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Eu e as minhas mãos vazias
No passo apressado de toda correria
Deixamos ao mundo tudo que trouxemos
Inventariamos nossos sonhos não alcançados
Abrimos mão dos nossos fardos
E roubamos da vida o direito de viver enquanto se faz possível.
Eu e meus pés descalços
Degustamos o sabor da terra nua
Caminhamos nos versos das canções da vida
Escrevemos nas páginas das folhas ao chão
Deixamos nossos livros não escritos à mão
Para registrar a longa vida que viveremos neste curto espaço de tempo.
Eu e meus olhos nostálgicos
Na captura das partes que se não deixam perdidas
Ricocheteamos toda boa imagem que testemunhamos
Fiquem com flores que pretensiosamente roubamos
E espalhamos as pétalas em forma de fantasia
Porque na nossa vida, escolhemos o perfume que o vento em flores trazia.
Eu e meus ouvidos atentos
Na sonha de distinguir os sons do silêncio
Partituramos o canto que não viaja nas ondas da invenção humana
Transcrevemos as vibrações de emoções inexplicáveis
Que a cá neste mundo suspiramos
Alardeando o choro, o grito, o sorrir e o desespero dos aflitos
Na esperança da felicidade que por vezes nos tateia e nos deixa.
Eu e meus lábios culpáveis
Beijando a ousadia de tentar descrevê-la
Sob a ótica desse instante que transforma-se constante
Entrego a prepotente vontade de desnudar a vida e explicá-la
Decido vivê-la e não mais
Até experimentar o sabor que tem a morte
Que por certo também faz parte da vida.
Prometo, por seu doce sabor, nunca mais perdê-la.
Xaverloo