DE NOVO AO PRIMEIRO AMOR
De: William Vicente Borges
Demorei a confessar
Que te abandonei Senhor.
Pois para mim se tornou fácil
Achar racionalizações para
O consumo da minha carne.
Não sei quando tudo se transformou
Na ritualização de uma alma vazia.
Não sei quando entrei no
“piloto automático” das falas, dos cantos.
Dos ritualismos, dos sorrisos sem graça.
Simplesmente o tempo passou e eu nem percebi
Que mesmo dentro estava fora.
Que mesmo vendo estrelas estava na escuridão.
Que mesmo vestido estava nu.
Que mesmo presente estava ausente.
Que mesmo por dentro estava fora de mim.
E o que é pior fora de ti.
Demorei a confessar
Que te abandonei Senhor.
Mas então interviste por misericórdia.
Colocou teu espelho justo na minha frente
E eu vi.
Vi meu estado.
Vi minha arrogância.
Vi minha alma pútrida
Com ares de santa.
Entendi. Chorei!
Fui até onde caí
Confessei. Deixei.
Voltei ao primeiro amor
Aonde tudo é mais simples.
Aonde cada canção agrada a ti
E não é entretenimento para meu coração.
Voltei ao primeiro amor
Aonde tudo é mais abundante e a felicidade
Está presente em cada respirar.
Voltei ao primeiro amor
Aonde cada gesto tem significado eterno
Que nos faz repousar em tuas águas tranquilas.
Voltei ao primeiro amor
Aonde compreender meu irmão não é mais difícil.
Voltei ao primeiro amor
Aonde eu voltei a ser a essência da tua graça
Que com graça me colocou no caminho certo.
Voltei ao primeiro amor
Aonde redescobri minha vocação verdadeira.
A de servo inútil e pronto para continuar a servir.
Demorei a confessar
Que te abandonei Senhor.
Mas voltei ao primeiro amor
Ao inicio de tudo
Voltei para ficar.
.....
Primavera de 2013