Chuva

Foto de Arnault L. D.

O sabor da tempestade

Foi durante uma tempestade,
o mundo, louco, em turbilhão
fazendo das coisas brinquedo
e mais difusa a realidade.
Se abrigo, ou prisão, sim e não,
a buscar tudo e tendo medo.

O que foi luz, ou relâmpago?
O que foi palavra, ou trovão?
O toque; um corpo, ou vento?
E o gosto que a boca trago,
um beijo...? Talvez, uma ilusão.
Tudo em meio ao tormento.

Nossa vida, a se encolher,
a um passo ao próximo passo.
Chuva nos retém dentro de nós.
Para longe, os pés querem correr
e pouco penso, apenas faço.
Sou instinto... e reflito após...

Busquei calor, algum abrigo
e seu tocar foi bom, e morno...
Aconchego que encontramos.
Lá fora, chuva e perigo.
O horizonte era seu contorno,
um território que nos damos.

E foi assim, numa tormenta
de encontros sem perceber,
temporal a envolver e tomar,
corpo molhado, alma sedenta,
sem saber, ver o que eu viver,
sem entender, ou sequer parar.

Agora, o céu limpo e claro
e o sol arde em meu rosto.
A chuva se foi, virou rumor,
mas, algo marcou, reparo,
na boca, molhada... um gosto...
de chuva, ou beijo... o sabor...

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro - Capítulo 10

Escrever exige uma intensa entrega pessoal e total desprendimento dos preconceitos e convicções. Como eu não tenho amor próprio, faz dez anos que estou nessa. Com gente lendo ou não, faça chuva ou sol, tendo eu dinheiro ou estando duro, para os diplomados e os analfabetos, eu vou fazendo a minha arte, como o Sísifo, me lembra o Camus, vou levando a rocha pro alto do morro e deixando cair todos os dias. Essa é a minha verdade, gente que sou até agora.
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Enquanto o fogo consumia tudo, e as pessoas viviam seus amores, seus valores e seus pecados, Clarisse subia para a cidade em busca de se reconciliar com o seu passado e destruir os insetos que a haviam humilhado ou algo parecido. Ela iria falar com o Luís Maurício, com o Patrício, com o Fabrício, com quem pudesse matar as pessoas e devolvê-las para sua posição de subserviência. Quando ela se levantou, parecia até branca, como se um Feliciano a tivesse abençoado da miscigenação racial e da indivisível respiração coletiva, como se fora brincadeira de roda, memória, o jogo do trabalho na dança das mãos. Ela estava montada. A balada da sociabilidade lhe abria os braços e o coração. Ali era o seu lugar, voltava pra ficar. A luta pelo poder enfim teria o seu final.
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- Calma gente, calma gente!

A voz de Dimas se tornava cada vez menos ativa.

- Vamos ficar em paz!

O que Dimas não entendia, e isso é claro para todos os que ali estavam, é que somos animais. É por isso que não acredito em Rogers, quando ele diz que o ser humano é bom. Pois bem, o ser humano é bom... para ele! É algo natural ser egoísta. O que Sartre não os contou, o que Husserl e Rousseau omitiram descaradamente, bem como os líderes humanitários, é que o amor e a cooperação são alienígenas ao instinto pessoal de se sobreviver e de continuar. Procuramos o que é vantajoso e seguro para a consciência. Isso não é escolher ao mal. Isso é reconhecer uma característica da nossa essência, que na verdade é indiferente para a moral, que foi inventada com o tempo, bem como todos os conceitos psicológicos e existenciais. E então a Torta lhe deu um beijo.
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- Então, eu destruí eles.

- Mas quem te disse que os queríamos destruídos?

Clarisse ruboriza-se ainda mais.

- Os dominados, os engolidores... Eles é que sustentam o nosso modo de vida. Eles são o nosso alimento, o nosso instrumento, sem os nossos escravos, não há como gerar a riqueza. É como imaginar um mundo sem pobres. Alguém sempre acabará subjugado. É a lei natural, Talião, na prática! Se você não tivesse ido para lá eles não estariam envenenados com a sede do poder. Bom, o erro foi nosso. Agora já foi. Não importa. Fique aí e não incomode mais.

A batalha final era enfim preparada.
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O fogo subia os castelos. As espadas faiscavam. As bazucas, os bodoques...

- Toma!

A cobra fumava.

- Morre diabo!

Tudo resplandecia a tragédia, como a velha praça Tahir, como uma Nova Deli, como em uma Hiroshima deflorada, como um Brasil em época de hiperinflação, como o rompimento do namoro de uma adolescente, como a queda de divisão de um time de futebol, um câncer, um escorregão idiota num dia da saudade, a cabeça no meio-fio.

- Burn, motherfucker, burn...
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Dimas subia com os miseráveis a ladeira da cidade. Arrombavam as portas. Alastravam um medo até então desconhecido aos porões dos vencedores, suas famílias funcionais, suas menoridades penais, seu pleno conservadorismo e hipocrisia. Batiam as panelas, ignoravam as balas que lhe atiravam, quebravam as bancas. O saque indignava. O estupro coletivo era feito sem cerimônias prévias.

- Muerte! Muerte!

A bandalha hasteava a bandeira do assistencialismo. Colocavam seus headphones e atendiam o furor da sua maldade. A humilhação acabava, ou assim pensavam. Tinham tomado tudo.
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- Se você não pode vencer um inimigo, junte-se a ele.

Luís Maurício assim neutralizava a queda da sua Bastilha. Os seres de sangue frio haviam se misturado ao coro sem que se percebesse. Pediram a rendição, um tempo. Patrício, que era o chefe da comunidade até então, degolado, foi dependurado no alto de uma varanda como um pálido estandarte, corno, empalado em uma lança. O líder seria escolhido e Dimas seria o jacobino. A Torta seria a primeira-dama, e Clarisse, sua concubina. Até que ele disse o que não devia.

- Eu vou embora. Vocês conseguiram o que tanto desejavam. Agora não me atormentem mais.

Sequer Zaratustra havia sido tão ousado. Para onde iria Dimas, o santo? Para quarenta dias no deserto? Eu poderia falar no próximo parágrafo, mas não é bem isso o que vou fazer.
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- Esse nome não me serve mais. Revelarei meu nome. Eu sou a discórdia. Eu entreguei o pomo da primeira história. Quem quiser me acompanhe. Quem não quiser, fique aí e seja feliz.

As perguntas que te surgiram serão respondidas mais pra frente.

Foto de Carmen Vervloet

Temperatura Máxima

Hoje sou vácuo e vão,
o calor importuna insistente
neste escaldante verão...
Meu corpo pede que vente.

A mente embotada nada cria...
Queria ser alga no mar,
rasgo os versos da poesia,
ultimato do meu pensar.

Se ao menos uma nuvem perdida
viesse com chuva molhar
a terra comprometida
que tolhe até meu olhar...

Mas nada acontece no espaço,
o meu tédio é enorme,
sem ritmo e sem compasso,
o vento não sopra, dorme!

Foto de michelle machado

DESEJO DE RECONCILIAÇÃO

PELAS FORÇAS DO TROVÃO QUE A MINHA IMAGEM ENTRE EM SEU CORAÇÃO, PARA QUE (MRM) NUNCA DIGA NÃO.
FAZEI COM QUE (MRM) SINTA UMA REAÇÃO POR MIM(MVGM), Ó GRANDE UNIVERSO, TRAZEI PARA MIM (MRM), ASSIM COMO O GALO CANTA, O BURRO RINCHA, O SINO TOCA, ASSIM TU (MRM) HÁS DE ANDAR ATRÁS DE MIM(MVGM),, ASSIM COMO O SOL APARECE E BRILHA, ASSIM COMO A CHUVA CAI, FAZEI CO QUE (MRM) SEJA DOMINADO POR MEU AMOR, QUEM ME AME LOUCAMENTE E QUE SINTA DESEJO SÓ POR MIM (MVGM), E NÃO CONSIGA OLHAR NEM FALAR COM OUTRAS MULHERES COM DESEJO, QUE NÃO SEJA EU. (MVGM),
QUE ATENDA TODAS AS MINHAS (MVGM), VONTADES E NECESSIDADES, QUE NUNCA ME FAÇA SOFRER, QUE DURMA E ACORDE PENSANDO EM MIM (MVGM), COM MUITO AMOR E GRATIDÃO.
QUE NÃO CONSIGA VIVER SEM MIM(MVGM), E QUE SEUS PENSAMENTOS E DESEJOS SEJAM SEMPRE VOLTADOS A MIM (MVGM), QUE ELE SEJA CARINHOSO, ROMATICO E TRANSPARENTE COMIGO (MVGM),, HUMILDE E MANSO PARA QUE POSSAMOS TER UM BOM CONVÍVIO E HONRAR NOSSO SAGRADO CASAMENTO, ABENÇOADO POR DEUS.
PEÇO AO INFINITO PODER DO UNIVERSO QUE O MEU AMOR (MRM) ME PROCURE (MVGM), PARA FAZER AS PAZES E VOLTAR E HONRAR NOSSO CASAMENTO.
PEÇO ISSO AO PODER DO TROVÃO QUE LEVE AGORA MINHA IMAGEM(MVGM), AMOROSA E SORRIDENTE, MESMO EM SEUS SONHOS, PARA DENTRO DO SEU CORAÇÃO PARA QUE SINTA UMA ENORME EMOÇÃO E MINHA FALTA (MVGM), AO LEMBRA-SE DE MIM (MVGM),, QUE PASSE POR UMA TRANSFORMAÇÃO E QUE MEUAMOR (MRM) SINTA UM DESEJO POR MIM (MVGM), TÃO FORTE COMO UM LEÃO.
AMÉM DEUS PAI, DEUS FILHO E DEUS ESPIRITO E TODAS AS ALMAS ILUMINADAS QUE NOS CERCAM E QUEREM NOSSA FELICIDADE (MRM & MVGM).

AMÉM.

Foto de Rute Maria

Sou eu a querer te amar

quem será eu,
eu sou a rosa a se brotar na primavera,
sou o calor do verão,
sou a folhar que cai no outono,
sou o frio do inverno,
sou a brisa fria da manhã ,
sou a chuva que cair,
sou o sorriso em teu rosto,
Sou a sombra que te guia,
sou o vento que toca você,
sou a tua lagrima quando começa a chorar,
sou o teu abraço a me abraça,
sou o seu beijo a querer me beija,
sou a lembrança que te faz lembrar,
sou a noite a te iludir,
sou a estrela a iluminar,
sou o sol a brilhar,
sou o mar grande e infinito,
sou a escuridão que te persegui,
sou a luz a iluminar seu caminho,
sou o seu eu que se esconde,
sou os teus passos,
sou apenas eu a querer te amar!

Foto de Moisés Oliveira

Passado

Hoje velhos fantasmas voltaram a me procurar.
Desenterraram aquilo que esqueci, me esqueceram
do que quero lembrar.

Ando as vezes tão vazio, já fizeste falta, mas hoje o
que me falta é a falta que tu me fazias.
Sentavas em muitas cadeiras. Algumas já estão cheias,
contudo, muitas permanecem vazias.

O tempo tem me feito perceber que a vida não se joga
pra ganhar, mas sim para nunca perder.
Ao ganhar algo valioso a vida segue, ao perder, já
não vale a pena viver.

Não sofras por mim, as palavras passaram, assim como
passa o rio, embalado na correnteza.
Os tempos da vida não se correspondem, a estrela que morre,
deixa o brilho que nos ilumina, disso nunca se esqueça.

O bico do lápis cego que hoje aponto já escreveu amor,
saudade, carinho e atenção.
Quando dele saia rancor, apagava o erro, usava a borracha
pra escrever perdão.

Minha velha borracha de apagar mágoas já não mais apaga,
se desgastou com o tempo, de tanta repetição.
Ela foi feita pra mudar detalhes, sonhos e vontades, não pra
esconder os erros do coração.

Antes escrevia triste, angustiado, borrava a folha molhada,
chorava a falta do papel à mão.
Já não escrevo por tristeza, as palavra chegam atrasadas,
ignorando a cura do coração.

Minha chuva salgada de sentimentos já encheu os olhos, já
piscou o raio e já passou verão.
Agora escrevo o passado, a tinta que sai da caneta retrata
o som do trovão.

Foto de P.H.Rodrigues

Beija-Flor

Conto-as como se me pertencessem,
As que estão além de Libra.
Rego-as, como se estivessem em meu jardim.
Zango-me, quando ventos sopram-as para longe de mim.

Conto pétala por pétala.
Ponho pedra por pedra.
Escondo o regador, e deixo a glória,
para a chuva, para o beija-flor.

Um passeio, ao leito do rio, ou mar.
Observando o arco-iris,
projeto da chuva que cai,
em dia de sol alto, ai.

E desce o rio, ou sobe a onda,
na encosta, ou quebrando na costa.
Espumas, redemoinhos, passagem, constelações.

Foto de Eddy Firmino

MYSELF

Quem sou eu?
Já nem sei
Talvez uma exalação
Sou a mágoa
Sou a própria emoção

Sou o sol, a chuva a primavera
O porto seguro
Sou eu a própria espera

O analítico
O sintético
Perplexo
Ou simplesmente poético

O levantar
O deitar
Eu sou o despertar

O universo, a fantasia
Talvez seja eu
A inspiração da poesia

Quem sabe a insanidade
Ou aquele que procura
O intangível
Serei eu a própria loucura?

Pode ser que eu seja apenas
O olho que te vê
Talvez nem seja eu mesmo
Sou simplesmente Você

Foto de Gomes S

Chuva

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Essa chuva lá fora,
parece lágrima de Deus,
Água cristalina, que renova o ambiente,
Agua azul, que reflete o céu de nossa gente.

Olhe pela janela, perceba,
Como é bela a sintonia,
das gotas rolando sob as folhas,
Chuva chora sobre a terra,
Alegria de Deus,
que traz renovação, vida,
Que lava, restaura.

Chuva que chove,
Chore sob a maldade,
Lave a cabeça daqueles,
Que a mente está imunda.
Chore sobre a cidade.

Foto de EsperancaVaz

UM DESEJO!

Quero escrever a história da minha vida
Antes que a cortina se feche
E eu sem saber esteja de partida
Quero enfim, amar à beira do mar
Ver o pôr-do-sol e também, o luar
O céu estrelado parecendo diamante
Um dia de chuva que deixa-me pensante
Sabe, gosto mais da noite que do dia
O dia me ilumina, a noite me fascina
Assim como o amor é forte em mim
É inusitado, especial, um querer sem fim
Dentro do meu peito existe uma esperança
Uma promessa de Deus com eterna mudança
Sei que não sou perfeita, sou diferente
Um ser quase puro, também inexistente
De coração apaixonado e brilhante
Olhos meigos, serenos e distantes
Gosto do simples, toques sutis, ofegantes
Impregnada de amor a todo instante
Por isso, a poesia me faz delirar, sonhar
Correr nas planícies da alma e me deleitar
Mas, às vezes o silêncio me faz errante
Ter a natureza no nome é fé emocionante
Seduz-me a vida por caminhos verdejantes
31/07/2013.
Esperança Vaz

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