Dança

Foto de Jardim

o anjo

o anjo que pego em meu colo
tem um pouco mais na memória
do que a sua infância e me conta
na vastidão do seu tempo
a sua breve história.

um anjo em um corpo de mulher,
as asas das horas nos informam
a transgressão e o tempo
que em desejos alados
logo se transformam.

o anjo que ponho em minha cama
é uma parte aventura e outra romance,
prevê na tarde quieta a noite
e o destino que voa além
dos nossos olhos e do nosso alcance.

um anjo que menstrua,
que tem sexo e vagina que me provoca,
entreaberta ela desvenda
o clitóris que a ponta dos meus
dedos e da minha língua toca.

faço de seu corpo o meu endereço
e no meu colo ela me embala,
revela nos espelhos e no esperma
sua santidade e as roupas
que ficaram no chão da sala.

o anjo que beijo a testa
nem parece a mesma pessoa
que estuda, canta, dança, namora.
com suas asas inquietas
antes que anoiteça voa.

Poema do livro Filhas do Segundo Seo
a venda em http://sergioprof.wordpress.com
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Foto de carlos alberto soares

Paixão apimentada

Te olhei nos olhos
Como quem olha a presa
Me veio a certeza
Está nos meus sonhos

Foi a primeira sensação
Mas já se pode entender...
Desejo, querer...
Invadiu meu coração

Há um espaço entre eu e você
Os olhares que lança
O jeito que dança
E o que posso querer

E se não acontece
Se não vem para mim
Eu fico assim
Guardando o que merece...

Mas não pode ser pouco
Vai acontecer
Vai me conhecer
Me achar assim louco

Entre beijos ardentes
Gosto de pimenta
Desejo que esquenta
Me sinto demente

Eu e você
Um súbito encontro
Não sei o que apronto
Tentando te ter

Mas será assim quente...
Pimenta malagueta
Quero ver se aguenta
Meu desejo demente.

Foto de Arnault L. D.

Em outro lugar

Faça um pouco de quietude
para assentar a areia,
decantar a turbidez d’alma.
Faz calar a dor, e amiúde,
quem sabe a loucura meneia
se houver um pouco de calma...

Fecha os olhos, não mais procure
no turbilhão de luz e fúria,
na ensurdecedora algazarra,
um tal remédio que lhe cure
destas feridas, da algúria,
da cica que a vida amarra.

Meu ar, tão cheio de fumaça;
vento não leva, traz areia...
A vida escorre das metas,
quebra os planos, faz mordaça.
A esperança a pulso ateia;
vem o destino a impor setas.

Sigo, mas numa louca dança;
aos trancos, morro abaixo sigo,
mas a ternura ainda existe,
o sonhar ainda se lança
em asas livres, no abrigo
que guarda a fé que insiste.

Foto de Francisca Lucas

Meus pensamentos...

Na dança suave
Dos meus pensamentos,
Sou apenas uma pobre ave...

Que triste voa a procura de um lugar,
Onde possa pousar e descansar
Este sofrido coração!...

( Francisca Lucas )

***

Foto de ArielFF

a bailarina

A bailarina
Em cima da caixinha
A girar, a girar
Em sua dança sem par

Com seu vestido rosinha
Os pés bem na pontinha
A bailarina
Só sabe dançar

A bailarina, coitadinha
Dança sempre sozinha
Pois na sua vida
Pàs de déux não há

A bailarina
Em cima da caixinha
A girar, a girar
Não aprendeu a amar

Foto de ltslima

Voar Como Os Pássaros

Vai a bailarina,

como assas em pleno sol,

sobrepoe nas nuvens

a visão como algodão.

voa, dança,

sob os péz finos e delineados,

deixando no caminho sua marca.

Doce passageira da vida,

eleva-se como plumas,

em voo de pássaros,

em busca do arco-iris.

assim é a vida,

a cada dia subimos um degrau,

onde as folhas do livro

abrimos a cada segundo,

e teçemos mais uma jornada

guiados pelo Pai infinito,

esperando o amanha

do amanheçer do dia

de uma nova primavera

pairando no ar!

lts.

Foto de Carmen Lúcia

Bailarinas

Leves, tão leves, mais leves que a própria leveza,
comparadas a uma linha tênue, sutil,
levadas por um sopro, aragem febril,
girando sempre, eternamente, sem partir,
sem ferir,sem dissuadir, sem iludir,
sem realmente ir...
Asas invisíveis, voos indescritíveis,
provam a si mesmas
a não gravitação entre Terra e céu,
entre corpo e alma,
entre céu e léu,
entre tudo e céu...
mundo a parte que reparte
enlevo,entrega,beleza, o surreal...
Pisam sem pisar, lançam de mansinho
sentimentos a fluírem em suave virada,
chuva de prata, tamanha é a força da arte
que dança, alcança o tudo e o nada
povoando o vácuo com a postura
de quem sabe, quem inspira, quem lidera,
quem ganha altura,
quem espera o momento exato de descer
e tristemente encarar a vida
a girar sem rodopios,
a contundir a essência
da coreografia –ironia –
maculando as rimas, os versos
a sonoridade da melodia,
a poesia nascida das bailarinas.

_Carmen Lúcia_

Foto de Siby

Alegria na alma

Tem gente com alegria na alma,
Brinca com um jeito travesso,
Faz da alegria um direito
E da tristeza um avesso.

Tem um olhar onde brilha a esperança,
E nos lábios um lindo sorriso,
No compasso da vida, entra na dança.

Bem sabe lá no fundo,
Que na vida há tristeza,
Mas seu espírito tem a beleza,
De levar alegria ao mundo.

(Siby)

Foto de Rosamares da Maia

Sonetos para Arco,Guerreiro e Flexa

Soneto I - Para Arco e Flecha
Meu arco eu sou a tua flecha.
Se me disparas em desatino,
Voo trajetória perdida, sem destino.
Logo eu que só sei pertencer a ti.

Tanta flecha tem atirado a esmo,
Quando feres mortalmente a caça,
Alimentas teu guerreiro e a sua raça.

Mas a mim, guardou para hora especial.
Não para caça do dia, ou inimigo comum.
Meu arco, tens-me cuidado com zelo total.

Então, finalmente me disparas – está feito.
Nesta viagem, apartada de ti, me transformo.
Já não sou flecha, mas agora bumerangue.
Que retorna, cravando-te o próprio peito.

Rosamares da Maia – 15.11.2014

Soneto II Para Guerreiro, Arco e Flecha.

O tolo arco pensava agir sem tua mão.
A flecha tonta sonha - o arco é seu destino.
O guerreiro é forte, mas não conhece o coração.
Com as mãos controla arco, flecha e direção.

Escolha a caça, mata e alimenta seu povo.
Orgulho da raça não conhece ou teme perigo.
Invencível é invisível à flecha do inimigo.

Bravo guerreiro, desconhece a flecha da paixão.
Banhava-se ela no rio, facho de luz – armadilha.
Dourada Flecha Morena, ao alcance da sua mão.

Quebra-se o arco, em desatino a flecha é perdida.
Flecha Morena disparada a esmo de sua vida.
Tolo encontro em uma aventura proibida.
A flecha inimiga crava-lhe no peito mortal ferida.

Rosamares da Maia 15.11.2014.

Soneto III Para Flecha Morena

Flecha Morena de veneno encharcada,
Do arco inimigo certeiro foste disparada.
De outro guerreiro que não conhece o coração.
E o primeiro, morto, de joelhos pela paixão.

Exulta toda tribo em dança, honra e glória.
Mas tu Flecha Morena, não cantas vitórias?
Tua raça te rende tributos contando a história.

Flecha morena soma lágrima às águas do rio.
Só há o sabor do engano, fel da sua traição.
A sua luz se apaga, só há frio no seu coração.

Flecha Morena também sangra por este amor.
Disparada sem tino na viagem se transformou.
Retornou bumerangue transpassado pelo guerreiro.
No seu peito achou abrigo e como flecha se cravou.

Rosamares da Maia 15.11.2014.

Foto de leandro landim

Sinto-me só

Pela janela vejo o brilho do sol
Sentado no sofá
Sinto-me só
Na cama embaixo de um lençol
No peito o coração salta
De um jeito que dar dó;
O dia começa à tarde
A noite é um desespero
Meu corpo de frio arde
Minha vida não tem tempero
Não peça para que eu aguarde
E sinta a saudade com exagero;
Essa espera cansa
Maltrata o meu sentimento
Fico como uma criança
Que chora por alimento
Em uma música sem dança
Entro em total esquecimento.

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