Esse eu fiz há quase dois anos, após a leitura de Michel Foucault - Vigiar e Punir.
Abraço.
A DAMA E O PROMETEU
Prometeu... Prometeu... Onde foi meter-se o brilho teu?
Surrupiar ousaste o fogo sagrado do Olimpo,
Ferrenha ira sobre teus ombros se abateu,
O semblante nunca mais conservarás limpo,
Rompeste do pacto social o lacre através de tua conduta,
Acima do corpo teu ergueu-se espada cortante,
Temerário és: traíste da justiça a mente astuta,
Encontraste dela a lâmina a te infligir suplício aberrante,
Espatifada jaz em meio a teus pés a desalinhada balança,
Sob o frio das mãos tuas aninhada e com a caixa está a bela Pandora,
Esbaforida começa a se retirar do recinto a sempre fiel esperança,
Que horrível destino a ti revela o implacável Cronos nesta hora?
Acaso pensas ser da dignidade bendita luz a invadir teus olhos?
Muitas são as faixas a encobrir no final do arco-íris o pote de ouro,
Tola retina, distante tesouro: a águia recolhe do teu fígado os retalhos,
Se não guardas contigo a luminescência libertária das moedas - mau agouro,
Infeliz larápio... Cercado estás pelo Código-Esfinge,
Saiba: assim como as cabeças da Hidra de Lerna são as leis,
Ao decapitar de uma, segue-se o nascer de outras seis!
Pena: digo a ti jamais cessar a sanção com a qual a dama cega te cinge!
GABRIEL LUÍS DE ALMEIDA SANTOS
Comentários
Oi Gabriel
É lindo, lindo demais e você sabe disto, risos.
A tua figura de linguegem é perfeita e faz par com a riqueza das palavras.
Acho que vou te desafiar a escrever um soneto, que achas?
Grande abraço.
Fernanda Queiroz
Grande abraço.
Fernanda Queiroz
Obrigado, Fernanda.
Um amigo achou "confuso". Quanto ao soneto, se a poesia me convidar a isso, farei. Geralmente, não escolho a forma e vem tudo de um jato.
Beijo.