Entrega

Foto de João Victor Tavares Sampaio

A Última Cruz

Não foi o primeiro pai de família que existiu, nem o último que faleceu. Sua vida, assim terminada, refletiu a solidão que quer queremos ou não, nos faz sentir saudade, amor, essas coisas de gente viva. Deixou uma falta que não se sacia nos dias de finados, aniversários, missas de sétimo dia. Foi, e não voltou mais. Quem sabe um céu lhe aguardava.

Sua morte foi trágica, solitária, isolada. Ninguém deu-se conta de tanto, ou melhor, poucos. Seu corpo ficou ali, largado por dois dias entre o chão da cozinha e a entrada do banheiro, era uma casa de pobre, mas bem assentada, na periferia de uma cidade periférica. Morreu e o esqueceram, ali na sua morte. Houve um vizinho não se preocupou com sua recente podridão, razão de seu óbvio enterro.

Uma coisa deve ser explicada, para melhor entendimento do texto. Ninguém quer a morte. Ela é um processo doloroso, traumático. Não há um ser humano que não responda aos seu instinto de não sofrer, sentindo uma dor que só se apagar com a entrega ao sono final, o último descanso injusto ao redor que lhe agride, a última cruz que se carrega para se manter a existência.

Mas o mundo é um quente, corrosivo, oxigenado pelos ares das novidades. Não há lugar para o sofrimento eterno e improdutivo, ainda mais o próprio. Sua dor cessou, mas foi uma pessoa útil. Assim merece essa homenagem.

Foto de Carmen Lúcia

Dança comigo?

A agilidade, os movimentos sinuosos,
mostram, do corpo, a sua apropriação.
Neste prazer, momentos caprichosos,
minha face rubra, pela tanta emoção...

A entrega mútua ao doce ritmo, apega,
insinuando passos criados com fulgor.
Com mestria, tudo que a dança agrega,
amena, vistosa, uma história de amor...

Por todo o salão a ansiedade incontida;
o casal, em voltas completas no espaço,
sem medos, sem negligências da vida,
embora juntos, como fora um só traço...

O baile, o recomeço de um novo enredo,
com os encantos que permeiam a canção.
Cada um dos passos libera um segredo,
como a revelar momentos de fascinação...

Na evolução da dança, a pura sintonia.
Os corpos suados, o olhar mais atrevido,
os gestos, todas viravoltas, a parceria.
Entre as bocas, o beijo do amor vivido...

Oswaldo Genofre & Carmen Lúcia

( Agradeço ao grande poeta e amigo, Oswaldo Genofre, a oportunidade de juntos criarmos esse poema.)

Foto de Carmen Lúcia

Amor Atemporal

Confesso que parei no tempo...
Apesar das marcas registradas
durante o longo das estradas.
Ou ele me deixou pra trás,
correndo veloz demais...
Houve expressivas mudanças...
Por fora!
Por dentro continuo a mesma...
Antes e agora.

Às vezes me sinto idiota
nessa realidade ilusória.
Ser anormal, atemporal!
Felicidade irrisória...
Idiotice que me faz sorrir
pra quem me vê assim...
E de repente gargalhar
até chorar, de rir...De mim.

Ainda vivo meu primeiro amor!
Único!Outros eu já esqueci...
Com o mesmo ardor de adolescente,
a mesma paixão crescente...
Como se fosse hoje
o tempo em que me perdi.

Tantos anos se passaram...
Quantas águas rolaram
desde que ele se foi,
deixando terna saudade
que nunca deixo morrer...
Camuflo-a de cores vivas
e dela tento sobreviver.

Sua música ao piano...
No palco, minha dança,
ilusões por trás dos panos,
palavras de esperança,
gestos de amor,
beijos de batom na flor...
A doce entrega!
Emoção!
Vida a pulsar!
Coração!

Ainda danço. Sem pano vermelho...
Sem palco, sem aplausos...
Frente ao espelho!
Reverencio a mim mesma...
Revejo...Vibro com o que vejo!
Seu verde olhar
a me incitar...
E me ouso em passos inusitados
que mantenho guardados
para meus momentos calados...

E seu piano toca...E me toca,
ainda mais suave...
Mesmo em tom mais grave.
Notas musicais
irradiando claves de sol...
a solfejarem... me sussurrarem...
Trazendo-o bem junto a mim.
Amor sem fim!

Sou feliz desse jeito.
Insensata, mil defeitos...
A vida não é um tratado
e ninguém é perfeito.
Escuto minha alma
que tudo vê e pressente...
E revivo no presente
o grande amor do passado.

Carmen Lúcia

Foto de Crucruzinha

Chega-te junto a mim

Chega-te junto a mim.
Abraça-me.
Deixa-me sentir o teu conforto por um momento.
Beija-me.
Quero os teus lábios colados aos meus.
Despe a tua roupa e deita-te comigo.
Preciso do teu calor junto ao meu corpo.
Toca-me.
Toca-me como só tu me sabes tocar e desperta o meu desejo.
Espalha beijos pelo meu corpo e faz-me sentir desejada.
Faz-me voar por entre mundos desconhecidos, constelações e objectos não identificados.
Agora...Deixa-me tocar-te.
Explorar o teu corpo.
Cada detalhe...
Sentir o teu gosto.
Faz amor comigo.
Entrega-te a mim como eu me entrego a ti.
Juntos iremos até ao fim desta viagem.
Torna-nos-emos num só.
Juntos atingiremos o clímax, por isso vem comigo.
Depois abraça-me de novo mas não te vás.
Não me deixes.
Quando estiveres para adormecer deixa-me sussurrar ao teu ouvido "Amo-te" só para que o saibas.
E amanhã faremos tudo de novo.

Foto de Carmen Vervloet

SANTA TERESA

Santa Teresa... que paz tão imensa
nas tuas matas preservadas de onde surgem
em nuances do verde claro ao escuro
árvores centenárias exalando esse ar tão puro.

Na castidade que a terra urge,
em teu seio mostrou-se intensa
a selva virgem onde o silêncio surge,
entre montanhas, colibris e crenças.

Que lindas cores nas tuas alvoradas,
onde a minha alma italiana descendente
passeia feliz sobre a cidade colonizada
sob a forma de uma rosa amanhecente.

O meu coração feliz saltitante
entrega-se ao teu bucolismo, cidade amada!
Sempre vestida por cores impressionantes,
ao som do coral da sua multíplice passarada.

Carmen Vervloet

Foto de marialaura

DESPERTA

Desperta

desperta-me
de noite
o teu desejo
na vaga dos teus dedos
com que vergas
o sono em que me deito

é rede a tua língua
em sua teia
é vicio as palavras
com que falas

a trégua
a entrega
o disfarce

e lembras os meus ombros
docemente
na dobra do lençol que desfazes

desperta-me de noite
com o teu corpo
tiras-me do sono
onde resvalo

e eu pouco a pouco
vou repelindo a noite
e tu dentro de mim
vai descobrindo vales.

Foto de Arnault L. D.

Vestida de você

Posso sentir sua respiração,
uma torrente de suspiros.
E no toque o eriçar dos pelos,
no pulso o acelerar do coração
e os desejos, que em mil giros...
Somando a corrente mais elos.

Seu rosto, aos poucos, ruboriza,
seus lábios, macios, entreabertos...
Se umedecem. Vermelhos de fruta.
Soprarei segredos, loucos, em brisa
em seu cabelo, orelha, lugares incertos...
Que se desvelam nos mistérios que oculta.

Em seu colo um colar se encrusta.
Uma gema entre ouro, dourados seios.
Que se revelam, em silhueta e arrepios.
Guardada em perola; fechada em ostra,
que colhida à luz, entrega-se aos anseios.
E é linda. Apenas nua, sem pudor ou brio.

Foto de Anderson Maciel

OUTRA METADE

Há momentos em que nós nos entristecemos
e a dor toma conta do nosso ser
o calor da solidão aperta nossa alma
nos faz cair, sentir o que é perder

Mas a hora oportuna chega como tempestade
em um momento divino se entrega a realidade
de que toda esta dor vai se findando
e por momentos tudo vai se acabando

Porque a outra metade chegou
para preencher este meu vazio
de não ter alguém para compartilhar
uma amizade amada, sinsera e verdadeira
faltava mesmo você na minha vida chegar
para poder eu ser assim tão feliz. Anderson Poeta

Foto de Peter

Solidão de morte

Na noite gelada
Jaz uma alma inanimada
Presa a um corpo dormente
Encostada a uma solidão quente

Uma vida perdida
Numa ruela esquecida
Uma solidão ignorada
Por esta sociedade individualizada

E a noite chegará ao fim
E aquele ser continuará assim
Vendo os dias lentamente a passar
Até o último suspiro chegar

Em cima do papelão
Mal se ouve o seu coração
Embrulhada num nada
Aquela alma abandonada
De uma pessoa boa
Ver aquela cena magoa
Uma extrema pobreza
Envolta numa profunda tristeza

Com um murmúrio silencioso
Mal se ouve o apelo tão doloroso
Aquela fraca voz
Confunde-se no barulho atroz

Afinal ninguém o sente
Mas a morte já o presente
Como um abutre á espera
No último fôlego a ela se entrega

Dedicado a todos os que vivem na rua sem esperança

Pedro Gomes

Foto de vino silva

Nosso Amor

Nosso amor
Uma troca sem censuras,
uma Entrega incondicional,
Convivência sem cobrança e factura,
Falamos através do olhar,
e nos inspiramos do mesmo mar,
e sorrimos com o coração.
Só quem ama é capaz,
e sabe assim comunicar,
Sua íntima emoção com paz.

Não quero premios amor,
nem gostos, opostos,
amo-te, minha musa,como um poeta,
e como, uma bela etiqueta.
Também jurei em versos,
o nosso amor no meu berço,
se sei tocar-te com um beijo,
é o seu corpo, que eu lampejo.

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