Família

Foto de Rafael la solitudine

Casados

Hoje se inicia uma trajetória, um novo caminho,
Uma estrada linda, cheia de flores e pássaros, árvores enormes repletas de frutos, uma rua cheirosa e no caminho tem uma casa feita de mel, e dentro dessa casa mora o respeito, a amizade, compreensão, a paixão,  o amor...
Lugares por onde nunca passamos de verdade
Se nesse novo caminho tiver algum obstáculo  segure minha mão eu vou te proteger e cuidar de você e no final dessa estrada esta  nossa família juntos morando nessa casa feita de mel
Te amo muito minha Esposa

P/Karen Cristina

Foto de José Herménio Valério Gomes

O ESTRANHO QUE VEIO PARA FICAR

Observo desde que existe vida
Acostada numa nau oriunda
Jà em outros mundos perseguida
Esta humanidade tão confusa

Desde jadis a meditar
Por um céu, sem reino a domicilio
Ultrapassando conflitos por terra e mares
Deixando neste morrer seus filhos

Asfixiando tudo quanto é vida
Num mundo pertença de todos
Deixando soletrar dor na ferida
Tão subito quanto fogo-posto

Num dos dias de mais vento
Que vai aproximando o presente
Escrevendo história o quanto lento
É este ser de vida inteligente

Que vê o inimigo nos seus semelhantes
Numa vanguarda desatualizada
Deixando entrar o estranho visitante
Que trouxe chave para uma porta trancada

Ele veio para exterminar a humanidade
E muda constantemente de rosto
Fazendo parecer a aldeia uma cidade
Que o medo deserta de todo

Mesmo face a este inimigo, que não de apenas um
Mas de todos os seres humanos
Que continuam com algo em comum
Obter o Santo Graal do tirano

Estando perante um tiro invisível
Na rua vacilam em dizer bom-dia
De moda no rosto irreconhecível
Até para os próximos da família

Sem data para um beijo, um abraço como antes
Restam a memória e o album de recordaçōes
Para recordar e estar menos distante
Parecendo num sorriso enviar saudaçōes

As làgrimas serāo o olhar e a voz
Entre uma meia-verdade que todos reclamam
Ou meio de comunicaçāo jà a sós
Para ocultar um adeus a quem amam....

Nestas palavras que nāo vou usar musa
Apenas me deixo embalar de caneta em māo
Como um rio quando o seu curso muda
Direçāo ao mar por escadas sem corrimāo.

José Herménio V.G

E o mundo nāo mais ser igual ,
como o conhecemos.

Foto de Oliveira Santos

Carta

Meu amor

Sei que talvez não dê mais tempo de lhe dizer qualquer coisa para tentar uma reconciliação...

Errei muito, eu sei, e nem é necessário dizer o quanto você tem razão em tomar essa atitude. Mentiras, omissões, palavras mal ditas ou não ditas entre outras coisas permearam o nosso relacionamento e o conduziram até este ponto.

Durante todos esses dias de um quase desprezo seu tenho sofrido tanto...

Não lhe beijar antes de trabalhar nem depois de você chegar, não apertar seus pés vendo nossos programas preferidos ou uma série interessante e até um filme "mamão com açúcar", não dormir no chão da sala como um cão de guarda do seu lado porque você pega no sono no sofá e eu não quero interromper seu descanso, não ficar azul de fome esperando você para jantar, não lhe ouvir dizer que meu estrogonofe está "top, amor!" ou aquela picanha de forno... essas são só algumas das pequenas coisas que me martirizam por não ter mais.

...E tudo minha culpa!

Aproveitei esse tempo para refletir, recapitular nossa vida juntos na tentativa de encontrar o momento em que me perdi pelo caminho...

Isso mesmo, me perdi. Em qual bifurcação eu peguei o lado errado? Em qual rótula eu peguei a saída errada? Difícil responder... O que eu sei é que fiquei dando voltas e voltas sem chegar a lugar algum, ou melhor, sem sequer sair do lugar.

Preciso achar aquele homem por quem você se apaixonou... Resgatá-lo! Aquele que se encantava com seu sorriso; que você flagrava absorto te olhando e dizia que só estava babando; que sempre fez questão de dizer o quanto você é linda; aquele te agarrava cheio de vontade de você! Ele não morreu, está vagando, mas já estou indo buscá-lo mesmo que eu precise fazer uma terapia de regressão!

Brincadeiras à parte, eu sei que caí em descrédito. Não reguei a plantinha e ela secou... Mas não posso ficar de braços cruzados vendo a banda passar e se existe alguma esperança, por mínima que seja, preciso me mexer, aliás, já estou me mexendo! E isso não é só por você ou pelas crianças, é por mim também.

Fico olhando nossas fotos juntos, com nossos filhos lindos... Que família maravilhosa eu estou perdendo! Que mulher espetacular eu afastei de mim! Olho para cada canto da casa e chego a nos ver ali em algum momento passado de alegria ou simplesmente do cotidiano, como você sentada no sofá comigo e as crianças ou no computador trabalhando. Fecho os olhos e até consigo sentir seu cheiro!

Mas em lugar disso tudo eu dei vez ao orgulho, à teimosia, à intransigência, à falta de sensibilidade... falhei como homem e marido com você sem que merecesse e agora pago o preço por isso: o nada, o isolamento, a solidão.

Me magoar? Sim, você já me magoou com suas palavras duras. Mas pensando bem era uma reação ao meu descaso em relação a nós dois. Meus erros foram maiores que seus sermões.

Por fim quero dizer que TE AMO COM TODAS AS FORÇAS e vai ser assim por um longo tempo, queria poder fazer tudo diferente, recomeçar, não tentar de novo! Re-co-me-çar... Mas acho que não tenho mais vez na sua vida... então só posso agradecer por tudo que fez por mim, pedir desculpas por tudo que fiz e desejar que seja feliz como sempre sonhou ser, se cuide, seja sensata e cautelosa nas suas decisões. Vá e vença!

...De um homem que não soube te amar.

11/09/2018

Foto de Rosamares da Maia

Sabedoria de Sobrevivência

Sabedoria de Sobrevivência.

A sabedoria era como ela, Rosa singela,
Dobrada, matreira, de cheiro português,
Aroma dos gostosos assados do Porto.
Saber de Rosa mulher e disfarce de flor.
Na Terra nova misturou outros aromas,
Descobriu o doce de abobora com coco.
Aprendizado moreno de cravo e canela.

A minha viagem mergulhou no tempo,
Nos sabores dos cheiros e temperos.
A minha visão tem gosto e ainda é clara!
Tem brasa ardendo no fogo de lenha.
Tacho e tampa de ferro, panela de barro.
Sabedoria de quem sabia inventar, somar,
Multiplicar o pouco que havia no dia a dia.

Na memória coze o ensopado no fogão,
Carne seca, tomate camboinha e mamão.
Sabor de folhas plantadas no terreiro,
Parreiras de chuchu e maracujá.
Saladas e saudade, almeirão e alface verdinha.
Sabedoria de remendo no ralado dos joelhos
Tosse curada com saião e chá de sabugueiro.

No verão, banho na tina de madeira,
Bucha natural colhida na cerca de bambu,
Sabão de coco e sabonete Cinta Azul.
Ave Marias solitárias no silêncio da tarde,
Oração, devoção, fé e simplicidade.
Sabedoria de subsistência – sobrevivência,
Família e fraternidade – casa de minha avó.

Rosamares da Maia – 10/ 2016.

Foto de Ivone Boechat

SOS - misericórdia para as crianças

A sociedade vive sobressaltada, de cabelo em pé, com o resultado do seu próprio estilo de vida. É muito barulho pra todo lado. Aí, a própria família, essa que reclama tanto do incômodo, basta alguém comemorar o aniversário e o barulho é o primeiro convidado a chegar. Nas festas de casamento então, o barulho chega de fraque e cartola. Os convidados, coitados, que imaginavam rever amigos e botar o assunto em dia, nem pensar. Ninguém consegue falar, só se gritar para saber, pelo menos, como o outro vai. Aliás, na primeira chance as pessoas vão saindo, estressadas e frustradas. É para economizar o consumo? É chic? É moda? É claro que um fundo musical na festa é maravilhoso! Mas, por que tanto volume? E não adianta pedir para baixar o som, o profissional contratado, o dj, tem poder; manda na festa e você pode morrer fuzilado com uma guitarra apontada para o seu ouvido que ninguém socorre ninguém.

Por onde anda a educação?

As crianças não escapam dessa maluquice de botar o som em último volume nas comemorações, pasmem, a partir de um ano de vida! Mas reparem como os pimpolhos homenageados se comportam na festa: desesperados, choram, querem tirar a roupa, os sapatos, os penduricalhos do cabelo, e geralmente os avós ou algum voluntário bom samaritano sai com a vítima aos farrapos, para dar uma volta lá fora, onde o aniversariante acaba dormindo, aliviado, longe dessa zoeira horrorosa! É um caos! Enquanto isso, uma nuvem de sofredores de tenra idade se esforçam para ficar na festa, anestesiados pela esperança de ganhar os brindes. Ufa! Que sacrifício! A maioria chega a casa e haja mecanismos para baixar a overdose de adrenalina.

A Escola não pode de maneira nenhuma se omitir na educação sobre o uso inteligente do som.

Os profissionais têm também que baixar o volume dos equipamentos utilizados nas aulas. É um horror! Os professores devem reduzir o volume da voz. Por que gritar tanto assim? Numa conversa normal, com pessoas educadas falando, o decibelímetro marca 30, 35 decibeis! Imagina o incomodo de quem é obrigado a participar de uma aula com 60 decibéis ou mais dos professores que só gritam? O resultado é este que se registra: de cada cinco crianças, nas três primeiras séries do ensino fundamental, somente uma é capaz de ler e entender uma frase escrita! É só porque o professor grita? Não! Claro que não, mas que a gritaria interfere, ah! Interfere, sim.

“O excesso de ruído causa na massa cinzenta um estímulo desnecessário, que a deixa acelerada, sem motivo. Ficamos em alerta, como se estivéssemos em perigo", explica Fernando Pimentel de Souza, neurofisiologista da Universidade Federal de Minas Gerais. Isso significa produção em excesso de cortisol, o hormônio do estresse, em picos indiferente”.
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Excesso de som altera a química cerebral: barulho excessivo das indústrias, canteiros de obras, meios de transporte, áreas de recreação, recreio da escola, festas, reuniões, etc. estratosféricos, no organismo. "É uma estratégia de defesa, que o próprio cérebro, agredido, articula", justifica o psicólogo Esdras Vasconcellos, da Universidade de São Paulo. Faz sentido, por se tratar de uma reação que prepara o corpo para se proteger de um possível problema”.

“O ouvido é o único sentido que jamais descansa, sequer durante o sono. Com isso, os ruídos urbanos são motivos a que, durante o sono, o cérebro não descanse como as leis da natureza exigem. Desta forma, o problema dos ruídos excessivos não é apenas de gostar ou não, é, nos dias que correm, uma questão de saúde, a que o Direito não pode ficar “A Escola localizada no centro nervoso das cidades tem o ensino prejudicado. Pesquisadores da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, ao avaliar os efeitos do som do trânsito diurno em alunos do 7º ano, chegaram à conclusão que alunos que estudam em escolas localizadas em áreas de tráfego intenso tiveram pior resultado nos testes de leitura - uma defasagem de sete meses - em relação às turmas de instituições situadas em áreas mais silenciosas”.

“Primeiramente, devemos educar a alma através da música e a seguir o corpo através da ginástica” Platão.

Então, mãos à obra: família, escola, igrejas, amigos, todo mundo; baixem o volume do som! Use-o, com inteligência!

Ivone Boechat

Foto de Ivone Boechat

Pessoa boazinha

A pessoa boa é justa, muitas vezes, assusta porque é transparente e sincera.
A pessoa boazinha agrada à primeira vista. Prefere fazer comentários e críticas no camarim. Ela quer sair bem na foto com todo mundo.
A pessoa boa tem poucos amigos, mas gosta de ajudar o próximo. Não representa um papel, é ela mesmo.
A pessoa boazinha é popular, defendida por todos, “porque é boazinha, não pode ser aborrecida em nada”! Ela faz a política da boa vizinhança.
A pessoa boa vive refém da boazinha e faz um esforço enorme para agradar à boazinha, porque ela gosta de show, principalmente se tiver platéia, porque é aí que a boazinha deita e rola. Fica simpaticíssima, mas tristinha se tocam num milímetro do seu território.
A família tem sempre pessoas “boazinhas” apertando as rédeas de todo mundo.A pessoa boa se equilibra num fio esticado para agradar, porque senão a boazinha pode se vingar in off, fazer chantagens e desequilibrar o ambiente, mas aparenta não saber o que está acontecendo.
A pessoa boazinha parece ser uma pessoa de bom humor e é, se tudo estiver nos trinques, como ela quer. Todo mundo faz tudo para agradar, “afinal, ela merece, porque é boazinha”. No mínimo aborrecimento, a boazinha fica irreconhecível, não tem pressa de dar o troco, mas dá e como dá. Como ela é boazinha, se tiver testemunhas, na hora, consegue duzentas assinaturas de adesão. É oportunista. Deita e rola em cima do sucesso.
A pessoa boa é franca, direta, sempre se dispõe a ajudar em tudo, mas experimenta fazer um apelo para a boazinha dar um real a alguém. Ela dá, mas faz uma tragédia grega, debaixo dos panos.
A pessoa boa é consensual. A boazinha é teimosa, faz como quer, na hora que ela quer, do jeito que ela quer. E quando faz é elogiadíssima, porque faz tanto charme, tanta propaganda que os inúmeros fãs vêem e acham linda a sua “generosidade”.
A pessoa boazinha se faz de fraca, mas de fraca não tem nada. Vira um gigante, quanto tira satisfações com a pessoa boa.
Ser bom é o certo, é virtude! Vale a pena pagar o preço de querer ser bom.

Ivone Boechat

Foto de Ivone Boechat

O fofoqueiro

O fofoqueiro é um tecelão juramentado in delivery à procura de meias verdades ou mentiras escancaradas que possa sair anunciando por aí pra derrubar alguém. Fofoqueiro que se preze mesmo não gosta de ver nenhuma vítima de pé, fazendo sucesso.
O fofoqueiro é invejoso, mas tem outros antipredicados bem mais inexpressivos no currículo. Para cumprir a meta diária de fofoca, ele é capaz de fazer o sacrifício de parecer bonzinho. E há quem acredite e se dispõe a fazer um pacto de paz, até a decepção dar-lhe uma rasteira.
O fofoqueiro não tem pressa: fofoca hoje, fofoca amanhã, ele sabe que o importante é não perder a oportunidade. Assim sequestra a vítima com as redes da dúvida e a faz refém do disse me disse.
O fofoqueiro tem duas grandes vantagens a seu favor: a vítima não tem defesa porque ele se esconde e rói as cordas pelas costas, na penumbra. O fofoqueiro finge-se simpático, por isso é bem aceito por um bom tempo.
O fofoqueiro se faz de vítima, de ingênuo, vive travestido de coitado e consegue enganar porque é persistente: Água mole em pedra dura...
O fofoqueiro vive de plantão à procura das brechas e ninguém, como ele, sabe aproveitar as oportunidades para desestabilizar a vítima; é mascarado, logo, pode passar despercebido por algum tempo no meio das pessoas corretas.
O fofoqueiro não suporta as palavras união, paz, harmonia. Se pudesse riscaria do dicionário dos outros, porque no dele não existem. Ele não tem luz própria e usa óculos escuros da maldade para se proteger do brilho dos outros...
Toda família tem o fofoqueiro que merece. É nela que ele engorda e tem prestígio; alguns são promovidos a conselheiros; outros recebem o troféu da confiabilidade: conseguem enganar até que a verdade e a justiça cheguem de mãos dadas e acabem com a farra.
“Sem lenha a fogueira se apaga; sem o caluniador morre a contenda.” Provérbios 26:20

Ivone Boechat

Foto de Valeria Sampaio

Preparando para mais um dia de serviço

Não dá para sair sem agradecer a Deus por mais um dia de vida e pedir para que esteja conosco em mente, boca e coração para que seja prospero.
Ao chegar ao serviço abençoar o corpo e permitir um dia de trabalho tranquilo.
Infelizmente pessoas não tem o hábito de seguir a rotina como sendo divino. Incomoda-se com facilidade pelo fato de não gostar de quem realmente trabalha.
Somos testados por todos a ponto de querer nos deprimir e colocar-nos em situações desnecessárias.
A vida requer que sejamos prudentes, coerentes e sociáveis, seres humanos gostam de demonstrar aquilo que acha que são, querem sempre surpreender o outro e se acham melhores que Deus.
Agir pela incoerência e sem respeito ao próximo só mostra como estamos permitindo o acesso do que não nos agregam para reagir de forma ignorante.
Ao quê conhecem e seguem a palavra, usam delas meios para não se reprimir e sim sabiamente dizer sem ofender ou rebaixar quem os afligem.
Devemos sim por meio de colegas de serviços ouvir umas verdades mesmo que desnecessárias o problema está na maneira que vem, pois pessoas que são surpreendidas com palavras fortes e pesadas, podem não gostar e ter uma ação imprópria e se prejudicar ou entender que não tem nada haver consigo, ignorar e sair em silêncio sem ofender ou devolver na mesma moeda.
O tempo de trabalho supera o tempo em família, em alguns casos pessoas trabalham tanto que nem consegue separar o tempo consigo e com quem os amam.
Desafiam-se, anulam-se e adoecem-se. E para que?
Não são máquinas e nem marionetes têm sim que desfrutar da maneira agradável a própria vida, permita o agir de Deus em si seja prudente e não ausente, faça o seu tempo, organize suas prioridades, dedique ao necessário e ao que valha apena, ame e cuide.
Assim como você precisa de trabalho o seu trabalho precisa de você.
É o ciclo da dependência e necessidade.
É o controle que rege em torno de si para dar certo ou errado
Dependendo mais das suas ações que de outrem.
Faça sua parte, respeite seu tempo e de outros também.
Dedica-se faça o melhor sem querer atingir ninguém
Seja prestativo, passivo e ativo.
Não subestime os outros
Para que não sejas subestimado.

Foto de Costa e Abrantes

A força motriz

A força motriz

Tenho muitas coisas a dizer
Outra s muitas para realizar
Atos grandiosos para terminar
Belas notícias a proclamar
Tenho muito a melhorar
É, eu sei...
É costume meu falhar
Mirar no alvo e errar
Presentemente sinto o desejo
A força motriz para continuar
Eu cair para aprender a levantar

Quando a ferida do mundo sarar
A perfeição prometida raiará
Se a obediência residir agora
E para sempre morar
Não haverá motivos
Para a família humana chorar
Para o gênero humano se machucar
A paz, então, durará
Motivado estou para falar
A verdade cobrirá a Terra
Como as ondas cobrem o mar
Aqui e acolá
Risos, os três paraísos
Pássaros a cantar
E como?
Diga-me como...
Não se emocionar?
Simplesmente não há
A verdade personificada reinará.
Assim seja!

Foto de Ivone Boechat

Carta a um pai

Eu cresci, papai, pensando que você era um gênio, o homem mais forte do mundo, infalível, capaz de dar soluções a todos os problemas de nossa família ou de qualquer outra.
O tempo foi passando e o contato com o mundo, a maturidade, o juízo melhor de todas as coisas, as experiências pessoais, foram esclarecendo, desmascarando as fantasias sobre a vida e mostrando o homem comum que estava debaixo do invólucro misterioso que se escondia, quem sabe, por detrás dos seus óculos.
Lembro-me, perfeitamente, do seu chapéu de camurça marrom-escuro. Naquele tempo, era a última moda. Como o senhor perdia as abotoaduras todos os dias! ... a gente já estava acostumado a procurá-las. Quem achasse ganhava um beijo. Muitas vezes essa aventura acabava em choro, porque ciúme de um beijo de pai dói muito.
Havia uma reunião secreta dos filhos, quando as exigências eram demais. Reclamávamos uns com os outros que ser criança estava difícil. Meus irmãos afirmavam que, quando crescessem, iriam deixar seus guris fazerem o que quisessem. Filosofia de criança é engraçada, não é?
Hoje, meu pai, entendo você. O seu olhar era um sermão eficiente que penetrava. Suas promessas de castigo eram sempre adiadas, seus pacotes de balas eram um compromisso de todas as viagens e também a sua presença à nossa cabeceira, nas doenças. Quanta chantagem faz um filho nessas horas.
- Papai, quando eu melhorar você compra aquela boneca que vi na loja do seu Waldemar?
- Claro, quando você sarar, papai compra tudo.
Foi muito bom ter você como pai. Um homem honesto, sério, forte., solidário. O senhor foi um guerreiro, um exemplo. Suas lições estão sendo folheadas nas páginas da cartilha de todos os dias. Cada preciosa palavra aprendida tem-me ajudado a entender o rigor da sobrevivência. Tenho feito um esforço imenso para afastar de mim os empecilhos que, às vezes, não me deixam copiar você.
Sua filha.

Ivone Boechat
Publicado no livro Por uma Escola Humana, Ed. Freitas Bastos, pág. 182- 1RJ 1987

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