Cordas

As cordas mudas de meu violão,
as lágrimas secas no olho meu,
encobrem melancólica canção
que ecoa no funda d’alma o breu.
Oca, silente, não feita ao clarão.

Águas contidas do choro ausente
a secar a vista, ainda são.
Formam turvo lago, lentamente,
águas de naufrágio, de imersão,
que o sabor a garganta se sente...

O silêncio grita o meu canto.
Nado, mergulhando na água em pó.
Quem ouve, escuta o oco sem pranto,
quem vê, enxerga a inércia e só.
Meu canto e lágrima que estanco.

O spalla, com seu arco de madeira,
fricciona as cordas do violino
amaciadas pelo breu da noite
nas crinas do meu cavalo alazão.
Tira um som morno, aveludado,
varrendo as cinzas do meu coração.
Misturam-se nossas almas...
Tudo é calma!
Seu timbre soprano
retira-me o eu urbano
e incita-me a cavalgar pelos campos
em delírios, alegria, canto,
desejos, arrepios, encantos...
Prantos evaporados,
medos incinerados...
Sonhos perseguidos,
na garupa do meu cavalo alazão,
ardendo em paixão!
Sem luneta, sem lupa,
sonhos perseguidos a olhos nus
com a esperança que indica a luz!

As ondas vibram as cordas que costuram aquilo que ecoa,
por entre os estandartes que o protegem,
fazendo ressoar a canção que ecoa por dentro e por fora,

vibrando a base chegando ao topo,
balançando e dando a sensação de que irá chover,
e como em um terremoto a base e seus apoios começam a tremer,
as câmeras já fintam embaçado, logo nada será possível se ver.

Linhas aparecem nos campos vastos, tomando formas
e tamanhos, encorpando o nada e preenchendo o vazio
deixando marcas e riscos, para os próximos que ão de vir

Grafias fortes e marcantes, que não iram se deteriorar
não, com certeza suas marcas irão deixar
que responderão as novas notas, formarão novas canções
que adoçaram os ouvidos nas mais diversas situações.

Abra a janela para o perdão,
releve o que lhe fizeram
sem perguntar porque,
alivie seu nobre coração,
transforme as mágoas num lindo buquê
e ofereça-o a quem o feriu com generosidade...
Sem questionar da dor a intensidade!
Seja magnânimo e indulgente
e arrancará de sua alma um peso imenso...
Estenda sua mão complacente
e aliviará o seu corpo tenso.
O sentimento de misericórdia revela
a grandeza da alma
e aquela emperrada janela
se abre para um lago de calma!
E nele se banhará com alegria
pois o perdão alforria!
E qual passarinho fazendo acrobacias,
soltando a voz do alto da galharia
sua alma se livrará de toda e qualquer atrofia
e das cordas do seu coração nascerá a mais bela sinfonia!