Na noite gelada
Jaz uma alma inanimada
Presa a um corpo dormente
Encostada a uma solidão quente
Uma vida perdida
Numa ruela esquecida
Uma solidão ignorada
Por esta sociedade individualizada
E a noite chegará ao fim
E aquele ser continuará assim
Vendo os dias lentamente a passar
Até o último suspiro chegar
Em cima do papelão
Mal se ouve o seu coração
Embrulhada num nada
Aquela alma abandonada
De uma pessoa boa
Ver aquela cena magoa
Uma extrema pobreza
Envolta numa profunda tristeza
Com um murmúrio silencioso
Mal se ouve o apelo tão doloroso
Aquela fraca voz
Confunde-se no barulho atroz
Afinal ninguém o sente
Mas a morte já o presente
Como um abutre á espera
No último fôlego a ela se entrega
Dedicado a todos os que vivem na rua sem esperança
Pedro Gomes