Avalon I
Uma bruma densa enfeita o meu país,
Não somente por misteriosa beleza, não.
Nela há muito mais, também está sua proteção,
A dura rocha que aos olhos engana é fortaleza.
Não há nela apenas encantamentos e magias.
Nela esconde-se o solo da minha tradição e fé,
Guarnecendo por espessa cortina o meu povo.
Os dons do Deus que reverencio nela reinam.
A bruma é seda dos tecidos vestindo a sabedoria,
Espargindo o perfume de longos cabelos negros.
Mas é ainda, a malha de ferro da sua armadura,
A espada guerreira, justa e de gume afiado,
Defendo da profanação uma fé muito antiga.
Na densa névoa escondeu-se o ventre da mãe,
Minha senhora da ilha, das terras amadas.
Branca como a bruma desceu as entranhas da terra.
O sacrifício escondeu seus fiéis cavalheiros,
Invisíveis por sua vontade, conjurados em sua fé.
Preservados do escarnio e violência dos Cruzados.
No mundo onde vil metal mantém mitras e coroas.
Reis de crenças conveniente e susceptíveis.
Senhora Mãe! Os séculos para vós não passarão,
E vossos votos sobreviverão aos milênios,
Poucos são os escolhidos no triangulo dos sortilégios.
Poucos retornarão para desfrutar do teu regaço.
Mas os que vierem partilharão contigo a luz,
O pão de uma nova era onde todos serão deuses.
Rosamares da Maia – 06.03.2013