Blog de Sonia Delsin

VIVENDO INTENSAMENTE

Se aquieta coração.
Sossega, moleque travesso!
Não tem preço...
O viver...

Quem é que falou que existe o sofrer?
É só uma condição do ser.

Já está pulando corda?
Sonhando?
Imaginando?
Idealizando?

Ah! Coração arteiro!
Deplorável feiticeiro...

Numa hora são agulhas a lhe espetar...
Noutras... flocos de espumas a lhe deliciar...

Deita coração...
Deita a cabeça.
Nesta nuvem fresca.

Tudo é ilusão.
Tudo faz parte de uma grande lição.
Viver é perder a noção
da dimensão que pode alcançar
nosso coração.

PROCURA

Vou mover
céus e terras
para lhe encontrar.
Nada neste mundo
consegue me amedrontar.
Se feras eu tiver que enfrentar...
Se for preciso atravessar o mar...
Até na ponta do arco-íris eu
posso lhe buscar.
Porque a força do amor
tudo consegue enfrentar.

Você plantou no meu ser
a vontade de viver.
Quando olhou nos meus olhos
me mostrou
o mundo que eu poderia
explorar.
Prometeu tudo com um
simples olhar.

Suas mãos quando buscaram as minhas.
contaram segredos.
E correntes elétricas vieram nos percorrer.
Os choques causados não pudemos deter.

Deixar que o desencontro
venha marcar irremediavelmente nossas vidas?
Meu bem, nada justificava...nem as feridas...

Será que não entende que nada neste mundo
consegue separar
dois seres que nasceram pra se amar?

Minha procura vai continuar
enquanto eu respirar...

Soninha

ELE ME INCENDEIA

Fui tocada por um anjo.
Fui tocada.
Foi numa madrugada.

Fui tocada por um homem.
Fui tocada.
Foi numa tarde sossegada.

Fui tocada.

Seus dedos elétricos percorreram minhas estradas.
Sua boca quente me incendiou.
Depois daquela tarde meu ser mudou.

Alguma coisa morreu dentro de mim.
E outra nasceu.

Fui tocada.
Foi bem assim.

Ele me acendeu.
Madeira me forneceu.

Pra minha fornalha incendiar.
Minha pele toda vive a reclamar.

Porque distante dele estou vivendo.

Na verdade, na verdade, acho que estou morrendo...

De saudade.

NA CASA DE MEUS SONHOS...

Você se instalou na
casa de meus sonhos.
Fui eu que lhe ofereci guarida.
Eu o quis tanto em minha vida.

Eu lhe cedi a sala de meu coração.
E para quando lhe viesse o sono, dei o melhor colchão.

Não fechei as portas e as janelas...
Você poderia voar a hora que quisesse.
Mas para que não fosse...eu juntava as mãos em prece.

Quantas vezes eu vinha espiar se você estava contente.
Se lhe agradava o conforto que eu lhe oferecia.
Mas noite vinha e vinha dia...
E nada acontecia.

Ou era eu que não percebia?

Minha casa por acaso o sufocava?
Meu amor que era tanto lhe incomodava?

Eu não o trazia amarrado.
Pelo contrário até. (agora quase consigo rir...)
Eu o deixava livre para escolher entre o ficar e o partir.

Não queria que partisse.
Mas se fosse... não o podia segurar.

Ninguém pode obrigar o outro a lhe amar.

OUTRA ESPÉCIE DE AMOR

Foi da forma mais simples que nos conhecemos.
Eu parecia uma flor e tu eras um colibri sedento do néctar.
Sedento de afeto.
Falamos no primeiro encontro do doce predileto.
Nossa! Cada coisa pra falar.
Eu te amo.
Claro que eu ia te amar.
Não como uma adolescente apaixonada.
Não como uma namorada.
É outra espécie de amor.
Amor-amizade.
Amizade-amor.
Quero-te um enorme bem.
E sei que me queres também.
Quando dançamos eu sinto que existem fios nos ligando.
Do passado fomos voltando.
Foste importante.
Eu sei.
Tu sabes.
Nossa amizade veio nos fortalecer.
Veio nos fazer crer.
Que o encanto do mundo não está perdido.
Que existe e sempre existirá o romantismo e um mundo totalmente colorido.

MEUS OLHOS VELHOS, MEUS OLHOS NOVOS.

Lavei meus olhos na água da fonte.
Olhei o horizonte.
Pensei.
Dos olhos velhos me despojei.
Olhos novos adotei.
Perceptivos, reflexivos...
São olhos mais expansivos.
Mais abrasivos.
Meus olhos novos são mais ternos.
Na verdade, na verdade, eles estavam guardados no eterno.

MIUDEZAS

Me conduzes pelo salão.
É como se peso nem tivesse.
Parece.
Parece que somos flor e colibri.
Será que sou flor e tu és borboleta aqui?
Rodamos, bailamos.
Nos salão nós somos o par perfeito.
Me ajeito.
Estava me deslocando.
De mim deslizando.
Voando...
Pras miudezas guardadas ao correr da vida.
Pra uma fita num baú esquecida...

A PRATA DA LUA

Saio em busca do luar.
Preciso sonhar.
Lua venha me pratear.
Meu jardim está a te esperar.

Bate.
Bate luar de prata na lata.
Na gata.

As coisas simples tens o dom de modificar.
Até este meu coração dolorido que se põe tantas vezes a chorar.

Dependurada no firmamento.
Minha amiga lua está brilhando.
Vou me transformando.

Estou ficando toda prateada.
Pareço mais uma fada.

LIVRO DE ESTANHO

Tive um sonho tão estranho.
Eu lia um livro de estanho.
As palavras ali gravadas vão ficar para sempre guardadas.
Eu lia e absorvia.
Eu lia e sentia.
Que à medida que lia eu morria.
Que outra pessoa em meu lugar nascia.

OUTRO PLANO

Enroladinha debaixo do pano.
Um sonho.
Ter voz de soprano.
Outro plano.
Silhueta.
Careta.
Espio por detrás da cortina azul.
Espio.
E rio.
Sou aquela menininha que ficou presa no retrato.
Sou de fato.
A menininha faltando dois dentinhos.
A alisar os filhotinhos nos ninhos.
Que plano me foi traçado?
... se vivo aqui e do outro lado...