Folhas

Foto de Camila Senna ☆

Vicissitudes...

Hoje estou sensível como bolha de sabão...
tô mimada, querendo ser paparicada, querendo ser notada.
Hoje estou como as flores...
querendo ser regada de amor, desejando ser cheirada, admirada.
Hoje estou como a lágrima...
querendo ser enxugada, querendo ser atendida.
Hoje estou como o frio...
querendo ser aquecida, ansiando ser envolvida.
Hoje estou como a floresta...
querendo ter vida, gritando pra ser protegida.
Hoje estou como lagarta virando borboleta...
trancafiada no meu casulo, sem querer dar de cara com o importuno.
Hoje estou como as folhas secas...
voando sem destino, sem tino, sendo a direção arriscado ou não.
Hoje estou chorosa como o palhaço....
palhaço em final de picadeiro, quando todos vão dormir em seus travesseiros.
Hoje estou como o asfalto em Brasília...
pequena diante do Planalto e sua maestria.
Hoje estou como o barco em plena ventania...
querendo direção, querendo provisão.
Hoje estou como pássaro na gaiola...
implorando vento no rosto, querendo libertação.
Hoje estou como os enamorados apaixonados...
sedenta de amor e um pouco de ilusão.
Hoje estou como a paz...
querendo doses de agitação.
Hoje estou como o ciúme...
insípida, cortante feito faca em exageros de causar irritação.
Hoje estou como olhar de criança carente...
querendo atenção, querendo o simples, o novo.

Vez em quando fico assim...
Cheia de fases e controvérsias, como toda mulher especial.

(((Camila Senna)))

Foto de Camila Senna ☆

Caminhando...

Pista molhada e toda uma jornada...
Ando eu ao relento...
Encantada com a madrugada,
Que muitos dormem e não veem nada.

Olho para cima e vejo as árvores se abraçando...
Olho para o chão, parece miragem, mas não.
Vejo folhas secas e vermelhas...
Que mais parecem filosofar de tanta beleza, de tanta sutileza.
Olho para frente...
Me deparo com o farol do carro que vem vindo...
Dilatando minhas pupilas, parece até luz divina.

Vejo uma pedra e me assento nela...
Me sinto forte como uma cidadela.
Mesmo estando com lodo e esquecida, me sinto protegida!

Contei para as árvores...
Contei para as pedras....
Meus segredos, belos segredos,
Porque sei que jamais serão revelados.

Posso morrer, e minha vida um dia contada em forma de poesia...
Jamais será esquecida.
Ficará enraizada nas raízes daquelas árvores...
E esculpida nas fortalezas daquelas pedras...
Com letras que só os sensíveis de alma entenderão.

Tantos caminhos...
Precipícios para alguns.
Tantas trilhas...
Morada para muitos.
Tanto céu...
E debaixo dele muitos ao léu.
Tanto sol, farto sol...
E muitos não emprestam nem o anzol.
O amor está pouco.
E o mar? Não está muito para sonhar.

Então eu busco, incessantemente eu busco...
Um pouquinho de verão...
Verão que abrasa o bosque da minha menina...
Que tem vida corrida por suas esquinas...
Mas que anseia avenida para sua partida.
Quero me aprofundar nesse labirinto em busca da felicidade...
Meu instinto diz: você pode.
Eu digo: eu creio.

((( Camila Senna )))

Foto de Camila Senna ☆

Seria sem graça...

Assim como os grãos de areia sustentam o mar...
É minha vida...
Me componho de tudo que um dia vivi,
E assim...
Sigo a me alimentar, sigo a caminhar...
Meus olhos vibram quando vejo aquele lugar, que um dia,
Numa dessas datas de maio estive a passar.
Minha alma chora quando lembro-me das folhas que da minha árvore
partiram, deixando comigo um buraco em seu lugar.
Meu coração sente saudade quando lembro-me da minha infância, família reunida em volta da mesa, das brincadeiras...
Minha boca água, ao lembrar do paladar da comidinha gostosa da minha avó, minha saliva ainda sente o gosto do beijo de um antigo namoradinho.
Minha pele se arrepia quando sinto aquele cheiro, aquele, que
outrora jamais será esquecido, ficará impregnado no meu ser até o fim...
Os meus olhos transbordam e o meu coração aperta quando ouço a
melodia que marcou cada momento, levo comigo, uma trilha sonora de
sentimentos retratados em cada nota...
Os portões da casa abandonada cheia de flores,
Cheias de dores,
Cheias de amores,
Cheias de lembranças,
Se abrem...
Então entro devagar, respirando suave para não perder nem um grão da minha essência...
Sentindo a emoção de cada história bonita,
De cada história sofrida,
De cada história vivida,
Que não adianta, se eternizará.
Sou feliz por ter vivido de tudo um pouco, seria infeliz se tão tivesse
vivido nada, seria sem graça, não teria histórias para contar.

(( Camila Senna ))

Foto de Camila Senna ☆

Seria sem graça...

Assim como os grãos de areia sustentam o mar...
É minha vida...
Me componho de tudo que um dia vivi,
E assim...
Sigo a me alimentar, sigo a caminhar...
Meus olhos vibram quando vejo aquele lugar, que um dia,
Numa dessas datas de maio estive a passar.
Minha alma chora quando lembro-me das folhas que da minha árvore
partiram, deixando comigo um buraco em seu lugar.
Meu coração sente saudade quando lembro-me da minha infância, família reunida em volta da mesa, das brincadeiras...
Minha boca água, ao lembrar do paladar da comidinha gostosa da minha avó, minha saliva ainda sente o gosto do beijo de um antigo namoradinho.
Minha pele se arrepia quando sinto aquele cheiro, aquele, que
outrora jamais será esquecido, ficará impregnado no meu ser até o fim...
Os meus olhos transbordam e o meu coração aperta quando ouço a
melodia que marcou cada momento, levo comigo, uma trilha sonora de
sentimentos retratados em cada nota...
Os portões da casa abandonada cheia de flores,
Cheias de dores,
Cheias de amores,
Cheias de lembranças,
Se abrem...
Então entro devagar, respirando suave para não perder nem um grão da minha essência...
Sentindo a emoção de cada história bonita,
De cada história sofrida,
De cada história vivida,
Que não adianta, se eternizará.
Sou feliz por ter vivido de tudo um pouco, seria infeliz se tão tivesse
vivido nada, seria sem graça, não teria histórias para contar.

(( Camila Senna ))

Foto de Cecília Santos

UM DIA A POESIA CHEGOU

UM DIA A POESIA CHEGOU
#
#
#
Ela chegou não sei de onde.
Do silencio, da noite, das palavras,
do sorriso, da lágrima, da saudade.
Nao sei dizer, simplesmente chegou,
e em meu peito se instalou.
Passei a ver poesia, minha alma viajava
constantemente buscando inspiração.
Voltava com seus braços carregados, de
versos e rimas sem fim.
O simples rio, agora cantava lindas melodias.
As gaivotas que antes só voavam,
agora bailava lindamente no céu.
Até a saudade virou poesia, doída sem dúvida!
mas, capaz de ser falada em versos.
As vezes sem qualquer explicação,
me punho a escrever.
As palavras fluíem, florescem, transbordam
do meu coração.
O céu se debulha em cores, em alegria, em magia.
Descobri que folhas em branco, podem sim
hospedar versos de amor.
Que posso escrever o que estou sentindo.
Descobri que posso desatar meu versos ao vento.
Enfeitá-los, com as estrelas do céu.
Que posso torna-los um lindo arco-íris,
se assim o desejar.
Tudo em mim mudou, desde que a poesia chegou.

Cecília-SP-11/2010*

Foto de Carmen Lúcia

Da janela...

Da janela vejo as folhas se entregarem
voando lentamente ao outono, com o vento,
buscando o alento de efêmeras moradas,
cumprindo a missão que lhes foi predestinada.

Da janela vejo o inverno incisivo
com seu poder decisivo de congelar e lacrar
jazigos onde folhas esquálidas repousam
pra renascerem quando a estação voltar.

Da janela vejo a vida ser mais bela,
o tempo de espera faz surgir a primavera
antes recolhida, adormecida sob a terra,
brotada das sementes, renascida em folhas verdes,
nas flores coloridas, perfumadas e singelas.

E as estações do ano nunca encerram suas lidas,
morrem e renascem retratando a própria vida...
Bailam pelo tempo em performances verdadeiras.
Terá a vida a mesma significação?
Da janela vejo a próxima estação...
Quantas mais verei até a derradeira?

_Carmen Lúcia_

Foto de Ozeias

A obra prima do escritor anormal

Ele passou toda a noite buscando alguma coisa. Algo que pudesse preenchê-lo para assim, com a ajuda da caneta e do papel, esvaziar-se.
Como quem puxa todo o catarro do fundo e depois o cospe, assim, segundo ele, é escrever. Em seu caso, ele puxava outras coisas de outro fundo, um fundo mais pessoal, um fundo inteiro e somente dele, que mesmo assim, não conhecia por inteiro.
Naquela noite, devido às nuvens que tapavam a lua, ele viu-se obrigado a usar velas. Chovera o dia todo e ele ainda podia ouvir as gotas pingarem nas folhas das árvores.
Mas naquela hora não havia gotas pingando em folhas. Todas as gotas já haviam pingado.
- A janta. – Anunciou a sua mãe.
Sua mãe havia se deitado mais cedo e a sopa esfriado, mas só naquela hora que ele foi ouvi-la. Também não estava com fome, então deixou seu prato intacto na mesa. Ele nem sabia que era sopa.
Pegou a caneta e encostou a ponta no papel amarelado. Quando um ponto preto surgiu no papel, sua mão afrouxou-se e a caneta se soltou dela, deitando assim no papel.
Lá fora as pessoas corriam de um lado para outro, pisando nas poças de água, produzindo um barulho que estava distraindo. Primeiro, ele ficou apenas prestando atenção. Depois, mais pessoas começaram a correr, deixando-o irritado. Fechou os olhos tentando se controlar, mas não conseguiu. Num gesto rápido, ele levantou-se produzindo um ranger alto e dirigiu-se para a janela.
- Vocês querem parar de correr nessa merda?
Dois gatos assustaram-se e sumiram em meio ao breu. Não havia ninguém lá fora, mas mesmo assim as pessoas pararam de correr. Satisfeito com o novo silêncio, ele voltou para a sua cadeira.
Cadê aquilo que ele buscava? Ele fechava os olhos, ele olhava para o céu negro, ele olhava para cada canto daquele quarto mal iluminado à procura de alguma coisa, mas nada lhe vinha.
- Não, não... Não! – Irritou-se ele com a voz feminina que lhe dava idéias – Isso eu já escrevi ontem!
As sombras dos fogos das velas começaram a dançar por cima da folha e um cachorro começou a latir. Ao ver e ouvir tais coisas, ele teve um insight. Pegou rapidamente a caneta e começou a escrever com frenesi.
Enquanto o cachorro latia lá fora, as sombras das velas dançavam sobre a folha amarela...
Enquanto ele escrevia, foi tomado pela sensação de prazer. Um êxtase que somente ele era capaz de sentir. E cada palavra escrita foi lhe proporcionando tanto prazer que quando estava prestes a terminar, sentiu um prazer orgástico. Aquela fora a primeira vez que ele gozou enquanto escrevia.
Feliz e orgulhoso, leu e releu o que havia acabado de escrever.
- Obra prima!-Disse-lhe a voz, fazendo com que ele ficasse mais cheio de si.
Inquieto, ele andava de um lado para o outro, no quarto. Alguém tinha que ler, mas quem? Seja lá quem fosse, haveria de ser logo, naquela noite. Sua mãe já estava dormindo, seu irmão, um ignorante, algum amigo que quase nunca entendiam, mas então quem?
De repente, o som da porta da cozinha fez com que ele pulasse. Um vendaval entrou pela casa, fazendo as portas do armário bater, o fogo das velas se apagarem e... O papel! O vento carregou o papel, que saiu pela janela.
- Não!- Gritou ele enquanto corria para fora, à procura do papel.
Para onde o vento teria levado? Enquanto ele corria, seu medo ia crescendo. Aquilo não podia estar acontecendo. Logo a sua obra prima? Ele não ia permitir aquilo. Que o vento levasse outra coisa, mas não aquele texto.
Ele parou de correr ao ver a folha caída na poça de água. Ainda que a rua tivesse mal iluminada ele pode ver. Não teve coragem de se aproximar enquanto a folha se dissolvia na água. Seu estado de choque era tamanho que ele ainda não conseguia chorar. Naquele momento ele era uma pedra.
- Depois você reescreve- Disse-lhe a voz.
- Não, eu já esqueci. Eu já esqueci. Eu já esqueci.
Foi aí que ele se entregou. Foi para a beirada da poça e sentou-se. Não agüentava ficar em pé. Admitir era o que ele tinha que fazer. Seu conto fora diluído pela água.
Sua boca começou a tremer, seus olhos já trasbordavam.
A dor era insuportável, era como se tivessem-lhe arrancado um filho. O único filho.
Então a voz sussurrou para ele uma ideia. No mesmo instante, ele engoliu o choro. Havia uma saída, uma esperança. Seu coração voltou a bater acelerado. Por que ele não havia pensado naquilo?
Ajoelhou-se e aproximou a cabeça da poça. Abaixou-se mais um pouco, tocando os lábios na água lamacenta. Sugou. Sugou para que, segundo a voz, tudo o que a água tivesse tomado dele, ele tomaria de volta.

Foto de Carmen Vervloet

RITMO DA VIDA

Na cidade cinza, um pálido corpo desfolha
No mistério, da morte, que se aproxima lento
A lágrima orvalhada o rosto molha
A tristeza se arrasta pelo frio calçamento...

Ao longe no horizonte o sol se recolhe
Para recompor a energia derramada no dia.
O vento gelado debruça-se sobre a prole
Que cerra com sete chaves a alegria...

Nas ruas as luzes se acendem normalmente
Logo que as primeiras sombras se estendem
Os pirilampos tímidos cintilam no escuro
Sobre eras que tingem de verde os muros

Os céus parecem telhados iluminados
Inspirando, ardentes, os namorados
Envolvidos no manto doce do começo
Nas veredas que desconhecem o endereço

Os sonhos caminham por jardins orvalhados
Os pássaros fazem ninhos no beiral do telhado
O vento frio move as folhas em seu bailado
Enquanto os botões se abrem sossegados...

O poeta colhe na natureza a poesia
Pincela versos tingidos em estesia
Nos céus de luas prateadas
Que caem como raios nas calçadas.

Da janela ouve-se o gemido de um realejo
Tangem, na capelinha distante, os sinos
Enquanto a alegria dá um bocejo
A vida, isenta, entoa com ritmo seu hino.

Carmen Vervloet

Foto de KAUE DUARTE

o vento

Aconchegante vem de leve
Brisa da manha esplendorosa
Devagar desarruma meus cabelos
Com leveza vai ao longe
E torna a arrepiar a pele
Concentrada de grandes massas
Balança a poeira e leva a semente
Em busca da terra fecunda
Vai, volta torna a rodear
chacoalhando os pomares
derrubando as folhas secas
balbuciando em assovios
pondo a reinar em meio a todas as coisas
com certeza é ela que traz as chuvas
que de longe se vem derramar
derruba os frutos a quem os deseja
retira o calor da alma cansada
e Põe-se a desejar
com fagulhas faz fogueiras
alastra as chamas por onde sopras
vem poderoso, impetuoso
o mesmo que refresca o corpo
derruba casas e barreiras
te peço, vem como brisa e acalenta o tempo
vem formoso vento...............(kauê Jessé)

Foto de Fabricio silva

De ilusão em ilusão

Estou escrevendo esta carta para dizer que nunca te encontrei. Eu nunca estive onde você estava, onde você esteve. Minha margem era sempre o fundo do rio. Você insistia em voar de asa delta.

Ontem sentei novamente na ponta daquele quebra-mar. Lembrei das tantas vezes em que tudo era saber você. Lembra do universo que era meu corpo? Está implodindo, toda aquela escuridão de beleza, de prazer, de intimidade, está indo embora. Meu corpo (e isso é algo que me deixa triste) está voltando a ter a cor de sempre. Mas essa, essa cor não fica para sempre e você também não vai ficar.

Estou escrevendo esta carta porque o tempo é inevitável. Esta carta foi feita para ser perdida dentro de um livro esquecido na estante, para ser roída pela traça mais gordinha que a sua biblioteca tiver, para ser encontrada por escanfandristas (Ah! Chico Buarque...) quando o dilúvio vier e o sertão virar mar. Esta é uma carta feita para ser desfeita.

Ontem foi ontem novamente e eu lembrei de você pela penúltima vez. A última ainda está por vir, e não é essa. Ontem foi ontem, mas a minha sede, que você imbecilmente ignora, é de apenas um hoje feliz. É de um carinho que retorne para mim como o protetor solar espalhado nas suas costas. Eu também quero me proteger do sol. Quero que me protejam.

Estou escrevendo esta carta porque não paguei o telefone, esqueci dos prazos esperando que as nuvens refizessem a imagem do seu rosto. Estou escrevendo esta carta porque você não atende o telefone. Estou escrevendo esta carta molhado da chuva que tomei no orelhão.

Ontem ficará para trás, mas enquanto isso eu deixo esse dia ecoar no meu albúm de fotos imaginário. Irá diminuir, diminuir, passará de poster de 3 folhas, frente e verso, para uma fotografia 3 x4 no canto inferior esquerdo da página ímpar. Vai ser preciso separar com cuidado as folhas para não arrancar seu rosto dali. Enquanto isso, ocupe o espaço que quiser.

Estou escrevendo esta carta porque você não quer. Estou escrevendo esta carta porque não sei onde você está.

Escrevi esta carta, mas não sei como entregar.

Carinho,

Later.

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