Da janela espreito
Ao parapeito
E é frio o que eu sinto.
Por enquanto
Ainda te vejo
Da minha janela
No silencio do meu quarto.
... Singela e bela
Nos teus cabelos fartos
Onde nos peitos
Andam soltos
Tão soltos...
Que, nos mantos assim me deleito
Da janela, ao parapeito.
Justa és a quem te espreita
E cresce o amor que me atormenta,
Nele me faço pensar ao vento
Aquilo e mais aquilo, que por ti sinto.
... Hoje, não te vi;
Não te vi pela estrada
Nem me cruzei contigo na escada,
Não te senti
No meu peito anunciada.
Tu dona dos brancos seios
Que à minha porta
Hoje não passaste,
Pois teus passos sentiria!
Hoje não vi os teus lábios de miséria,
Nem as tuas mãos de Maria
Nem os ventos do dia
Nem tu Ana Sofia!
... Nada, é senão a luz
Opaca do meu quarto...
Triste, solitaria e vazia.
Hoje eu te não vi no parapeito
Da minha janela...
Paulo Martins