Festa

Foto de Marcelo Souza

Depois das 21

O que você vê quando as luzes se apagam, e qual o manto te cobre na noite fria?
Como se sente quando ecoa a voz da solidão dizendo: é tarde já foi embora a visita?

Que som você ouve quando a musica acaba? E na programação só reprises e comerciais.
Como se sente quando batem na tua porta pensamentos: O que devia ter feito, ter dito, pra dizer não terei chances mais?

O que fiz de errado? Você pergunta.
O que há de errado? Você pergunta
O que não fiz? O que fiz?

O que te alegra quando a ultima piada já foi contada?
Como se sente quando passa a mão no lado vazio da cama?
Só esperança logo virá outro dia, terminará outro dia quem dirá que te ama?

O que você pensa quando a porta do quarto é fechada, e então sem receio de platéia se abraça com as lagrimas?
Erro na escolha ou apenas se escondeu dela?
Quis tudo e tudo sempre foi nada.
Como bate teu coração quando a festa acaba?

O que fiz de errado? Você pergunta.
O que há de errado? Você pergunta.
O que não fiz? O que fiz?

Em que ritmo você dança quando a valsa já não é mais tocada?
Onde está teu par do baile para te levar para casa?
Quem te escreverá, quem terá palavras belas a te dizer?
Dentro do peito um coração e dentro deste você.

De quem ouvirá historias, e as tuas a quem contará?
Fim de festa e retorna pra sozinha pra casa.
O que não fiz? O que fiz?
Como se sente quando passa a mão no lado ocupado mas vazio da cama?
Só esperança logo virá outro dia, terminará outro dia quem dirá que te ama?

Foto de Zedio Alvarez

Garota Geométrica

Quero resolver um teorema
Para solucionar um problema
Qual seria a formula usada?
Para traçar uma bissetriz dos pés até o nariz

Você é uma simetria
Dentro da geometria
Seu perfil é vertical
Prefiro na horizontal

E as três circunferências?
A cabeça de forma arredondada
A bunda tem duas bolas
A altura, uma formosura

A boca seria um trapézio
Que em junção com outra
Chegaria a um sólido exato
De um ponto equilibrado

Teu nariz tem um ângulo
Teus braços e pernas são paralelos
Teus olhos são círculos
E as orelhas losangos

Seus seios são dois cones
Com dois pontos eriçados
Mirados para um lado
Convidando para serem tocados

E as parábolas?
Seriam seus cabelos ondulados
Abrindo uma aresta
Farei uma festa

Encontrarei o vértice do seu corpo
Com a base do retângulo
Calculando a mediatriz do triângulo
Com a ajuda do pi radiano

Você tem reta, tem meta
Tem prisma e tem vida!
Achando o valor da hipotenusa,
Serás minha eterna musa

Foto de laurinda malta

Corpo em pijama

Corpo nascido vestido,
De um querer primitivo,
Sexo na parra escondido,
Desejo nas estrelas evadido.

E nesse pijama selvagem,
Feito da mais bela parra,
Fala o sexo em voltagem,
Em festa de grande farra.

Som manso, helicoidal lunar,
Vénia romântica a florescer,
Pijama supérfluo atrapalhar,
O vício fisiológico a crescer.

Corpo de roupas coloridas,
Fluxo em auge escaldante,
Carapaça carmim de formigas,
Num corpo vestido de amante.

Pijama de parra de vide,
Noite vestida de amor;
Pijama a vestir o cabide,
Cabide de alma em ardor.

Foto de Carlos Donizeti

Os últimos Cantos

Já me vestiram para a festa
os convidados aos poucos chegam.
Todos adornados de preto
ao invés de balada, choros.

Lamentações, remorsos.
nesta noite, eu sou o astro principal.
E ninguém vai querer me imitar,
minhas musicas, poesias ou vida passada.

A crepúsculo já é espesso e vazio
Já não tem o bolero, tango e a valsa
O samba pagode ou funk
Nem bebidas, aqui só café

Nesta noite, de madrugada
Já estou seguindo a estrada
Em breve serei pó e vento
E uma Historia nos livros
Para alguns, talvez um alento

http://carlosdonizeti.blogspot.com/

Foto de Samoel Bianeck

Jogral da Solidão

-I-
Solidão; porque coloca esta sua mão fosca
sobre minha inocente cabeça?
Destilas a tua seiva, não doce, que vai ao poucos
se misturando com meus maus pensamentos
e descem lentamente até meu coração.
Nada te fiz - porque me persegues?
---
Olha quem diz; sou a solidão sim; mas é você quem me segue.
Estou sempre a seu lado – sou tua aprendiz.
Nunca amaldiçôo quem na minha frente não se ajoelha.
II
Me enganas, sua loba com pele de ovelha,
Invades o meu ser e ainda me aconselha!
Espedaça a minha vida; fico sangrando então se apresenta
- camuflada de remédio.
Me arrebata para o tédio; te trago e me sufoca no isolamento.
Em minha pele injeta seu veneno - não suporto este tormento.
---
Sou um pleonasmo inverso – “a bebida que você não bebeu”.
Sou gustativa - “a delícia de mulher” que você não degustou.
Sou utopia da sensação - “o corpo que você não sentiu”.
Sou o paradoxo da companhia – “comigo; sempre estará só”
III
Não entendo teu linguajar, basta; já esta me arrancando tudo.
Sinto ira; ordeno, suplico - alguém me conte uma mentira!
Grito; vou para rua, lá você está, como um rolo compressor.
Não ouve meu brado; me esmaga, tritura – fico quebrado.
Levanto arrasado e você só diz – veja mais um pobre diabo!
---
Sou a mescla rara de um néctar maldito - tudo que te magoa.
Sou a mãe da tristeza - filha primogênita da angustia.
Me chamaste; vem tristeza - agora sou sua pele, “sua beleza”.
Me atiras para o alto; sou bumerangue – circulo com teu sangue.
--IV--
Sigo a rua, estou só, mas você me segue e grita – não esqueça de mim.
Olha um manequim: escute estão rindo, não tem ninguém - só pode ser de mim.
Sussurras no meu ouvido; sou invisível, é de você; viro e olho para eles.
Fazem cara de sério, não digo nada, mas te interrogo – eles são felizes?
Sim; não sabem que vão morrer; só porquê estão rindo?
---
Porque usas de metáforas para me atingir? Vai indo!
Teus passos sabes dirigir? – acha que agora vou rir.
Estou aqui para: com dor te atingir – não vou fingir.
Nem pense que vou te acudir, no chão pode cair.
Tenho uma missão a cumprir - tenho que te punir.
--V--
Logo decido, vou seguir - mas como posso?
Você é uma sombra, me segue como fantasma – não posso fugir.
Angustia-me, me faz mal, olha a manchete no jornal
– a felicidade está mais à frente.
Mas não sou crente, me empreste o pente, não te; esqueça
– nunca mais coloque a mão sobre minha cabeça.
---
Conheço tuas sensações tácteis – e sempre estarei te atormentando.
E fui, eu fiz, eu sou, tudo de bom que você queria ter vivido
pequenas e grandes coisas, um amor querido – sem viver, ficou inibido.
Alguém querido que não ajudou – uma conquista interrompida.
-VII--
Escute é a voz do mar; na esquina vou virar - acho que é lá seu ninho.
Chupo-te como uva, urino no esgoto - mas voltas com a chuva.
Tenho preguiça; tento correr e me seguras - como a areia movediça.
Na hora derradeira; sem querer te chamo de companheira.
Sei que és a antítese – do meu viver sem vida.
---
Esqueceu; sou o acróstico das iniciais de todos os teus males.
Mas lembre-se; sou tua companhia mais sociável - não te deixo ao léu.
E nem te quero no mausoléu – sempre te alcanço um chapéu.
--IX--
Esta é boa, agora você é meu anjo da guarda, minha amante.
Lembrei estou precisando é de uma amante, duas ou três
– quem sabe a solidão espante.
Estou ilhado preciso de alguém, vou ver uma boneca ou uma madona
- se não tiver vou para zona.
Vejo uma; grito; estou aflito - vem meu amor, me tira da solidão.
---
Engana-se; sou insubstituível; nem amor, dor ou pudor.
Sou a esfinge; ninguém me decifra; não tenho cor – sou ilegível.
Sem pudor dou a luz à angústia – e batizam meu filho de dor.
--X--
A festa acabou, vem comigo - mas não sei aonde vou.
Virei olhando seu rosto; uma lágrima rolou; ela chorou - que foi?
Tu és uma flor; sim mas você vai - a solidão me atacou.
Sai em silêncio, bati a porta, corri, gritei, adeus - nunca mais solidão.
Deixei-a com ela, ela ficou com minha solidão - estou livre!
Como um pássaro; quase seminu - atirei minha penas para o ar.
---
Pare, pare, aquela solidão era a dela - eu sou a sua.
Cada um tem a sua companheira que é a solidão verdadeira.
Sempre te acompanhei, acompanho - nunca largarei.
Senta ai e se acalme, volte a ser triste – nada de alarme!.
--XII--
Se cada um tem a sua; porque ninguém gosta da solidão?
Quero distância, vou embora - você é bem sem elegância.
Há quem se queixe; nas festas, nos amores – lá você está presente.
Veja quanta gente; fernandinhas e caubóis – mas tua marca os corrói.
---
É filho; estou com os poderosos, incapazes e medrosos.
Nova; sou invisível, nada aparece, com o tempo meu ser se fortalece
– junto com tuas desilusões meu poder cresce.
Sou abstrata, imaginária mas todos sentem o peso de minha mão
– minha maldade sempre aparece.
--XIII--
Não me chame de filho. Alguém disse que você é a praga do século.
Tem muita gente sofrendo por tua causa, até se matam ou matam.
Você leva a depressão; a tristeza, que deve ser tua irmã ou irmão.
Toda vez que sua sombra cinza visita um ser - sempre rouba um pouco.
Solitário ou nas festas, sempre tem alguém sofrendo – aqui acolá.
---
Amigo; nós da família solidão não temos culpa – cada vez tem mais espaço.
Estamos só cumprindo nossa função; tem gente que vive em uma eterna solidão
- sempre me chamam com a droga, intrigas, brigas – dizem que são amigas.
Você é um que sempre fica comigo. A propósito gostou de te chamar de amigo?
--XIV--
Amigo está melhor; já que não posso me livrar - vou te aceitar.
Chamarei-te de Teresa, ela também cansa a minha beleza.
Responda-me com certeza; e esta gente que só enxerga seu umbigo?
Sim mesmo aquele que se dizem bravos; também são seus escravos?
---
Amigão; para estes tipos de coisa eu nem ligo, são estúpidos sem receio.
Cá entre nós; são os que mais vivem a sós - e para solidão é um prato cheio.
Não invento, e ao ver eles afundando na amargura – só contemplo.
Ainda é tempo, me entenda; me aceite como sua amiga – sou pura.
Fico má, te afogo no veneno quando você quer – o sabor é da tua mistura.

Foto de Samoel Bianeck

Jogral da Solidão

-I-
Solidão; porque coloca esta sua mão fosca
sobre minha inocente cabeça?
Destilas a tua seiva, não doce, que vai ao poucos
se misturando com meus maus pensamentos
e descem lentamente até meu coração.
Nada te fiz - porque me persegues?
---
Olha quem diz; sou a solidão sim; mas é você quem me segue.
Estou sempre a seu lado – sou tua aprendiz.
Nunca amaldiçôo quem na minha frente não se ajoelha.
II
Me enganas, sua loba com pele de ovelha,
Invades o meu ser e ainda me aconselha!
Espedaça a minha vida; fico sangrando então se apresenta
- camuflada de remédio.
Me arrebata para o tédio; te trago e me sufoca no isolamento.
Em minha pele injeta seu veneno - não suporto este tormento.
---
Sou um pleonasmo inverso – “a bebida que você não bebeu”.
Sou gustativa - “a delícia de mulher” que você não degustou.
Sou utopia da sensação - “o corpo que você não sentiu”.
Sou o paradoxo da companhia – “comigo; sempre estará só”
III
Não entendo teu linguajar, basta; já esta me arrancando tudo.
Sinto ira; ordeno, suplico - alguém me conte uma mentira!
Grito; vou para rua, lá você está, como um rolo compressor
Não ouve meu brado; me esmaga, tritura – fico quebrado.
Levanto arrasado e você só diz – veja mais um pobre diabo!
---
Sou a mescla rara de um néctar maldito - tudo que te magoa.
Sou a mãe da tristeza - filha primogênita da angustia,
Me chamaste; vem tristeza - agora sou sua pele, “sua beleza”.
Me atiras para o alto; sou bumerangue – circulo com teu sangue.
--IV--
Sigo a rua estou só, mas você me segue e grita – não esqueça de mim.
Olha um manequim: escute estão rindo, não tem ninguém - só pode ser de mim.
Sussurras no meu ouvido; sou invisível, é de você; viro e olhos para eles.
Fazem cara de sério, não digo nada, mas te interrogo – eles são felizes?
Sim; não sabem que vão morrer; nem porque estão rindo?
---
Porque usas de metáforas para me atingir? Vai indo!
Teus passos sabes dirigir – acha que agora vou rir.
Estou aqui para: com dor te atingir – não vou fingir.
Nem pense que vou te acudir, não chão pode cair.
Tenho uma missão a cumprir - tenho que te punir.
--V--
Logo decido, vou seguir - mas como posso?
Você é uma sombra, me segue como um fantasma – não posso fugir.
Me angustia, me faz mal, olha a manchete no jornal
– a felicidade esta mais à frente.
Mas não sou crente, me empreste o pente, não te; esqueça
– nunca mais coloque a mão sobre minha cabeça.
---
Conheço tuas sensações tácteis – e sempre estarei te atormentando.
E fui, eu fiz eu sou, tudo de bom que você queria ter vivido.
Pequenas e grandes coisa, um amor querido – sem viver, ficou inibido.
Alguém querido que não ajudou – uma conquista interrompida.
-VII--
Escute é a voz do mar; na esquina vou virar - acho que é lá seu ninho.
Te chupo como uva, urino no esgotos - mas voltas com a chuva.
Tenho preguiça; tento correr e me seguras - como a areia movediça.
Na hora derradeira; sem querer te chamo de companheira.
Sei que és a antítese – do meu viver sem vida.
---
Esqueceu; sou o acróstico das iniciais de todos os teus males.
Mas lembre-se; sou tua companhia mais sociável - não te deixo ao léu.
E nem te quero no mausoléu – sempre te alcanço um chapéu.
--IX--
Esta é boa, agora você é me anjo da guarda, minha amante.
Lembrei estou precisando é de uma amante, duas ou três
– quem sabe a solidão eu espante.
Estou ilhado preciso de alguém, vou ver uma boneca ou uma madona
- se não tiver vou para zona.
Vejo uma; grito; estou aflito - vem meu amor, me tira da solidão.
---
Engana-se; sou insubstituível; nem amor, dor ou pudor.
Sou a esfinge; ninguém me decifra; não tenho cor – sou ilegível.
Sem pudor dou a luz à angústia – e batizam meu filho de dor.
--X--
A festa acabou, vem comigo - mas não sei onde vou.
Virei olhando seu rosto uma lágrima rolou; ela chorou - que foi?
Tu és uma flor; sim mas você vai - a solidão me atacou.
Sai em silêncio, bati a porta, corri, gritei, adeus - nunca mais solidão.
Deixei-a com ela, ela ficou com minha solidão - estou livre!
Como um pássaro; quase seminu - atirei minha roupas para o ar.
---
Pare, pare, aquela solidão era a dela - eu sou a sua.
Cada um tem a sua companheira que é a solidão verdadeira.
Sempre te acompanhei, acompanho - nunca largarei.
Senta ai e se acalme, volte a ser triste – nada de alarme.
--XII--
Se cada um tem a sua; porque ninguém gosta da solidão?
Quero distância vou embora você – é bem sem elegância.
Há quem se queixe; nas festas, nos amores – você está presente.
Veja quanta gente; fernandinhas e caubóis – mas tua marcas os corrói.
---
É filho; estou com os poderosos, incapazes e medrosos.
Nova sou invisível - nada aparece, com o tempo meu ser se fortalece
– junto com tuas desilusões meu poder cresce.
Sou abstrata, imaginária mas todos sentem o peso de minha mão
– minha maldade sempre aparece.
--XIII--
Não me chame de filho. Alguém disse que você é a praga do século.
Tem muita gente sofrendo por tua causa, até se matam ou matam.
Você leva a depressão; a tristeza, que deve ser tua irmã ou irmão.
Toda vez que sua sombra cinza visita um ser - sempre roubas um pouco.
Solitário, nas festas, sempre tem alguém sofrendo – aqui acolá.
---
Amigo; nós da família solidão não temos culpa – cada vez tem mais espaço.
Estamos só cumprindo nossa função; tem gente que vive em uma eterna solidão
- sempre me chamam com a droga, intrigas, brigas – dizem que são amigas.
Você é um que sempre fica comigo. A propósito gostou de te chamar de amigo?
--XIV--
Amigo está melhor; já que não posso me livrar - vou te aceitar.
Te chamarei de Rodrigo, pelo menos rima com quem
- da felicidade é mendigo.
Agora te pergunto ou digo; e esta gente que só enxerga seu umbigo?
Mesmo aquele que se dizem bravos; também são seus escravos?
---
Amigão; para este tipos de coisa eu nem ligo, são estúpidos sem receio
Cá entre nós; são os que mais vivem a sós - e para solidão é um prato cheio.
Não invento, e ao ver eles afundando na amargura – só contemplo.
Ainda é tempo, me entenda me aceite como sua amiga – sou pura.
Fico má, te afogo no veneno quando você quer – o sabor é da tua mistura

Foto de Neco

364 Dias

Como é tão severo e ingrato este dia, porque tivesse que surgi em min vida.

Sinto - me preso, engaiolado sem saber como prosseguir será que devo parabenizarte neste dia e comemorar ao teu lado tal momento, mesmo sabendo que por algumas horas, sabendo que no outro amanhecer voltara a ser como antes. Será que ao cessa a festa e o ultimo convidado for embora ao repousar-te em seu deleito e refletir o que viveu e passou as experiências vividas e somadas em sua grande e ainda longa jornada consiga desperta e dar o devido valor a quem sempre quis teu bem e prosperidade ou calo meu coração e digo para te esquecer, tornando -se assim uma vaga lembrança que às vezes teima em vir à superfície.

Não sei bem ao certo o que devo escolher, mais espero que seja melhor, que esperar angustioso tal data anunciar-se, para covardemente em anonimato te enviar uma bela mensagem, te desejando o mais profundo e sinceros votos, onde tal atitude a qual deveria realizar, de alma e peito aberto sem mascaras ou anonimato.

Foto de Edson Rodrigues Simões Diefenback

Saudades

Ando com saudades de café com pão;
de namorados dando beijinhos no portão;
de pedir bênção a pai e mãe (Deus te abençoe);
do sinal-da-cruz que fazia quando passava na frente da igreja;
de ver um varal cheio de roupa com cheiro apenas de sabão;
de ver alguém sorrindo enquanto lava a louça com bucha vegetal;
de sentir respeito pela polícia;
de cantar o Hino Nacional com mão no peito e lágrimas nos olhos;
de acreditar que o Brasil ganhou a Copa do Mundo porque jogou direito;
de saber que o Zezinho, filho do porteiro, não vai morrer de dengue;
e que Maria feirante poderá ter um filho médico.
Saudades de homens que usavam apenas o assobio como galanteio.
Fiu-fiu!

Morro de saudades do tempo em que um presidente de uma nação
era o mais respeitado cidadão do país.
Que cadeia era lugar só de ladrão.
Acho que andaram invertendo a situação.

Ando com saudades de galinha de galinheiro;
de macarrão feito em casa com tempero sem agrotóxico;
de só poder tomar guaraná em dia de festa;
de homens de gravatas;
de novela com final feliz;
de pipoca doce de pipoqueiro;
de dar bom-dia à vizinha;
de ouvir alguém dizer obrigado ao motorista e ele frear devagarinho,
preocupado com o passageiro.
Saudades de gritar que a porta está aberta para os que chegam.
Um saco destrancar tanto papaiz.

Saudades do tempo em que educação não era confundida com autenticidade.
Hoje, se fala o que quer em nome de uma
“tal” verdade e pedir perdão virou raridade.

Ando com saudades de ver no céu pipas não atingidas pelo efeito estufa.
Saudades das chuvas sem acidez, que não causavam aridez.
Saudades de poder viajar sem medo de homem-bomba,
de ser recebida com pompa em outra nação.

Atualmente, reina a desconfiança no coração.
Sinto muitas saudades do rubor das faces de minha mãe
quando se falava de sexo totalmente sem nexo.
Hoje, ele é tão banal que até eu banalizei.
Acho que a maior saudade que tenho é a saudade de tudo que acreditei.
Para minha filha não poderei deixar sequer a esperança.
Hoje, já não se nasce criança.

Foto de LA-YS

vida(calma).

Meu mundo de Maria
Entre mares doces e salgados rios...
Me encontro na incorreta caligrafia...
Desde sempre diriam os lírios

Campo extenso, mata fechada...
Pretos olhos sobre a neblina...
Viajo em uma encrusilhada...
Danço muita festa junina

Montes na floresta acampada...
Vida repentina, cheia de idas
Mimada brincadeira, queimada...
Talvez amor seja duas ilhas..

Uma extensa morbita de solidão...
E outra pequena de gestos de gratidão
Vida brasileira, vida de garincho...
Garinchos que fazem a vida valer a pena...

Lays

Foto de Ana Botelho

CANTO PLANGENTE

Vivo rasgendo o tempo
Com melodias e versos
Para quem os ouve e sente
São estrelas esquecidas
Restos de amores doridos,
Entre sarças e essências
Em idas e vindas infindas,
Nos campos esparsos da vida.

Para um e outro tempos
Guardo a alegria e a angústia
E sonho continuamente
Com um dia de festa sem fim,
Onde terão não apenas as minhas violetas,
Mas também, o teu sândalo e o jasmim,
Acenando para tanto tormento
Saindo para sempre de mim...

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