Espaço

Foto de martini

Acordar sentindo

Acordei em ti pensando
Gosto de assim acordar
Será que vai passar
Ou vou continuar te amando

Não quero que desleixes
Esse estudo do saber
Nem mesmo que deixes
O trabalho por fazer

Por isso te darei
Esse espaço que tinha
Sei que te verei
Um dia na telinha

E mesmo demorando
Na telinha a aparecer
Sei que tou te amando
Não vou te esquecer

Foto de martini

acordar com miminho

Acordar com miminho
Para bem levantar
Vou te dar um beijinho
E novo dia começar

Te dar aquele abraço
Mantendo teu espaço
Ajudar nas tarefas
São mais que diversas

Permitir um aterro
Já era uma ajuda
Mas só isso não quero
Queria ver mais muda

Pensar nisso é cedo
Nem sei se é medo
Mas teu caminho verás
Feliz um dia serás

Um dia de cada vez
Se vai viver talvez
Recebendo o que vem
Agradecendo o que se tem

Mas sonhar faz viver
Nem sempre se deve querer
Deve-se realizar
Em vez de sonhar

Queria esse realizar
Mas por agora não posso
Então continuo a sonhar
Enquanto o sonho é nosso

Nem sei se é sonho
Ou até mesmo se é nosso
Mas sei que não ponho
Aí os pés, porque não posso

Adorava poder fazê-lo
Para começar então
Sonhando vivê-lo
Contigo aí ou não

Adoro sei que sim
Essa Mulher de verdade
Quero te amar assim
E nunca pela metade

Foto de Remisson Aniceto

Súplica

Reza por mim, amor.
Reza por mim
e não serei um mero grão disperso,
e não serei um anel de Saturno
desgarrado, solto no espaço-tempo
da Eternidade.
Que aqui tudo é mistério,
tudo é descoberta,
há outro sentido,
outro conceito de Existência.
Aqui não há espera,
só a lembrança fugaz,
só a vaga imagem do teu rosto
na moldura do Infinito.
Não te deixei, amor,
roubaram-me de ti,
despejando-me no vácuo do tempo.
Reza por mim,
fumaça disforme ora diluída,
ora rejuntada,
assumindo formas várias e inúteis,
bailando aos dissabores
da inconsciência.
Reza por mim, amor.
Imagina-me como um lago
de águas puras, serenas,
e assim hei de ser
para matar minha sede
de ti.

Foto de misteriosa

Esperando

Estou…
Á espera de ti …
Voando em recordações, que me deixam,
Me deixam trémula, ansiosa de te rever...
Aquele Bar, que sem saberes era no virar da esquina...
Quando me deste aquele beijo...soube
Que iria ser dificil esquecer-te...
Desejei que não acabasse, mas nada te disse,
Só o meu rosto, denunciaram-me... os meus olhos
E tu viste o desejo no meu olhar,
Queria ter ficado ali, depois...acabou e sonhei com ele
Deixando de ser quase impercebível aquela recordação
Por ser sempre...sempre lembrada
Passou a ser um momento roubado ao tempo
Era meu...só meu aquele momento
Não deixaria ninguém, nem o tempo roubá-lo
Depois deixas-te-me, mais que um beijo...
Deixas-te-me o sabor da paixão,
E essa perdura no espaço-tempo entre o amor e o desejo...
Virás?
Eu sei que não...
Mas esperarei sempre por ti...
Um dia a minha paixão...será uma doce lembrança...

Foto de Bia Marquez

Retalhos

juntei seus panos,
reclames e enganos
refiz meus planos, meus laços
me despi de você no meu quarto
no espaço de meu corpo
tomado por inteiro
reencontrei as chaves
abri as janelas emperradas
de uma sala esquecida em poeira
lágrimas e olheiras
teias de aranhas
refletidas no assoalho
prendem restos carcomidos
apodrecidos, abandonados
de seus rastros
hoje não respiro mais teu hálito
o perfume impregnado
de um amor efervescente
sedento, incandescente
que outrora ardia em chamas
nos lençois desalinhados
de nossa cama.
agora nada é tudo
simples retalhos suados
esfarrapados
de um passado inacabado
que acabei de enterrar

Bia Marquez

Foto de Nana ´De Má

Um abraço gostoso.

De repente , deu vontade de um abraço...
Uma vontade de entrelaço, de proximidade ... de amizade, de amor, sei lá !

Talvez um aconchego amigo e meigo, que enfatize a vida e amenize as dores ... que fale sobre os amores, seja afetuoso e ao mesmo tempo forte ...

Deu vontade , de poder ter saudade de um abraço.
Um abraço que eternize o tempo e preencha todo o espaço.

Mas que faça lembrar do carinho, que surge devagarinho, na magia da união dos corpos, das auras, sei lá!
Lembrar do calor das mãos, acariciando as costas, a dizerem :
- Estou aqui !

Lembrar do enlaçar dos braços, envolventes e seguros, afirmando : - Estou com você !

Lembrar da transfusão de força, ou até da suavidade do momento, sei lá.

Então, pensei em como chamar esse abraço: abraço poesia, abraço força, abraço união, abraço suavidade, abraço consolo e compreensão, abraço segurança e justiça, abraço verdade, abraço cumplicidade, abraço de amor ou um abraço gostoso ?

Mas o que importa é a magia desse abraço, a fusão de energias que harmoniza, integra o todo e se traduz no cosmos, no tempo e no espaço...

Só sei que agora , deu vontade desse abraço :
Um abraço que desate os nós, transformando-os em envolventes laços ...

Que sirva de "colo", afastando toda e qualquer angústia...
Que desperte a lágrima de alegria e acalme o coração...
Um abraço que traduza a amizade, o amor e a emoção.
E para um abraço assim, só consegui pensar em você .

Nessa sua energia, nessa sua sensibilidade, nesse seu carinho, nesse seu amor, que sabe entender o porque dessa minha vontade.

Foto de tchejoao

Insegurança

Ah, estou Triste! Tão Triste!
Porque não viste o navio
Carregado de dor que navegava
Em meus olhos!

Ó, homem cruel,
Que gasta os dias em devaneios,
Implicando com a erupção,
Pelo decote, dos meus seios!
Não percebeste, então, meu coração
Solto no espaço ao teu redor...
Batendo tão, tão, tão só?

Ah, homem do espaço,
Homem de vida ao léu,
Quando verás que tua estrela
Caminha contigo,
E não no distante e inalcançável céu?

Amor, meu, meu amor amado!
Quando verás que só brilho, encantada,
Porque estou ao teu lado,
Translucidamente iluminada?

Foto de TrabisDeMentia

Onze da noite

Onze da noite. Soava a campainha. “Aposto que ele estava à espera que a hora chegasse” pensei enquanto me dirigia à porta atando meu robe. Ajeitei os cabelos ainda húmidos e espreitei pelo orifício enquanto levava uma mão à maçaneta. Do lado de fora aguardava um indivíduo cabisbaixo. Não era ninguém que eu não esperasse! Corri o trinco e cumprimentei-o com um sorriso! “Entre”, Ordenei em tom de pedido e estendendo a minha mão à sala de estar. “Sente-se ali por favor, no sofá”. Não era um jovem bonito, mas era contudo interessante. Musculado o suficiente para me despertar a curiosidade e abastado de masculinidade se bem me quis parecer. Fiquei observando-o caminhar enquanto fechava lentamente a porta. “Sim, sem dúvida o que eu estou precisando”. Dei duas voltas à chave como sempre faço quando tenho visitas. Se por um lado transmite segurança a quem vem por bem, por outro lado transmite desconfiança a quem vem por mal. E eu gosto sempre de saber em que terreno estou pisando antes de partir para a caça. Aproximei-me do jovem contornando o sofá pela esquerda e me debruçando sobre as costas deste. “E vai querer beber alguma coisa?” Ele se virou e num instante desviou seus olhos para o meu robe propositadamente entreaberto. Antes que ele se engasgasse ao me responder eu continuei - “Não tenho nada com álcool, mas tenho sumo, água...Tenho chá preto fresco, quer?”
“Pode ser chá então se não se importar” disse ele retomando a posição. Atravessei a sala lentamente em direcção à cozinha. Pelo ruído quis-me parecer que ele estava se ajeitando por entre as calças. E concerteza que estava me observando. Assim é que eu gosto, de deixar meus convidados bem esfomeados antes da refeição! De mostrar à presa quem é o predador!

Não demorei mais que dois minutos. O jovem estava debruçado sobre a mesa de vidro com um ar de expectativa. “Espero que não se importe, preparei para si também!”. Não pude evitar o meu ar de surpresa. Afinal não é todos os dias que me deparo com um espectáculo destes! “Não! De jeito nenhum! Hoje vamo-nos divertir imenso!” - disse eu enquanto me ajoelhava e descortinava o porquê dos ruídos! Com um cartão de crédito ele ajeitava o risco de pó branco na minha direcção. Me estendeu uma nota de vinte enrolada sobre si mesma e me convidou. “Não! Você primeiro” retorqui lhe devolvendo a mão! Não se fez rogado! E na mesma sofreguidão que inspirou o pó se recostou no sofá! “Agora eu!”. Levei a nota á narina e limpei o que restava na mesa! Ele olhava para mim com um rasgo ofegante nos lábios e eu... Que saudades que eu tinha disto! Me sentia como que... Viva! Do meu coração partia uma sensação que se espalhava até ao formigueiro na ponta dos dedos! Fitava o jovem com meus dentes serrados, lábios entreabertos, olhar de desejo! Gatinhei até ele e me encaixei entre as suas pernas! “Era assim que me querias?” - falei sem esperar resposta. Puxei a sua camisa branca para fora das jeans e comecei pelo botão de baixo, escalando em direcção ao seu peito, ao seu pescoço. Ele me pegou nos cabelos e deixou que eu levasse minha língua até os seus lábios. Trepei para cima dele, e deixei que ele me desatasse. Sentia ele pulsando sob mim, pulsando a um ritmo louco. Como que implorando pelo meu toque ele se esfregava. Mas é assim que eu gosto, é assim que eu gosto! “Vem cá” disse eu lhe mostrando o caminho com a minha mão! “Vê como eu estou!” - O jovem não cabia em si com tanta loucura, tanto tesão. Tomou meus seios como se fossem dele e se vingou. Queria que eu devolvesse a ele o prazer que ele me estava a dar. “Mas eu devolvo, eu devolvo” -pensei. “Tira as calças” -mandei. Ele num ápice as chegou aos joelhos. Mostrava-se abastado, como eu já esperava pela firmeza das investidas. O tomei em minha mão e me apressei em aconchegá-lo em mim! A sua falta de ar estava, a cada batida, mais apercebida. Ele me olhava boquiaberto com ar de deslumbramento. Eu retorquia com movimentos mansos... Sob as minhas mãos palpitava um coração descontrolado. Cravei as unhas e demarquei meu espaço na sua boca. Sua língua me procurava numa ânsia louca. Demasiado louca para se conter num só lugar. Demasiado grande para caber num só sofá. Agarrou em mim e sem se permitir afastar me jogou no chão. Cruzei minhas pernas sobre as suas costas enquanto ele me ganhava centímetro a centímetro, enquanto palmo a palmo me arrastava pela sala. “Quero mais que isso, muito mais que isso” - eu avisava, mas ele já nem me ouvia de tão surdo que estava. Todo o seu ser se resumia num único ponto e com um único objectivo: me vencer no prazer. Encurralou-me num canto... Uma mão sob mim, outra na parede. Nada poderia ser mais perfeito. “Queres saber o que é prazer?" - Ameacei. Seus movimentos cada vez mais frenéticos eram já de um comboio descarrilado. “Queres?” - E no momento em que ele se enterrou em mim, eu me enterrei nele. Cruzei forte as minhas pernas e não lhe permiti nem mais um movimento.
Sob os meus lábios o quente sabor do prazer. Sob os meus lábios, em cada vez que ele compulsava, o doce sabor do sangue, impregnado de toxinas, me levava ao êxtase. Como leoa esperei pela morte incrédula da caça. Ali naquele canto, me satisfiz!

Foto de Boemio

A falta de um Salvador

Recriei minha criação
A imagem e semelhança
De um pobre latão
Dei a ele uma programação,
Forneci a ele 60 giga de memória,
Instalei uma gravadora de sentimentos,
E um tocador de mesmas noticias,
Baixei alienação da internet
E gravei dentro do HD
Pra ele nunca mais se esquecer,
Deletei da lixeira seus sentimentos mais profundos,
Tais como a amizade e o amor próprio,
Escolhi seu numero de serie
E estampei em sua testa larga,
Equipei com o que há de moderno
No que se trata a agir com as pessoas
E trata-las de um modo frio,
Deixei espaço livre para ele poder gravar
Em disco rígido
Todas as condutas e modo se comportarem
Perante nossa sociedade atual,
Ah, sim eu vou produzir em grande escala,
E todas as casas vão um exemplar
Dos Super-humanos,
Pensando bem vão ser tão perfeitos
Que nem sei se os chamarei assim,
Mas enfim tudo partira de você
Meu protótipo particular
Alcançaremos o topo do mundo
E faremos do universo nossa morada...
“Este é o seu plano? Criar-me e depois fugir?
Que falta de salvação...
Que falta de um Salvador...”

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Foto de HELDER-DUARTE

Vários poemas

HÁ UM PROFETA I

E Deus lhe disse:
«Há um poeta, dentro de ti»!
Mas a Fernando Pessoa, que creu nisso.
Assim, este derramou alma sua, neste mundo e por ai.

Quanto a mim, disse-me:
Há um poeta...
E um profeta...
E eu disse-lhe:

Não, não há!
Só há pecado, nesta alma, cá.
Isto, em caminho de D. João II, hotel,
Quando me falou o Emanuel...

E eu cri e fui...
Por lá, ali aqui e até Tui.
Porque, prometido, lhe prometi,
Dar-te-ei, o mundo aqui.

Mas para isso, ser,
Dá-me teu poder...
Foi então, que avancei,
E assim, profeta e poeta, assim comecei, mas eis que parei.

Se tempo ter, a vós vou contar,
O Porquê do meu parar.
Se a minha missão, não dei o terminar,
Ao menos qu'esse porquê, vos possa falar, sem que haja, nisso cessar!
HELDER DUARTE

HÁ UM PROFETA II

Eis que parei!
Mas como profeta, minha acção!
Mas não, como poeta,
Pois de Deus, ainda, esta alma tem uma canção!

Eis que neste mundo, dos homens,
Espaço de ordens e desordens,
Nada e tudo,sou...
No bem, que meu ser, ainda não alcançou!

Parei, pelo caminho, fiquei...
O porquê, logo vos direi.
Mas neste parar, algo descobri,
Que estando morto, com a morte, com que morri...

Morte, que me deram.
E outra, que eu busquei,
Como se não bastasse, a que me morrer, fizeram.
Também, eu me matei!...

Mas sabeis, uma cousa, enfim?!...
Por mais morto, que esteja!
Neste ser, ainda um sentimento se almeja!
Que tenho vida e que há um profeta, em mim!...

HELDER DUARTE

HÁ UM PROFETA III

O que se passou?
Na verdade, nem eu sei,
O que esta acção, não concluída, causou!
Mas certa vez, eis que pensei...

Nesta ansiedade, neste sofrer,
Também o profeta, Jeremias, veio a ter.
Tão alta, foi sua tribulação,
Que até a Deus, disse: Eis que meu ministério, é ilusão!

A qual ele, me sinto eu.
E a Deus pergunto, porque isto, me aconteceu!
E porque, não continuei, minha missão...
E também penso, que tudo, foi em vão!

A verdade foi, que tendo, o ministério,
Nem eu, nem os daqui de cima, lhe demos, apoio.
De pouco ou nenhum sucesso, ele foi.
Eis que ele foi e é um mistério!...

HELDER DUARTE

HÁ UM PROFETA IV

Eis o começo, do ter dado fim,
Ao que em verdade, não o teve...
Sabe pois, só Deus, como não é, fardo este, leve.
E como me sinto, enfim...

Comecei, por repugnância, de mim ter,
Por doença de Parkinson, vir a meu ser.
Minha destra, começou a tremer...
E meu corpo, os movimentos, a perder

Mas eis, como não bastasse eu nojo, de mim ter,
Se não, os santos, este sentimento, também, virem a obter.
E me mandaram para o Egipto, como fizeram, ao filho, Jacó.
Eis que vivo, porque espero em Deus só!...

Estando aqui, até que morra,
Sempre sentir vou...
Que de Deus sou!...
E espero, qu'ele me socorra!

E grito e clamo, clamo!
Matai-me, matai-me!
Mas certamente, o Deus que amo,
Por mim, ainda vos diz: Adorai-me, adorai-me!

E sinto ainda enfim!
Neste ser aqui,
Dizer a ti...
Que há um profeta dentro de mim!!!...

HELDER DUARTE

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