Vi a oitava cor...
Revelada por um fictício véu...
Eu, em estado de graça...
Corpo e mente em sintonia com o céu.
Imaterializada...
Alma transcendente ao irreal...
Condição pra que se possa ver...
...E crer...
Mais visível que as outras sete,
Pelo brilho, magnitude, indefinição...
Momento inaudito, bendito, erudito...
Luzia entre tons...
Moldava o violeta-azulado,
Refletia sobre o laranja-amarelado,
Incandescia o vermelho-afogueado,
Tocando brandamente o lilás-arroxeado,
Pousando no esmeralda-esverdeado...
Foram segundos de perplexidade
marcando uma eternidade...
Instantes de insanidade
que subitamente se apagaram,
empobrecendo as outras tonalidades,
como toda raridade,
num misto de miragem e verdade...
E o arco, sem essa luminosidade,
Mesmo irisado, viu-se apagado.
Inconformado, circunda o horizonte,
como ponte, espera que aponte
a luz incandescente da oitava cor.
(Carmen Lúcia)