Empresa

Foto de Manu Hawk

Desejo X Desejo (Conto)

O que fazer quando o desejo é maior que a razão? Quantas pessoas já não se imaginaram em situações inusitadas? Quantas tiveram coragem de levar adiante a imaginação? Quantas se arrependeram depois? Mas quantas se sentiram plenamente realizadas...

Fim de festa, taças e copos espalhados por mesas, canteiros, janelas, em todos os lugares... Agora somente os mais amigos estavam reunidos, alguns ainda dançando na pista, outros sentados na beira da piscina do Iate Clube, hoje palco de risadas e olhares cheios de tesão. Tudo era perfeito, cada palavra saía deliciosamente da boca, combinando com cada gesto, lentos, leves, soltos.

Estava cansada depois de um dia de trabalho, mas nada poderia quebrar o encanto dessa noite maravilhosa, onde todos da empresa puderam se conhecer um pouco mais. Não somente conhecer, mas extravasar os desejos mais ocultos depois de algumas doses.

Ric estava mais lindo do que nunca, livre da fisionomia tão séria e preocupada que carregara durante todo o ano. Conversamos, rimos, e dançamos muito. Estávamos conversando na beira da piscina, liberada para os poucos que ficaram. Mauro, amigo de Ric, e divulgador de uma das empresas que trabalhavam conosco se juntou ao nosso grupo. Era extremamente simpático, inteligente e agora pude reparar cada detalhe, era divinamente másculo e lindo. Enquanto falava fiquei extasiada, o que ele não demorou muito a notar. Fomos dançar, e ao sentir seu corpo tão próximo, me senti culpada. Mantinha um certo relacionamento com Ric, sem compromisso, eu sei, mas era um relacionamento afinal. E como negar? Desejava até o perfume que sentia em Mauro, naquele momento. Voltamos e Ric me chamou para irmos, havia combinado de dormir na casa dele. Para minha surpresa chamou Mauro também.
No caminho pensei em como fugir daquela situação, nenhuma idéia. Fui...

Ao chegar fui direto para a cozinha, queria água, muita água, me afogar se possível, para apagar aquele fogo louco que sentia. Como poderia estar desejando aqueles dois homens assim? Mauro entrou na cozinha, passou entre o pouco espaço que havia entre a cadeira e meu corpo, bem devagar, roçando, provocando, arrepiando-me. Pegou o copo, me olhou firme, sorriu e saiu.
Quando cheguei ao quarto, Ric estava no banho, fiquei da porta admirando como era lindo. Suas mãos esticadas na parede, descansando, e a água escorrendo pelo seu corpo. Pediu-me que pegasse algo para bebermos, isso não ia dar certo, rs. Na sala Mauro já havia se servido, estava deitado no sofá, seguindo cada passo que eu dava, sempre sorrindo...eu queimava...isso definitivamente não vai dar certo, rs.

De volta ao quarto, entreguei o copo a Ric, que me puxou para debaixo do chuveiro. Minha roupa caiu tão rápida quanto à água pelo corpo, nos beijamos com tanta loucura, como nunca havia acontecido. Senti que não estávamos sozinhos, aquela sensação de que alguém observava, mas não paramos, estava queimando, louca de tesão por Ric e por saber que Mauro poderia estar ali. Isso me deixou mais excitada, sentia que Ric também havia percebido e gostava. Suas mãos percorriam meu corpo, a água caindo, bocas unidas, sugando, encaixamos...

A música invadia o quarto, banheiro, meus ouvidos, movimentos deliciosos, a cabeça rodava. Senti me acariciarem nas costas, dedos percorriam levemente até minha nuca, parei! Não sabia o que fazer, tudo era muito louco para minha cabeça! Queria pensar, raciocinar, mas não era isso que meu corpo pedia, deixei-me levar. Pela primeira vez me entregaria a imaginação, aos desejos somente.
Ric estava louco de tesão, me penetrava firme e deliciosamente, olhou como se perguntasse se continuaria...sim, sim, responderam meus olhos, mãos, boca, pernas, movimentos...movimentos deliciosos que faziam sentir cada vez mais o corpo de Mauro próximo, roçando em minhas costas, beijando meu pescoço... PAAAAAAAAARA! Vou enlouquecer!
Não sabia mais o que queria, quem beijar, abraçar, corresponder. Parar? Não! Decidi não pensar, atenderia somente meus instintos. Como um animal? Sim! Não vou me condenar, queria os dois e se havia chegado até ali, não recuaria.
Desejava loucamente sentir o gosto de Mauro, desde a festa pensava nisso, como seria sua boca, seus beijos, seu corpo. Ric sorria como se adivinhasse meus pensamentos, naquele momento nós sabíamos exatamente o que cada um desejava. Saciei-me dos beijos, carícias e corpo de Mauro! Me entreguei plenamente a dois homens maravilhosamente viris e carinhosos. Foi uma noite lindamente estranha, dupla penetração, tripla emoção, infinito tesão!

( por Manu Hawk - 13/06/2004)
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Respeitem os Direitos Autorais. Incentivemos a divulgação com autoria. É um direito do criador que se dedicou a compor, e um dever do leitor que apreciou a obra. [MH]
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Foto de Rosinéri

A HISTORIA DO HERNANI

Certa vez, trabalhei em uma pequena empresa de Engenharia.
Foi lá que fiquei conhecendo um rapaz chamado Mauro. Ele era grandalhão e gostava de fazer brincadeiras com os outros, sempre pregando pequenas peças.
Havia também o Ernani, que era um pouco mais velho que o resto do grupo.
Sempre quieto, inofensivo, à parte, Ernani costumava comer o seu lanche sozinho, num canto da sala.
Ele não participava das brincadeiras que fazíamos após o almoço, sendo que, ao terminar a refeição, sempre sentava sozinho debaixo de uma árvore mais distante.
Devido a esse seu comportamento, Ernani era o alvo natural das brincadeiras e piadas do grupo. Ora ele encontrava um sapo na marmita, ora um rato morto em seu chapéu. E o que achávamos mais incrível é que ele sempre aceitava aquilo sem ficar bravo.
Em um feriado prolongado, Mauro resolveu ir pescar no Pantanal. Antes, nos prometeu que, se conseguisse sucesso, iria dar um pouco do resultado da pesca para cada um de nós.
No seu retorno, ficamos todos muito animados quando vimos que ele havia pescado alguns dourados enormes.
Mauro, entretanto, levou-nos para um canto e nos disse que tinha preparado uma boa peça para aplicar no Ernani.
Mauro dividira os dourados, fazendo pacotes com uma boa porção para cada um de nós.
Mas, a 'peça' programada era que ele havia separado os restos dos peixes num pacote maior, à parte.
- Vai ser muito engraçado quando o Ernani desembrulhar esse 'presente' e encontrar espinhas, peles e vísceras!,
disse-nos Mauro, que já estava se divertindo com aquilo.
Mauro então distribuiu os pacotes no horário do almoço.
Cada um de nós, que ia abrindo o seu pacote contendo uma bela porção de peixe, então dizia:
- Obrigado!
Mas o maior pacote de todos, ele deixou por último.
Era para o Ernani.
Todos nós já estávamos quase explodindo de vontade de rir, sendo que Mauro exibia um ar especial, de grande satisfação. Como sempre, Ernani estava sentado sozinho, no lado mais afastado da grande mesa.
Mauro então levou o pacote para perto dele, e todos ficamos na expectativa do que estava para acontecer.
Ernani não era o tipo de muitas palavras. Ele falava tão pouco que, muitas vezes, nem se percebia que ele estava por perto. Em três anos, ele provavelmente não tinha dito nem cem palavras ao todo.
Por isso, o que aconteceu a seguir nos pegou de surpresa.
Ele pegou o pacote firmemente nas mãos e o levantou devagar, com um grande sorriso no rosto.
Foi então que notamos que seus olhos estavam brilhando.
Por alguns momentos, o seu pomo de Adão se moveu para cima e para baixo, até ele conseguir controlar sua emoção.
- Eu sabia que você não ia se esquecer de mim
disse com a voz embargada. Eu sabia, você é grandalhão e gosta de fazer brincadeiras, mas sempre soube que você tem um bom coração.
Ele engoliu em seco novamente, e continuou falando, dessa vez para todos nós.
-- Eu sei que não tenho sido muito participativo com vocês, mas nunca foi por má intenção.
Sabem... Eu tenho cinco filhos em casa, e uma esposa inválida, que há quatro anos está presa na cama. E estou ciente de que ela nunca mais vai melhorar.
Às vezes, quando ela passa mal, eu tenho que ficar a noite inteira acordado, cuidando dela. E a maior parte do meu salário tem sido para os seus médicos e os remédios.
As crianças fazem o que podem para ajudar, mas tem sido difícil colocar comida para todos na mesa.
Vocês talvez achem esquisito que eu vá comer o meu almoço sozinho, num canto... Bem, é que eu fico meio envergonhado, porque na maioria das vezes eu não tenho nada para pôr no meu sanduíche.
Ou, como hoje, eu tinha somente uma batata na minha marmita.
Mas eu quero que saibam que essa porção de peixe representa, realmente, muito para mim. Provavelmente muito mais do que para qualquer um de vocês, porque hoje à noite os meus filhos ...
Ele limpou as lágrimas dos olhos com as costas das mãos.
- - Hoje à noite os meus filhos vão ter, realmente, depois de alguns anos... e ele começou a abrir o pacote...
Nós tínhamos estado prestando tanta atenção no Ernani, enquanto ele falava, que nem havíamos notado a reação do Mauro.
Mas agora, todos percebemos a sua aflição quando ele saltou e tentou pegar o pacote das mãos do Ernani. Mas era tarde demais.
Ernani já tinha aberto e pacote e estava, agora, examinando cada pedaço de espinha, cada porção de pele e de vísceras, levantando cada rabo de peixe.
Era para ter sido tão engraçado, mas ninguém riu. Todos nós ficamos olhando para baixo. E a pior parte foi quando Ernani, tentando sorrir, falou a mesma coisa que todos nós havíamos dito anteriormente:
- Obrigado!
Em silêncio, um a um, cada um dos colegas pegou o seu pacote e o colocou na frente do Ernani, porque depois de muitos anos nós havíamos, de repente, entendido quem era realmente o Ernani.
Uma semana depois, a esposa de Ernani faleceu.
Cada um de nós, daquele grupo, passou então a ajudar as cinco crianças.
Graças ao grande espírito de luta que elas possuíam, todas progrediram muito:
Carlinhos, o mais novo, tornou-se um importante médico.
Fernanda, Paula e Luisa montaram o seu próprio e bem-sucedido negócio: elas produzem e vendem doces e salgados para padarias e supermercados.
- O mais velho, Ernani Júnior, formou-se em Engenharia; sendo que, hoje, é o Diretor Geral da mesma empresa em que eu, Ernani e os nossos colegas trabalhávamos.
Mauro, hoje aposentado, continua fazendo brincadeiras;
entretanto, são de um tipo muito diferente:
ele organizou nove grupos de voluntários que distribuem brinquedos para crianças hospitalizadas e as entretêm com jogos, estórias e outros divertimentos.
Às vezes, convivemos por muitos anos com uma pessoa, para só então percebermos que mal a conhecemos.
Nunca lhe demos a devida atenção; não demonstramos qualquer interesse pelas coisas dela;
ignoramos suas ansiedades ou seus problemas
Que possamos manter sempre vivo, em nossas mentes, o ensinamento de Jesus Cristo:
Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros.
(João 13,34)
vejamos se não somos um pouco como Mauro e seus companheiros.
Se formos... por favor, há tempo de mudar sem dor.
A história é real.
E eu sei que serve de Lição para a vida.

Foto de Armando Tomaz

LIDERANÇA e ÉTICA NAS EMPRESAS:a influência do Líder na saúde mental da equipe

A palavra líder vem do inglês leader e significa “fazer ir”. Dela, provém o termo liderança que caracteriza a maneira como o líder se desenvolve, definido de acordo com sua autoridade. O líder tem que realmente “decidir”, colocar suas opiniões de acordo com o código de ética da empresa, sendo necessários muito empenho, paciência e aprendizado, promovendo a motivação, com o fim maior de alcançar os alvos estabelecidos com sua equipe de trabalho. Nesse contexto, toda liderança se torna a influência que uma pessoa exerce sobre outra pessoa ou grupo, agindo de forma a respeitar a Ética da empresa, já que a mesma refere um trabalho composto com justiça, igualdade, confiança e tolerância. Assim, será apresentada uma discussão sobre a importância de uma liderança num trabalho em equipe, abrangendo os preceitos da ética empresarial, procurando estabelecer uma reflexão sobre a figura do líder, seu comportamento ligado à transparência e integridade, de acordo com seu tipo, já que se percebe que, atualmente, muitas organizações vivem à revelia da ética, permitindo abusos, assédios, competição desenfreada, propiciando um ambiente de trabalho no qual são desenvolvidas patologias, tanto físicas quanto psíquicas nos funcionários.

Foto de Sonia Delsin

UMA ATITUDE - Conto

UMA ATITUDE

Mariana sempre se levantava tão cedo. Gostava disso. Heitor ficava na cama e ela saía para suas caminhadas matutinas.
Ia olhando as árvores, os pássaros, as casas. Caminhava porque gostava e também para pensar na vida.
O casamento estava mal? Péssimo. Não existia mais desejo de ambas as partes. A ternura dos primeiros anos... ah, aquele encanto todo tinha acabado há tempos. Por que continuavam juntos?
O único filho estava casado e morava no exterior. Por que continuavam morando sob o mesmo teto, se não existia mais nada? Ela não sabia, ou sabia.
Heitor procurava outras mulheres? Ela imaginava que sim, mas não se importava. Não dormiam mais no mesmo quarto e ela nem o via chegar. Isto não a incomodava. O casamento estava falido, como falida estava a empresa que tanto ela empenhara em manter de pé.
O pai deixara para ela a fábrica de pregos.
Pobre paizinho! De que valeu tanto empenho? Heitor afundou-a.
Viviam da aposentadoria dela e do que Marcelo enviava. Marcelo queria ajudar, sempre tão prestativo e amoroso o filho.
Pelo menos ele estava bem, pois encontrara uma boa esposa, tinha um excelente emprego e morava no primeiro mundo.
-- Mãe, por que não se muda pra cá?
-- Deixar seu pai?
-- O casamento de vocês está acabado faz tempo.
Estava mesmo e ela ia ficando.
Um cão se aproximava e ela o agradava. Mais pra frente era um gato que vinha lhe fazer um agrado.
Um casal passava conversando. Caminhando e conversando e ela pensava se seriam felizes como aparentavam ser.
Ela não fora feliz no casamento e era uma covarde, pois não tinha coragem de sair dele.
Um dia teria? Talvez nunca.
Heitor por certo ficaria na cama até dez horas e se levantaria mal humorado. Colocaria defeito no almoço, em tudo. E ela ficaria quieta. Pra que brigar?

Ao abrir o portão Mariana notou que havia visita na casa. Era uma prima que não via desde o ano passado.
-- Você aqui, Bene?
As duas se abraçam.
-- Bonita como sempre, Mariana. O Heitor me contou que não abre mão das suas caminhadas por nada.
-- É, eu gosto.
-- Tirei o Heitor da cama hoje.
Mariana olhou o marido de pijama. Que ridículo ele lhe parecia naquele instante. Tinha bolsas enormes sob os olhos. Será que andara bebendo? É, ele andava bebendo nos últimos tempos. Além de fumar demais começara a beber. Será que estava querendo morrer?
O marido agora era um estranho pra ela. Um estranho que dormia no quarto ao lado do seu e que comia na mesma mesa.
Deus! O que ela fizera com a própria vida... o que ela fizera. As roupas de ambos eram lavadas na mesma água na máquina de lavar e estendidas no mesmo varal. E eram dois estranhos. Nada mais e nada menos que dois estranhos.
Tão longe ela estava quando Bene lhe chamou a atenção. Abraçada a Heitor a prima lhe parecia tão bem.
-- Estou apaixonada, prima.
-- De novo? É o quinto este ano?
-- Sexto.
-- Nossa! Você se apaixona tanto.
Heitor sorri gostosamente. Naquele instante ela até sente uma certa ternura por ele. Ele sorri tão leve e tão solto que parece o marido dos primeiros tempos.
Mas ela sabe que quando Bene se for ele será o mesmo ranzinza de sempre.

-- Fica pra almoçar, prima.
-- Tenho um compromisso. Estou de férias este mês, mas tenho mil coisas a fazer. Estou reformando a casa.
-- De novo?
-- Talvez o Marcos fique morando comigo.
-- Nossa! É sério desta vez?
Bene sorri e lhe dá um beijo na ponta do nariz.
Sussurra em seus ouvidos.
-- Vocês não parecem nada bem.
Ela nada diz. Melhor calar.
Os olhos do marido não a abandonam todo o tempo naquela manhã. Será que vai querer brigar quando a visita se for? Credo. Ela nem quer pensar nisso.
O que ela precisa é de uma atitude. Mas quando? Quando acontecerá?
Vai até o portão se despedir da prima e entra na casa. Começa a sua habitual tarefa. Arrumar a casa, ouvir as reclamações de Heitor...
Não quer brigar e deixa-o falar.
As palavras dele não têm mais o poder de perturbá-la, feri-la. Está meio morta e se faz de surda como uma porta.
Quando tomará uma atitude? Talvez nunca... Feliz é a Bene, ela pensa.

Foto de pttuii

Interior II

Alguns lugares mais atrás, um outro adulto jovem fita o azul claro dos mosaicos da repartição pública. Parece estar perdido, e quem souber analisar a profundidade da linguagem gestual humana, com certeza que descobrirá um pedido de socorro. As mãos fincadas nos bolsos de uns jeans rasgados. Um cachecol multicolor a afundar uma cabeça que tremelica ocasionalmente. O pé direito a 'embicar' com uma saliência no chão impecavelmente limpo da repartição estatal. Assim ao longe, o jovem parece estar apenas a fitar uma simples barata doméstica que corre pela vida no meio de passos 'gargulescos'.
Na realidade, ele procura a chave para a dissolução de uma personalidade que só lhe tem dado tristezas.Transporta consigo um currículo de relacionamentos amorosos falhados. O último levou-o mesmo ao Hospital, já que terminou com uma tentativa de suicídio. O jovem fechou-se na garagem da moradia recém-construída dos pais. Com botijas de gás armazenadas no porta-bagagens do 6 cilindros da família, montou um esquema de transporte de gases que o matariam em pouco tempo. Não fosse a intervenção casual da irmã, e teria sido encontrado inerte, no lugar do condutor da viatura. Ao fim de uma semana de internamento nas urgências de um hospital, começou a ser acompanhado por um psiquiatra de renome. Ainda está na fase do reconhecimento da enfermidade devendo, a breve prazo, ser-lhe receitada a devida medicação.
Noutro contexto, dois homens de meia idade repartem uma fila de cadeiras de plástico, como únicos passageiros de uma calma astronómica. A calvície de um, claramente incomoda o outro. Um fitar quase assassino disseca os pequenos pelos de uma meia-lua que parece aumentar a uma velocidade constante, e envergonhadora. É este o universo onde, previsivelmente, poderá ocorrer o crime. O autor repete. Ainda é cedo para estar a afirmá-lo taxativamente. Mas o cidadão calvo parece estar a ceder a uma pressão que poderá ser explicada pelas contingências da vida.
Foi despedido nesse mesmo dia. O outsourcing, a ditadura dos cortes económicos da empresa de fabricação de motorizadas, levou-o nessa manhã ao gabinete do senhor administrador. A um condescendente 'desculpe, mas já não contamos mais com os seus serviços', respondeu com um silêncio preocupante. Já tem na sua posse um cheque com uma indemnização correspondente aos melhores 15 anos de uma carreira contributiva de 30, e aguarda agora pelo seu lugar na atribulada agenda da técnica de comparticipações por desemprego da segurança local.
Quem o observa não faz por mal. João, um João talhado para as pequenas coisas da vida de uma localidade de interior, tem um quotidiano marcado pela missão que Deus lhe deu. Cuidar de uma avó idosa. Tão velha, que já se esqueceu de quando nasceu, nem do local onde deu o primeiro beijo. João está confinado, tantas horas quantas necessárias por dia, às quatro divisões de uma moradia do seculo XIX. É uma casa grande, de paredes grossas, e que já lhe está prometida quando o inevitável acontecer. João não trabalha, já que se comprometeu a servir a avó. Por isso, não terá culpa de a sua mente estar formatada para uma realidade tão doméstica, quanto triste. (continua)

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"DIALOGO PÓS MORTE"

“DIALOGO PÓS MORTE”

Caramba será um sonho, que lugar é este quantas luzes piscando, se eu não tivesse tanto o que fazer eu ia ficar por aqui.Um lugar que me da paz, nunca senti nada parecido, a minha vida tem sido apenas em um sentido, ganhar dinheiro, mas eu fiz tudo direitinho, acumulei uma verdadeira fortuna, tenho vários carros importados, uma mansão, casa de praia, dificilmente eu uso as coisas que tenho, meus filhos, seus amigos, minha mulher também com suas amigas, eu prefiro ficar trabalhando enquanto eles se divertem, assim tenho mais tranqüilidade para trabalhar.
Que luz enorme linda, o que será?

Seja bem vindo amigo, você vai ficar por aqui!!!

Não vou não, tenho uma meta pra cumprir, meus negócios não me permitem descansar.

Você ainda não entendeu!
Você não pertence mais àquela vida, de tanto Trabalhar esqueceu de se cuidar e seu corpo não agüentou!

O que o Senhor quer dizer, eu morri?

Morrer não é a palavra certa. Apenas mudou de estagio!

Mas e tudo que construí?
Meus carros?
Minha casa?
Meu sitio, que eu nem conheço ainda?
Meus cartões?
E a fortuna que tenho no Banco, como faço para trazer para cá?

Amigo, aqui nada do que fez na vida tem valor, esta vendo aquela roda de pessoas? Estão saboreando as coisas boas que viveram o quanto gratificante foram suas existências terrenas, veja aquele mais gordo, ele era carteiro na Vila Maria em São Paulo, no seu enterro tinha mais de cinco mil pessoas, ele realmente construiu uma vida de coisas boas.

Mas Senhor, e eu então, a minha casa tem quarenta cômodos, tem piscina, tem sauna, tem garagem para doze carros, ta certa que eu mesmo entrei naquela enorme piscina duas vezes, uma quando perdi o sono e sai, estava muito calor então entrei, como é gostosa a minha piscina, e a segunda vez foi para pegar uma ferramenta que deixaram cair.

Então meu filho analise a sua vida terrena e veja quanto de lá consegues trazer para cá!
Aquele carteiro nem casa tinha, vivia nos fundos da casa do sogro, pois com seu misero salário ainda ajudava quem precisava e nunca sobrou dinheiro para comprar sua casa.

Mas meu Senhor, fui uma pessoa extremamente positiva, implantei em minha empresa uma filosofia do positivismo em que motivava a todos a trabalhar mais eu também ajudei muita gente, só empregados eu tenho duzentos. Ajudo muita gente que me procura para fazer negócios.

Meu filho, não é o que esta escrito aqui, este livro relata a sua vida terrena, todos que conseguiram realizar algum tipo de transação comercial contigo foi para deixar tua fortuna maior, nunca foi anotado aqui que você fez algum negocio sem ganhar a parte maior, e seu positivismo sempre foi tendencioso.

Mas Senhor, sou muito mais importante do que aquele carteiro gordo.

Há há há, meu filho, tu consegue enxergar a insanidade de teus pensamentos?
Aqui meu amigo, você é apenas um aprendiz.
Nada do que construiu na terra consegues trazer para cá, aquele gordo é imensamente mais rico que você, pois ele trouxe consigo todo o seu patrimônio. Que é constituído de amizades, sinceridade, solidariedade, altruísmo e muito amor pelo próximo.

Serio senhor?

Muito serio meu amigo, trabalhastes pesado para o lado errado, enquanto aquele gordo apenas viveu, sonhou, foi feliz fazendo muita gente feliz, você se afundava no trabalho para acumular coisas materiais, você não deve lembrar, mas seu filho mais velho te procurou dezenas de vezes para jogar bola, lembra?

Lembro sim mestre, mas como eu podia parar para jogar bola se tinha um monte de compromissos me esperando?

Então filho, aquele gordo tirava suas férias junto com a de seus filhos, eles se acabavam de jogar bola empinar pipa, andar de bicicleta e tudo mais que as crianças adoram fazer.

Então Senhor, acha que fiz tudo errado?

Sim filho, o mundo é construído por pessoas iguais a você, por este motivo ele esta se deteriorando, esta completamente comprometido, a felicidade não custa dinheiro, aqui vai conhecer pessoas muito mais importante que você, que não tinha nada, aqui filho tem até ex funcionário seu que teve uma vida terrena mais aproveitável que a sua.

Senhor, preciso me acostumar com tudo aqui, tudo é muito diferente do que vivi.
Agora estou começando a enxergar o que alguns amigos me falavam, tinha um que eu o julgava um bobo que dizia que o dinheiro não lhe interessava, ele trabalhava apenas para sobreviver, varias foram às vezes que nos estranhamos, teve uma vez que eu lhe ofereci uma importância por uma mercadoria e quando ele a trouxe eu percebi que podia diminuir o preço e ele mandou
eu engolir meu dinheiro, pois ele não precisava dele, e ainda disse mais, falou que eu precisava de dinheiro, ele não, naquele dia eu tive vontade de rir da cara dele, hoje tenho vontade de chorar de vergonha, como eu trabalhei errado, tenho visto nestes poucos momentos que estou aqui, que muita gente quando chega é recepcionado por um batalhão de pessoas que cantam e riem a vontade, eu não vi ninguém quando cheguei, apenas o Senhor.

É meu filho, você esta começando a aprender como viver, mas terá mais oportunidades, voltaras um dia pra fazer o que aquele gordo fez na terra, espalhou a bondade por onde passou, dividiu seu único pão com quem também precisava, e teve sentimentos Universais e não tão somente terrenos.
Você meu filho, apenas usou as pessoas com as quais se relacionou, elegeu o dinheiro como teu mestre e o cultuo por toda tua existência terrena, não parou para pensar que caixão não tem gaveta e que não conseguiria levar para sua nova vida nada do que angariaste, muitas pessoas fazem de tudo um pouco ganham dinheiro, fazem o bem e são felizes, você só ganhou dinheiro, realmente sua existência terrena foi em vão, terá que voltar para consertar tudo, mas antes vou te mostrar tudo por aqui.
Vou te levar na casa dos mortos vivos, na casa dos Iluminados, onde mora aquele carteiro gordo, e também vou te levar na minha casa, terá oportunidade de medir o tamanho da benevolência terrena. Conseguira influenciar na trajetória de teus filhos para que eles possam ser recebidos por você quando aqui chegar.

Senhor conceda-me uma graça, deixe-me voltar a terra para mostrar para os meus filhos que os ensinei errado?

Isso não é possível, terá que caminhar bastante, aprender muito, ver muita gente aqui, aprender mais sobre a vida, terá que fazer uma reprogramação mental, ai vai ser julgado por uma comição só então se aprovado poderá voltar a terra.

Senhor, preciso urgente começar a aprender, pois realmente tenho a convicção que fiz tudo errado e preciso voltar para consertar.

A partir da próxima lua conhecera mais pessoas iguais a você, alguns até amigos, então fará parte de um grupo de terapia intensiva que caminhara em direção aos ensinamentos.
Boa sorte amigo espero que sua estada aqui seja por demais instrutiva, a partir de agora vamos nos separar e só nos encontraremos quando for voltar, seja muito atencioso quando os mentores vierem te ministrar os ensinamentos,
Vida Longa.

Edson Milton Ribeiro Paes.

Foto de Agamenon Troyan

JORGE BUENO DA SILVA (LAGO AZUL)

JORGE BUENO DA SILVA

( LAGO AZUL )

Jorge Bueno da Silva nasceu em 19 de setembro de1948, na zona rural de Machado-MG. A paixão pelo futebol começou quando jogava no time do São Luís. Depois ingressou no Jardim Teália, no La Salle(dos irmãos lassalistas), e no Flamengodo Divone “Carroeiro”. Aos 14 anos foi morar com os tios em Vila Ema (na capital de São Paulo). Conseguiu um emprego de serralheiro na micro empresa Elie–Pedrosian & Filhos. Fez amizade com torcedores daquele que seria para sempre o seu time de coração: o Santos Futebol Clube.

Era o ano de 1962 quando Jorge e um grupo de amigos foram ao Pacaembu para assistir a uma partida entre Santos x Botafogo, pelo antigo Torneio Rio-São Paulo. Naquela época, o Santos de (Gilmar, Pelé, Coutinho, Pepe, Zito e Mengalvo) juntamente com o Botafogo de (Zagalo, Garrincha e Nilton Santos) eram a base da Seleção Brasileira. Ao completar 19 anos, Jorge retornou a Machado. Nesse ínterim, um primo seu havia formado a equipe do Time da Prefeituraonde jogou por algum tempo.

Foi o técnico e fundador “Dica” que o chamou para jogar no Clube da Ponte. A equipe era formada por Divone, Sérgio, José Vítor, Dito, Zé Perereca, Duréia, Caveira, e Simão. A prefeitura arranjava-lhes, meias, camisas (menos chuteiras) e cedia-lhes um caminhão para transportá-los até as cidades vizinhas... Em 1984, juntamente com os Srs. Natal e Zé Garcia montaram um time de veteranos, o “Aqui e Agora”. Entretanto, no ano seguinte, decidiram montar um time jovem para dirigir. Surge então, em 1985, o Lago Azul.

O nome derivou de uma ilha artificial da cidade de Campestre-MG (Lagoa Azul). Graças ao apoio do Paulinho (Fotoamador), a equipe adquiriu uniformes para disputar os campeonatos (Rural e Municipal). Com muita determinação os garotos conquistaram todos os campeonatos de 2000. Em entrevista ao Episódio Cultural, Jorge Bueno lembrou com muita saudade dos bons tempos de uma Machado cheia de galanteios, sorrisos e pés-de-valsa, que infelizmente foi tragada pela frieza das salas de estar vazias de amizade e comunicação.

Há 31 anos trabalhando no SAAE, Jorge Bueno nunca se cansou de dedicar–se ao futebol e, principalmente, em tirar das ruas aquele menino que, através do esporte possa ocupar a sua mente com atividades positivas. Ele, assim como muitos outros que se engajam nessa luta merece os nossos respeitos.

(foto) Maria Lúcia P. Silva (esposa), a neta e Jorge Bueno

matéria do fanzine Episódio Cultural
machadocultural@gmail.com

Foto de pttuii

Arco Íris Inc.

O Branco é amigo do Preto. O Castanho está unido por ligações sentimentais ao primeiro, mas nada o liga ao segundo. O Azul tem tendências suicidas, e vê no Verde um refúgio de serenidade cada vez mais raro nos dias que correm.
Os dois já se envolveram com o Preto, mas perante o Branco sempre o negaram. O Roxo espera por uma oportunidade para pedir emprego ao Castanho, que assume funções de administração na empresa de obras públicas do Amarelo.
O Branco é quem verdadeiramente dá a cara neste negócio, e fala-se que poderá ver com bons olhos um take-over feito pelo Rosa. A suavidade de temperamento deste último é vista pelo Azul como uma potencial ‘mais valia’ numa ligação meramente profissional.
A importação de água de um mar cuja localização ainda não foi tornada pública, parece ser o ramo em que o azul melhor se movimenta. A personalidade densa que o caracteriza é, segundo os analistas, a adequada para uma correcta gestão da multinacional.Uma empresa de consultoria, fundada pelo amarelo, poderá ter sido contratada para atestar a veracidade destas constatações. Por trás deverá estar uma Oferta Pública de Aquisição feita pelo Ciano, que desesperadamente luta por se manter à tona de um negócio onde o Branco ainda dita regras.
O Ciano partilha o tom com o Lilás, e é considerado perigoso. Numa desordem alvejou a tiro o Branco, que por ter corrido perigo de vida, reforçou o seu estatuto neutral. O relatório de tendências no arco-íris aponta para um futuro menos denso. O esbatimento de funções é visto com desconfiança.

Foto de Manu Hawk

Festa de Natal

Faltavam três dias para o Natal, fim de expediente, pessoas correndo, agitadas para dar os últimos retoques e não chegar atrasados na festa da empresa. Não era longe, apenas alguns andares abaixo, no salão de festas, mas perder cada minuto dessa festa grandiosa, onde pelo menos por um dia todos estariam sozinhos, seria um pecado! Acho que todos pensavam da mesma forma, e aguardavam ansiosos esse dia, pois "nessa" festa o acesso era permitido somente aos funcionários. Excelente desculpa para as esposas, maridos, noivas, namorados, etc... Todos, com certeza, falavam isso com sofrimento estampado no rosto, mas o tesão explodindo vitorioso dentro do corpo, rs.

Não aderi à loucura, queria adiantar meu trabalho, assim poderia descansar mais depois da festa. Pensei que todos do setor haviam descido, mas levantei os olhos e ele permanecia em sua mesa, também digitando concentrado. Não tinha certeza se ele participaria da festa, aliás, não tinha certeza de nada, pouco nos falamos durante o ano inteiro. A única certeza que tinha era que nos devorávamos quando trocávamos olhares, quando passávamos um perto do outro, sempre arranjando uma maneira de esbarrarmos. Mas calados, sempre.

Fiquei viajando enquanto pensava se perguntava ou não se ele iria a festa. Nem percebi que havia levantado, acabou o sonho, viajei demais. Droga, o jeito era acabar e descer, agora nem tinha tanto interesse na festa. De repente senti pararem ao meu lado, tão perto que a perna roçava no meu braço.

_ Quer café? (perguntou aquela voz maravilhosa que tantas vezes imaginei no meu ouvido, falando sacanagens e me arrepiando toda)
_ Quero, obrigada! (respondi, doida pra agarrar aquele homem maravilhoso)

Quando voltou colocou o café do outro lado da mesa, passando o braço por trás do meu corpo, que na mesma hora se esticou todinho. Era visível meu estado, os seios retesados invadiam a blusa, chamando atenção. Não sabia o que fazer, com ele sentado na mesa, me olhando. Tomava café e me olhava o tempo todo, me despindo e queimando cada parte do meu corpo. Acabei derramando café no teclado e na saia, que idiota! Ele levantou, trouxe papel toalha e enquanto eu limpava, colocou suas mãos em volta do meu pescoço e começou a massagear...

"Você está muito tensa, relaxa". (falou bem calmo e irônico)

Impossível não atender uma ordem dessa, mas ainda estava muito tensa e preocupada que entrasse alguém. O que ele logo percebeu e me disse para esquecer, ninguém estava preocupado conosco, só com a festa. Aos poucos fui relaxando e ficando com mais tesão a cada minuto que passava. Aquelas mãos gostosas me massageando o pescoço e ombros, e o corpo quente dele encostando-se a minhas costas. Suas mãos começaram a descer, entrando por minha blusa e deixando meus seios livres. Levantei os braços, alisando aquele corpo gostoso e o puxei. Nos beijamos finalmente, que boca quente, que língua gostosa, daquelas que viajam em nossa boca, excitando cada vez mais. Suas mãos desceram mais, começaram a puxar lentamente minha calcinha, só levantei de leve ajudando-o a tirar. Senti sua mão quente, seus dedos brincando em meu corpo, até que os movimentos ficaram alternados, leves, firmes, contínuos, profundos...
Ouvia vozes das pessoas passando no corredor, mas nem ligava mais, queria me deliciar em suas mãos, e boca... Sim, agora era sua boca que me lambia, sua língua que invadia me explorando, chupando gostoso, cada vez mais, fazendo-me gozar deliciosamente calada. Levantou-me da cadeira, beijando e abraçando loucamente, cheio de tesão, senti o quanto estava excitado, mas ouvimos alguém o chamando. Nos separamos imediatamente, sentei novamente, ele sentou ao meu lado, disfarçando com uns papéis na mão. Era nosso chefe, chamando para a festa!

Tivemos que levantar e descer. Mas no caminho, ainda no corredor, ele falou baixo, "vou te levar pra casa depois", ao que respondi no ouvido, disfarçando, "qual delas, a minha ou a sua?" Nos olhamos e rimos muito!

(por Manu Hawk - 02/06/2004)
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Respeitem os Direitos Autorais. Incentivemos a divulgação com autoria. É um direito do criador que se dedicou a compor, e um dever do leitor que apreciou a obra. [MH]
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Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"DINHEIRO PODRE"

“DINHEIRO PODRE”

Por favor, troque pra mim, pelo amor de Deus, pegue este dinheiro e me de apenas um terço em créditos, estou com fome e não consigo comprar comida, meus filhos estão passando fome, me ajudem, esta bem, quatro por um, tenha pena tenho duas crianças, preciso levar leite e pão para casa!!!
Estamos em 2020, e este pedinte exibia dinheiro vivo nas mãos, mas não tinha sequer um centavo de crédito, no começo deste século nosso Pais passou por uma reformulação na sua área financeira e tributária que ficamos escravos de um sistema contábil totalmente fiscalizado pelo governo, já não existe mais caixa dois, tudo passa pela Secretaria da Fazenda, tudo que vendemos ou compramos tem que ser informado instantaneamente a Secretaria da Fazenda, quando vendemos algo ou prestamos algum serviço a alguém ou a alguma empresa, usamos um palm que debita da conta do comprador e credita na conta do vendedor, simultaneamente a Receita Federal contabiliza seu saldo, assim quando precisamos comprar algo temos que ter saldo em nossa conta, o dinheiro vivo passou a não ter valor, algumas pessoas ainda pagam com dinheiro vivo, mas declarados que estão guardados em casa, ai paga-se o vendedor e da mesma maneira debita do seu saldo, mesmo que este esteja em parte em seu poder e não de bancos, daí acontece que a corrupção praticamente foi extinta, os roubos são mais cibernéticos do que assaltos propriamente ditos, a inadimplência inexiste, e as falcatruas agora são tidas como lendas.
A classe política encolheu hoje por ironia os políticos são escolhidos por capacidade e varias são as vezes que os escolhidos não aceitam os cargos, pois os mesmos só recebem o que esta estipulado, acabou a corrupção.
O dinheiro podre aquele que os políticos,traficantes,ladrões,estelionatários do começo do século,
Guardavam em paraísos fiscais, já não servem para mais nada, é comum estarem colados em álbuns de recordação.
Propinas para guardas não existe mais, comissões por obras superfaturadas, jamais, hoje a maquina do governo aqui em nosso Pais emprega menos do que dez por cento que empregava a quinze anos atrás, sabe aquele negocio de colocar vários nomes para receber e dar um cala boca??? Acabou!!!
Tudo isso graças a um lunático que por volta de 2010 apresentou e pois em pratica um projeto do imposto único, onde todos cidadãos de 16 a 65 anos pagavam um imposto de 5% de seu faturamento, quem não trabalhava declarava um valor mínimo e também teria que viver com aquilo, não podendo comprar mais do que declarava receber, caiu todos os impostos de circulação de mercadorias de produção de serviços, todos os produtos ficaram isentos, mas todas as matérias primas foram taxadas em 5%, o combustível e o veiculo também em 5%, cigarros e bebidas 200%, em dois anos o Brasil acumulou um superávit jamais imaginado, o governo investiu em saúde e educação e foi adaptando seu programa e hoje temos o que se chama de decência no setor político, o povo tem acesso a Hospitais decentes e as escolas são de primeiro mundo, na época fizeram um calculo que apenas evitando os roubos dos políticos o Pais se equilibraria em quatro anos, a sonegação hoje é lenda, bens e serviços são vendidos e executados com a maior tranqüilidade, debito e credito funcionam muito bem, os Bancos estão ai mais para auxiliarem os investimentos do que para se servirem dos correntistas como no inicio do século, realmente o dinheiro não declarado ficou podre!!!

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