O segundo toque
Os dentes da moça ansiosamente rangiam
Como as desarrumadas camas que abrigam lúbricos amantes
E acobertam as paixões recônditas dos indecisos furacões
Que sussurram em tons pastéis e revelam sem reverências
A força que não têm diante do amanhecer e da esperança perdida
Mas os mesmos que antes traziam sossegos, promessas e flores
Enfurecidamente jogam agora jarros uns contra os outros
E o descuido das janelas abertas me deixam participar
Do espetáculo que, ao término, não aplaudirei
E as pernas que abriam caminho para que o desejo
Pudesse soletrar livremente o amor a plenos pulmões
Agora chutam as portas da desistência e da solidão
Sem deixar espaço para um cartão de reconciliação
Bernardo Almeida (www.bernardoalmeida.jor.br)