Os ventos já não balançam as flores
Já não sinto o toque das pontas do mar
Estou sentindo meu entardecer ancorar
Nas bordas do porto exausto de tanto esperar
Meu mergulho lívido já não é profundo como quando buscava tesouros
E as sombras do fundo do mar norteiam a superfície com pouco sol
Que está escondido entre as nuvens partidas que se assemelham com o fim da lua
Desnuda pelos olhares de marte
O horizonte já perdeu o tom avermelhado que o diferencia da manhã
Onde os ventos eram fortes e os moinhos viviam a plenitude
Nas planícies repletas de amores furtivos e vazios que transbordavam o coração
Nos celeiros escuros e cobertos pelos olhares inocentes que vinham de longe
Os ventos já não movem meus olhos na esperança de vislumbrar
A fada que iluminava meus dias com sua sedução tímida
E mãos de seda que passeavam pelo corpo sem descaminhos
Descobrindo o amor na sensualidade exprimida entre beijos atrás da estrela cadente
O anoitecer é a desilusão do dia
Tudo que era claro fez-se escuridão
Parece que a vida vai deixando de existir aos poucos, lentamente
Enquanto o sol se esconde entre nossos sonhos
Já não sinto os ventos no meu rosto entristecido pela palidez
Minha sedução virou lembrança entre as paredes do meu oceano
Meu dia está enfraquecendo enquanto o entardecer toma forma
A noite vai cobrir meu corpo e dormirei o sono sereno da quietude sem fim