Santos

Foto de ANDERSON SANTOS

"RESILIÊNCIA"

"O prazer da vitória é coroado pelo sacrifício empregado para alcançá-lo".

(Anderson Santos)

Foto de ANDERSON SANTOS

"TEMPORÁLOGO"

..."ao tempo perguntou num tempo, quanto tempo tinha pra acabar o tempo...
...num tempo respondeu em tempo, que perdido é o tempo pensando no tempo que jamais teria"...

(Anderson Santos)

Foto de Jardim

chernobyl

1.
sons de violinos quebrados vinham das montanhas,
uivos de lobos noturnos,
varriam as imagens das imaculadas ninfas
enquanto se ouviam as vozes dos náufragos.
o príncipe das trevas desceu disfarçado de clown,
bailava num festim de sorrisos e sussurros.
a nuvem envolvia a cidade com seus círculos febris,
se dissolvia nas ruas em reflexos penetrantes,
coisa alguma nos rios, nada no ar e sua fúria
era como a de um deus rancoroso e vingativo.
a morte com seus remendos, oxítona e afiada,
distribuía cadáveres, penetrava nos ossos, na pele,
nos músculos, qualquer coisa amorfa,
alegoria da inutilidade das horas.
agora este é o reino de hades
os que um dia nasceram e sabiam que iam morrer
vislumbravam o brilho estéril do caos que agora
acontecia através del siglo, de la perpetuidad,
debaixo deste sol que desbota.
o tempo escorre pelos escombros,
o tempo escoa pelos entulhos de chernobyl.

2.
meu olhar percorre as ruas,
meus passos varrem a noite, ouço passos,
há um cheiro de sepultura sobre a terra úmida,
um beijo frio em cada boca, um riso
estéril mostrando os dentes brancos da morte.
não foram necessários fuzis ou metralhadoras.
mas ainda há pássaros
que sobrevoam as flores pútridas.
aqueles que ainda não nasceram são santos,
são anjos ao saudar a vida diante da desolação
sob este céu deus ex machna.
aos que creem no futuro
restaram sombras, arcanos, desejos furtados,
resta fugir.
uma nuvem de medo, ansiedade e incerteza
paira sobre o sarcófago de aço e concreto da usina.
asa silente marcando o tempo
que já não possuímos.
pripyat, natureza morta, vista através das janelas
de vidro dos edifícios abandonados
sob um sol pálido, ecos do que fomos
e do que iremos ser.
pripyat, ponto cego, cidade fantasma,
os bombeiros e suas luvas de borracha e botas
de couro como relojoeiros entre engrenagens
naquela manhã de abril, os corvos
seguem em contraponto seu caminho de cinzas
sob o céu de plutônio de chernobyl.

3.
e se abriram os sete selos e surgiram
os sete chifres da besta,
satélites vasculham este ponto à deriva, seu nome
não será esquecido, queimando em silêncio.
os quatro cavaleiros do apocalipse e seus cavalos
com suas patas de urânio anunciam
o inferno atômico semeando câncer
ou leucemia aos filhos do silêncio.
os cães de guerra ladram no canil
mostrando seus dentes enfileirados, feras famintas,
quimeras mostrando suas garras afiadas,
como aves de rapina, voando alto,
lambendo o horizonte, conquistando o infinito.
eis um mundo malfadado povoado por dragões,
a humanidade está presa numa corrente sem elo,
sem cadeado, enferrujada e consumida pela radiação.
vidas feitas de retalhos levadas pelo vento
como se fossem pó, soltas em um mundo descalço.
vidas errantes, como a luz que se perde no horizonte,
deixam rastros andantes, vidas cobertas de andrajos,
grotescas, vidas famintas e desgastadas,
que dormem
ao relento nas calçadas e que amanhecem úmidas
de orvalho, vidas de pessoas miseráveis,
criaturas infelizes, que só herdaram
seus próprios túmulos em chernobyl.

4.
mortífera substância poluente, complexa,
realeza desgastada que paira nos ares
da pálida, intranquila e fria ucrânia
envolta no redemoinho dos derrotados.
gotas de fel caindo das nuvens da amargura,
sobre a lama do desespero, sobre o vazio
da desilusão, no leito do último moribundo.
cacos, pedras, olhos mortiços, rastros cansados,
inúteis, o sol das estepes murchou as flores
que cultivávamos, descolorindo nossas faces.
seguem os pés árduos pisando a consciência
dos descaminhos emaranhados da estrada,
na balança que pesa a morte.
no peso das lágrimas, que marcaram o início da dor,
restos mortais, ossos ressecados, sem carne,
devorados pela radiação, almas penadas
no beco maldito dos condenados, herdeiros
da abominação, mensageiros da degradação,
horda de náufragos, legião de moribundos.
o crepúsculo trouxe o desalento e as trevas, a vida
agora é cinza do nada, são almas penadas que fazem
a viagem confusa dos vencidos em chernobyl.

5.
ainda ouvimos os gritos daqueles que tombaram,
e os nêutrons sobre a poeira fina dos vales,
os pés descalços sobre pedras pontiagudas,
ainda ouvimos o choro das pálidas crianças,
a fome, a sede e a dor,
o estrôncio-90, o iodo-131, o cesio-137.
vazios, silêncios ocos, perguntas sem respostas,
degraus infernais sobre sombras, rio de águas turvas,
quimera imunda de tanta desgraça,
fantasia desumana sem cor,
transportas tanto mal, conduzes a todos
para a aniquilação neste tempo em que nada sobra,
em que tudo é sombra, é sede, é fome, é regresso,
neste tempo em que tudo são trevas,
onde não há luz.
cruzes no cemitério, uma zona de sacrifício,
sob um céu sem nuvens,
a morte em seu ponto mutante.
no difícil cotidiano de um negro sonho,
restaram a floresta vermelha,
e os javalis radioativos de chernobyl.

Foto de Enide Santos

EU E O QUE SINTO

Não tenho mais nada de meu
Só eu e o que sinto por ti.
Coisas que julgava serem minhas
nunca foram, nunca me pertenceram.
Olho para o mundo,
tudo que tenho,
é tudo que sou,
eu e o que sinto.
Nada mais restou.

Temos dores absolutamente infinitas
Saudades e o peso da rejeição.
E acabamos que nós entendemos.
Eu com minha saudade,
e o que sinto, com sua rejeição.
Dividimos o eco das lembranças,
cumpliciamos com nobreza e pujanças.
E nas caladas das noites
meramente nós emendamos.

Este meu sentir,
Hoje é tudo para mim.
É com quem falo,
com quem ando.
Com quem almoço,
com quem janto.
Dormimos e acordamos
E não nunca nós bastamos.

Enide Santos 18/04/14

Foto de Enide Santos

RELATOS DO FUNDO DO POÇO

O fundo do buraco,
não é o fim de tudo.
Visto por outro ângulo,
percebido de outra forma.

Há paredes escorregadias,
Transmitem toda tristeza,
da perca dos dias.

É tão profundo o fundo.
Há olhares apagados.
Vidas sem (re) ação.

Braços que se movem sem motivos.
E do fundo, de onde se pode ouvir,
Os risos de quem longe está dali.

Difícil subir...
Áspera e dura escalada
Limos de indecência.
Lodos de demência.

Escombros caem sobre meus ombros
Cicatrizes nas paredes lamacentas.
Ai então, se percebe,
quanto “se” tem aqui.

A lonjura do fim é ficar no fim
ou batalhar para ir até o fim
de chegar ao começo.

Enide Santos 05/05/14

Foto de Enide Santos

FÓSSEIS DE SONHOS

O eco que ouço da minha dor,
(re) bate nas paredes deste infindo vazio,
E por vezes deixa-me insana.

Prostro-me imóvel e ciente de;
Não pode tocar,
Não pode realizar,
E nem ao menos sonhar.

São fósseis dos grandes sonhos,
Caminhos do qual,
(in) voluntariamente desviei-me.

Posso sentir-me desaparecendo aos poucos
Presa em cada devaneio desfeito
Sequelas adornam minha alma
E tento regurgitar-me de mim.

Neste instante, nada, nada sou.
Apenas um corpo, procurando por amor.

Enide Santos 11/05/14

Foto de Enide Santos

HUMANAMENTE RIDÍCULA

Beijar o vento,
Jogar ao ar pensamento.

Sorrir de uma doce lembrança,
Enquanto que no rosto, a lágrima descansa.

Correr para os braços da solidão.
Para não dividir uma triste recordação.

Olhos parado vendo outro lugar,
Desejando neste tocar.

Suspirar e suspirar apaixonado,
Procurando o perfume do amado.

Planejar e replanejar
Exatamente tudo que tem pra falar

O lugar mais próximo de você que posso estar,
É aqui...
Dentro de mim.

Enide Santos 16/05/14

Foto de Enide Santos

VIVER PARA ESQUECER

A primeira coisa que tenho a esquecer,
É está de vida,
De ter vida com você.

Outra coisa que também tenho pra esquecer,
Nesta coisa de vida, de você ser minha vida,
E sem você não poder viver.

Muita coisas terei a esquecer,
Esquecer que na vida que levo,
Levo a morte da vida que gostaria de ter.

A vida que em minha vida nasceu
Hoje não é mais minha vida,
Por isso em mim a vida morreu.

Enide Santos 19/05/14

Foto de Enide Santos

PERNAS OFEGANTES?

Faça-te dono,
Sirva-se de meu ardor.
Não haverá dano,
Basta devorar com amor.

Venha, traga-me este corpo,
que tanto me excita.
Ah, até perco o pudor!
Só em pensar na tua... Barriga.

Escorre de mim
Tanto e todo meu desejo.
Vem amor...
Reproduzir os meus beijos.

Pernas ofegantes?
Não, talvez não seja assim!
Devem ser os beijos,
que abriram-se pra ti!

Enide Santos 21/05/14

Foto de Enide Santos

QUE TE CUSTAS AMOR?

Que te custas amor?
Dar-me um pouco as tuas mãos;
Para acariciar-me a face, os cabelos e o coração.

Que te custas, amor?
Deixar-me deitar em teu peito;
Fazer do teu colo um leito;
E roubar de te, um pouco de cheiro.

Que te custas, amor?
Acalmar um tiquinho minha vida;
Soprar um bocadinho as feridas;
Fazer fugir este choro, este som de consumação.

Que te custas, amor?
Deixar pesar em minha tua boca;
Deixa-me roçar em ti, como louca;
Para acalmar está minha paixão.

Enide Santos 27/05/14

Páginas

Subscrever Santos

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma