Espada

Foto de Rosamares da Maia

CRÔNICAS DA SAUDADE – Memoriando

CRÔNICAS DA SAUDADE – Memoriando
O olhar dela vaga perdido no horizonte tentando encontrar na memoria desencorajada os arquivos das lembranças do passado e nelas um rosto amigo. De repente, da nevoa branca, no fundo da sua cabeça, sai correndo um menino assustado, de joelho ralado e sangrando. O menino berra enquanto as lágrimas escorrem da carinha suja.
Chora pedindo abrigo, buscando socorro, mas também com medo do remédio. Grita:
- Não mãe! Mertiolate não!
Ela, meio do bem e meio do mal, presta socorro, mas, também se vinga das artes do menino, exercendo sua cura, meio feitiçaria - amor e castigo.
Novamente a memoria falha. Mais que droga! O olhar passeia por tempos intangíveis. Novamente ele, de capa e espada. Agora é Nacional Kid! Com bronquite e pneumonia. Meu Deus! Quanto trabalho deu este menino.
Confuso e atrapalhado, baixo rendimento escolar, aos saltos e empurrões, salvo de apanhar nas brigas compradas pela irmã, lá foi ele. Finalmente chegou lá, venceu a corrida do jeito que deu, um dia de cada vez. Trabalho, casamento. Quem diria! O menino do "patinete vermelho" virou gente grande, Homem. Gente muito complicada é claro.
A memoria apaga de novo, ou não. Quem sabe agora ela prefira pular certos pedaços da vida? Culpas à parte tinha tentado fazer o seu melhor, era o que podia e sabia fazer, o que tinha a oferecer. Ninguém consegue doar o que não tem.
Afinal de contas, um filho é produto de dois, portanto somente cinquenta por cento das culpas lhe cabiam e pecou sempre pelo excesso, das chineladas, correadas e das palavras. É somente pelo excesso, nunca pela omissão. Esta fazia parte dos outros cinquenta por cento.
Mas por onde andará nestas horas o menino? Não precisará de curativo nos joelhos?
De dentro da bruma densa da memória podia ouvir o silencio. Era tão profundo que doía. Vem sem passos, sem gritos, risos ou lágrimas. Nada!
Traída pelo confuso entendimento, esquecendo os complementos que encadeiam os elos da sua história, tristemente se questiona:
- Será que um dia houve mesmo este menino? Ou será que só imaginou?
Menino, menino, sou eu quem te digo - um dia ela vai se esquecer de você totalmente.
‘ Rosamares da Maia

Foto de Francisca Lucas

A palavra é...

***

"Antes de você falar, ouça.
Antes de agir, pense.
Antes de criticar, conheça.
E antes de desistir, tente."

A palavra é 'uma espada
de combate,
...As vezes até
Mata...

***

Foto de Carmen Vervloet

O Gemido das Águas

O choro vão da água tristonha
Na sua escassez de cada dia
Já não desperta no homem a vergonha,
De devastar sua fonte de vida e energia.

Tão desperdiçada a pobre coitada,
Contaminada por lixo e poluição...
Sobre ela ameaça o gume da espada
Empunhada pela mão de quem não ouve a razão.

Corre em seu leito gemendo tanta dor
Golfando o lixo que a sufoca e mata...
Este outono mudou mais e mais sua cor,
Tirou-lhe o brilho cor-de-prata!

E triste ando pelas margens ermas
Recordando sua abundância do passado
Sentindo a desolação das águas enfermas
Enquanto sinos dobram aos finados.

Foto de Rosamares da Maia

CRÔNICAS DA SAUDADE - O Cantar do Galo

CRÔNICAS DA SAUDADE – O cantar do Galo.
De repente ouço um cantar de galo ao longe e o inusitado no mundo urbano abre uma porta para uma enorme nostalgia. Instalada no meu peito sem pedir licença, ela dói de forma aguda. Fecho os olhos, encho o peito de ar num suspiro profundo e como num filme, vejo caminhos de terra batida, dourados pelo sol em claridade tão intensa e morna que quase consigo materializar o momento. Vejo laranjeiras, goiabeiras, sinto o cheiro do mato orvalhado pelo sereno das madrugadas e flores e folhas se embebedando. O galinho que canta ao longe de forma repetida, insistente faz meu peito se abrir sem quer, ardendo de uma saudade com gosto de infância, de avó lavando roupa na tina de madeira do fundo da casa.
Tina de madeira para lavar roupas. - Alguém mais já viu isto? Eu lembro nitidamente, tinha um pedaço de madeira com costelinhas que se enfiava dentro da tina para o esfregaço. Vejo a enorme pedra arredondada bem no meio do terreiro desafiando o tempo. A pedra instalara-se ali, como prova material de que algum dia tudo naquele espaço fora um oceano.
Todos nós crianças e netos ou não, adorávamos brincar naquela pedra, e certamente ela, testemunhou muitas outras infâncias. Subíamos, pulávamos e caiamos. Meu irmão que sempre quis ser super-herói improvisava uma capa nas toalhas de banho ou algum outro pedaço de pano que estivesse para lavar e voava da pedra com sua espada de cabo de vassoura para salvar o Mundo.
A cantoria do galinho indigente que agora escuto, somente no sentido de remexer as entranhas da saudade, trouxe-me neste exato momento o cheiro da madeira queimando no fogão de lenha e do feijão, cozendo na panela de ferro, feijão que meu irmão um dia mexeu com um pedaço de pau em brasa, lenha do fogão. Minha mãe quis pegá-lo de tapas, mas minha avó, somente riu com as bochechas avermelhadas e mandou que ele fugisse para não apanhar dizendo: “Ora deixa o menino, isto é coisa de criança”. Ela protegia todos os netos, perto dela ninguém levava tapas palmadas, surra então, nem pensar.
Tenho saudade do meu irmão que hoje sequer fala comigo, mesmo estando ao alcance do meu abraço, pois ambos esquecemos como se abrem os braços e se abraçam fraternamente os irmãos. Do menino franzino que não conseguiu salvar o Mundo, nem mesmo o nosso pequeno mundinho. Estou com saudades da minha avó conciliadora, que jamais deixaria isto acontecer, mas ela, não está mais aqui e tudo mudou. Tem uma eternidade que não vou ao terreiro dos fundos da casa de minha avó, nem sei se aquela pedra existe mais. - Será que virou concreto? Sei que há muito deixou de existir a cozinha feita de “barro a sopapo”, com o fogão de lenha e as panelas de ferro em cima, cozendo com amor para a família.
O sol nasce a cada dia e continua banhando os caminhos. São ruas asfaltadas, cimento e concreto e ele, queima de forma impiedosa e dolorida a minha pele, não me faz carícias como no tempo de criança. De repente o cantar insistente do galinho me desperta do mundo para o qual me levou, lembrando abruptamente, num suto, de que eu também deixei de ser criança.
Rosamares da Maia

Foto de Rosamares da Maia

Réquiem a Dom Quixote

Réquiem a Dom Quixote.

Quem és tu Cavaleiro e nobre Senhor?
Sob o manto da triste figura de cavalheiro andante,
Vagas no deserto da razão entre as lufadas do vento,
Combates os gigantes dos moinhos em delírio errante.

Quem és Cide de alma nobre? Que riqueza aspira?
Combates pela prenda de uma formosa dama?
Por ela enlouquecestes em bravatas sem sentido.
E perpetuas histórias de quem sem sentido ama.

Sob a jocosa razão de teu fiel escudeiro fustigas a fera.
Desvario entre sentido e visões dos moinhos de letras.
Ensandecendo enquanto em seu amor reconstrói a glória.
Veste a grotesca armadura e empunha a espada da quimera.

Parte e recompõe a dignidade trazida do baú da memória.
Manda sempre notícias dos feitos e conquistas a tua amada.
De cada um deles lhe dá conta, para que honre a tua vitória.
Pois é ela e somente ela a razão desta tua insensata jornada.

E um dia, finalmente, quando a tua consciência renascer,
Tendo o teu fiel Sancho encarnado a tua triste figura,
Vagando dentre os ventos dos moinhos em trilha inglória.
Deita na tua cama pobre o corpo cansado para morrer

Sobe aos céus no cortejo fúnebre de guerreiros gigantes.
Com todo o coral de mouros e anjos a te reverenciar.
Repousa o teu corpo magro e gasto em carruagem celeste.
Deixa a dama de Toboso te perfumar em branca veste
Pois hoje, finalmente, ela sabe e está pronta para te amar.

05 de setembro de 2013.
Rosamares da Maia

Foto de Rosamares da Maia

Réquiem a Dom Quixote

Réquiem a Dom Quixote.

Quem és tu Cavaleiro e nobre Senhor?
Sob o manto da triste figura de cavalheiro andante,
Vagas no deserto da razão entre as lufadas do vento,
Combates os gigantes dos moinhos em delírio errante.

Quem és Cide de alma nobre? Que riqueza aspira?
Combates pela prenda de uma formosa dama?
Por ela enlouquecestes em bravatas sem sentido.
E perpetuas histórias de quem sem sentido ama.

Sob a jocosa razão de teu fiel escudeiro fustigas a fera.
Desvario entre sentido e visões dos moinhos de letras.
Ensandecendo enquanto em seu amor reconstrói a glória.
Veste a grotesca armadura e empunha a espada da quimera.

Parte e recompõe a dignidade trazida do baú da memória.
Manda sempre notícias dos feitos e conquistas a tua amada.
De cada um deles lhe dá conta, para que honre a tua vitória.
Pois é ela e somente ela a razão desta tua insensata jornada.

E um dia, finalmente, quando a tua consciência renascer,
Tendo o teu fiel Sancho encarnado a tua triste figura,
Vagando dentre os ventos dos moinhos em trilha inglória.
Deita na tua cama pobre o corpo cansado para morrer

Sobe aos céus no cortejo fúnebre de guerreiros gigantes.
Com todo o coral de mouros e anjos a te reverenciar.
Repousa o teu corpo magro e gasto em carruagem celeste.
Deixa a dama de Toboso te perfumar em branca veste
Pois hoje, finalmente, ela sabe e está pronta para te amar.

05 de setembro de 2013.
Rosamares da Maia

Foto de Rosamares da Maia

AVALON I

Avalon I

Uma bruma densa enfeita o meu país,
Não somente por misteriosa beleza, não.
Nela há muito mais, também está sua proteção,
A dura rocha que aos olhos engana é fortaleza.
Não há nela apenas encantamentos e magias.
Nela esconde-se o solo da minha tradição e fé,
Guarnecendo por espessa cortina o meu povo.
Os dons do Deus que reverencio nela reinam.
A bruma é seda dos tecidos vestindo a sabedoria,
Espargindo o perfume de longos cabelos negros.
Mas é ainda, a malha de ferro da sua armadura,
A espada guerreira, justa e de gume afiado,
Defendo da profanação uma fé muito antiga.
Na densa névoa escondeu-se o ventre da mãe,
Minha senhora da ilha, das terras amadas.
Branca como a bruma desceu as entranhas da terra.
O sacrifício escondeu seus fiéis cavalheiros,
Invisíveis por sua vontade, conjurados em sua fé.
Preservados do escarnio e violência dos Cruzados.
No mundo onde vil metal mantém mitras e coroas.
Reis de crenças conveniente e susceptíveis.
Senhora Mãe! Os séculos para vós não passarão,
E vossos votos sobreviverão aos milênios,
Poucos são os escolhidos no triangulo dos sortilégios.
Poucos retornarão para desfrutar do teu regaço.
Mas os que vierem partilharão contigo a luz,
O pão de uma nova era onde todos serão deuses.

Rosamares da Maia – 06.03.2013

Foto de P.H.Rodrigues

Reinado

Ha! Sou Rei! Sorriu sozinho...
Sou Rei de um mundo onde não há superiores.
De um Palácio com vários Pilares,
todos diferentes, todos desproporcionais se comparados.

Sou Rei! Se sou!
Sou o Rei aquele, que renunciou
Sem sair do poder, e elevou

Seus Cavaleiros a posse da Coroa!
Sou Rei! Que não possui uma espada Ditadora!
No meu Reino todos governam.

Sou Cavaleiro antes de Rei.
Lutei por esse Reino que do Universo conquistei!
Dou ao meu povo o que os outros querem lhes vender...
Em troca, me retribuem com o prazer de viver.

Foto de P.H.Rodrigues

Centurião: Rio

Seguia o Centurião em mais um dia de sua jornada.
Nas margens de um rio, um barco, em um tronco amarrado.
Sem tripulação, ou aviso. Simplesmente, largado.
Ao nada. Ele pensa, e vê, que o barco pode lhe ajudar.

Sobe. Porém, nada tem para remar, e não sabe ao certo,
onde tais águas o irá levar. Inapropriado, mas usa sua espada.
Mesmo cortando as águas turvas, e quase não saindo do lugar,
uma direção tem que tomar.

Desce o rio observando a paisagem. Vê várias formas Bizarras, outras elegantes.
Algumas, tão belas, que nem parecem ser reais. Sente-se um pobre delirante.
Sente no peito, um aperto de saudade. De algo que ainda não aconteceu.

De textos lidos, que ninguém escreveu. Anceia logo, pelo porto seguro.
Navegará sem parar. É tudo que sabe. Não sente medo dos monstros que há de encontrar.
Sente receio de que não encontre uma costa, para atracar.

Foto de P.H.Rodrigues

Centurião: Passagem I

Ele carregava em cada uma de suas mãos, uma espada;
Em suas costas, um escudo.
Era ciente do inconsciente.
Porém, inconsciente da verdade.

Carregava por debaixo do elmo, um quebra-cabeça.
Composto de peças de sua jornada.
E já conseguia imaginar a figura que seria revelada.

Possuía também, uma pedra dos pensamentos.
Que vezes mostrava o caminho, e vezes o confundia.
Enxergava no mundo real, um mundo das fantasias.

Enfrentava Dragões, Ogros, Bruxos e até Demônios.
Mas seu maior inimigo era um Cavaleiro Reluzente.
Cujo nome era Etnem, um amante da guerra, um real combatente.

Vindo de uma terra desconhecida, com costumes diferentes.
Conhecedores de todos os mistérios sob a Terra existentes.
Mistérios que diziam-se impossíveis de se responder.
Mistérios que homens morriam sem decifrar.

Derrotar Etnem, não era o que o Centurião buscava.
Queria aprender com o mesmo, sobre as verdades abandonadas.
Queria conhecer as razões desconhecidas.
Ambicionava um estado que não sabia onde encontrar.

Páginas

Subscrever Espada

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma