Lamentos

Foto de Carmen Lúcia

Abstrato e Concreto

Tudo o que não revelo
Pelo bem de quem mais quero,
Por saber que não há retorno,
Para não causar-lhe transtorno
Ou algum constrangimento
Guardo trancado no peito...
Abstratos sentimentos,
Esmiuçados lamentos,
Eternizados momentos
Que me fizeram crescer,
Que me fazem viver,
Ou quem sabe morrer...

O que trago no peito
É muito abstrato...ninguém pode ver...
É muito querer... sem nada ter...
É tanto amor...sem nenhum calor...
É desejo, é carinho,
É sofrer em desatino...
Até transbordar...
Sair da abstração,
Revelar a paixão
E se concretizar...
Quando não há mais jeito
O amor sai do peito...
Se revela e apela,
Mostra a cara e encara
E com jeito, sem medo,
Tende a se materializar...

Foto de Carmen Lúcia

Ah...poeta!

Ah...poeta!

Que divagas pelo mundo
Desbravando almas,
A afagar feridas,
Resgatando a calma,
Construindo pontes
Sobre os abismos
Que o bem escondem...
Almas em retalhos
Salvas por atalhos
Por onde passastes
Por onde deixastes,
Como um peregrino,
Homem e menino,
Marcas registradas
Fé pré destinada.

Ah...poeta!

Que constróis guaritas,
És ancoradouro que o barco abriga
Alcanças o mais íntimo,
Inatingível sentimento,
Drenando sofrimentos,
Dispersando os lamentos,
Irrigando pensamentos
A florir em nosso eu...
Regados pelo teu dom
De enxergar o lado bom
Da vida, do desamor, da dor...

Ah...poeta!

É tua palavra
Bálsamo que alivia,
A fala de quem cala
O que está a sufocar,
Ao revelar o que é belo,
Tudo o que há de sincero...
Que todo o tempo é o de amar!

Poeta que canta as dores,
Encanta os amores...
És das cores, o matiz...
És o sábio e o aprendiz!
Tua alma imaculada
Morre e nasce a todo dia
Permanecendo imortalizada
Em tua poesia!

Foto de Stacarca

Satã

Satã

Ei-lo, obumbra a sânie lisa,
Míngua de soluços dolorosos,
Corno dos exórdios chorosos
Soluços pitorescos que giza.

Contemplativas, ó sacrílego,
Formidolosas contemplativas,
Idéias, compêndios, inativas
Castas, extremoso coligo...

Conglobadas noções pitorescas,
Ah Funesto pancalismo imundo,
Débil, ó sentimento inundo
D'áurea elegíaca funambulesca.

Ó formas, figuradas felozes
Que fanam, fulgurando fiéis
Formas fúlgidas, felosas féis
Formas flamejantes, ferozes.

Indefiníveis flébeis de rasa,
Choro, lamúrias indefiníveis,
Augusto da insânia, eiveis
A'çucena ao mefítico que vaza.

Ah! Horrorosa, esquisita, feia,
Magnífica, avultada, linda,
Tantas formas, formas qu'inda
Pálpebras duvidam sobre teia¹.

Palavras que abismam medonho,
Fracas, fortes, sorumbáticas,
Teogonias imagináveis, áticas,
Escuros, leis, parvo tardonho.

Caveiras, defuntos, fantasmas,
Sarau imprescritível de beleza,
Lésbia lamentosa, delicadeza
De lamentos lesbianos, asnas.

Préstito solene d'um ressupino,
Defeitos, belos e feios defeitos
Criados, vis, molemente feitos
Da ingenuidade, cantos de hino.

Cantante da crença reclinada,
Ululadas por padres idiotas,
Professores da burrice, rota
Abismada e d'cadência assinalada.

Que céu, que inferno, que afã,
Pugilato da fé e pululante,
Que entoada, que desgastante
As limitadas litanias de satã.

Risos, gargalhadas réprobas
Da chafurdaria, gargalhadas,
Ó ridículas, ó exorbitadas
Cachinadas anátemas de probas.

Ó insânia, doudice da doudice,
Tomada p'la lúgubre orbe maldita,
Ó Sofreguidão bonita, bendita
Vida medonha, como a bela dixe².

Ah! Pungente vida fulgente
Purgada. Ah! Vida pungente!
Pungida. De figuradas entes.
Vida, vida punida fedente.

Clamores ridículos do futuro,
Futuro ridículo de clamores,
Ante a fé, de medonhos amores
Molestados do frágil aturo.

Ah finito, finito glorioso,
Eflúvio de essência infinita
Do que é zimbório, que incita
O ímpeto abstruso, lamentoso.

A calma, raiva, interrogações,
Quantidades acerbas, tratadas
De limitações treplicadas...
Languidez, ah! Lamentações

Lamentações lânguidas, funérea.
Sacrossantos versos belizes,
De rimas nevoentas, infelizes,
Pavorosos, de idéias férreas³.

Genuíno de métricas falazes,
Oh podridão falaz, cautelosas
Elocuções verrinas, chorosas
De sentimentos, audazes.

Que nesse entendimento, vã.
Onde tudo vai, onde passa
A esboroada forma da graça
Empunha. Ah! Que seja sã.

Ah! Nas Noutes, nos luares,
Nas formas, na calmaria,
Na felicidade, na melancolia,
No medonho, no degredo de ares.

Na reza embutida de quimera,
Quiméricas palavras sofridas.
Sofrimento d'enganações lidas.
Ilusões bonitas, do que não era.

Evangélicas ubérrimas d'opaco,
Labutas da religião fedorenta,
Oh! Oh! Imaginação lazarenta
D'áurea combinação. Ataco!

Atacante da crença, o tuteles
Da negridão, de idéia suspirada
Por ditas idéias conspiradas.
Assim como eu, tu, Mefistófeles.

Abastados da burrice mórbida.
'Inda gerados da fatuidade;
Maldade, maldade, maldade.
Quanta desagregação, hórrida.

Quando no préstito andar torto,
Defuntos, fantasmas e caveiras
Nela terão fé, na traiçoeira
De tudo que está vivo, morto!

________________________
¹- s. f.
²- s. m.
³- fig.

Foto de Fernanda Queiroz

Apenas por um momento II

Apenas por um momento II

Estou só....
Perdida em momentos
Mais que fragmentos
Momentos de tormentos
Que jamais serão lamentos

Chegou de mansinho
Mesmo sem querer ser ninho
Com a mais bela canção
Despertou meu coração
Plantou em quantidade
Regou com profundidade
Colhendo eternidade
Mesmo que seja em saudade

Não importa com certeza
Se foi ou não realidade
Pois muito mais que tristeza
Vivi amor de verdade
Guardo junto a minha dor
Muito mais que um lamento
Que foi mais que amor
Apenas por um momento

E neste “Apenas por um momento”
Para provar meu juramento
Fez nascer no firmamento
O Dom da pontuação
Que não foi exclamação
Nem jamais interrogação
Levando minha estrela brilhante
Fez nascer lua minguante
Que uma vírgula simboliza
Deixando o ponto final distante
Para que meu sonho se realize
Além de mim... além da minha mente....

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de JGMOREIRA

PIEDADE

PIEDADE

Chamo teu nome todos os dias
Em todas as línguas
Até nas que serão inventadas
Quando desvendarem o idioma
Que recheia minhas palavras.

Tuas portas não se abrem
Mesmo que recite todos os teus livros
Até os que andam perdidos
Em mares mortos e esquecidos
Transformados em deserto desmedido

És a minha rocha abissal
Que me enche olhos e alma
Que me assombra, colossal
Sem entender minhas evocações
Preces, lamentos, devoção.

Meus dentes se gastaram rangendo
Nas noites de medo assustoso
Quando teu nome sem semblante
Rodopiava na minha língua
Que é a de todos os amantes.

Senhor, dizei uma única palavra
E me terás salvo de mim
Da dor desse amor sem fim
Que, se antes alimentava,
Alimenta-se, agora, de mim.

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"VIDA DE ARTISTA"

VIDA DE ARTISTA

Nem só de gloria vive João, pois há de se prover o pão.
Numa luta incessante, João não tem tempo o bastante.
Para ser um desportista, nem tão pouco um artista.
Pois aos seus precisa acolher
Com seus parcos vencimentos, sem lamurias ou lamentos.
Aos seus dar o que comer
Nem só de gloria vive João
Não adianta o estrelato, pois é como cidadão comum.
Que João se sente frágil, não importa ser hábil bonito ou ágil.
E é no anonimato, que João sente a realidade.
Pra que tanta vaidade, se os seus não estão amparados.
Sente uma enorme depressão, de um lado a fama e a glória.
Do outro, a fome e a miséria.
Mas que vida tão inglória, não era isso que João queria.
Ao se deparar um dia, com o glamour e a pobreza.
João chorou de tristeza, pois ao representar com alegria.
Esconde no peito a agonia, de aos seus não conseguir amparar.
Na sua alegre fantasia, João sonhou um dia.
Seu personagem trocar.
Ao contrario do que parece
Ele aparenta ser rico feliz e sem problemas
Mas bem sabe que só ele apenas
Tem um prato para comer
João queria ser artista famoso
Ser saudável rico e charmoso
Mas a realidade é sincera
Não mente esconde ou adultera
A condição de qualquer cidadão
Mas João é perseverante, para levar seu sonho adiante.
Trabalha de dia e representa de noite
O teatro lhe realiza, mas a verdade é um açoite.
Oh dura fantasia, ou será realidade.
João é um homem de verdade
Sem ferir sua hombridade, até mulher teve que ser.
Existem Jogos por toda parte
Cada um exercendo a sua arte
Que para realizarem seus sonhos
Amargam tempos medonhos, para seus ideais alcançar.
E neste ir e vir, só nos resta aplaudir.
Pois o show não pode parar.
E João terminou sua parte, realizou sua talentosa arte.
Agora é hora de ir pro barraco, vestir seus humildes farrapos.
E pro trabalho ir se entregar, porque a vida também não pode parar.

Foto de Sirlei Passolongo

Mágoas

É estranho esse sentimento de mágoa
por alguém que sorriu junto com você
alguém que você teve nos braços...
que dividiu carinhos e juras
E de repente, você percebe que
eram apenas injúrias

E essas mágoas
vão se transformando em lamentos
Lamentos por você mesmo,
pela ingenuidade do seu coração,
e logo, serão lamúrias

Então você faz promessas de esquecer
que tudo morrerá dentro de você
e voltará a sorrir.
Mais uma vez, a lágrima da saudade
molhará seus olhos e enfim,
percebe que não adianta mentir

Que você não faz mágica
capaz de esquecer alguém quando quer...
E não está em suas mãos
a sede do seu corpo
nem o grito do seu coração.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora

Foto de Marta Peres

Saudade de uma Vida

Lá fora o vento sopra forte
desperto,sei que são outonais,
sinto tremenda nostalgia
uma dor imensa sofro por ti,
sei que não verei jamais!

Não consegui trazer-te à minha essência,
Rompo histórias ásperas, vazias,
Estou cercada de lamentos, tristes ais,
ando aos farrapos alhures, noite e dia!

Tantas feridas estão abertas,
malgrado a luta que as lavrou
sob mentiras e verdades
deixaste-me a herança da tua ausência!

Hoje entrego-me a cultivar saudades
dos tempos que sei não irão voltar
perdi parte de uma vida
onde estão meus ancestrais?
Marta Peres

Foto de Marta Peres

Amigo

Tu me ofertas o perfume
E ajuda-me trilhar a vida,
Tu faze-me bem,
Em troca dou-te uma rosa.

Tu que entrabre os lábios num sorriso
Para comigo
E compartilhas lágrimas
E sabes de minha existência,
Oferto-te uma rosa!

Tu que és nobre nos sentimentos
rico no viver
e imperas no amor,
oferto-te uma rosa!

Tu que és pessoa amiga
Fazendo ternamente do silêncio sair sons
E que canta comigo
Oferto-te uma rosa!

Tu que parastes para ouvir meus queixumes
E lamentos
Tendo palavras doces e certas,
Esta rosa é para ti
Com meu eterno obrigado!
Marta Peres

Foto de Oraculo

ODE AO PIERROT

De-me tua mão,
venha comigo pra onde eu for.
Dance comigo essa ultima canção,
Tome Colombina essa linda flor!

Não há distância,
que eu não possa percorrer.
Nessa comédia triste que é minha vida,
até tua presença me entorpecer.

E essas palavras sem nexo,
visíveis confusos pensamentos.
Sou eu um réu confesso,
prisioneiro de meus lamentos.

Minha mascara, meu rosto te revelei,
por meus olhos enxergou meu espírito!
Enxugou essa lágrima do meu rosto,
e do coração arrancou este espinho.

E num ato final,
toda essa vontade de estar contigo.
Sou eu um Pierrot sem destino,
O ultimo a mostrar o sorriso?!?

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