A estrada da minha casa é o caminho do paraíso.
Anseio com o encontro daquele ser mais querido.
Versa e conversa, a pluma do pensamento,
Dança e regressa com as luzes do vento.
Gotas diamantadas num raio de sol
Descem em cascatas a desfazer nós.
Manacás explodem seus violetas e lilazes
Em suaves bordados com brancos e rosas.
A rua de asfalto, de verde ladeada,
Imensos bailados de flores, tesouros ainda guarda.
Danças de borboletas, orquestras de pássaros,
Grandes espelhos d’água, corais de sapos.
Bem-te-vis, sabiás, quero-queros, pica-paus
São a voz do silêncio, da solidão sem preço.
Palavras, imagens, perfumes, cores, cantares,
Raios de sol sobre orvalhos, estrelas tão perto dos olhos.
A onda da mata a brilhar; na face, perfumada brisa,
Caminho de casa, em riso, sem vergonha e sem juízo.
No final da estrada se ri, aquele que divide comigo
Cantigas de vários amores, na estrada do Paraíso.
Marilene Anacleto
14/12/06