Sociedade

Foto de Igor Pontes

poema e reflexão

Filosofando indignado.

É tanta gente feia se achando linda,
É pouca dor e amargo pra muita ferida,
Sei lá... É tanta gente não sendo o que diz,
Há muita mentira escondida por aí.
A vida que passa é assim,
Você dizendo o que quer e você mesmo não diz,
Porque sou o que falo...? Mas não sou o que digo...?
Tem tanta gente sendo assim e ainda assim,
Indecisões que outrora simplesmente me afastam dessa sociedade hipócrita.
Se não somos melhores que ninguém,
Não devemos nos achar pior que ninguém.
Estamos no mesmo barco da vida,
É um dever levantar todos os dias,
E buscar dentro de você a essência do bem,
Mesmo quando ninguém ou nem mesmo você a encontrar.
Portanto amar ainda é o melhor remédio pra se curar,
Não adianta pagar o mal com o mal,
Essa sim é uma atitude digna,
Não devemos nos esconder na hipocrisia de se achar melhor que os outros.

Foto de Moisés Oliveira

Peça velha

Não quero saber de olhar pra descobrir o rumo, quero andar despreocupado, caminhante do mundo.

Não quero pensar em demasia no futuro que está por vir, Quero viver cada momento, acordar e poder sorrir.

Não quero uma vida azeda, ao gosto da sociedade, quero me alimentar de sonhos, quero beber felicidade.

Não quero a comodidade que a tal zona de conforto propicia, Quero sair dessa cerca armada, pra não viver só de nostalgia.

Não quero me enquadrar em padrões ou pertencer à equação, Não me importo em ser peça velha, modelo antigo, fora de produção.

Não quero ter que explicar o óbvio, me entediar na inauguração. Quero reviver o momento, apreciar a obra em exposição.

Foto de Ivone Boechat

SOS - misericórdia para as crianças

A sociedade vive sobressaltada, de cabelo em pé, com o resultado do seu próprio estilo de vida. É muito barulho pra todo lado. Aí, a própria família, essa que reclama tanto do incômodo, basta alguém comemorar o aniversário e o barulho é o primeiro convidado a chegar. Nas festas de casamento então, o barulho chega de fraque e cartola. Os convidados, coitados, que imaginavam rever amigos e botar o assunto em dia, nem pensar. Ninguém consegue falar, só se gritar para saber, pelo menos, como o outro vai. Aliás, na primeira chance as pessoas vão saindo, estressadas e frustradas. É para economizar o consumo? É chic? É moda? É claro que um fundo musical na festa é maravilhoso! Mas, por que tanto volume? E não adianta pedir para baixar o som, o profissional contratado, o dj, tem poder; manda na festa e você pode morrer fuzilado com uma guitarra apontada para o seu ouvido que ninguém socorre ninguém.

Por onde anda a educação?

As crianças não escapam dessa maluquice de botar o som em último volume nas comemorações, pasmem, a partir de um ano de vida! Mas reparem como os pimpolhos homenageados se comportam na festa: desesperados, choram, querem tirar a roupa, os sapatos, os penduricalhos do cabelo, e geralmente os avós ou algum voluntário bom samaritano sai com a vítima aos farrapos, para dar uma volta lá fora, onde o aniversariante acaba dormindo, aliviado, longe dessa zoeira horrorosa! É um caos! Enquanto isso, uma nuvem de sofredores de tenra idade se esforçam para ficar na festa, anestesiados pela esperança de ganhar os brindes. Ufa! Que sacrifício! A maioria chega a casa e haja mecanismos para baixar a overdose de adrenalina.

A Escola não pode de maneira nenhuma se omitir na educação sobre o uso inteligente do som.

Os profissionais têm também que baixar o volume dos equipamentos utilizados nas aulas. É um horror! Os professores devem reduzir o volume da voz. Por que gritar tanto assim? Numa conversa normal, com pessoas educadas falando, o decibelímetro marca 30, 35 decibeis! Imagina o incomodo de quem é obrigado a participar de uma aula com 60 decibéis ou mais dos professores que só gritam? O resultado é este que se registra: de cada cinco crianças, nas três primeiras séries do ensino fundamental, somente uma é capaz de ler e entender uma frase escrita! É só porque o professor grita? Não! Claro que não, mas que a gritaria interfere, ah! Interfere, sim.

“O excesso de ruído causa na massa cinzenta um estímulo desnecessário, que a deixa acelerada, sem motivo. Ficamos em alerta, como se estivéssemos em perigo", explica Fernando Pimentel de Souza, neurofisiologista da Universidade Federal de Minas Gerais. Isso significa produção em excesso de cortisol, o hormônio do estresse, em picos indiferente”.
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Excesso de som altera a química cerebral: barulho excessivo das indústrias, canteiros de obras, meios de transporte, áreas de recreação, recreio da escola, festas, reuniões, etc. estratosféricos, no organismo. "É uma estratégia de defesa, que o próprio cérebro, agredido, articula", justifica o psicólogo Esdras Vasconcellos, da Universidade de São Paulo. Faz sentido, por se tratar de uma reação que prepara o corpo para se proteger de um possível problema”.

“O ouvido é o único sentido que jamais descansa, sequer durante o sono. Com isso, os ruídos urbanos são motivos a que, durante o sono, o cérebro não descanse como as leis da natureza exigem. Desta forma, o problema dos ruídos excessivos não é apenas de gostar ou não, é, nos dias que correm, uma questão de saúde, a que o Direito não pode ficar “A Escola localizada no centro nervoso das cidades tem o ensino prejudicado. Pesquisadores da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, ao avaliar os efeitos do som do trânsito diurno em alunos do 7º ano, chegaram à conclusão que alunos que estudam em escolas localizadas em áreas de tráfego intenso tiveram pior resultado nos testes de leitura - uma defasagem de sete meses - em relação às turmas de instituições situadas em áreas mais silenciosas”.

“Primeiramente, devemos educar a alma através da música e a seguir o corpo através da ginástica” Platão.

Então, mãos à obra: família, escola, igrejas, amigos, todo mundo; baixem o volume do som! Use-o, com inteligência!

Ivone Boechat

Foto de Ivone Boechat

Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor

A felicidade de qualquer nação depende, fundamentalmente, do reconhecimento da soberania de Deus e a influência que Ele passa a exercer sobre as pessoas, sobre as famílias e todas as instituições. Quando se buscam deuses falsos ou quando não se cultua a nenhum deus, quando a Palavra de Deus e as suas Leis não têm lugar de adoração e destaque na vida da sociedade, ela perece entregue aos vícios, à depressão, à infelicidade. Uma nação se constrói no alicerce da fé. Cada cidadão bem orientado, com uma base sólida de educação, vai ajoelhar-se, aos pés de Cristo, buscando a comunhão com Deus. Porque “Os céus manifestam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos” Sl 19:1. Ninguém é insensível à majestade divina, quando lhe apontam para a grandeza do Seu poder.
Feliz é a nação que “instrui ao menino no caminho em que deve andar” Pv 22:6.
Feliz é a nação, onde a juventude “Lembra-se do Seu criador nos dias da sua mocidade. Ec.12:1.
Feliz é a nação, onde os “príncipes ensinam aos anciãos a sabedoria…” Sl 105:22.
Feliz é a nação que atende aos profetas de Deus, pois suas palavras são “…como uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e a estrela da alva surja em vossos corações” II Pe 1:19.
Feliz é o cidadão que reclina sua fronte nas sagradas escrituras, porque “seca-se a erva e murcha a flor, mas a palavra de nosso Deus subsiste eternamente” Is 40:8.
Feliz é o homem que “anda pelo caminho da retidão, no meio das veredas da justiça” Pv.8:20.

A humanidade clama pela presença do Deus vivo, fiel, justo, capaz de transformar as tristezas desta civilização decadente numa geração eleita, confiante.

Cada família pode se apresentar como agência do bem, responsável por seus filhos, vigilantes da paz.
O homem foi criado para viver feliz, serenamente, entre as flores do imenso jardim do Universo – único verso divino, ritmado na cadência de vozes angelicais e nas bênçãos que o Pai das luzes derrama sobre seus filhos.
Feliz é a nação que se esforça para caminhar debaixo da potente mão do Senhor e reconhecer que, desde a antiguidade, “O povo que andava em trevas viu uma grande luz; e sobre os que habitavam na terra de profunda escuridão resplandeceu a luz”. Is 9:2.

Ivone Boechat

Foto de Ivone Boechat

Confissões de um menor abandonado

Eu sei que sou culpado,
não tive a capacidade de assumir a administração de minha vida, não fui capaz de resolver as emoções infantis nem consegui equilibrar-me sobre os obstáculos que herdei da sociedade.
Até que me esforcei! Olhei para a vida de meus pais, porém, os desentendimentos de seu casamento falido nublaram os tais exemplos de que ouvi falar, só falar.
Não tive o privilégio de me aquecer no meu próprio lar, porque faltou-lhe a chama do amor, sustentando-nos unidos. Cada qual saiu para o seu lado. Na confusão da vida me perdi.
Candidatei-me à escola. Juntei a identidade civil ao retrato desbotado, botei a melhor farda de guerreiro, entrei na fila. Humilhado por tantas exigências, implorando prazos, descontos e vaga, sentei-me num banco escolar, jurei persistência, encarei o desafio.
- Joãozinho, você não sabe sentar-se?
- Joãozinho, seu material está incompleto.
- Joãozinho, seu trabalho de pesquisa está horrível.
- Joãozinho, seu uniforme está ridículo.
A barra foi pesando, fui sendo passado para trás e vendo que escola é coisa de rico. Um dia, arrependi-me, mas a professora se escandalizou das faltas (nem eram tantas!) e disse que meu nome já estava riscado, há muito tempo. O que fazer? Dei marcha à ré ali e, olhando a turma, com vergonha, fui saindo.
Moro nas marquises, debaixo da ponte, nas calçadas e não moro em lugar nenhum. Tenho avós, pais, irmãos e primos, mas não tenho família. Tenho idade de criança e desilusões de adulto. Minha aparência assusta as pessoas e nada posso fazer. A cada dia que passa, estou mais sujo, mais anêmico, mais fraco.
Sou um rosto perdido, perambulando, em solo brasileiro. Na verdade, chamam-nos menores, todavia, somos os maiores desgraçados.
Vendo balas num sinal de trânsito que muda de cor a cada minuto. Quando o sinal fica vermelho, os carros param, meu coração dispara. Para nós, menores abandonados, o vermelho é a cor da esperança.

Ivone Boechat

Publicado no livro Por uma Escola Humana, pág.121 Ed. Freitas Bastos, RJ 1987

Foto de Ivone Boechat

Círculo vicioso

Círculo vicioso

Ivone Boechat

Um dia, milhões de bebês choraram na liberdade uterina do milagre da vida: nasceram. Não vestiram seus corpos, não lhes calçaram sapatos nem lhes deram o conforto do seio materno, antes da posse do sonho infantil, foram rejeitados, ao rigor do abandono.
Um dia, mãozinhas trêmulas, inseguras, sem afeto, bateram na porta do vizinho, procurando abrigo. Não havia ninguém ali para oferecer afeto nem portas havia na pobreza do lado. O menino escorregou na direção da rua.
Um dia, a criança anêmica foi eleita à marginalidade da escura noite e disputava papelões e pães no lixo do depósito público. Aos tapas, cresceu como grão perdido no vão das pedras, sem a mínima possibilidade de sobreviver: sem teto, sem luz, sem chão.
Um dia, o adolescente esperto teve alucinações de vida e o desejo de conferir a sociedade: candidatou-se à luta amarga do subemprego. Alvejado pela falta de habilitação, foi condenado como vagabundo, recebendo etiqueta oficial de mendigo.
Um dia, o adulto desiludido, amargurado, sem emprego, sem referencial, saiu à procura do amor. No escuro, mas cheio de esperanças, foi colecionando portas fechadas pelo caminho. Sem Deus, sem nome, sem avalista, sem discurso, acreditou no "slogan" das campanhas sociais.
Um dia, o menino mal nascido, mal amado, mal educado, não soube cuidar do filho que nem chegou a ver. Não ouviu seu choro. Imaginou apenas que, após nove meses de duríssima gestação, alguém brotara de um rápido encontro, irresponsável, assustado e vazio que sempre ouviu dizer que se chamava amor.

Foto de Luazul23

O que falta cega.

Tentar ser melhor que o outro e dizer para si mesmo que você não vale nada
Cada vez que você competir com outro você se menos presa.
Mesmo quando você vence uma competição para os olhos da sociedade.
Você perde pra si, você perde dentro de si porque você esta si negando...
Renegando a própria essência, não se compare e também não se exija
Não exaltar aquilo que falta, senão esquece daquilo que tem.
Use inteligentemente as leis universais ao seu favor, é você exaltar o bem colorir a tua vida
Olhar as coisas com olhar positivo é você engrandecer.
Não olhar a coisa com olhar de se acomodar nem na postura de reclamação para não abrir mão do que você conquistou, senão você perde, por que você mesmo renegou se ferrou se sabotou ai o universo te tira, por que você esta se sentindo um nada sem nada..
Quando você esta ao seu favor a vida te doa tudo, por que a vida é abundante pra ele
Mesmo que não esteja em uma circunstância material favorável, mais sente que a vida esta favorecendo amplamente, isso faz com que todo universo o abençoe com tudo
Mais a essência e amar a si, amar a vida, se sentir abundante sem se comparar com ninguém.
Por que tudo é circunstancial cada pessoa no mundo no universo relativo as suas crenças
Então é bom ter autodenomino, querer não é poder não! Querer e se sentir insatisfeito
Poder e se sentir pleno, na hora que não fica só no querer, ficar no sentimento do poder
Eu atraio o poder, se ficar no sentimento do querer, querer atrai cada vez mais carência
Poder é aquilo que completa, querer é aquilo que esvazia
Á uma lógica universal por de traz de tudo, reconhecer estas leis nos dão o domínio
Então seja você para de tornar a tua vida tão complexa, a cada vez que você se coloca inseguro, insatisfeito, nos podemos nos ajudar ai esta a beleza de viver em família
A traves do amor, eu ofereço aquilo que eu tenho de bom, porque isso pode te faltar,
Você me oferece o que tem de bom porque isso pode me faltar, e agente gera uma troca
E esta troca faz agente crescer, até qual quer um dos dois lados possa aprender aquilo que nós falta, isso é evolução.
Podemos trocar, mais não podemos evoluir pelo outro, e vice e versa, cada um faz a sua parte, revele a sua essência pois tudo esta guardado, dentro da sua essência dentro do seu coração.

Foto de José Herménio Valério Gomes

O PARALELO DA VERDADE

Que fazes,em que pensas tu amigo
Sentado de costas para a rua
Dizes que a vida não faz mais sentido
Dentro do teu mundo, que não tem mais lua

Murmuras desejo de morte
Um sentimento por ti convidado
Que chegou num cavalo fantasma a galope
Para te levar a outro lado

Tal como tu,meu amigo
Vivi um grande e louco amor
Por isso hoje estou aqui contigo
Pedir-te que te afastes ,para sempre dela

Somos a lenda onde tudo aconteçe
Pensando saber que esta àgua não beberei
Mas nem tudo assim parece
Pois a vida tornou-nos fora-da-lei

Fomos afastados da sociedade
Perdemos a confiança,de quem em nós acreditava
Foi quando a revolta,nos pareceu a verdade
E afinal perdeu-se tudo e aqueles de quem gostava

Um dia aconteceu assim
Estava eu em espera num abismo
Quando alguem se apróximou de mim
Como se quebrasse um feitiço

Peço-te amigo,estas palavras não esqueças
Quero que voltes tambem a usufruir este mundo
Por favor ,nesse lado não adormeças
Quero rever-te de volta,mais que estes segundos.........?

Foto de José Herménio Valério Gomes

O QUE NÂO ESCOLHI SER

DEIXA-ME ESCREVER O QUE SEI
SOBRE ESTE MUNDO COLORIDO
COM MENOS CORES QUE EU IMAGINEI
DEIXANDO-ME PENSAR ,QUE NEM TUDO ESTÀ PERDIDO

SABES QUE QUANDO NASCEMOS ACEITES
NUMA SOCIEDADE DE VALORES AFIRMADOS
SOMOS LEVADOS COMO LEITÔES DE LEITE
PARA CRESCER ,NUM ILUSIONISMO ORQUESTRADO

NASCI COMO A PALAVRA IMPARCIAL
E A VISÂO PARA O MEU MUNDO ,ERA A MAIS CERTA
ATÈ SABER, QUE ME DEIXEI INTEGRAR NO TEMPO
POR ALGO QUE TENTEI, RECUSAR DENTRO DO ALERTA

...GOSTAS DE OUVIR MUSICA
...GOSTAS DE QUALQUER DISCURSO
...ENCONTRAS NOME PARA A TUA MUSA
...E ESCREVES UM LIVRO TÂO CONFUSO

NÂO ESTÀ CERTO ESCONDER O SOPRO
DE QUE FALAMOS E NÂO TEM ALIVIO
DEVENDO AINDA AGRADECER,POR NOS DAREM UM CORPO
PARA CONTINUAR A ELIMINAR CORES,AO MUDAR RUAS DE SITIO...

(zehervago 25/03/2014)

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro - Capítulo Final

Amanheceu e chegou setembro. E quando setembro chega, por essas bandas do hemisfério sul, a primavera se faz presente e espalha as suas flores de plástico que não morrem, as pessoas ficam felizes, elas renascem das angústias e amansam seus ímpetos, elas colocam enfeites nas janelas, esperam a banda passar, alçam os pensamentos ao mais alto Parnaso e para a mais verdejante Arcádia. Os corpos se aqueciam, como se um forno tivesse sido aceso na sua mais adequada temperatura. Tudo parecia lindo.
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A turma do pastoreio gritava em sonoros brados:

- Baco! Dionísio!

Os tambores ressoavam o vento dos leques, os Miami Bass dos moleques, os maculelês dos pivetes. Sonos eram interrompidos pela festa popular. Num determinado momento, dois ou três já desfilavam sem roupa. Quando a balbúrdia foi notada, os ditos dominantes trocavam de pele na rua. Não se obedecia a nenhuma hierarquia estabelecida. As pessoas nasciam e morriam no torpor da natureza humana, viva e bruta como a de qualquer outro animal, os instintos eram deflagrados, nem Freud e nem Jung eram mais uns reprimidos. Lembrava em certo ponto até o Brasil.

- As flores! Não se esqueçam nunca das flores!

Os miseráveis eram coroados e os nobres decapitados, mas ninguém deixava de ser alegre. Um tarja preta virtual assegurava a plena satisfação dos envolvidos na comédia. O paradeiro de muito era desconhecido. O que importava isso agora? Me diz? É dia de rock, bebê. Se você não entende a sensação de atravessar a Sapucaí e repetir o batuque da bateria, então vá embora, o seu lugar não é aqui. Dona Clarisse, com seu erro ortográfico e seu rosto reconfigurado, até arriscava uma derradeira conclusão.

- Eu nunca mais quero acordar desse sonho...
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Luís Maurício, que não havia se manifestado até então, pede a palavra:

- Amigos, é chegada a hora da reconciliação. A hora em que seremos livres de todas as nossas culpas e arrependimentos. Eu declaro anistia geral! Constituiremos desde já uma nova república, uma democracia quase que direta, uma pátria do Arco-Íris e do pote de ouro, um paraíso na Terra, um novo Éden, a Canaã que deu certo!

Clarisse recosta-se ao palanque improvisado.

- Eu posso ficar...? - Silaba.

- Evidente.

- Que sim ou não?

Feito isso, ela coloca-se para se despedir de Dimas.
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Um homem estava parado no meio da multidão. Ele dava alguns passos para trás, com o devido cuidado de não deixar nenhum folião o encochar. Ele andava de lado, como quem ia para fora. Clarisse o viu perto do portão pelo qual se sai para sempre da Sociedade.

- Espere... Eu tenho que te falar mais algumas coisas...

- Diz.

- Eu não te amo e nunca vou te amar um único segundo da minha vida.

- Eu sempre soube e nunca me iludi do contrário.

Tânia, incógnita até então, não se sabe observando de longe ou entretida com outra orgia, puxa o lixo pelo braço e faz cara de que se estivesse com ciúmes.

- Ele é meu, ouviu? Meu! Dá o fora logo sua vaca! Vai procurar o homem dos outros! Ele já tem a quem comer, tá, queridinha! E não adianta dizer que ele tá te querendo, que se você tentar alguma coisa, eu mato os dois! Sua puta, sua piranha! Você não me conhece! Não sabe o que sou capaz de fazer! Eu sou mulher de verdade, sua vagabunda! Rapa fora daqui!

Dimas sorriu, e por um exato milésimo de segundo sentiu-se amado de verdade. Clarisse debochou com a mão, engoliu a tragédia de ter desperdiçado o único sentimento cristalino que já havia presenciado e deu suas costas, andando tropegamente de volta ao seu destino. Uma lágrima furtiva caiu sobre seu cenho? Procurou a corda mais próxima? Não saberemos, e nunca vamos saber. Ela disse que não se importava, e esta ficará sendo a versão oficial. Se falarem alguma coisa sobre o que aconteceu com ela ou então comigo é mentira, o que vale é o que está registrado nessas linhas. Enfim, temos um final.
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- Vamos, amor, ser felizes para sempre?

Tânia e Dimas atravessaram o portal daquele mundo.

Ao que se sabe, não existiriam mais pessoas de sangue frio ou quente naquela realidade. Apenas pessoas, Tudo aconteceria conforme o planejado, por todas as eras, e nunca mais mudaria, pois não era necessário.

O casal apaixonado corria nu pelos prados. Correram até não aguentar mais, até um lugar que parecia longe o distante para que fizessem amor pela eternidade. A tarde caia, e com ela o pulsar atingia seu auge. Tânia e Dimas se abraçaram e deitaram na relva, um beijo selaria a felicidade interminável consagrada naquela união.

- Eu te amo e pra sempre vou te amar! - a Torta nunca fora tão reta na sua declaração.

E ela foi sincera como poucas vezes se viu em toda a existência.

Até que um dia sua pele começou a descascar...

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