Blog de Carmen Lúcia

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Hoje é Carnaval..

Hoje é carnaval...

Hoje o dia está triste. Chove lágrimas de um céu cinzento e hostil, em discrepância com o carnaval. Ainda há carnaval!
A alegria descabida e camuflada de um cenário não convincente onde protagonizam amarguras vestidas de dourado, teima em desfilar pela avenida em desagravo às sanguinolentas feridas.
Querem curá-las a qualquer custo...mesmo arrancando suas cascas com as unhas para sangrá-las de uma só vez. Ou quem sabe estancar o sangue no intuito de reverter a dor e viver intensamente, no sentido mais amplo da palavra, o real carnaval, pois é ele que corre nas veias de um povo sonhador, que não se curva, não se abate, não desiste de fazer desse momento um canal gigantesco, surreal, por onde possam extrapolar todas as mazelas sofridas e dar vazão ao sonho de ser rei, rainha, deus, destaque, bateria, samba, enredo... de até voar ressuscitando Ícaro.
Três dias que valem por uma vida! Momentos a serem relembrados e aclamados durante o ano inteiro!Felicidade que alivia a infelicidade das desigualdades e injustiças sociais. Momentos que anestesiam os ais e energizam para a luta de cada dia.

_Carmen Lúcia _

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É Carnaval!

É Carnaval!
Demos espaço para a alegria.
Quem sabe toda essa utopia
caiba no coração de cada um
e se torne verdadeira,
ainda que até terça-feira.
A realidade do momento
fomenta o desejo de contracenar,
liberar o seu grito entalado,
e contagiar.

Que se cale toda a tristeza,
abram alas pra tanta beleza
onde os sonhos desfilam anseios
de um ano inteiro...
e o riso sofrido convence toda a multidão
que aplaude tal felicidade com empolgação,
onde o rito da autenticidade é encenação
e as cinzas da quarta encerram a grande ilusão.

_Carmen Lúcia_

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(Ri)Mar

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Fantasia

Visto a fantasia
A mesma alegoria
Desse meu dia a dia
Que cobre meu interior
E agora tripudia,
Extrapola meu exterior.
Caio na folia
Busco alegria
Em meio à nostalgia
De mil foliões...
Falsa euforia!
Em plena orgia
Vejo amanhecer o dia,
A alma vazia,
É só fantasia...

Mas é carnaval...
Dissipa-se o mal.

(Carmen Lúcia)

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Tenho-te em meus versos

Te vejo nos versos que faço,
criados, ditados por minha emoção,
minhas pretensões não escondo,
nem guardo em segredo
essa doce ilusão.

És minha rima e compasso,
meu rumo, meu passo,
meu poema-canção...
que canta a paixão que aflora
no verso que chora,
amor- devoção.

Meus versos trazem teu retrato
em mim tatuado
logrando a solidão,
quando, nas horas incertas,
a saudade aperta
ao saber que não vens.

Então, intensifico meus versos,
desenho teu regresso
nas linhas de minha expressão,
e reforçando as amarras,
amarro tuas garras
na verve que corre ao meu coração.

Meus versos unem destinos,
cruzam caminhos
no horizonte da imaginação,
são frutos do amor que alucina,
que buscam a utopia
da ressurreição.

_Carmen Lúcia_

Quis modificar algumas palavras do poema e , sem querer, o excluí. Posto-o novamente. Aos que deram seu voto, meus agradecimentos e meu pedido de desculpas.

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De ti, a poesia...

Procuro, em vão, não relembrar tua partida;
inevitável que ela acontecesse um dia,
nada é pra sempre, tudo muda, se transforma...
a cada tempo uma desilusão aflora,
assim é a vida; nem ao amor perdoa...

E vou vivendo cada momento que ecoa...
Tua lembrança é saudade que alucina,
mas faz nascer a poesia e a esperança
de renascer cada manhã de todo dia
e recolher a tua luz para meus versos...

E então me perco na emoção de estar contigo
e me revejo retratada em teus olhos...
No aconchego de teus braços me imagino,
e a fantasia me extasia com teus beijos...

Na poesia mais sentida és minha rima...
Em meu bailado, a expressão de minha alma,
toda canção de amor te traz para o meu lado,
vivo contigo a inspiração que me acalma.

Carmen Lúcia

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Striptease moral

Não importa que o mundo se choque,
que as pessoas evoquem
o santo protetor...
Benzam-se pasmas e indignadas,
invoquem os falsos valores
de uma ética desqualificada.

Não importa que de mim se afastem,
que as luzes se apaguem,
e o palco venha a ruir...
Da ribalta quero fugir.
Resgatar minha identidade
viver a autenticidade,
parar de fingir...

E se alguém se sentir ofendido,
não sabe quem sou, não sabe o que sinto,
moldada no que querem que eu seja,
atada pra que não ande nem veja...
“Tô nem aí pro que der e vier...”
Dane-se quem quiser...

Tiro as roupas que me sufocam
vincadas de normas, preceitos morais...
Faço striptease dos rótulos
“ mulher perfeita, efêmera, passiva, reta...”
estereótipo da fêmea correta...
Quero agora escandalizar.
Arranco as sandálias e avanço,
não me canso...
Pés descalços, alma nua,
a caminhar
em território profano,
sagrado,
insano...
e gritar...

Carmen Lúcia

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Retalhos de fantasia

Nesse carnaval estarei na avenida
a reviver pedaços de minha vida,
em cada disfarce, em cada fantasia
uma verdade mascarada de utopia...

Em cada arlequim, um pouco de mim,
da colombina, o amor que termina,
do pierrô... lágrimas vertidas,
da jardineira, as flores perdidas.

Do palhaço, o riso sofrido,
da odalisca, prazer reprimido,
do bobo da corte, o grito contido,
da porta-bandeira, a paixão derradeira.

E verei minha história
refletida na escola...
E no samba a tocar,
meu enredo a sambar.

Carmen Lúcia

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Não fossem as flores...

Não fossem as flores...
não me encantariam as cores
nem me enfeitiçariam as fragrâncias,
essências exaladas de amores,
salpicadas por beija-flores
semeando meu jardim.

Não fossem as flores...
das pedras não surgiriam castelos
onde sonhos divagam, belos,
caindo das janelas feito chuva de confetes.
Seriam simplesmente duras pedras
fincadas em estradas ardilosas
onde meus pés não conseguiriam andar.

Não fossem as flores...
tristes seriam as montanhas
que resguardam tanta beleza
e me fazem enfrentar os desafios,
rasgando toda a dureza,
revestindo-me de coragem
para encarar medos e frios,
somente pra buscá-las.

Não fossem as flores...
sentimentos se dispersariam
desperdiçando o bem que seria
a vida ornamentada pelos anseios
de ver a dor coberta de pétalas coloridas
a estancar o sangue vertido das feridas.

_Carmen Lúcia_

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Tu me ensinaste...

A ver o alvorecer sorrindo
e um novo pôr-do-sol se indo...
Que o brilho da última estrela
é tão intenso quanto o da primeira.

Que a flor mais bela será sempre aquela
que em nuances aos olhos se revela,
que a primavera tem sua beleza
tal qual o inverno...total realeza.

Que a felicidade mora onde supomos
e o amor reflete tudo o que somos...
ou alcançamos céus, ganhamos terra,
ou sucumbimos fundo, vítimas do mundo.

Me ensinaste que a dor morre e nasce
em meio à ilusão,sempre em contraste
com o amor que descompassa o coração
e lança nossos sonhos pelo chão.

Me ensinaste a viver fortes emoções
desencadeando um mar de inspirações.
Sorri, sofri, amei, poetizei...
"Mas nessa hora a viver comecei..."(Garret)

_Carmen Lúcia_

Carmen Lúcia Carvalho de Souza
23/01/2007

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