Hoje celebro uma estrela.
Porque, como de todas as estrelas,
Devemos desistir de tê-las
E como o barco, que apetece Pessôa,
De tão boa apenas pertencê-las...
Pelos cantos, sob os estrelados mantos,
Em cujas noturnas lembranças vagueio.
Hoje celebro muitas coisas.
Até aquelas crianças cheias de dentes,
Tão ricas, tão felizes, tão magrelas,
Que hoje celebro a lembrança delas,
Das velas que seus sorrisos dispensavam
(Quando até a luz faltava);
Porque tímidas estrelas guardam
O sonho radiante das manhãs
E aqueles sorrisos de dentes
Guardavam e protegiam pra gente
As nossas esperanças terçãs.
Sobretudo, do meu amor não apanhe,
Por celebrar com tão simples champanhe
O mais nobre e verdadeiro sentimento:
O querer-tão-bem mais insuspeito,
Que assim como um fermento do peito
Enobrece o tempo e a distância...
É uma prece, uma constância...
Quanto mais velho: melhor.
Hoje celebro uma estrela
Que não pode pertencer à noite
Nem ao dia, nem a ninguém;
Pois que seja, pois que sobreviveu!
Nos protegeu, pois que nos beija!
Nos fez crescer além da idade...
E tão injustamente amesquinhamos:
É só amizade.
Lou Poulit, jul/2006
(Aniversário da bailarina e amiga antiga Agda França, prestes a embarcar para um trabalho no Japão).