Escuridão

Foto de Ani.1

Cumplicidade (Ani.1)

Delícia!!!

No princípio

Uma proposta indecente

Inúmeros emails

Confidentes diários

Fantasias idealizadas

Desejos imaginários

Amor por telepatia.

Primeiro encontro

Olho no olho...

Dois desconhecidos, velhos conhecidos

Totalmente invadidos

Amanhecer maravilhoso

Boca deliciosa.


Logo veio a escuridão

Escondidos, protegidos, se amaram

Sem pudores

Sem preconceitos

Sem juízo

Fantasias realizadas

Desejos aumentados

Amor inacabado...

Ani.1

Foto de Susanita

Perdida (Susanita)

Perdida no mundo

Entre a escuridão

Procuro um raio de luz

Para guiar o meu coração.

Perdida na rua

Entre a multidão

Procuro uma presença

Para matar a solidão.

Perdida no universo

Entre esferas de fogo

Sinto o mundo disperso e

Para os teus braços corro.

Com amor... Nuno Leite

Susanita

Foto de @ninh@Jú

A escuridão divina (@ninh@ Jú)

Seus olhos e seus olhares,

São sábios.

Os sábios olhos,

São os do desejo.

O desejo de olhar para o nada

Sem notar o pôr-do-sol,

A lua, o horizonte...

Os sábios olhos,

Que mostram o poder da alma

Que clareiam a escuridão

Do mais profundo túnel.



O túnel,

Que só existe na mente

De quem ama,

E só clareia,

Quando uma nova pessoa se apaixona.

A poesia,

Que mostra o meu sentimento,

Mas expresso com palavras,

Com poucas mesmo,

Porque se for escrever,

Ficaria o resto dos meus dias

Dizendo que: Te Amo!!

;@ninh@ Jú

Foto de Carmen

Aquilo que me segue...(Carmen)

Não temas a escuridão brusca da noite

Pois nesses momentos, onde a luz do sol fraqueja

Os meus braços rodeiam-te como o céu a terra,

O calor, fervor maluco do meu coração aquecem-te

E o ar que expiro beija as tuas faces suaves

Como a chuva da Primavera.


E o fogo que arde em mim cresce e mostra-se

Quando os teus olhos cintilantes reflectem os meus

E o som da minha voz ergue-se, sussurrando-te

Ao ouvido, pequenas palavras carinhosas.

Não temas a tempestade furiosa do mar

Pois quando as suas tenebrosas vagas se abatem sobre ti,

Levando-te para o fundo obscuro do oceano,

A minha mão lançar-se-á em busca da tua,

Como o sol da lua.

E o meu espírito selvagem, mas dependente do teu toque,

Mergulhará e não desistirá.

Pois os meus sentimentos por ti,

nem os sábios sabem da sua grandeza,

Pois não existe medida.

Assim como o sol segue a lua e a luz a chuva,

Eu sigo os teus olhos.

E receio magoar-te,

Pois tesouros como tu,

Um cristal puro e intocado,

Não têm possivel valor, têm sim amor.

E essa palavra tão forte

E que cai sobre o nosso coração,

Como as folhas do Outono, e a chuva do Inverno,

Tem uma magia incontrolável,

E é isso que eu tenho para te dar:

Amor!

Carmen

Foto de EduardoBarros

Desabafo (Eduardo Barros)

O que acontece agora

com esse mundo

inseguro, obscuro,

onde as pessoas

parecem se vingar

rabiscando muros?

Estariam se vingando

da vida,

ou dessa luta

em que se labuta

para sobreviver?



O que acontece agora

com esse mundo

tão louco,

onde se vive pouco,

Onde mil olhos aflitos

procuram um pouco de Luz...

na escuridão.

Será falta de amor,

ou de Pão?

Eduardo Barros

Foto de David

Luz (David)

Sua origem.

Panos por pensamentos rasgados

Numa dança sedutora descido

Boca e cálice num só, molhados [1]

O ventre fazia-se contorcido

União cada vez mais sedosa

Pensamento adormecido

Acariciando-a bela formosa

Em face tendo enroscado

Abrindo-se qual majestosa rosa

De fúria havia abocanhado

Quente a língua invadido

Sentimento puro avermelhado



À procura por aquele escondido [2]

Num gemer já implorante

Sente o prêmio do cupido [3]

Dedos por tesão avante

Sábios por leves movimentos

Na alma encontra penetrante

Satisfação desejada: mais acalentos

Ensandecendo de dentro pra fora

Enrijecidos os corpos sedentos [4]

Encontram-se os dois agora

coniunguntur mérito [5]

Qual cogumelo entre cochas aflora [6]

Siqua sine sócio [7]

Sem a luz para a escuridão

caret omni gáudio [8]

De só vazios no coração

Calor e cólera no priapo havia

Deleitando-a de emoção

cordis in custodia [9] .

_____________________________________

1 – O cálice representando a genitália feminina

2 – Ponto G

3 – Pois o encontrou!

4 – Clítoris e Pênis

5 – Do latim, “fortemente acoplados”. Extraído da sinfônica “Carmina Burana”, Carl Orff

6 – O cogumelo representando a glande

7 – “Uma mulher sem um amante”

8 – “Um vazio de sentimento”

9 - “Nas profundezas do seu coração”

David

Foto de quimnogueira

Queria ser o teu sonho...(Quim Nogueira)



... Em frente ao espelho da cómoda do teu quarto, sentada num banquinho forrado a tecido de cortinado vermelho, penteavas os teus cabelos, num ritual que funciona mesmo sem dares por isso...

... a escova passava ora uma, ora duas vezes, de cima para baixo e alisava os teus cabelos sedosos, cor de mel e de marfim... brilhavam no espelho e te revias momento a momento numa expectativa de mudança, o que não acontecia pois não podias ficar mais bela do que aquilo que já eras... a beleza em ti não residia nem morava ... era!...

... a tua camisa de noite, acetinada bege, de rendas sobre o peito alvo de seios firmes e redondos, deixava transparecer a cor da tua pele suave e doce ao olhar sem ser preciso tocar...

... a tua cama de lençóis de prata, aguardava o teu corpo numa ânsia lasciva de quem à noite, só, te espera num desespero de intocabilidade ... e tu, demoravas...

... da cómoda tiraste um frasquinho de perfume e te ungiste com ele o que provocou um agradável respirar a todos os móveis que te rodeavam ... e a tua cama, ansiava pela tua presença... e o teu corpo demorava a conceder-lhe esse desejo...

... levantaste-te de fronte do espelho e te miraste novamente de corpo inteiro e gostaste da tua imagem alva e bela naquele quarto iluminado pela tua presença ... olhaste de soslaio e ... sorriste ...
... sentaste-te na beira da cama e esta suspirou docemente perante a antevisão de que em breve te possuiria. Tiraste os teus pézinhos leves de dentro dos chinelos de cetim vermelho, levantaste um pouco o lençol e te entregaste total e lentamente ao prazer de estender do teu corpo e da entrega final ao teu leito...

... a tua cama nem sequer se mexeu ... aquietou-se para não te perturbar, para que não te arrependesses daquilo que acabaras de fazer, com medo que te levantasses e ela te voltasse a perder...

... a tua cama inspirou baixinho a fragrância do cheiro da tua pele e deixou-se ficar aguardando o teu próximo movimento...

... deitada de bruços te deixaste finalmente ficar e tua cabeça leve pousada de mansinho na almofada, arfava lentamente o teu respirar de prazer por mais uma noite de descanso... e de sonhos...
... teus olhos semicerrados viram a lâmpada acesa e teu braço se estendeu ao interruptor da mesinha de cabeceira para a desligar. Os teus movimentos eram propositadamente lentos para que o tempo demorasse ainda mais do que aquele que já existia...

... e a tua cama sentia... na obscuridade do teu quarto, teus olhos semicerrados olharam o tecto e se fixaram na sua alva cor que permitia uma réstia de luz no meio da escuridão...
... olhaste a janela e pelas frinchas da persiana, divisaste a luz cinzenta duma lua crescente ... avizinhava-se uma noite de lua cheia e teu corpo descansou por um momento... a tua cama então suspirou e te abraçou fortemente...

... em suas mãos te acabavas de entregar... e o sono chegou.... adormeceste...

... não sei mais o que se passou... a noite decorreu, teu corpo diversas vezes se moveu...
... a tua cama não se movia, com receio de te acordar; abraçava-te sempre para não te deixar fugir ... sentia-te sua e possuía-te num sonho imenso de impossibilidade, de impotência, de raiva, por não te conseguir ter tendo-te ali...

... tua mente adormecida, movia-se e sabia-se que sonhavas...
... a tua cama te tinha ... ali, indefesa, sozinha...
... sonhavas e eu aqui, nada mais te pedia ... nada mais desejava...
... queria apenas ser o teu sonho..

Quim Nogueira

Foto de quimnogueira

Ouvindo a noite...(Quim Nogueira)



alguém a ouve?...

...sentado nesta cadeira de frente para o meu computador, numa mesa de madeira, branca de sua cor, eu teclo nas letras paradas ao redor dos meus dedos...preparo um texto, sem contexto, com uma textura qualquer, talvez de amargura...não me preocupa a forma, nem as palavras que me vão deslizar pelos dedos e destes para o écran que, de vez em quando, olho prevenindo um possível erro de escrita...não me preocupa o tema, mesmo que sem lema não se torna um dilema neste plural sistema de escrever prosa ou poema...

...trata-se de fazer deslizar apenas o teclado pelos meus dedos e deixar sair as palavras da minha mente numa constante busca da semente do significado para aquilo que estou a fazer neste momento...e que faço eu, nesta hora, aqui, sozinho e agora, batendo lento ou apressado nas teclas do meu teclado...olho em frente e vejo um relógio que marca as horas lentas que passam por mim e que marcam o tempo de viver a sorrir e a amar...tudo e todos, sem olhar a quem...somente por amar...

...e que espero eu obter desse amargor doce da alma que sofrendo não chora, pelo contrário, vive e implora...e que espero eu senão encontrar o caminho mais leve que me percorra o corpo como quente neve branca como o luar que lá fora, no céu cinzento, teima em espreitar numa noite fria de chuva que se aproxima do meu solitário estar...

...não percorro os corredores do dia que passou nem choro as lágrimas que retive dos acontecimentos que por mim passaram como uma brisa leve pousando no lugar onde estou e me sinto pairar dentro do meu próprio eu...

...procuro o sentido da vida que não encontro, numa procura constante de mim mesmo, na luta insana da loucura que afasto de mim nem que seja por um instante...

...e esse instante está chegando na forma da noite que se aproxima, daquele estado de espírito que me anima, pois a solidão resta a meu lado sem um mudo som nem qualquer grito abafado de dor...

...e aqui fico...

...esperando a noite chegar para nela me agachar e aninhar...povoar nela os meus sonhos de aqui me sentir e de aqui gostar de estar, neste lado do meu mundo, sozinho, de dia ou de noite, a mim próprio mentindo...

...mentindo-me em constante delírio duma busca que ufana luta me provoca na mente que, pensando, não me escuta...

...e não me oiço a pensar, nem quero sequer isso imaginar; oiço apenas a noite chegar e a sua escuridão me abraçar, sem me possuir nem me ter, apenas me rodeando de um leve prazer por ouvir os seus sons sobre mim verter...

...e vertem-se esses sons em pancadas surdas de palavras mudas, livres e desnudas de sentido ou de intenção...

...a noite traz paz ao meu coração...ouvindo-a, fico sossegado e dou a mim próprio a minha própria mão...segurando-me para não a possuir...para ficar aqui e não ir...

...senti-la apenas num, pequeno que seja, luxuriante som...

...ouvindo a noite, parto para o êxtase do meu ser, não pretendendo ver, apenas ouvi-la...

...dentro de mim, a bater...

Quim Nogueira

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