Eu bem podia falar de novo,
vestir palavras novas a tudo...
E até pareceria que movo,
mas, na verdade, eu não iludo.
Não sei ao certo o que tenho agora,
do que foi outrora, inteiro não é.
Porque sinto, algo já não mora,
talvez a esperança, essa irmã da fé...
Sei que era presença constante
pela vida em nossa relação,
onde ia via-se o adiante
como se este estivesse a mão.
Também tristeza, já fez caminho
e deixou estranha calmaria,
da paixão ficou um tal carinho
que agora me faz companhia.
Bem que podia falar de tudo,
mas, nem sei mais do que falaria,
se nem eu sei do que me faz mudo,
buscando entender me perderia.
Fogo a arder que não consome,
seu queimar a pele, acaricia...
Feito um jejum em que a fome
faz mais forte, e não deveria.
Eu bem podia falar de novo,
mas, na verdade, eu não iludo.
Até pareceria que movo,
vestir palavras novas a tudo.