo vivido.
Para o que não desfaz o casamento, a esposa é sempre frágil, é aquela que não suportaria uma separação, e sabe Deus o que poderia acontecer com ela se ele desse um corte naquele casamento! A namorada continua a investir nessa relação. Na maioria das vezes, acredita que é só uma questão de tempo. Tempo que não passa, pois as coisas continuam iguais.
E por maiores que sejam as evidências de que daquela mata não sairá coelho, a apaixonada, teimosa, inventa atenuantes que a apaziguam. A recusa em ser a "outra" vai arrefecendo.
Um outro gozo se sobrepõe aos delírios da paixão. O gozo de ser uma sofredora, aquela que suporta tudo, a que ama de verdade e que tudo faz por seu amor! Entre a paixão e a estabilidade do lar, o amante lhe diz, por atos, que não abre mão da segunda opção. E ela não entende.
O desejo de que as coisas correspondam ao que não passa de impressões impede, freqüentemente, uma avaliação objetiva do intrincado relacional em que se envolveu.
A mulher sem compromisso se vê enredada numa história em que a lógica da certeza, a mais perigosa de todas, passa a nortear suas escolhas. Não percebe, nesse caso, que em vez de estar construindo seu futuro, está tornando agradável a vida de um homem que dificilmente será o companheiro pelo qual, no fundo, anseia. Prefere viver frustrada a lidar com o vazio que experimenta sem o companheiro compartilhado. E perde seu tempo.
Tay

Foto de Arcanja-do-Amor

Sofrer (Arcanja do Amor)

Sofrer não é sentir fisicamente um mal em que o corpo sente, aos poucos abatido.

Ser faminto e atormentado num ambiente familiar,
sem carinho, sem lar, nem pouso definido...

Sofrer não é ficar num leito de hospital,
numa dor que se expande em longos gemidos.

Sofrer não é vibrar nossa angústia moral,
de ver parado e frio um ente estremecido.


Sofrer é cultuar, feliz esperançado,
um sonho em pleno vício desabrochado.
E antes de o conseguir ter de renunciar.

E, aguardando em silêncio uma lembrança grata,
na dor de uma saudade imensa que maltrata,
amar perdidamente e não poder falar.

Arcanja do Amor

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