Espada

Foto de Joaninhavoa

O JOGO

Hoje, vou traduzir teus medos
Vou pôr-te nu frente ao espelho
E contar os teus segredos
Num patamar gigante… com luzes
Na ribalta!...

Cartas de jogar
Lançadas sobre a mesa
Lembram-me sempre… destinos
de pessoas!...
O Jogo da vida são vidas
em Jogo… com cartas de jogar!

Vícios dementes, cadentes
Doentes… sofreguidão latente
Como quer pão e sem dentes
Quer absorver a corrente!...

O jogo começa e ansiosos
Os presentes participam decididos
Caprichosos, indecisos, comoventes
Permissivos e até cadentes!...

Há como que um marulhar
De vozes como o marulho do vento
Agora sai rei, sai rainha num lançar
Sobre a mesa redonda de sustento!...

Cruzam-se cartas, trocam-se lugares
E há sempre quem tenha uma carta
na manga guardada pr`a descarta
E surge uma volta em que não há pares!...

Mais um lugar uma aberta
Agora tenho um ás de espada
um ás de paus e um ás de valete
tenho fé no ás de ouro e zás!...

São trunfos que só eu tenho
Sorte minha pl`a certa
Vou fechar com um naipe
E alguém me diz, vai-te!…

Arrumam a mesa redonda
Confusa… como num jardim
Ao luar… mas aí está
Tudo a brilhar!...

JoaninhaVoa, em
11 de Janeiro de 2008

Foto de Sonia Delsin

FURANDO O FIRMAMENTO

FURANDO O FIRMAMENTO

Era uma espada talhante.
Provocava uma dor cruciante.
Ela a chorar.
A chorar...
Espada nua.
Furando o firmamento.
Destruindo um juramento.
Ela a olhar a lua.
A andar pela rua...
Era o tempo de morrer.
De sepultar toda ilusão.
Tempo de desolação.
Como aos golpes sobreviver?
Como compreender?
Intocável ser.
Descobrindo todas as razões de seu sofrer, de seu viver.

Foto de Coyotte Ribeiro

Culpado, o Inocente

maldito seja o dia que foi conhecido!!!
ele é digno de morte.
não serve à nada
não merece clemência

este mundo não lhe tem
o universo não lhe cabe
rejeitado entre as nações
intruso entre os povos

seu nascimento não foi glorioso
o ventre que o concebeu a luz
não abençoou seu respirar
deixou-o para traz

por amar foi julgado
condenado sem culpa
seu crime escrito em lágrimas
está entre os perversos

essa é a hora de sua senteça
morrerá sem perdão
sem honra ao coração
será seu galardão

seu refúgio não vem das montanhas
o abismo o aguarda
sem manchas será lançado
sua raiva guiará seu rosto

cada lágrima derramada
será lembrada em mágoas
raiva guiará seu ódio
e não terá primórdio

sem manchas
o imaculado
sem pecado
incriminado

coração impuro
alma destilada
espírito sem vida

pedras sejam lançadas
espada lhe fira a alma
flecha aponte seu coração
seja sua morte sem perdão

Noturno...el Coyotte

Foto de Maria Goreti

CASAMENTO ALQUÍMICO

CASAMENTO ALQUÍMICO

O cálice inebria.
A espada fere.
Ao se unirem,
O conteúdo do cálice abranda,
Cega o fio da espada
Suavizando o corte.
Quando há amor,
A dor existe,
Porém se existe
É de forma branda,
Se os dois estão na mesma sintonia.
Assim, jamais separe o homem
O que Deus uniu.
Jamais separe homem e Anima.
Jamais separe mulher e Animus.
Estes são
Casamentos indissolúveis.

©Maria Goreti Rocha
Vila Velha/ES - 31/05/02

Foto de Minnie Sevla

Lágrimas de saudade

Tento segurar as lágrimas
que insistem em rolar.
Quem sabe apoiar-me em uma esperança qualquer,
mas vejo-me despencar...

Tento olhar o horizonte ao longe
e acreditar que um dia toda a tristeza se dissolva.
Como gelo se rendendo aos raios de sol.
Como a névoa acariciando a clara manhã que nos envolve.

Tudo é em vão, e eu só consigo pensar em você, meu amor.
Sua ausência é espada rasgando e desfigurando o peito.
É sangue vivo escorrendo pelo corpo inteiro.
É o desfalecer eterno e vontade de ficar no leito.

É uma saudade que grita e implora a sua presença.
É folha caída vagando solitária na vida.
Uma ansiedade justa de saborear seus beijos.
É uma estrela que perdeu o brilho e
a lua cativa chorando no céu despida

Minnie Sevla

Foto de JGMOREIRA

A LONGA VIAGEM

A LONGA VIAGEM

Um Cabral entristecido observa o horizonte.
Fura-buchos surpresos interrompem o vôo
para observar a nau repleta de infantes.

Os marujos, parvos de escorbuto,
sem a certeza endurecida do Capitão,
sonham com as moças do Velho Mundo.

Pero Vaz de Caminha, n'outra nave,
acaricia a pena que fará história
sem qualquer paixão além da verdade.

O Padre Frei Henrique, humildemente,
na solidão do convés em chamas,
imagina como trazer Deus à nova gente.

Pedr'Álvares de Cabral, sem sonhar,
sabedor da responsabilidade que encerra,
entende os sinais das gaivotas e do mar.

Sorri, o solitário, já degustando a conquista,
deixando a prôa bem antes que o atalaia
rasgue o ar com o grito de Terra à Vista!

A morte, que visitara a alma da marinhagem
entenebrecida, abala-se par'outros sítios
espantada por repentina alegria selvagem.

Sancho de Tovar, tem barba cerrada
que cofia repetida e lentamente
enquanto a El Rey puxa a esquadra.

São treze as naus, mil e quinhentos os homens,
muitas as armas, grande a fé e pouca
a caridade cristã que o ouro ofusca e consome.

Comanda a Anunciada, Nuno Leitão.
Ela tem em seu bojo os Franciscanos Gaspar
Francisco, o músico Masseu e Frei Simão.

Onde a espada se levanta, Deus se apresenta.
Para o futuro Bispo de Ceuta, marujos e guerreiros
a fé sem canhões não se sustenta.

Açoitada pelos ventos, aguardava a capitânea,
notícias de navios menores
em expedição pela vasta faixa litorânea.

Nicolau Coelho, mau aluno das lições de Colombo,
observa o inconcebível pela Europa:
homens e mulheres em pelo, alegres, sem assombro

Quando os singelos encontram o obstinado Capitão
deparam-se com esplendoroso Comandante
que traz ao pescoço mui reluzente cordão

que a luz das tochas alumia.
O inocente vê a burilada peça e mostra a terra.
É ali, na Capitânia, que a dor principia.

Sem saber que já era o Dominado
e que aquele que o presenteava era o seu Senhor
o antípoda atiça a cobiça da Santa Sé e do
Reinado.]

Para que partira do Tejo essa esquadra
a não ser para ir além das fronteiras,
angariar ouro e conquistar almas?

Acreditava ser Deus o que via ali?
O aborígene, sem o saber,
estava frente a frente com Abaçai.

Agora é acabada a aventura, percebe Pedr'Álvares
quanto tem à sua frente aquela cabeça encocorada
Uma tristeza singra sua alma; ansia outros mares.

Viver tudo de novo.
Recomeçar a luta solitária contra todos
com o denodo do primeiro dia.

O que alimenta o Senhor das almas
de todos esses homens não é fé ou riqueza
e sim uma pureza que com nada se abala.

Enquanto, para o índio que se espanta
inicia-se a história da dor e submissão
para Don Pedro é finda a demanda.

Quem se recolhe ao camarote e suspira
é um homem cansado defumdo acjma
que a marinhagem não reconheceria.

Foto de JGMOREIRA

DA GRANDE DECEPÇÃO DO HOMEM AO VER-SE SÓ, CONTEMPLANDO O ABISMO

DA GRANDE DECEPÇÃO DO HOMEM AO VER-SE SÓ, CONTEMPLANDO O ABISMO

Estou só no mundo com todas as alegrias resguardadas
De contaminações humanas. Estou só e porto uma espada
Para desafiar os perigos que encontro na jornada
das adagas insanas.

Estou só. Tenho nas mãos as cartas que me envias
Não as respondi com medo de revelar
Quem em mim não mais residia.

Todos os laços estão rompidos
Todas as flechas lançadas
Todos os corações partidos
Mas ouço nas lembranças
Uma canção de amor evoluindo

Estou à beira do abismo
Enquanto as rochas resistem
À investida das águas insistentes
A distância entre mim e as pedras
É a desse amor dissente
Que em ti sobrevive

Tenho nas mãos a espada
As cartas e o vento no rosto
Enquanto olho estupefato
A violência das águas.

Queria o amor, sim
Como desejei amar
Mas queria que entendesses
Um amor sem carne dentro
Que tivesse palavra por alimento
Que se deixasse amar
Para que amasse o corpo
Como se linimento
Para todos os sofrimentos
Infligidos por esse tempo impiedoso
Que sorri ao desamarrar mãos de amantes
Como se sua maior obra fosse o desgosto.

Estou à beira dessa profundidade
Dessa altura estonteante
Completamente enlouquecido
Pela certeza da inutilidade
Desse amor por ti enaltecido

Defendes o grito do gozo
Enquanto aguardo o silencio do êxtase
Derramo-me em ti para escapar da morte
Enquanto te abres para esquecer do dia.

Passo os olhos nas tuas palavras
Que nada comovem em mim.
O homem a quem as dedicava
Há muito retirou-se de ti
Evadiu-se de mim
Esquecendo essa espada
Largando essas cartas
Que não servem para nada

Foto de JGMOREIRA

A FALTA

A FALTA

A falta que amo
Adormece em nácar
Desperta sob marfins.
A falta hedionda que mata
Dorme ao meu lado, impune.
Incólume, na distância do
Meu desejo.
Pela minha falta de ti
Calculo tua falta de mim
E morro pensando que morres
Da minha saudade de ti.

A falta que amo tanto
Sussurra seu nome nas conversas
Dos amigos; abraça-me
No vazio do abrigo.
A falta, que é tanta
Cavalga-me em leitos em cio
Sob o som de mil chicotes
Em noites de trêmulo pavio.
Noites a fio.

Desafio a falta que não sei se me ama
Na minha falta, que ama.
Desejo-a em todas as minhas palavras,
No leito imenso dos solteiros.
Sob edredons em desalinho
Na feiúra do linho,
Quando penso na blusa
Da sua pele morena
Me abraço sozinho
Desespero solitário.

Ardo em outros corpos
Bebo outras bocas
Aceito palavras
Mas não perco o senso
Que reside na falta
Que amo.

Topométrico, meço minhas subidas e descidas.
Faço mil cálculos sem obter a medida
Exata da falta
Que não sei se me ama.

Assalto mil castelos
Atravesso os inimigos
Com a espada do silencio.
Lanceio meus amigos
Com desejo enorme da falta,
De tão imenso.

Ela ressona em azuis
Cavoucando meu abismo.
Conduzo meus demônios e archanjos
Para o pasto verdiço
Como fora apascentar
O desejo da falta que angustio.

A falta retoma a jornada dos anos.
Prossegue comigo, massacrando-me,
Desfazendo cada carapaça, armadura
Da sua longa pele moura
Renasce meu desejo infinito.

A falta me rouba o tempo,
A respiração, o sono, o amor.
Ela levou o amor.
O amor foi, cordeiro,
Ao chamado da falta.
Correu ao seu encontro
Como se ela fosse a presença
Que ama. E não falta.

O que ama a falta, soluça
Na pele escura da blusa
Da falta obscena.
O homem acena à falta
Que não ama: recusa
O que ama na falta da cor
Além da bruma, blusa,
Que nem sei se ela usa.

Foto de Ednaschneider

Espada

Um metal...Um ferro...Um bronze...
Um gesto de liberdade...
Que usado foi onde às vergonhas escondem-se
Onde penetrou com suas estocadas sem piedade.

Reluzente material...Brilhante...
Não se conteve com tanta hipocrisia
Por isso foi pungente...
Em minhas mãos girava com maestria.

Algumas pessoas gostaram...
Outras nem tanto...
Pois os gumes penetraram
E trouxeram um certo pranto...

Para alguns prantos de dor
Para outros: satisfação
Para outros prantos de amor

De reluzente, se tornou escarlate...
Não escarlate inocente
Pois estava eu procurando a liberdade
E nesta busca da verdade.
A guerra se fez presente.

Sim...Usei uma espada: a palavra.
Que penetrou em muitos que a viram...
Alguns me seguiram,
Outros apenas zombaram e riram...

Mas atingi meu objetivo...
Eu lutei contra a ignorância
Contra o preconceito que no mundo vivo...
E contra certas intolerâncias...

Não mudei o mundo...Nem vou mudar...
Mas atingi um público...Que sempre comigo estará.
Expressei de todas as formas com meu modo de registrar
E não vou parar.
Sempre lutarei, expressarei;
E defenderei um verbo: O Amar.

Joana Darc Brasil*
06/08/07
*Direitos reservados.

Foto de Adriano Saraiva

Saudade

O FALO É MEU ESCUDO
A PENA MINHA ESPADA
LUTO PARA ESQUECER
ESTA PAIXÃO SUFOCADA

OPRÓBIO VULGAR
DE INTEMPÉRIES EMOÇÕES
VIL FOGO-FÁTUO
DILACERANDO CORAÇÕES

MAIS QUE MENTIR
MAIS QUE CHORAR
O QUE NÃO CONSIGO
É PARAR DE TE AMAR.

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