Essa mulher de imagem pública,
Cúbica pintura, me implora
Despir-lhe muito mais que roupas,
Rotas de tão despidas.
Essa personagem em nossas vidas,
Que nega o que me importa,
Nem mesmo morta me interessa,
Não me excita, não me apressa
E se me apanho numa cantiga
É de falo fanho, sem prumo certo,
Sem as estrelas que sempre oferto
Ao ventre escuro que me ilumina.
Não é uma menina... Uma menina...
Não é uma promessa... Uma promessa.
Não é um prato de louça fina
Mas é uma travessa... Uma travessa.
Queria que fosse de verdade!
Desperta, de mentiras deserta,
De sabor curtida, mas nem tão pura!
De cheiro e da vida madura,
Moldura dos meus parcos segundos,
Eternos e tão gratos segundos.
Que em minhas mordidas se leia:
Um homem ama essa mulher!
E num momento, deserta de sanhas,
Quando o tempo chegasse a pesar,
Eu a sentisse nas minhas entranhas
Como a selva sente o rio passar.