Num reino encantado de olores e cores,
Onde a fantasia sugere poesia,
Desfilam faceiras, abertas aos amores,
As flores mais belas do “Rancho das Flores”.
Vem a margarida, tão cheia de vida,
Com saia de pétalas, girando, atrevida,
E a orquídea esnobe, altiva e rica,
Lembrando a nobreza da corte esquecida.
Agora...suspiros...rubores...pudores...
Maria-sem-vergonha, de ardores, fulgores,
Tão discriminada, até ultrajada...
Porque dá à toa...Que triste! Coitada!
Logo em seguida, o lírio do campo,
Com sua pureza, vestido de branco,
Recompõem-se as flores num clima de paz,
Recobram os valores, a moral se refaz!
A um certo perfume...silêncio total...
É a dama-da-noite, beleza fatal...
Atrás dela o jasmim, que saiu do jardim
Para a dama aplaudir...e sonhar...e sorrir...
E no ar, de repente, um calor eloqüente,
Faz as flores tremerem, suores intermitentes
Exalam fragrâncias,ao vê-lo à distância...
É o amor-perfeito com um cravo no peito.
Brilhante, qual estrela, a papoula vermelha,
Com “caras e bocas” pra quem quiser vê-la,
roubando olhares, a tulipa amarela,
Com sua postura,elegância... beleza singela.
Ponto alto da festa, momento de esplendor...
Violetas dançaram “Valsa do Imperador”!
Não se apresentaram as viçosas açucenas...
Perderam-se nos caminhos por conta das cantilenas.
Chegaram as onze-horas, colorindo a passarela,
Dando passagem a ela...à rosa... flor mais bela...
Curvaram-se todos em respeito à donzela,
Rosa rainha...e os espinhos... sentinelas!
De repente...um acidente...Noticia a bromélia:
-Caiu de cima do galho, a insinuante camélia!
Um chourão choramingando surgiu do jardim,
Com uma placa na mão anunciava:Fim!
_Carmen Lúcia_