Festa

Foto de Carmen Lúcia

Desfile das Flores

Num reino encantado de olores e cores,
Onde a fantasia sugere poesia,
Desfilam faceiras, abertas aos amores,
As flores mais belas do “Rancho das Flores”.

Vem a margarida, tão cheia de vida,
Com saia de pétalas, girando, atrevida,
E a orquídea esnobe, altiva e rica,
Lembrando a nobreza da corte esquecida.

Agora...suspiros...rubores...pudores...
Maria-sem-vergonha, de ardores, fulgores,
Tão discriminada, até ultrajada...
Porque dá à toa...Que triste! Coitada!

Logo em seguida, o lírio do campo,
Com sua pureza, vestido de branco,
Recompõem-se as flores num clima de paz,
Recobram os valores, a moral se refaz!

A um certo perfume...silêncio total...
É a dama-da-noite, beleza fatal...
Atrás dela o jasmim, que saiu do jardim
Para a dama aplaudir...e sonhar...e sorrir...

E no ar, de repente, um calor eloqüente,
Faz as flores tremerem, suores intermitentes
Exalam fragrâncias,ao vê-lo à distância...
É o amor-perfeito com um cravo no peito.

Brilhante tal qual uma estrela, a papoula vermelha,
Fazendo “caras e bocas” a quem quiser vê-la,
Mas quem roubou os olhares foi a tulipa amarela,
Com boa postura,elegância e sua beleza singela.

O ponto alto da festa, momento de esplendor...
As violetas dançaram a “Valsa do Imperador”!
Só não se apresentaram as viçosas açucenas...
Perderam-se pelos caminhos por conta das cantilenas.

Chegaram as onze-horas colorindo a passarela,
Dando passagem a ela...à flor mais bela...
Curvaram-se todos em respeito à nobre donzela,
A rosa rainha de espinhos,suas sentinelas!

De repente...um acidente...e fala a bromélia:
-Caiu de cima do galho,a insinuante camélia!
Um chourão choramingando surgiu do jardim,
E com uma placa na mão anunciava:Fim!

_Carmen Lúcia_

Foto de Andrea Lucia

Alegria do Coração...(Andrea Lucia)

Alegria do Coração...(Andrea Lucia)

Tiraram a alegria do meu coração
Onde havia cor, virou escuridão
Não há mais vida, nem paixão.
A emoção foi toda recolhida
foi expulsa, ficou contida.
No lugar do vermelho ardente,
há uma cor pálida,
uma alma inválida,
dona de um coração carente.

Tiraram a felicidade do meu coração
Onde havia festa, virou solidão
Não há mais folia, nem diversão.
A harmonia foi destruída,
foi destroçada, ficou sentida.
No lugar da pulsação ardente,
há uma calmaria
uma alma vazia
dona de uma dor pungente.

Tiraram o brilho do meu coração
Onde havia ardor, virou frustração
Não há mais melodia, nem canção.
A alegoria foi desmascarada,
foi partida, ficou desmantelada.
No lugar da música ardente,
há um silêncio atroz
uma alma sem voz
dona de uma cantoria impotente.

Tiraram a beleza do meu coração
Onde havia pudor, virou perdição
Não há mais respeito, nem emoção.
O encanto foi quebrado,
foi perdido, ficou ameaçado.
No lugar da paixão ardente,
há somente melancolia
uma alma em agonia
dona de uma tristeza comovente.

Tiraram a alegria do meu coração
Onde havia amor, virou ingratidão
Não há mais sentimento, nem perdão.
A sensibilidade foi banida,
foi-se embora, ficou ferida.
No lugar do vermelho ardente,
há uma cor pálida,
uma alma inválida,
dona de um coração demente!

Foto de Andrea Lucia

Aquelas Tardes... (Andréa Lucia)

Aquelas Tardes... (Andréa Lucia)

Tenho saudades daquelas tardes:

Você tinha um compromisso profissional
E o nosso compromisso era apenas sexual...

Entrava correndo e apressado
Com um olhar desejoso e safado
Vinha logo me despir e me beijar
E ficávamos perdidos a nos amar

Eram momentos felizes e fugazes
Onde éramos lascivos e vorazes
Onde nos entregávamos com fúria
Transformando o amor em luxúria

Quando nossa festa se encerrava
Você sorria saciado e se levantava
Calmamente começava a se arrumar
O seu público estava a lhe aguardar

Guardo as lembranças daquele tempo
Meu pensamento é triste e só lamento
Não ter seu corpo e nem lhe pertencer
Não ser tocada na alma...não mais lhe ver

Tenho saudades daquelas longas tardes
Saudades das nossas loucas belas artes
Saudades dos risos e de todo contentamento
Ah...dá-me, novamente, seu instrumento!

Foto de andrepiui

Na Lata...

Um coroa muito louco
Cruzou o meu caminho
Com um cachimbo pindurado na boca
Chegou pra mim e disse filho
Esse mundo é uma doideira
Muitas minas eu já lasquei
Cabaços e bebedeiras
Todos os baseados eu já fumei
Eu sigo uma estrela
estampada no horizonte
Rock n roll a noite inteira
Quando acordei estava longe
Longe de minha casa
curtindo com uma gata
Em noite de lua cheia
Uma sereia me enfeitiça
e me leva pra casa
Quando chegamos em sua casa
Ela estava menstruada
E queria que eu ficasse na lata...

Na lata não ficarei,
Na lata não vou ficar
Venha linda sereia
pois de corpo e alma
quero lhe penetrar

A festa rolando a noite inteira
No fundo desse lindo mar
Peixe agulha piaba boi
Tubarão golfinho e baleia
Um enorme carangueijo
aparece para me falar
Com seus enormes tentaculos diz
O presidente eu quero matar
Chega de tanta corrupção
Marginalidade escola de ladrão
O bem e o mal se encontram
Dando uma nova cor a esse mundão
O coroa sentado na esquina
Com sua viola seguia a cantar
Na lata não ficarei
na lata não vou ficar
Venha linda sereia
pois em suas veias corre uma droga
que eu nescessito para respirar...
(André dos Santos Pestana)

Foto de andrepiui

Quem é Quem...

Queimaduras no corpo
Corpos no chão
Toalhas estendidas em varais
ondas no som
Fumaça se espalhando pelo ar
uma mente que não para de pensar
Quem é quem
milhões de perguntas
Respostas tento encontrar
O brilho da lua
refletindo o brilho do mar
Pessoas pelas calçadas
cabeças teimam a rolar
Um dia me disseram
para que eu nunca
deixasse de acreditar
Se o demônio é belo
Jesus é a olvelha
que não para de berrar
Convidando seu rebanho
para a festa no céu na terra
na água e no ar...

Musica espalhada pelo ar
Mais o homem é surdo
e não para pra escutar
Terra o barro
já não mais existe
Agora é cinzenta
em todo lugar
Um dia à casa cai
todos tropeçam
mas quem vai se importar
Puro mesmo só o bêbê
antes da 1°vez de mamar
Esfera estendida no universo
Processo continuo
trabalhando sempre a girar
Mentes poluidas
frutas podres
O fogo destroi o gelo
O telhado cai quem berrou 1°

Berra convidando seu rebanho
Berra cantarolando
coréografias feitas
por milhares de anjos
Espalhados por ai
Vagando sem conseguir dormir...
(André dos Santos Pestana)

Foto de Andrea Lucia

Encontros de Línguas...(Andrea Lucia)

Encontros de Línguas...(Andrea Lucia)

Quando nossas línguas se encontram
É uma festa, é uma delícia
Nada mais resta...
Só prazer e provocação
divertimento e tentação
com brincadeiras sem malícia.
Quando nossas línguas se tocam
é pura alegria, puro encanto...
Despertam euforia
descortinam meu manto
é um toque que arrepia
que incendeia cada canto.
Quando nossas línguas se descobrem
são línguas que provocam
línguas que se divertem
que encantam e pervertem...
É encontro que dá tesão
que deixa a boca salivada
que me deixa molhada.
Quando nossas línguas se alisam
são línguas aveludadas,
que bailam e deslizam
com danças ensaiadas
que despertam sensação
traduzindo emoção.
Quando nossas línguas se unem
no sublime ato de beijar
elas se acasalam, se embalam
se soltam, se fundem...
Se perdem de tanto amar!

Foto de angela lugo

Significado da páscoa

Festa tradicional associada a muitos fatos
Começou com os festivais pagãos da primavera
Pelo êxodo dos israelitas para o Egito
É a reunificação do espírito ao corpo de Jesus Cristo
Significando ressurreição e renascimento
Para o simbolismo de uma nova vida
É considerada uma festa cristã

É também associada à imagem do coelho
Por ser ele o símbolo da fertilidade
Pela sua enorme capacidade de reprodução
Formando grandes ninhadas em pouco tempo
Simbolizando também a quantidade de fiéis

E é também associada ao ovo devido à existência
De a vida estar intimamente ligada a ele que
Simboliza o nascimento assim pensava-se no
Antigo Egito e foi passando de geração a geração

Os ovos ofertados na Páscoa antigamente
Eram pintados em coloridos brilhantes representando
A luz radiante do sol...

Quanto aos de chocolate chegaram no século XX
Mas o chocolate em si já era adorado pelos
Maias e Astecas que o consideravam sagrado
Por ser ele afrodisíaco e tão valioso quanto o ouro
É tradicionalmente um presente recheado de significado...
Por ser comparado ao renascimento
de uma nova vida.

(Meus queridos amigos feliz Páscoa)

Foto de lookoutss

Cheiro de voce

Tem gente que tem cheiro de Lua nova.
De sol quando acorda e de flor quando ri.

Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa.
De brinquedo que faz a festa.
De passeio no jardim.
De tarde sem fim

Tem gente que tem cheiro de flor quando passa
Cheiro doce de alecrim,
Lembrei de seu rosto e de seu sorriso
E agora...
Sinto cheiro de saudade saindo de mim.

Foto de Lou Poulit

O Caminho é o Mestre.

Precisei viver muito, cair e levantar muitas vezes, para legitimar no meu silêncio a simples impressão de que tudo valeu a pena, por ter aprendido algumas coisas. Há tantos anos que nem me lembro mais quando foi, li sobre o conceito cabalístico de amor. Achei que era uma coisa muito bonita, mas impossível de se conseguir. Parecia um paradoxo existencial insolúvel, porque parece pressupor o sacrifício da individualidade própria e sem ela, ainda que consigamos pisar no horizonte, não poderia haver nisso um mérito nosso, já que não terá sido uma obra nossa. Guardei o conceito com carinho numa das últimas gavetas da alma.

Os anos se sucederam e através deles uma aparentemente infindável sucessão de logros e malogros, que deixavam uma coisa cada vez mais clara e insofismável, na minha alma obstinada e penitente: as melhores coisas que havia conquistado não eram aquelas pelas quais me dispusera a tantos sacrifícios, não eram a montanha, mas sim as que em algum momento me pareceram uma pedra suficientemente firme, para enterrar o cravo e continuar a escalada. E isso foi verdadeiro em literalmente tudo. Sabia exatamente o que queria e, quase sempre, soube encontrar meios de prosseguir. Mas não sabia o mais essencial.

Não sabia que nossas ambições são como uma miragem. Ainda que sejam alcançadas, podem durar bem pouco nas nossas mãos. Mesmo porque logo precisaremos desesperadamente de um novo objetivo, uma nova referência para que possamos canalizar nossa energia. Precisaremos fazer isso, ou teremos a impressão de que todo o universo, em seu legítimo direito de prosseguir, está nos atropelando lenta e minuciosamente. Talvez possamos parar para comemorar uma conquista, ou nenhuma conquista, como fazemos mais freqüentemente, e assim exercer nossa auto-estima, e simplesmente não querer mais nada. Porém não poderemos interromper a sucessividade das coisas, ou a transitoriedade de tudo.

Como não podemos assumir nenhum dos extremos do paradoxo, ou seja, não podemos ser Deus nem tão pouco um inútil grão de areia, a solução está necessariamente no meio do caminho entre um e outro. Não é como encontrar uma agulha no palheiro, ou um determinado grão na praia, é muito mais difícil que isso!

Às vezes, por minha própria experiência, tenho a impressão de que posso propor uma solução: desconcentrar o foco. No entanto, preciso esclarecer uma coisa da maior importância: Quando digo desconcentrar o foco não estou defendo nenhuma abstenção, negligência ou leviandade generalizada, como pode perecer. Mas sim, muito ao contrário, redistribuir o feixe, contemplando mais as pequenas coisas do caminho, que estão sempre tão perto da gente; e nem tanto no horizonte, em cuja distância o foco talvez se perca irremediavelmente.

Isso não é nada fácil, concordo, mas deve ser uma espécie de aliança profícua. Sim, uma aliança porque assim daremos ao universo a oportunidade de participar muito mais proveitosamente das nossas conquistas, de nos oferecer alternativas, enquanto damos a nós mesmos a oportunidade de exercer mais legitimamente o nosso livre-arbítrio. Porém, aqui cabe um alerta: Não se deixe iludir pelo seu conceito vulgar e tão divulgado: O tal livre-arbítrio, instituição criada a partir textos inspirados, não pode ser o direito absurdo de fazermos o que bem entendermos. Crer nisso seria subestimar a inteligência do Grande Legislador, depois de superestimar a nossa. Não é minimamente razoável.

Vejo isso da seguinte maneira: suponhamos que você tenha dito ao seu filhinho amado que parasse a brincadeira para fazer o dever de casa. As crianças nunca têm pressa para aprender. Na verdade, ao fazer seus exercícios, querem mais se livrar da obrigação do que aprender o que os adultos pensam ser necessário. Ora, se você lhe desse dois ou três cascudos mais alguns gritos, certamente ele faria os seus exercícios e alguma coisa sobre a matéria haveria de fixar na mente, além dos cascudos e gritos, claro. Mas tenho a mais cristalina convicção de que você se sentiria um pai/mãe muito melhor, se ele resolvesse fazer o dever e aprender por conta própria! Sem precisar de qualquer penalidade. A evolução dele e a sua satisfação seriam muito mais legítimos e perenes. Pois aí está, para mim, o sentido verdadeiro do livre-arbítrio, dentro dos limites da mente humana. Até onde a criatura e o criador eram uma coisa só, não poderia haver esse mérito. Então, porque resolvemos criar nossos próprios objetivos e expectativas, e engendrar os meios para isso, passamos a precisar dessa instituição. Porque Deus, que não pode ser um pai menor do que eu ou você, prefere não nos arrastar para casa pelos cabelos. Na verdade não se trata de uma liberdade, mas da oportunidade de escolher bem e com responsabilidade.

Então, juntando tudo, creio ter uma boa proposta. É simples e não tem o rigor hermético imposto pelas instituições dogmáticas, que também tendem a priorizar suas próprias necessidades: focamos o horizonte apenas para que tenhamos uma referência de direção; depois criamos focos nas pequenas coisas que estão em nós, à nossa volta, entre nós e na mesma direção que escolhemos. Sem perceber, estaremos abrindo mão de uma parte do nosso ego cabalístico, aquele que quer satisfazer a si próprio, entretanto, também estaremos sintonizando a energia cósmica, que quer satisfazer a toda criatura, humana ou não, que possa escolher, segundo as preferências de cada uma. Além de satisfazer, segundo a Sua preferência, a todas as demais que não podem escolher por si.

A polarização sexual dessa questão é muito bem representada por um mito antigo: Os deuses do Olimpo estavam prestes a se unhar, por não haver consenso sobre quem teria mais prazer no amor, se o homem ou a mulher (uma questão que, hoje, a ciência responderia facilmente). Então Zeus, tido como grande sedutor mas que, provavelmente, era um péssimo amante, mandou chamar um semi-deus, por sua vez tido como apaziguador. Não podendo recusar a missão que lhe fora confiada, este meditou um pouco e depois afirmou categoricamente (sem a tecnologia atual): Quem tem mais prazer no amor é a mulher... Liderado pela extremada deusa Hera, mui traída esposa de Zeus, o bloco dos feministas já estava começando a sua festa. Mas, olhando os olhares inchados de raiva dos machistas, ele completou: ... Mas o homem é quem o provoca. E assim, enquanto o bloco dos machistas fazia a sua festa, a enfurecida Hera cegou o pobre semi-deus. Na tentativa de ajudar os que queiram compreender melhor a inexplicável sabedoria dos antigos, aqui vão versos definitivos de Vinícius de Moraes, da sua “Brusca Poesia da Mulher Amada”:

“...E de outro não seja, pois é ela
A coluna e o gral, a fé e o símbolo, implícita
Na criação. Por isso, seja ela! A ela o canto e a oferenda
O gozo e o privilégio, a taça erguida e o sangue do poeta
Correndo pelas ruas e iluminando as perplexidades.
Eia, a mulher amada! Seja ela o princípio e o fim de todas as coisas.
Poder geral, completo, absoluto à mulher amada!”

O verdadeiro amor só pode ser isso: O sentimento de querer bem e de satisfazer as pessoas/coisas amadas. E para dar certo, basta que aquele que ama seja uma das pessoas amadas. Ponto passivo: não existe uma matemática humana para o amor, essa coisa de determinar de modo fixo um ponto entre os dois extremos. Tudo bem, mas não estaria exatamente nisso o mérito? Veja, essa exatidão fixa, humanamente lógica, redundaria em mais uma estrutura ideológica capaz de engessar a psiqué e atrair o foco para o ego. Ela não é necessária. Mais importa que se exerça a vida, a alma, que se ame e que se cresça. A alma é o maior objetivo, o amor é o meio mais eficiente, e o caminho, quanto mais escuro mais guarda estrelas: É o mestre!

Foto de NiKKo

CEU e BRISA DO MAR

Um dia a Natureza
Em uma brincadeira sem igual
Resolveu dar asas a sua imaginação
E deixou acontecer um romance astral.

Permitiu que o Céu que andava solitário
Encontrasse alguém para amar
E como teria que ser algo livre
Deu a ele a Brisa do Mar.

E o Céu que andava tão triste
Descobriu o caminho da emoção
Entregando-se por dias inteiros
A loucuras que dominava seu coração.

A Brisa do Mar por sua vez
Sabia que não poderia nunca se prender...
Mas naqueles dias quentes de primavera
Não tinha como ao amor não se render..

Juntos viveram momentos de pura beleza
Caminhavam de mãos dadas nos jardins de ilusão,
Seus dias se transformaram em festa..
Envolvidos em doce e mágica sedução...

Mas esse encontro permitido pela mãe Natureza
Tinha que ser fulgaz por se turno
Por isso um dia qualquer foi embora a Brisa do Mar,
Deixando o Céu....triste e Noturno.

Mas o Céu não esquece a Brisa
Que um dia enche-lhe de luz e calor...
Guardando dela em seu peito....
Lembranças saudosas de um amor.

Páginas

Subscrever Festa

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma