De despir-me das vontades
e nua de desejos e ensejos
perder minha identidade...
De desistir dos sonhos
e imbuir-me de marasmos,
cultivando um amanhã enfadonho...
de mergulhar no vazio;
dele não conseguir sair
e por mais que eu tente, nele persistir...
de perder a inspiração
vítima da síndrome do papel em branco...
...e fragmentá-lo com meu pranto.
de que a sombra se interponha
e me impeça de ver a luz...
o belo, o arrebol, o sol...
De que pensamentos funestos
conspirem contra mim, no universo,
e me retornem ainda mais perversos...
de não encarar a verdade,
alienar-me à falsidade
e mesmo que muito me custe,
mascarar a realidade.
De não ter ousado,
não ter lutado,
não ter recomeçado,
não ter acertado,
mesmo tendo amado...
Medo de não perder o medo...
Carmen Lúcia