Ela chega embriagada,
feliz, contente
mas, mal encarada
num olhar descontente.
Embriagada ela chega
estafada de álcool se rega…
Pousa a cabeça
sobre a mesa
perdida em pensamentos…
será que mereça
estes jumentos?
De mão trémula
leva a morte à boca.
À boca tumula
e esconde-se nessa dita ‘toca’.
Canta…
com uma voz lenta.
Lentos são agora os seus reflexos…
Espanta
a foz sedenta
com os seus perplexos.
Recusa-se a ouvir
explicações, sermões…
Apenas se quer suprimir.
Lamenta-se
por entre sorrisos
melancólicos…
Afoga-se
pelos seus precisos
e albergados tons alcoólicos.
A cama?
Nem pensa nela…
Age como se o Mundo acabasse hoje…
Clama,
pel’aquela felicidade que lhe foge.
Fala em morrer…
despedindo-se,
promete enfraquecer
desmetindo-se…
Repete e repete
a música sem fim…
Será que compete? Que lhe compete
este destino assim?
Não aceita mudar
quando uma voz amiga lhe soa…
Conjuga compulsivamente o verbo ‘chorar’
até que a alma lhe doa…
Segreda-se
arrependida…
Desemprega-se
desta vida…
Vêm à tona não revelados…
e choram-se as almas
contam-se os desabafos…
Agrafos,
de vidas aparentemente calmas.
Assistem-se,
confrontadas…
Complicam-se
insensibilizadas.
E eu não aguento mais…
levanto-me e vou deitar-me…
Já amanheceu num ‘jamais’
onde nunca pensei encontrar-me.