HÁ UM PROFETA I
E Deus lhe disse:
«Há um poeta, dentro de ti»!
Mas a Fernando Pessoa, que creu nisso.
Assim, este derramou alma sua, neste mundo e por ai.
Quanto a mim, disse-me:
Há um poeta...
E um profeta...
E eu disse-lhe:
Não, não há!
Só há pecado, nesta alma, cá.
Isto, em caminho de D. João II, hotel,
Quando me falou o Emanuel...
E eu cri e fui...
Por lá, ali aqui e até Tui.
Porque, prometido, lhe prometi,
Dar-te-ei, o mundo aqui.
Mas para isso, ser,
Dá-me teu poder...
Foi então, que avancei,
E assim, profeta e poeta, assim comecei, mas eis que parei.
Se tempo ter, a vós vou contar,
O Porquê do meu parar.
Se a minha missão, não dei o terminar,
Ao menos qu'esse porquê, vos possa falar, sem que haja, nisso cessar!
HELDER DUARTE
HÁ UM PROFETA II
Eis que parei!
Mas como profeta, minha acção!
Mas não, como poeta,
Pois de Deus, ainda, esta alma tem uma canção!
Eis que neste mundo, dos homens,
Espaço de ordens e desordens,
Nada e tudo,sou...
No bem, que meu ser, ainda não alcançou!
Parei, pelo caminho, fiquei...
O porquê, logo vos direi.
Mas neste parar, algo descobri,
Que estando morto, com a morte, com que morri...
Morte, que me deram.
E outra, que eu busquei,
Como se não bastasse, a que me morrer, fizeram.
Também, eu me matei!...
Mas sabeis, uma cousa, enfim?!...
Por mais morto, que esteja!
Neste ser, ainda um sentimento se almeja!
Que tenho vida e que há um profeta, em mim!...
HELDER DUARTE
HÁ UM PROFETA III
O que se passou?
Na verdade, nem eu sei,
O que esta acção, não concluída, causou!
Mas certa vez, eis que pensei...
Nesta ansiedade, neste sofrer,
Também o profeta, Jeremias, veio a ter.
Tão alta, foi sua tribulação,
Que até a Deus, disse: Eis que meu ministério, é ilusão!
A qual ele, me sinto eu.
E a Deus pergunto, porque isto, me aconteceu!
E porque, não continuei, minha missão...
E também penso, que tudo, foi em vão!
A verdade foi, que tendo, o ministério,
Nem eu, nem os daqui de cima, lhe demos, apoio.
De pouco ou nenhum sucesso, ele foi.
Eis que ele foi e é um mistério!...
HELDER DUARTE
HÁ UM PROFETA IV
Eis o começo, do ter dado fim,
Ao que em verdade, não o teve...
Sabe pois, só Deus, como não é, fardo este, leve.
E como me sinto, enfim...
Comecei, por repugnância, de mim ter,
Por doença de Parkinson, vir a meu ser.
Minha destra, começou a tremer...
E meu corpo, os movimentos, a perder
Mas eis, como não bastasse eu nojo, de mim ter,
Se não, os santos, este sentimento, também, virem a obter.
E me mandaram para o Egipto, como fizeram, ao filho, Jacó.
Eis que vivo, porque espero em Deus só!...
Estando aqui, até que morra,
Sempre sentir vou...
Que de Deus sou!...
E espero, qu'ele me socorra!
E grito e clamo, clamo!
Matai-me, matai-me!
Mas certamente, o Deus que amo,
Por mim, ainda vos diz: Adorai-me, adorai-me!
E sinto ainda enfim!
Neste ser aqui,
Dizer a ti...
Que há um profeta dentro de mim!!!...
HELDER DUARTE
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