Não sabe sentir no toque,
No sorriso, não amou.
O compartilhar esqueceu.
Sua expressão transformou.
Não sente no tom da voz,
Melodias não mais ouviu.
O vento sopra e não ouve,
No som mecânico dormiu.
Não consegue ler, nos olhos,
Paz, alegrias e amores.
Enquanto o universo canta,
Vive imerso em dores.
Não aprende a ver corações
E seus sentimentos profundos.
Nos olhares vazios das tevês,
Sai em busca de outros mundos.
Por não saber se encontrar
E, perder a alegria de sentir,
Por não amar pelos olhos
E, a si mesmo, não ouvir,
Inventou palavras, o homem,
Para o interno traduzir.
Oculta a chama divina
Com medo de assumir.
Ao esconder-se de si mesmo,
Assusta-se com seu coração.
Ao viver com outros termos,
Teme o olhar do irmão.
Esqueceu que existe Deus,
Deixa para depois, a família,
Luta por interesses seus,
Em nada vê poesia.
Não sabe sentir no toque,
Não sente no tom da voz,
Não consegue ler nos olhos,
Não aprende a ver corações.
O homem fala para devanear ilusões.
Marilene Anacleto
01/06/01