Carta para mim mesmo.
Meu amigo, Carlos Donizeti, espero que esta carta possa encontrá-lo gozando das mais perfeitas bênçãos, embora a mim não possa dizer o mesmo. Como sentimos a falta da tua presença e das tuas falas, não deste homem culto e formado, mas daquela criança, aquele moço companheiro que não saia aqui desta casa. Às vezes quando penso em ti, tuas palavras de conforto para os jovens necessitados, os cantos de meus olhos lagrimejam, merda de vida... Não sei o que aconteceu que de repente tu olhaste para o céu, como me disse que ouviu: O que eu faço aqui. Isso foi o suficiente para que num dado momento seus olhos faiscassem, e tu não ouvisse mais nenhuma pessoa, e partiste. No inicio procuramos ser fortes, mais aos poucos fomos aos pouco rendendo as fraquezas e por fim surgiram as lágrimas. Teus amigos mais estimados não suportaram tua partida e foram, somente alguns poucos ainda moribundam esperanças de tua volta. Não sei onde estás realmente se és feliz, talvez esquecesse quantas vezes nós e uns grupos de meninas aos finais de semana iam numa pequena lagoa aqui bem pertinho, só bastava uma garrafa de licor para sermos felizes, talvez se esquecesse das noites enluaradas, dos bailinhos nas casas de nossos amigos e das pescarias. Meu amigo quando os pés de laranjas brotam em flores isso aqui parece um paraíso, vem as mais lindas borboletas a beijar em flor em flor, sei que talvez nem se importe mais. Às vezes passos na casa de seus pais, que mesmos cansados ainda sentam na varanda da casa, sua mãe e teu pai já de cabelos bem branquinhos como dois anjinhos colados não te esqueceram. Às vezes nos anoiteceres de natal e véspera de ano novo me reúno com tua família, e sinto que falta faz tua presença.